Resumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar características de habilidade materna e eficiência reprodutiva de vacas de corte de diferentes composições raciais. Foram utilizadas 67 vacas de quatro genótipos: Angus (ANAN), Angus x Caracu (ANCR), Angus x Hereford (ANHH) e Angus x Nelore (ANNE), cruzadas com touros Brangus (BN) ou Braford (BO), mantidas em condições extensivas de criação no extremo sul do Brasil. A produção leiteira destas vacas foi avaliada por meio de duas metodologias, uma indireta pela diferença de peso dos bezerros pré e pós-mamada (PMP) e outra direta através de ordenha mecânica (OM). A curva de lactação foi estimada por meio de uma equação não linear com parâmetros de escala a e de forma k e foram comparados as seguintes características dessa curva: produção no pico (PP), semana do pico (PS), produção total (PT210) e persistência de lactação (PERS). Estimativas destes parâmetros pela PMP apresentaram diferença significativa (P<0,05) apenas pelo fator raça do touro (RT), onde os resultados de PP, PS e PT210 foram superiores para vacas cruzadas com BN, o que pode ser, em parte, devido ao comportamento ingestivo dos bezerros. Por outro lado, a avaliação por OM teve influencia de todos os fatores estudados menos da RT; quanto à composição racial, vacas ANNE foram superiores (P<0,05) as demais para PT210 (1053,8Kg vs. 901,39, 667,16 e 782,61Kg para ANCR, ANHH e ANAN, respectivamente), para PP não diferiram das ANCR (7,33 e 6,33Kg, respectivamente). A técnica de OM foi considerada mais acurada por ter apresentado menor dispersão de valores, maior poder estatístico e maior correlação da PT210 com peso do bezerro ao desmame (PD), que foi de 0,74, enquanto pela PMP foi de 0,43. Composição do leite sofreu influencia do genótipo das vacas, ANNE e ANCR apresentaram produções mais nutritivas quanto à gordura (3,79 e 3,78%) e proteína (3,12 e 3,16%) e com o decorrer da lactação os teores destes nutrientes aumentaram de concentração, enquanto o teor de lactose diminui proporcionalmente a produção. Quanto às características produtivas, parições nos meses de setembro, outubro e novembro se mostraram mais favoráveis devido a melhor oferta de forragem, resultando em produções superiores para peso ajustado aos 205 dias (P205) (181,2, 181,8 e 183,1Kg, respectivamente), fertilidade real (FR) (176,3, 168,1 e 170,1Kg, respectivamente) e eficiência individual (EI) (49,7, 45,2 e 41,4%, respectivamente), enquanto parições em dezembro resultaram em 148,8 e 129,7Kg de P205 e FR, respectivamente, e 30,9% de EI. Em relação ao intervalo de parto (IP) parições em novembro e dezembro tiveram menores IP (388,9 e 373,3 dias, respectivamente) comparado com setembro (442,1 dias) e outubro (440,4 dias), devida temporada de monta pré-definida. Vacas ANNE e ANCR apresentaram maior FR (181,3 e 173,3 Kg) e P205 (193 e 184,8Kg) em relação as ANHH e ANAN com respectivos valores 152,2 e 137,4Kg e 163,3 e 153,7Kg. Vacas ANAN mesmo criando bezerros com P205 inferior obtiveram uma EI de 42,2% igual às das ANNE e ANCR (44,9 e 44,4%), devido ao peso dessas vacas ao desmame (PVD) abaixo das demais. Através dos resultados percebe-se que o cruzamento entre raças gera ganhos tanto na eficiência produtiva quanto reprodutiva, demonstrando ser uma alternativa para aumento da produtividade na fase de cria de rebanhos de bovinos de corte