Resumo
No Nordeste brasileiro ovinos são criados quase sempre extensivamente tendo como principal base alimentar a pastagem natural da Caatinga, que pode representar até 90% da dieta consumida por estes animais. No entanto, embora o alto potencial produtivo, ressalta-se que nem toda a forragem fica disponível ao animal, evidenciando que a capacidade de suporte da Caatinga é variável, sendo influenciada por fatores como: disponibilidade de água, localização, tipo, entre outros. Nestas condições, é recomendável o estabelecimento de manejos nutricionais para manutenção da produção animal. Para tal recomendação faz-se necessário o conhecimento da seleção realizada por estes animais. Assim, objetivou-se determinar a composição botânica o valor nutritivo da pastagem selecionada por ovinos na Caatinga a partir da técnica microhistológica fecal. Para este estudo, foram utilizadas 40 ovelhas SPRD com média de 38,8 kg, em diferentes níveis de suplementação concentrada (0; 200; 350 e 500g cab-1dia-1 ), estações (Chuva; Transição e Seca). Foram identificadas 26 espécies vegetais formando um dossel forrageiro com Amburana (Amburana cearensis Allemão), Amendoim forrageiro (Arachis dardani), Barba de bode (Aristida longiseta), Cabeça branca (Alternanthera tenella),Capa-bode (Melochia tomentosa L.), Capim Panasco (Aristida adscensionis), Centrosema (Centrosema sp.), Ervanço (Alternanthera brasiliana), Estilosantes (Stylosanthes humilis),Feijão de rola (Rhynchosia edulis), Grama touceira (Paspalum paniculatum), Grama seda (Cynodon dactylon), Jurema branca (Piptadenia Stipulacea), Jurema preta (Mimosa tenuiflora),Marianinha (Commelina diffusa), Mata Pasto (Senna obtusifolia), Malva (Sida cordifolia),Malva branca (Herissanta tiubae), Marmeleiro (Croton sonderianus), Mofumbo (Combretum leprosum), Pau Branco (Auxemma oncocalix), Paco paco (Wissadula rostrata), Sabiá (Mimosa caesalpinifolia), Tiririca (Cyperus rotundus). Mesmo considerando a alta flexibilidade na seleção de espécies vegetais por ovinos, foi possível detectar a preferência por 12 espécies ao longo de todo período experimental: Amendoim forrageiro (Arachis dardani), Barba de bode (Aristida longiseta), Cabeça branca (Alternanthera tenella), Capim Panasco (Aristida adscensionis), Ervanço (Alternanthera brasiliana), Estilosantes (Stylosanthes humilis), Grama touceira (Paspalum paniculatum), Grama seda (Cynodon dactylon), Malva branca (Herissanta tiubae), Marmeleiro (Croton sonderianus), Mofumbo (Combretum leprosum), Sabiá (Mimosa caesalpinifolia).
In the Brazilian Northeast, sheep are almost always raised extensively with the Caatinga natural pasture, which can represent up to 90% of the diet consumed by these animals. However, although the high productive potential, it is emphasized that not all the fodder is available to the animal, evidencing that the Caatinga support capacity is variable, being influenced by factors such as water availability, location, type, among others. Under these conditions, the establishment of nutritional management for the maintenance of animal production is recommended. For this recommendation it is necessary to know the selection made by these animals. The objective of this study was to determine the botanical composition and nutritive value of the pasture selected by sheep in the Caatinga from the fecal microhistological technique. For this study, 40 SPRD ewes with a mean of 38.8 kg were used at different levels of concentrated supplementation (0, 200, 350 and 500g cab-1 day-1) during three seasons (Rain, Transition and Dry). The total of 26 plant species were identified, forming a forage canopy with Amburana (Amburana cearensis Allemão), Amendoim forrageiro (Arachis dardani), Barba de bode (Aristida longiseta), Cabeça branca (Alternanthera tenella), Capa-bode (Melochia tomentosa L.), Capim Panasco (Aristida adscensionis), Centrosema (Centrosema sp.), Ervanço (Alternanthera brasiliana), Estilosantes (Stylosanthes humilis),Feijão de rola (Rhynchosia edulis), Grama touceira (Paspalum paniculatum), Grama seda (Cynodon dactylon), Jurema branca (Piptadenia Stipulacea), Jurema preta (Mimosa tenuiflora),Marianinha (Commelina diffusa), Mata Pasto (Senna obtusifolia), Malva (Sida cordifolia),Malva branca (Herissanta tiubae), Marmeleiro (Croton sonderianus), Mofumbo (Combretum leprosum), Pau Branco (Auxemma oncocalix), Paco paco (Wissadula rostrata), Sabiá (Mimosa caesalpinifolia), Tiririca (Cyperus rotundus). Even considering the high flexibility in theselection of plant species by sheep, it was possible to detect the preference for 12 species throughout the experimental period: Amendoim forrageiro (Arachis dardani), Barba de bode Aristida longiseta), Cabeça branca (Alternanthera tenella), Capim Panasco (Aristida adscensionis), Ervanço (Alternanthera brasiliana), Estilosantes (Stylosanthes humilis), Grama touceira (Paspalum paniculatum), Grama seda (Cynodon dactylon), Malva branca (Herissanta tiubae), Marmeleiro (Croton sonderianus), Mofumbo (Combretum leprosum), Sabiá (Mimosa caesalpinifolia).
Resumo
A composição botânica da dieta de animais em pastejo é uma alternativa prática e econômica de grande importância para avaliar o consumo de forragem pelos animais, o valor nutritivo, implementação do manejo adequado e para conservação de forragens. O objetivo do trabalho foi determinar a composição botânica da dieta de caprinos e caracterizar as estruturas foliares vegetais por meio da análise microhistológica fecal, em diferentes períodos do ano em pastagem nativa na Caatinga. O experimento foi conduzido numa área de pastagem de 17,3 hectares, onde foram alocados 27 animais divididos em diferentes categorias: 9 machos, 9 fêmeas paridas e 9 fêmeas jovens, perfazendo uma taxa de lotação de 1,5 animal/ha. A composição botânica das dietas foi determinada pela análise de material fecal, utilizando a técnica microhistológica. As coletas foram realizadas a cada bimestre de novembro de 2014 a dezembro de 2015, um total de 7 coletas ao longo do experimento. Foram utilizadas técnicas usuais em microhistologia e anatomia vegetal para a confecção e avaliação de lâminas vegetais. Ao longo do ano foram encontradas 32 espécies nos estratos herbáceo e arbustivo/ arbóreo, correspondentes a 13 famílias botânicas Anacardiaceae; Bignoniaceae; Boraginaceae; Bromeliaceae, Cactaceae; Capparaceae; Euphorbiaceae; Fabaceae; Malvaceae; Poaceae; Sapotaceae; Talinaceae; Verbenaceae. Na leitura das lâminas fecais foram identificadas 9 famílias, compreendendo cerca de 69,23% do total das famílias encontradas na área. Para as análises estatísticas foi utilizado o teste exato de Fisher. As famílias mais frequentes nas lâminas fecais foram Poaceae, Euphorbiaceae Bignoniaceae, Boraginaceae, Fabaceae, Capparaceae e Talinaceae. No mês de fevereiro de 2015 houve um maior consumo de Anarcadiaceae pelas fêmeas jovens, quando comparado com as fêmeas paridas e os machos. No mês de outubro houve um maior consumo de Malvaceae pelas fêmeas jovens e fêmeas paridas em relação aos machos.
The botanical composition of grazing animal diet is a practical and economical alternative of great importance to assess the consumption of fodder for animals, nutritional value, implementation of proper management and conservation of fodder. The objective was to determine the botanical composition of goat diet and characterize plant leaf structures through fecal microhistological analysis at different times of the year on native pasture in Caatinga. The trial was carried out in a pasture area of 17.3 hectares, which were allocated 27 animals divided into different categories: 9 males, 9 females calved and 9 young females, giving a stocking rate of 1,5 animal/ha. The botanical composition of the diet was determined by fecal material analysis using the microhistological technique. Samples were collected every two months from November 2014 to December 2015, a total of seven collections throughout the trial. Standard techniques were used in microhistology and plant anatomy for the preparation and evaluation of plant blades. Throughout the year found 32 species in the herbaceous and shrub/tree, corresponding to 13 botanical families Anacardiaceae; Bignoniaceae; Boraginaceae; Bromeliaceae, Cactaceae; Capparaceae; Euphorbiaceae; Fabaceae; Malvaceae; Poaceae; Sapotaceae; talinaceae; Verbenaceae. Reading of fecal blades 9 families have been identified, comprising about 69.23% of families found in the area. For statistical analysis we used the Fisher's exact test. The most frequent families in fecal slides were Poaceae, Euphorbiaceae Bignoniaceae, Boraginaceae, Fabaceae, Capparaceae and talinaceae. In February, 2015 there was a higher consumption of Anarcadiaceae by young females compared with males and females calved. In October there was a higher consumption of Malvaceae by young females and calved females compared to males.
Resumo
Asclepias mellodora St. Hil. is a native acute toxic species frequent in the grasslands of the Buenos Aires province, Argentina, whose toxicity had not been assessed until now. This study evaluates the minimal lethal dose of this species for sheep, and the possibility of microscopically recognizing its fragments in gastrointestinal contents as a complementary diagnostic tool in necropsies. Three Frisona sheep (average LW=55±4.5 kg) were dosed via an esophageal tube with each one of the following doses of asclepias: 8.0, 5.0, 2.0 and 0.8 g DM.kg LW-1. Sheep poisoned with the three higher doses died between 10 and 85 h after intoxication, but those receiving the lower dose did not. During necropsies we: 1) determined the dry weight of the contents of rumen+reticulum, omasum+abomasum, and large intestine, 2) estimated the percentages of asclepias fragments by microanalysis correcting for digestion effects on fragment recognition, and 3) calculated the total mass of asclepias in the digestive tract of each animal. For the three higher doses, the mass of asclepias identified in the total ingesta was 12.3±3.4 percent of the amount supplied, possibly because of the strong diarrhea its ingestion produced. The percentages of asclepias in rumen+reticulum did not differ from the average quantified for the entire tract. The results of this study indicate that the minimal lethal doses of asclepias for sheep is between 2.0 and 0.8g DMÀkg LW-1, and that the microhistological analysis of the rumen+reticulum, the easiest region to sample, can be used to confirm the ingestion of this toxic species, although the estimated percentage will be not a good estimator of the ingested percentage.(AU)
Asclepias mellodora St. Hil. é uma espécie nativa de aguda toxicidade, frequente nos campos da província de Buenos Aires, Argentina. A sua toxicidade não foi avaliada até agora. Este estudo avalia a dose mínima letal desta espécie, para os ovinos, bem como a possibilidade de reconhecer microscopicamente seus fragmentos no conteúdo gastrointestinal como uma ferramenta complementar de diagnóstico em necropsias. Três ovinos Frisona (PV média = 55±4,5 kg) foram dosados através de uma sonda esofágica em cada uma das seguintes doses de Asclepias: 8,0, 5,0, 2,0 e 0,8 g DM.kg PV-1. Ovinos intoxicados com as três maiores doses morreram entre 10-85 h após a intoxicação, mas não aqueles que receberam a dose menor. Durante as necropsias se: 1) determinou o peso seco do conteúdo do rúmen + retículo, omaso + abomaso e intestino grosso, 2) estimou as porcentagens de fragmentos de Asclepias por microanálise, fazendo a correção para efeitos de digestão no reconhecimento dos fragmentos, e 3) calculou a massa total de Asclepias no trato digestivo de cada animal. Para as três doses maiores, a massa de Asclepias identificada na ingesta total foi de 12,3±3,4 por cento da quantidade fornecida, possivelmente por causa da forte diarréia produzida pela sua ingestão. As porcentagens de Asclepias no rúmen + retículo não diferiram da média quantificada para o trato completo. Os resultados deste estudo indicam que a dose letal mínima de Asclepias em ovinos é de entre 2,0 e 0,8 g kg PV ò DM-1, e que a análise micro-histológica do rúmen + retículo, a região mais fácil de amostrar, pode ser usada para confirmar a ingestão desta espécie tóxica, embora a percentagem estimada não será um bom estimador da porcentagem ingerida.(AU)