Resumo
O objetivo deste estudo foi analisar a prevalência de Clostridioides difficile e suas toxinas (A/B) nas fezes de animais domésticos de um Hospital Veterinário Universitário de Teresina - PI. A detecção de C. difficile e suas toxinas foi realizada por meio de um ensaio imunoenzimático, denominado C. Diff Quik Chek Complete® (TECHLAB), capaz de detectar antígeno Glutamato Desidrogenase (GDH) e as toxinas A/B produzidas pelo bacilo, realizado em amostras fecais de cães (C. lupus) e e gatos (Felis catus) coletadas entre agosto de 2019 a setembro de 2020. Um total de 54 amostras fecais foram analisadas, das quais 16 foram positivas para C. difficile (29,63%). 68,75% (11/16) pertenciam a caninos, enquanto 31,25% (5/16) a felinos. Amostras diarreicas e não diarreicas foram utilizadas para o estudo e uma maior prevalência do bacilo pôde ser identificada em amostras diarreicas (33%). Nenhuma das amostras apresentou toxinas do patógeno. Os achados deste estudo evidenciam que C.difficile está presente no estado do Piauí. Foi possível identificá-lo em todas as espécies e em amostras diarreicas ou não, demonstrando que essa infecção pode se manifestar de formasintomática e assintomática, levantando a possibilidade de infecção cruzada entre o animal e seu tutor.
The aim of this study was to analyze the prevalence of Clostridioides difficile and its toxins (A/B) in the feces of domestic animals at a University Veterinary Hospital in Teresina - PI. The detection of C. difficile and its toxins was performed by an immunogenic enzyme, called C. Diff Quik Chek Complete® (TECHLAB), capable of detecting antigen glutamate dehydrogenase (GDH) and A/B toxins produced by this bacillus, performed in fecal samples of dogs (C. lupus) and cats (Felis catus) collected between August 2019 and September 2020.:54 stools were analyzed, of which 16 were positive for C. difficile (29.63%). 68.75% (11/16) belonged to canines, while 3.25% (5/16) to felines. Diarrheal and non-diarrheal diseases are used for the study and a higher prevalence of bacillus can be identified in diarrheal diseases (33%). None of the samples present pathogen toxins. The results of this study show that C. difficile is present in the state of Piauí. It can be identified in all species and in diarrheal or non-diarrheic samples, demonstrating that this infection can be symptomatic and asymptomatic, giving the possibility of cross-infection between the animal and its owner.
Assuntos
Animais , Gatos , Cães , Gatos/anormalidades , Clostridioides difficile/patogenicidade , Técnicas Imunoenzimáticas/veterinária , Infecções por Clostridium/diagnóstico , Cães/anormalidades , Fezes/microbiologia , Zoonoses Bacterianas/diagnósticoResumo
This study identified the virulence genes, pathovars, and phylogenetic groups of Escherichia coli strains obtained from the feces of dogs with and without diarrhea. Virulence genes and phylogenetic group identification were studied using polymerase chain reaction. Thirty-seven E. coli isolates were positive for at least one virulence factor gene. Twenty-one (57.8%) of the positive isolates were isolated from diarrheal feces and sixteen (43.2%) were from the feces of non-diarrheic dogs. Enteropathogenic E. coli (EPEC) were the most frequently (62.2%) detected pathovar in dog feces and were mainly from phylogroup B1 and E. Necrotoxigenic E. coli were detected in 16.2% of the virulence-positive isolates and these contained the cytotoxic necrotizing factor 1 (cnf1) gene and were classified into phylogroups B2 and D. All E. coli strains were negative for the presence of enterotoxigenic E. coli (ETEC) enterotoxin genes, but four strains were positive for ETEC-related fimbriae 987P and F18. Two isolates were Shiga toxin-producing E. coli strains and contained the toxin genesStx2 or Stx2e, both from phylogroup B1. Our data showed that EPEC was the most frequent pathovar and B1 and E were the most common phylogroups detected in E. coli isolated from the feces of diarrheic and non-diarrheic dogs.(AU)
Este estudo pesquisou genes de virulência, patovares e grupos filogenéticos de amostras de E. coli isoladas de fezes de cães com e sem diarreia. Os genes de virulência e a identificação de grupos filogenéticos foram estudados pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR). 37 isolados de E. coli foram positivos para pelo menos um fator de virulência na análise de PCR. Destes, 21 (57,8%) foram isolados de fezes de cães com diarreia e 16 (43,2%) de fezes de cães não diarreicos. E. coli enteropatogênica (EPEC) (23/37, 62,2%) foi o patovar mais frequente detectado em fezes de cães e foram classificados principalmente como filogrupos B1 e E. E. coli necrotoxigênica (NTEC) positivos para CNF1 foram detectados (6/37, 16,2%) e classificados como B2 e D. Todas as amostras de E. coli foram negativas quanto à presença de genes de enterotoxinas de E. coli enterotoxigênica (ETEC), mas quatro amostras foram positivas para fimbrias relacionadas ao ETEC, 987P (2) e F18 (2). As amostras de E. coli (STEC) produtora de toxina Shiga foram positivas para a toxina Stx2 (1/37) e Stx2e (1/37), ambas do filogrupo B1. Nossos resultados indicaram que EPEC foi o patovar mais frequente e B1 e E foram os filogrupos mais comuns detectados em amostras E. coli isoladas de fezes de cães diarreicos e não diarreicos.(AU)
Assuntos
Animais , Cães , Escherichia coli/genética , Escherichia coli/isolamento & purificação , Disenteria/veterinária , Reação em Cadeia da Polimerase/veterinária , Filogenia , BrasilResumo
This study investigated the frequency of oocysts of Cryptosporidium spp. in feces from dogs and cats in five municipalities in the southern region of the state of Rio Grande do Sul. The risk factors associated with infection were also investigated. Feces samples from 110 dogs and 18 cats were stained using the auramine method. At the time of feces sampling, a questionnaire with semi-open-ended questions was applied to the animal guardians and all data obtained underwent statistical analysis. The real frequency of oocysts of Cryptosporidium spp. was 24.63% (27 dogs and two cats). Only four samples of dog feces were diarrheic and no presence of oocysts was observed in any of them. Variables that represented risk factors for infection were: homemade food, untreated water, circulation of animals on grassy terrain and living in the same environment as other animals (cattle). The results made it possible to inferring that within the population studied, the frequency of parasitism due to Cryptosporidium spp. in dogs was relevant and emphasize the asymptomatic nature of this infection. The adopting control measures are highlighted, particularly in relation to variables that represent risk factors for this infection.(AU)
Este estudo verificou a frequência de oocistos de Cryptosporidium spp. em fezes de cães e gatos em cinco municípios da região sul do Rio Grande do Sul e fatores de risco associados à infecção. Amostras de fezes de 110 cães e 18 gatos foram coradas pelo método de auramina. No momento da coleta de fezes aplicou-se um questionário aos tutores dos animais com questões semiabertas e os dados foram submetidos à análise estatística. A frequência verdadeira de oocistos de Cryptosporidium spp. foi de 24,63% (27 cães e 2 gatos). Apenas quatro amostras de fezes caninas eram diarreicas e todas sem oocistos. As variáveis que representaram fatores de risco para a infecção foram: alimentos de preparo caseiro, água não tratada, circulação dos animais em terreno gramíneo e convivência com outros animais, principalmente bovinos. Os resultados sugerem que a frequência de cães parasitados por Cryptosporidium spp. é relevante, reforçando o caráter assintomático da infeção. Destaca-se a importância da adoção de medidas de controle, particularmente das variáveis que representaram fatores de risco à infecção.(AU)
Assuntos
Animais , Gatos , Cães , Fatores de Risco , Criptosporidiose , Cães/parasitologia , Gatos/parasitologiaResumo
This study investigated the frequency of oocysts of Cryptosporidium spp. in feces from dogs and cats in five municipalities in the southern region of the state of Rio Grande do Sul. The risk factors associated with infection were also investigated. Feces samples from 110 dogs and 18 cats were stained using the auramine method. At the time of feces sampling, a questionnaire with semi-open-ended questions was applied to the animal guardians and all data obtained underwent statistical analysis. The real frequency of oocysts of Cryptosporidium spp. was 24.63% (27 dogs and two cats). Only four samples of dog feces were diarrheic and no presence of oocysts was observed in any of them. Variables that represented risk factors for infection were: homemade food, untreated water, circulation of animals on grassy terrain and living in the same environment as other animals (cattle). The results made it possible to inferring that within the population studied, the frequency of parasitism due to Cryptosporidium spp. in dogs was relevant and emphasize the asymptomatic nature of this infection. The adopting control measures are highlighted, particularly in relation to variables that represent risk factors for this infection.(AU)
Este estudo verificou a frequência de oocistos de Cryptosporidium spp. em fezes de cães e gatos em cinco municípios da região sul do Rio Grande do Sul e fatores de risco associados à infecção. Amostras de fezes de 110 cães e 18 gatos foram coradas pelo método de auramina. No momento da coleta de fezes aplicou-se um questionário aos tutores dos animais com questões semiabertas e os dados foram submetidos à análise estatística. A frequência verdadeira de oocistos de Cryptosporidium spp. foi de 24,63% (27 cães e 2 gatos). Apenas quatro amostras de fezes caninas eram diarreicas e todas sem oocistos. As variáveis que representaram fatores de risco para a infecção foram: alimentos de preparo caseiro, água não tratada, circulação dos animais em terreno gramíneo e convivência com outros animais, principalmente bovinos. Os resultados sugerem que a frequência de cães parasitados por Cryptosporidium spp. é relevante, reforçando o caráter assintomático da infeção. Destaca-se a importância da adoção de medidas de controle, particularmente das variáveis que representaram fatores de risco à infecção.(AU)
Assuntos
Animais , Gatos , Criptosporidiose/diagnóstico , Criptosporidiose/parasitologia , Fezes/parasitologia , Diarreia/parasitologia , Diarreia/epidemiologia , Doenças do Gato/parasitologia , Técnicas HistológicasResumo
Although the use of vaccines has controlled enteric diseases in dogs in many developed countries, vaccine coverage is still under optimal situation in Brazil. There is a large population of nonimmunized dogs and few studies about the identification of the viruses associated with diarrhea. To address this situation, stool samples from 325 dogs were analyzed by polymerase chain reaction for the detection of common enteric viruses such as Canine adenovirus (CAdV), Canine coronavirus (CCoV), Canine distemper virus (CDV), Canine rotavirus (CRV) and Carnivorous protoparvovirus 1 (canine parvovirus 2; CPV-2). At least one of these species was detected in 56.6% (184/325) of the samples. The viruses detected most frequently in either diarrheic or nondiarrheic dog feces were CPV-2 (54.3% of the positive samples), CDV (45.1%) and CCoV (30.4%), followed by CRV (8.2%) and CAdV (4.9%). Only one agent was detected in the majority of the positive samples (63%), but co-infections were present in 37% of the positive samples and mainly included CDV and CPV-2. The data presented herein can improve the clinical knowledge in regions with low vaccine coverage and highlight the need to improve the methods used to control these infectious diseases in domestic dogs.(AU)
Assuntos
Animais , Cães , Parvovirus Canino/isolamento & purificação , Infecções por Parvoviridae/epidemiologia , Infecções por Parvoviridae/imunologia , Infecções por Parvoviridae/veterinária , Diarreia/veterinária , Coinfecção/veterinária , Cobertura Vacinal , Vacinação em Massa/veterinária , Brasil/epidemiologiaResumo
Lawsonia intracellularisis an obligate intracellular bacterium that is responsible for proliferative enteropathy, an enteric disease endemic in swine and common in foals. However, few studies have investigated this disease in dogs, and there are no reports of dogs infected with L. intracellularisin Latin America. The aim of this study was to evaluate the fecal shedding of L. intracellularisin diarrheic and non-diarrheic dogs in Minas Gerais, Brazil. A total of 58 dogs, 18 apparently healthy and 40 diarrheic, were examined in this study. DNA extracted from feces was analyzed using a nested PCR reaction to detect L. intracellularis.Three out of 40 (7.5%) diarrheic samples, all from 3-month-old puppies, were positive for L. intracellularis. These results highlight the need for additional studies to examine the role of this pathogen as a possible cause of enteric disease in dogs.(AU)
Lawsonia intracellularisé uma bactéria intracelular obrigatória responsável pela enteropatia proliferativa, uma doença entérica endêmica em suínos e comum em potros. Em cães, no entanto, existem poucos estudos sobre essa doença e inexistem relatos de cães infectados por L. intracellularisna América Latina. O objetivo deste estudo foi avaliar a presença de L. intracellularisem amostras de fezes de cães diarréicos e aparentemente saudáveis em Minas Gerais, Brasil. Foram incluídos 58 cães, sendo 18 aparentemente saudáveis e 40 diarréicos. Submeteu-se o DNA bacteriano fecal a uma reação de PCR nested para L. intracellularis. Três das 40 (7,5%) amostras de cães diarréicos foram positivas para L. intracellularis, estando todos esses animais com aproximadamente 3 meses de idade. Estes resultados salientam a necessidade de mais estudos para confirmar o papel deste patógeno como uma possível causa de doença entérica em cães.(AU)
Assuntos
Animais , Cães , Lawsonia (Bactéria) , Infecções por Desulfovibrionaceae/veterinária , Doenças do Cão , Fezes , Enteropatias/veterináriaResumo
The objective of this study was to detect C. difficileA/B toxins and to isolate strains of C. perfringensand C. difficile from diarrheic and non-diarrheic dogs in Brazil. Stool samples were collected from 57 dogs, 35 of which were apparently healthy, and 22 of which were diarrheic. C. difficileA/B toxins were detected by ELISA, and C. perfringensand C. difficilewere identified by multiplex PCR. C. difficileA/B toxins were detected in 21 samples (36.8%). Of these, 16 (76.2%) were from diarrheic dogs, and five (23.8%) were from non-diarrheic dogs. Twelve C. difficile strains (21.1%) were isolated, of which ten were A+B+and two were A-B-. All non-toxigenic strains were isolated from non-diarrheic animals. The binary toxin gene cdtBwas found in one strain, which was A+B+and was derived from a non-diarrheic dog. C. perfringensstrains were isolated from 40 samples (70.2%). Of these, 18 (45%) were from the diarrheic group, and 22 (55%) belonged to the non-diarrheic group. All isolates were classified as C. perfringenstype A and there was an association between the detection of the cpegene and the presence of diarrhea. Interestingly, ten strains (25%) were positive for the presence of the cpb2gene. The high rate of detection of the A/B toxins in non-diarrheic dogs suggests the occurrence of subclinical disease in dogs or carriage of its toxins without disease. More studies are needed to elucidate the epidemiology of C. difficileand C. perfringensin dogs and to better our understanding of C. difficileas a zoonotic agent. This is the first study to report the binary toxin gene in C. difficilestrains isolated from dogs in Brazil.(AU)
Assuntos
Animais , Toxicologia , Diarreia/patologia , Colite/patologia , Enterite/patologia , Cães/classificaçãoResumo
The aim of this study was to evaluate the rapid tests currently used for canine parvovirus (CPV) diagnosis: hemagglutination test (HA), enzyme immunoassay (EIA) and polymerase chain reaction (PCR). A total of 112 fecal samples collected from diarrheic puppies up to one year of age were tested. The EIA was able to detect CPV antigen in 44 samples. By HA, 32 samples tested highly positive with titers >128, eight tested weakly positive (titers 32 and 64) and 72 were negative (titers <16). Using PCR, 57 samples were found positive including 13 EIA-negative and 19 HA-negative samples. The best correlation was observed between EIA and PCR (88.4%). These tests were able to detect all types of CPV, including CPV-2c. Considering that 23%-33% of dogs presenting enteritis did not show infection by EIA nor HA, negative results from the antigen detection tests should be confirmed through molecular methods.(AU)
Avaliaram-se os métodos rápidos rotineiramente utilizados para diagnóstico da infecção por parvovírus canino (CPV): teste de hemaglutinação (HA), ensaio imunoenzimático (EIE) e reação em cadeia pela polimerase (PCR). Um total de 112 amostras fecais de cães diarreicos com até um ano de idade foi testado. O EIE foi capaz de detectar o antígeno do CPV em 44 amostras. Por HA, 32 amostras foram consideradas fortemente positivas com títulos >128, oito fracamente positivas (títulos 32 e 64) e 72 negativas (títulos <16). Por PCR, 57 amostras foram positivas incluindo 13 EIE-negativas e 19 HA-negativas. A melhor correlação foi observada entre EIE e PCR (88,4%). Os testes foram capazes de detectar todos os tipos de CPV, incluindo o CPV-2c. Considerando-se que em 23%-33% dos filhotes com enterite a infecção por CPV não foi diagnosticada pelos testes de EIE e HA, os resultados negativos nos testes de detecção de antígeno devem ser confirmados por meio de métodos moleculares.(AU)
Assuntos
Animais , Cães , Parvovirus Canino , Testes Laboratoriais/análise , DiagnósticoResumo
O gênero Kobuvirus, membro da família Picornaviridae, é dividido em seis espécies Aichivirus A a F. O segmento 3D do genoma do Kobuvirus é uma região conservada, que codifica a enzima RNA polimerase dependente de RNA (RdRP), que é amplamente utilizada para o diagnóstico do vírus. A região genômica que codifica a proteína VP1 do capsídeo viral, região mais variável, é utilizada para estudos filogenéticos em cepas de campo de kobuvírus. Kobuvírus tem sido relacionado à diarreia, principalmente em animais jovens e a infecção por kobuvírus ainda é pouco descrita em animais no Brasil. O objetivo deste estudo foi avaliar características da infecção em duas espécies animais sendo um animal de produção e outro de estimação. O primeiro estudo descreve o envolvimento do kobuvírus (Aichivirus B) em um surto de diarreia em bezerros de um rebanho leiteiro de alta produção. Vinte e quatro amostras fecais diarreicas de bezerros com até 30 dias de idade foram coletadas para análise virológica. Cinco amostras fecais de bezerros assintomáticos foram incluídas nas análises como grupo controle. Utilizando ensaios de RT-PCR, o aichivírus B foi detectado em 54,2% (13/24) e rotavírus A G10P[11] em 25% (6/24) das amostras fecais diarreicas avaliadas. Os bezerros assintomáticos foram negativos para ambos os vírus. Aichivírus B foi identificado apenas em bezerros com até duas semanas de idade com 83,3% (10/12) das amostras positivas. A análise filogenética baseada no gene RdRP agrupou as cepas brasileiras em um novo ramo no cluster Aichivirus B. A análise das sequências de nucleotídeos do gene VP1 das cepas brasileiras e chinesas de Aichivirus B permitiu classificar as cepas brasileiras avaliadas na recém proposta, linhagem 1 (genotipo A). Este é o primeiro relato de alta taxa de detecção de aichivírus B em um surto de diarreia em bezerros leiteiros e também o primeiro estudo filogenético com base no gene VP1 realizado com cepas de campo de Aichivirus B identificadas na América do Sul. O segundo estudo descreve a detecção extra-intestinal de kobuvírus canino (CaKV) em um filhote de Chihuahua de 5 meses de idade com histórico clínico de fezes com sangue de morte natural. Fragmentos de tecido foram submetidos à técnica de histopatologia e imuno-histoquímica (IHC) para identificar antígenos do vírus da cinomose (CDV), parvovírus canino tipo 2 (CPV-2) e adenovírus canino tipos 1 e 2 (CAdV-1 e 2). As técnicas de PCR e RT-PCR foram utilizadas para amplificar genes específicos de CaKV, CDV, CPV-2, CAdV-1 e -2 e herpesvírus canino tipo 1 (CaHV-1). Fragmentos de intestino e amostras de fezes foram avaliados para identificar a presença de rotavírus. As principais alterações patológicas encontradas foram peneumonia intersticial, bronquite necrosante, miocardite, enterite e depleção linfóide. A RT-PCR detectou CaKV no cerebelo, cérebro, pulmão, tonsila e fígado. Neste estudo, também foram identificadas infecções mistas de CaKV com CDV e CPV-2 com CaHV-1. CaKV e rotavírus não foram identificados nas fezes e intestino. Os ensaios IHC detectaram antígenos de CDV e CAdV-1 em regiões distintas dos pulmões. A análise filogenética da cepa de CaKV identificada neste estudo revelou semelhança com cepas detectadas em outros países. Os resultados evidenciam a primeira detecção extra-intestinal de CaKV em tecidos em associação com infecções mistas com outros vírus comumente encontrados em cães e a primeira detecção extra-intestinal de CaKV em um cão. Os resultados obtidos nesse estudo adicionaram novos conhecimentos sobre aspectos clínicos e moleculares da infecção por kobuvírus em animais.
The Kobuvirus genus is a member of the Picornaviridae family and subdivided into six species Aichivirus A to F. The 3D segment of the Kobuvirus genome is a conserved genomic region which encodes the enzyme RNA-dependent RNA polymerase (RdRP) and widely used for the virus diagnosis. The region encoding the protein VP1 of the viral capsid, region more variable, is used to perform phylogenetic studies in kobuvirus field strains. Kobuvirus has been related with diarrhea mainly in young animals and the kobuvirus infection is still little described in animals in Brazil. This study aimed to evaluate characteristics of the infection in two animal species being one of production and another pet. The first study describes the involvement of kobuvirus (Aichivirus B) in a diarrhea outbreak in calves of a high-producing dairy cattle herd. Twenty-four diarrheic fecal samples from calves with up to 30 days old were collected for virological analysis. As control group were collected five fecal samples from asymptomatic calves. Using RT-PCR assays aichivirus B was detected in 54.2% (13/24) and rotavirus A G10P[11] genotypes in 25% (6/24) of diarrheic fecal samples evaluated. Asymptomatic calves were negative for both viruses. Aichivirus B was only identified in calves with up to two weeks old with 83.3% (10/12) of the positive samples. Phylogenetic analysis based on the RdRP gene the Brazilian strains grouped in a new branch within the Aichivirus B cluster. The analysis of the nucleotide sequences of the VP1 gene of the Brazilian and Chinese Aichivirus B strains allowed classified the Brazilian field strains in the putative lineage 1 (genotype A). This is the first report of the high detection rate of aichivirus B in a diarrhea outbreak in dairy calves and also the first phylogenetic study based in VP1 gene of Aichivirus B wild-type strains in South America. The second study describes the extra-intestinal detection of kobuvirus canino (CaKV) in a Chihuahua 5-month-old puppy, with clinical history of bloody-tinged feces of natural death. Tissue fragments were submitted to technique histopathology, and immunohistochemical (IHC) assays to identify the antigens of canine distemper virus (CDV), canine parvovirus-2 (CPV-2), and canine adenovirus types 1 and 2 (CAdV-1and -2). PCR and RT-PCR assays targeted specific genes of CaKV, CDV, CPV-2, CAdV-1 and -2, and canine herpesvirus-1 (CaHV-1). Intestinal fragments and fecal samples were evaluated to identify the presence of rotavirus. The main pathological findings were interstitial pneumonia, necrotizing bronchitis, and myocarditis, enteritis, and lymphoid depletion. The RT-PCR detected CaKV within the cerebellum, cerebrum, lung, tonsil, and liver. Mixed infections of CaKV with CDV, CPV-2, and CaHV-1 were identified by molecular assays. CaKV and RV were not identified within the feces and intestine. IHC assays detected antigens of CDV and CAdV-1 within distinct regions of the lungs. Phylogenetic analysis of the CaKV strains identified in this study was similar to those strains from other geographical regions. The results confirmed the first extra-intestinal detection of CaKV in tissues in association with mixed infections with others viruses commonly found in dogs and the first extra-intestinal detection of CaKV in a dog. The results obtained in this study added new knowledge of clinical and molecular aspects of kobuvirus infection in animals.
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a ocorrência da infecção por Clostridium perfringens e Clostridium difficile frente a outros enteropatógenos de relevância em cães, como parvovírus, coronavírus, rotavírus, Giardia spp., Salmonella spp. e Escherichia coli. Foram coletadas 154 amostras fecais, sendo 92 de cães diarreicos, oriundos de hospitais veterinários e 62 amostras de cães aparentemente saudáveis (controle). Dividiu-se os cães em quatro faixas etárias: 0 a 6 meses (imunidade passiva), 7 a 12 meses (estabelecimento da imunidade ativa), 13 a 60 meses (adultos) e maiores do que 61 meses (idosos). Após isolamento de C. perfringens em meio seletivo, realizou-se PCR para os seguintes genes: cpa, cpb, etx, iap, cpb2, cpe, netB, netE, netF e netG. As estirpes isoladas de C. difficile foram submetidas a ribotipagem e detecção dos seguintes genes tcdA, tcdB, tpi e cdtB. Realizou-se ainda ELISA para detecção das toxinas A/B em amostras de fezes de onde foram isoladas estirpes toxigênicas de C. difficile e, além disso, ELISA para a detecção da enterotoxina (CPE) nas amostras de fezes de cães que foram positivos para estirpes de C. perfringens cpe +. Para o diagnóstico diferencial de outros enteropatógenos, realizou-se a pesquisa de Salmonella spp. por isolamento; detecção dos patotipos de E. coli por isolamento seguido de PCR, e testes rápidos para detecção de Parvovirus canino tipo 2 (CPV), coronavirus canino (CCV), rotavirus canino (CRV) e Giardia spp. Não foi identificado nenhum enteropatógeno em 52,1% dos animais diarreicos e em 50% dos cães saudáveis. Houve uma associação positiva entre a presença do gene cpe de C. perfringens e a ocorrência de diarreia (p=0,006), sendo a toxina CPE encontrada em metade dessas amostras fecais. O gene codificador da recém descrita toxina NetE foi encontrado em 70% das estirpes de C. perfringens positivas para cpe, todas oriundas de animais com idade superior a 12 meses. A frequência de estirpes toxigênicas de C. difficile aumentou em cães com idade superior a 60 meses e o ribotipo 014/020 foi o mais frequente no presente estudo. Entre as coinfecções detectadas destacam-se dois casos em que os cães eram positivos para C. perfringens tipo A cpe+ e netE+netF+ e C. difficile, algo inédito na literatura. Este estudo sugere que C. difficile e C. perfringens são importantes nas diarreias em cães e podem ocorrer em coinfecções com outros enteropatógenos, inclusive entre agentes do gênero Clostridium.
The aim of this study was to evaluate the occurrence of Clostridium perfringens and Clostridium difficile infection compared to other enteropathogens in dogs, such as parvovirus, coronavirus, rotavirus, Giardia spp., Salmonella spp. and Escherichia coli. A total of 154 fecal samples were collected, 92 from diarrheic dogs, from veterinary hospitals, and 62 from apparently healthy dogs (control group). The dogs were divided into four age groups: 0-6 months (passive immunity), 7-12 months (establishment of active immunity), 13-60 months (adults) and older than 61 months (seniors). After isolation of C. perfringens in selective media, the presences of the following genes were evaluated by PCR: cpa, cpb, etx, iap, cpb2, cpe, netB, netE, netF e netG. The isolated strains of C. difficile were ribotyped and the presences of the following genes were evaluated by PCR: tcdA, tcdB, tpi e cdtB. Two ELISAs were used to detect A/B toxins and enterotoxin in stool samples that were positive for isolation of C. difficile and C. perfringens strains positive for the gene cpe, respectively. The differential diagnosis of other enteropathogens included Salmonella spp. by isolation; isolation of E. coli followed by PCR; and immunochromatography tests to detect canine parvovirus type 2 (CPV), canine coronavirus (CCV), canine rotavirus (CRV) and Giardia spp. Approximately in 52,1% of diarrheic animals and 50% of healthy dogs were negative for all enteropathogens tested. There was a positive association between the presence of CPE gene (cpe) from C. perfringens and the occurrence of diarrhea (p=0.006), the CPE toxin was also detected in half of these fecal samples. The gene encoding the recently described NetE toxin (netE) was found in 70% of C. perfringens strains positive for CPE, all from adult dogs (aging more than 12 months). The frequency of isolation of C. difficile toxigenic strains increased in dogs over the age of 60 months, and the ribotype 014/020 was the most frequent in this study. Among the co-infections detected, stand out the first description of C. perfringens type A cpe+ and netE+ netF + and C. difficile coinfection in two dogs. This study suggests that C. difficile and C. perfringens are important enteropathogens in dogs and can occur in co-infections with other microorganisms, including Clostridium species.
Resumo
Noventa e duas amostras de Escherichia coli, isoladas de 25 cães diarreicos, em Ituverava, SP, foramexaminadas para a detecção dos genes codificadores de Shiga toxinas (stx 1 e stx 2). Por meio dareação em cadeia da polimerase, foram identificadas sete amostras positivas para o gene stx 1 e cincopara o gene stx 2, não foi detectada nenhuma amostra com os dois genes. As 12 amostras queapresentavam genes codificadores de Shiga toxinas (stx 1 e stx), foram testadas frente a 11 agentesantimicrobianos, sendo que sete delas (58,0%) apresentaram resistência a múltiplas drogas, o querepresenta um motivo de preocupação.(AU)
Assuntos
Animais , Escherichia coli/genética , Escherichia coli/isolamento & purificação , Diarreia/veterinária , Reação em Cadeia da Polimerase , Resistência a Múltiplos Medicamentos , CãesResumo
From January to December of 2006, 92 and 75 Escherichia coli isolates from diarrheic and healthy dogs, respectively, were examined for resistance to 11 antimicrobial agents. The predominantly observed resistance was to streptomycin (86.0%), cephalothin (71.0%), gentamicin (62.0%), amoxicillin (59.0%) among the isolates from diarrheic dogs and to nalidicxic acid (27.0%), cephalothin (25.0%), tetracycline (19.0%), ampicillin (19.0%) among the isolates from healthy dogs. Multidrug-resistance to four or more antimicrobial agents was found among 72.0% and 15.0% of the isolates from diarrheic and healthy dogs, respectively, what is a reason for concern. KEY-WORDS: Escherichia coli. Antimicrobial agents. Multidrug-resistance. Diarrheic dog. Healthy dog.
De janeiro a dezembro de 2006, 92 e 75 cepas de Escherichia coli isoladas de cães diarréicos e cães saudáveis respectivamente, foram examinadas para a detecção de resistência a 11 agentes antimicrobianos. As resistências predominantemente observadas foram para a estreptomicina (86,0%), cefalotina (71,0%), gentamicina (62,0%) e amoxicilina (59,0%) entre as cepas isoladas de cães diarréicos e para o ácido nalidixico (27,0%), cefalotina (25,0%), tetraciclina (19,0%) e ampicilina (19,0%) entre as cepas isoladas de cães saudáveis. A resistência a quatro ou mais agente antimicrobianos foi encontrada em 72,0% e 15,0% das cepas isoladas de cães diarréicos e saudáveis respectivamente, o que representa um motivo de preocupação. PALAVRAS-CHAVE: Escherichia coli. Agentes antimicrobianos. Resistência a múltiplas drogas. Cão diarréico. Cão saudável.
Resumo
From January to December 2006, 92 Escherichia coli isolates from 25 diarrheic dogs were analyzed by screening for the presence of adhesin-encoding genes (pap, sfa, afa), hemolysin and aerobactin genes. Virulence gene frequencies detected in those isolates were: 12% pap, 1% sfa, 10% hemolysin and 6.5% aerobactin. Ten isolates were characterized as extraintestinal pathogenic E. coli (ExPEC) strains; all showed a multidrug resistance phenotype that may represent a reason for concern due the risk of dissemination of antimicrobial resistant genes to the microbiota of human beings.
Entre Janeiro e dezembro de 2006, 92 cepas de Escherichia coli isoladas de 25 cachorros diarréicos foram analisadas para a detecção de genes codificadores de adesinas (pap, sfa e afa), hemoisina e aerobactina. As freqüências dos genes de virulência detectadas nestas cepas foram: 12% pap, 1% sfa, 10% hemolisina e 6,5% aerobactina. Dez cepas foram caracterizadas como E. coli extraintestinal patogênica (ExPEC) e todas as cepas apresentaram um fenótipo de multiresistência, o que pode representar um motivo de preocupação, por causa do risco de disseminação de genes de resistência a drogas antimicrobianas para a microbiota dos seres humanos.
Resumo
Shiga toxigenic Escherichia coli (STEC) and Attaching and effacing E. coli (AEEC) have been associated with diarrhea illness in dogs. From January to December 2006, 92 E. coli isolates from 25 diarrheic dogs were analyzed, by screening for the presence of Shiga toxin-producing (stx 1 and stx 2) and intimin (eae) genes. Twelve isolates were detected by PCR to harbor the Shiga toxin genes (7 the stx 1 (7.6%); 5 the stx 2 (5.4%); and none both of them). Nine (9.8%) of the E. coli isolates studied were eae positive non Shiga toxin-producing. Thirteen (62.0%) isolates, carrying stx or eae gene, also showed a hemolysin production. The strains with virulence genes were also examined for resistance to 12 antimicrobial agents. Resistances to cephalothin (85.7%), streptomycin (81.0%), amoxicillin (71.4%) and gentamicin (71.4%) were predominantly observed.
Escherichia coli Shiga toxigênica (STEC) e E. coli Attaching- effacing (AEEC) têm sido associadas à doença diarréica em cachorros. Entre janeiro e dezembro de 2006, 92 cepas de E. coli isoladas de 25 cachorros diarréicos foram examinadas. As cepas foram analisadas para a detecção dos genes produtores de Shiga toxina (stx 1 e stx 2) e da intimina (eae). Por meio de PCR foi observado que sete cepas (7,6%) portavam o gene stx 1, cinco cepas (5,4%) carregavam o gene stx 2 e nenhum cepa apresentou ambos os genes associados. Nove cepas de E. coli (9,8%) apresentaram o gene eae isoladamente. Treze das cepas (62,0%) que apresentaram os genes stx ou eae também apresentaram a produção de a hemolisina. As cepas que apresentaram genes de virulência foram também examinadas em relação à resistência a 12 agentes antimicrobianos. As resistências mais comuns foram para cefalotina (85,7%), estreptomicina (81,0%), amoxicilina (71,4%) e gentamicina (71,4%).
Resumo
Shiga toxigenic Escherichia coli (STEC) and Attaching and effacing E. coli (AEEC) have been associated with diarrhea illness in dogs. From January to December 2006, 92 E. coli isolates from 25 diarrheic dogs were analyzed, by screening for the presence of Shiga toxin-producing (stx 1 and stx 2) and intimin (eae) genes. Twelve isolates were detected by PCR to harbor the Shiga toxin genes (7 the stx 1 (7.6%); 5 the stx 2 (5.4%); and none both of them). Nine (9.8%) of the E. coli isolates studied were eae positive non Shiga toxin-producing. Thirteen (62.0%) isolates, carrying stx or eae gene, also showed a hemolysin production. The strains with virulence genes were also examined for resistance to 12 antimicrobial agents. Resistances to cephalothin (85.7%), streptomycin (81.0%), amoxicillin (71.4%) and gentamicin (71.4%) were predominantly observed.
Escherichia coli Shiga toxigênica (STEC) e E. coli Attaching- effacing (AEEC) têm sido associadas à doença diarréica em cachorros. Entre janeiro e dezembro de 2006, 92 cepas de E. coli isoladas de 25 cachorros diarréicos foram examinadas. As cepas foram analisadas para a detecção dos genes produtores de Shiga toxina (stx 1 e stx 2) e da intimina (eae). Por meio de PCR foi observado que sete cepas (7,6%) portavam o gene stx 1, cinco cepas (5,4%) carregavam o gene stx 2 e nenhum cepa apresentou ambos os genes associados. Nove cepas de E. coli (9,8%) apresentaram o gene eae isoladamente. Treze das cepas (62,0%) que apresentaram os genes stx ou eae também apresentaram a produção de a hemolisina. As cepas que apresentaram genes de virulência foram também examinadas em relação à resistência a 12 agentes antimicrobianos. As resistências mais comuns foram para cefalotina (85,7%), estreptomicina (81,0%), amoxicilina (71,4%) e gentamicina (71,4%).
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Cães e gatos são os animais domésticos mais utilizados para interagir e conviver com as pessoas. Estes animais cada vez mais compartilham o mesmo habitat que os seres humanos. Em que pese os benefícios advindos deste íntimo relacionamento, há que se considerar que cães e gatos podem albergar parasitos com potencial zoonótico, dentre os quais Giardia e Cryptosporidium, ambos de grande importância na medicina veterinária e na saúde pública. Giardia é um protozoário entérico cosmopolita responsável por diarreia em grande variedade de hospedeiros, incluindo o ser humano. Cryptosporidium é um parasito emergente e oportunista, que ganhou destaque com o advento da síndrome da deficiência imunológica adquirida, uma vez que este protozoário pode causar quadros graves em indivíduos imunocomprometidos. Do ponto de vista epidemiológico, é importante entender quais são as espécies de Giardia e Cryptosporidium que acometem os seres humanos e os animais, bem como conhecer aquelas que possuem potencial zoonótico. Conhecer a prevalência desses parasitos na população de cães e gatos torna-se ferramenta importante, que possibilita delinear ações que reduzam o risco de transmissão para outros animais, bem como para a população humana. A determinação das assembleias de Giardia duodenalis mais prevalentes nos cães e gatos também é de grande relevância, visto que este protozoário possui grande diversidade genética e os hospedeiros das espécies canina e felina podem albergar tanto assembleias zoonóticas quanto espécie-específicas. O presente estudo teve como objetivo, através do uso de métodos parasitológicos tradicionais, avaliar a prevalência de G. duodenalis e Cryptosporidium sp. em cães (n=299) e gatos (n=38) pertencentes aos estratos errante, comunitário e semidomiciliado e recolhidos ao Centro de Controle de Zoonoses de Campinas (CCZ), no período de março de 2011 a março de 2012. As amostras fecais positivas para G. duodenalis foram caracterizadas molecularmente através do locus tpi. Também se avaliou a eventual associação entre as características epidemiológicas da população em estudo e infecção por Giardia e Cryptosporidium. Os resultados revelaram uma prevalência de 13,3% para G. duodenalis nas amostras fecais de cães. Houve diferença estatisticamente significativa em relação à consistência da amostra fecal, com maior ocorrência nas amostras pastosas ou diarreicas. A prevalência de G. duodenalis em gatos foi de 5,5%. Em relação ao Cryptosporidium, sua prevalência em cães foi de 2,0%. Não foram encontrados oocistos nas amostras de gatos. Os resultados moleculares indicaram em todas as amostras de cães sequenciadas identidade com as assembleias C ou D de G. duodenalis, sugerindo que animais desta espécie pertencentes aos estratos avaliados constituem baixo risco à saúde pública no município de Campinas. A amostra de gato em que foi possível realizar o sequenciamento revelou identidade com a assembleia AI, demonstrando que animais desta espécie pertencentes aos estratos avaliados podem se constituir em preocupação em saúde pública no município de Campinas, podendo os mesmos eliminar cistos com potencial zoonótico
Dogs and cats are the most common domestic animals used for interact and live with humans. Even more these animals are sharing the same habitat with the human beings. Despite of the benefits of this intimate relationship, we must consider that dogs and cats can be hosts for zoonotic parasites, including Giardia and Cryptosporidium, both parasites with great relevance in veterinary medicine and public health. Giardia is a cosmopolitan enteric protozoan responsible for diarrhea in a wide variety of hosts, including man. Cryptosporidium is an emergent and opportunist parasite, which attained relevance with the advent of the acquired immune deficiency syndrome, since this parasite can cause severe disease in immunocompromised individuals. From an epidemiological standpoint, it is important to understand which are the Cryptosporidium species and Giardia genotypes which affect humans and animals, as well as know those with zoonotic potential. The prevalence rates knowledge of these parasites in canine and feline populations becomes an important tool that makes possible to delineate actions to reduce risk of transmission to other animals, as well as to the human population. The assemblages of Giardia duodenalis more prevalent in dogs and cats are also an important determination, since this protozoan has great genetic diversity and also the canine and feline's host species can harbor both zoonotic and species-specific assemblages. Through the use of traditional parasitological methods, the present study aimed to evaluate the prevalence of G. duodenalis and Cryptosporidium sp. in dogs (n=299) and cats (n=38) belonging to stray, community and semi-domesticated strata and captured by the Zoonosis Control Center of Campinas (CCZ), from March 2011 to March 2012. The positive samples for G. duodenalis have been molecularly characterized through locus tpi. The possible association among the epidemiological characteristics of the studied population with the infection by Giardia and Cryptosporidium, was also evaluated. The prevalence of G. duodenalis was 13.3% in fecal samples in dogs and statistical significant difference has been observed in relation to the consistency of the fecal sample, with higher prevalence in doughy or diarrheic samples. The prevalence of G. duodenalis in cats was 5.5%. In relation to Cryptosporidium, the prevalence in dogs was 2.0%. Oocysts were not found in fecal samples from cats. All amplified sequences sampled from dogs feces showed identity with C or D assemblage of G. duodenalis, suggesting that dogs belonging to evaluated strata constitute low risk to public health in the city of Campinas. The cat's fecal sample, which were possible to sequence, showed identity with the Assemblage AI, demonstrating that animals of this species belonging to this particular strata can be a concern in public health for the city of Campinas, since they can eliminate cysts with zoonotic potential
Resumo
Gastrenterites virais em cães são doenças transmissíveis infecciosas com importância para a saúde animal, como as causadas por Parvovírus canino e Coronavírus canino (CCoV) e saúde pública, como no caso dos rotavírus. Rotavírus em cães são encontrados com baixa freqüência, tanto em cães com diarréia quanto sadios, mas sua importância como reservatório para a rotavirose humana já é conhecido. O CCoV, pertencente ao grupo 1 do gênero Coronavirus, ocorre sob a forma dos genótipos I e II, amplamente distribuídos mundialmente e implicados em diarréia moderada, mas podendo levar a elevada letalidade no caso de patótipos altamente patogênicos. No Brasil, a ocorrência de rotavírus do sorogrupo A em cães é um fato conhecido, mas, no caso do CCoV, existe, até o momento, apenas uma investigação relatando sua ocorrência, sem dados de diversidade molecular. A presente investigação teve por objetivos avaliar o papel de cães jovens com enterite sintomática, bem como sadios, como reservatórios de rotavírus, estudar a freqüência de ocorrência de Coronavírus canino (CCoV) em amostras fecais destes animais e estudar a diversidade molecular das amostras de CCoV encontradas. Para tato foram colhidas 100 amostras fecais de cães não vacinados, entre 1 e 180 dias de idade entre 2007 e 2008, sendo 50 com diarréia e 50 sem diarréia no momento da colheita, nos Municípios de São Paulo, São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul, Taboão da Serra, Itapecerica da Serra e uma aldeia indígena em Parelheiros. Às amostras foi aplicada a técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE) para a detecção de rotavírus e uma RT-PCR dirigida ao gene da proteína de membrana M do CCoV (nucleotídeos 337 a 746) para a detecção deste vírus, sendo os fragmentos detectados submetidos a seqüenciamento de DNA. As seqüencias obtidas, traduzidas em aminoácidos, foram utilizadas para a construção de uma árvore genealógica enraizada de distância com o algoritmo Neighbor-Joning e modelo de Poisson com 100 repetições de bootstrap. Nenhuma das amostras resultou positiva para rotavirus, enquanto que 47 foram positivas para CCoV, com freqüência significativamente superior nos animais com diarréia. Vinte e dois dos 47 fragmentos de DNA obtidos resultaram em seqüências viáveis de DNA, sendo 12 classificadas como CCoV Tipo I e 10 como Tipo II, tendo sido encontrada uma sublinhagem exclusivamente brasileira para o Tipo II. Em relação à amostra vacinal de CCoV submetida ao seqüenciamento de DNA, a maior identidade ocorreu com o grupo Tipo II sublinhagem 01, com um valor de 100%, seguido de 97,2% para o Tipo II sublinhagem 02 (a linhagem brasileira) e 93,2% para o Tipo I. Sugere-se que a diversidade de CCoV encontrada seja derivada da elevada freqüência de ocorrência deste vírus, o que pode aumentar a probabilidade de divergências e de possíveis falhas vacinais por diferenças entre a amostra vacinal (Tipo II) e as amostras de campo (Tipos I e II), e, dessa forma, a vacina não diminuiria a transmissão e novas linhagens de CCoV emergiriam. Conclui-se que cães jovens com enterite sintomática, bem como sadios, não tiveram papel como reservatório para rotavírus, considerando-se a região geográfica e o período de colheita de amostras. O CCoV ocorreu com uma freqüência de 47% na população canina estudada, com freqüência estatisticamente significativamente superior naqueles com diarréia do que naqueles sem diarréia. Finalmente, amostras brasileiras de CCoV, com base em seqüenciamento parcial do gene codificador da proteína de membrana M, ocorrem tanto como tipo I quanto II, sendo que, para o tipo II, há uma lihangem tipicamente brasileira
Viral canine gastroenteritis is infectious transmissible diseases with importance for animal health, as those caused by Canine parvovirus and Canine coronavirus (CCoV) and public health, as in the case of rotavirus. Canine rotavirus occurs at low frequencies, both in diarrheic and health dogs, but the importance of dog as reservoirs for human rotaviruses is known. CCoV belongs to group 1 of the genus Coronavirus and occurs as genotypes I and II, worldwide distributed and implicated in mild diarrhea, but high pathogenic types might lead to high lethality. In Brazil, the occurrence of serogroup A rotavirus in dogs is already known but, in the case of CCoV, theres a single report on the occurrence of this virus, with no data on its molecular diversity. The aims of the present investigation were to evaluate the roles of diarrheic and health young dogs as reservoirs of rotavirus, to study the occurrence of CCoV in these animals and to assess the molecular diversity of the strains found. One hundred fecal samples were collected from unvaccinated dogs between 2007 and 2008 (50 with diarrhea and 50 health dogs) in the Municipalities of São Paulo, São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul, Taboão da Serra, Itapecerica da Serra and in an indian community in Parelheiros. The samples were submitted to polyacrilamide gel electrophoresis (PAGE) for rotavirus detection and to an RT-PCR targeted to the membrane M protein gene (nucleotides 337 to 746) of CCoV for the detection of this virus; amplicons were then submitted to DNA sequencing and the putative amino acids sequences were used to build a rooted distance genealogic tree with the Neighbor-Joinng algorithm and he Poisson correction with 1,000 bootstrap replicates. No sample was positive to rotavirus, while 47 out of the 100 samples were positive for CCoV, with a statistically significative higher frequency for the dogs with diarrhea. Twenty-two out of the 47 ampicons resulted in viable sequences, being 12 classified as CCoV Type II and 10 as Type I; besides, and exclusively Brazilian sub lineage was found for Type II. Regarding the vaccine strain, the highest identity was found to Type II sub linage 02 (10%), followed by 97.2% for Type II sub linage II (the Brazilian sub linage) and 93.2% for Type I. Its suggested that the high diversity for CCoV detected is a consequence of the high frequency of occurrence of this virus, what might increase the probability of the emergence of divergence and possible vaccine failures due to differences amongst the vaccine strain (Type II) and field strains (Types I and II) and thus vaccination would not decrease the transmission and new lineages would emerge. It can be concluded that both health and diarrheic young dogs have played no role as reservoirs for rotavirus taking into account the geographic area and the time of samples collection. CCoV ocurred at a frequecy of 47%, with a higher frequency in the diarreic animals. Finally, Brazilian strains of CCoV, based on partial M gene sequences, occur as both type I and II, while, for Type II, a typical Brazilian lineage was described
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From January to December of 2006, 92 and 75 Escherichia coli isolates from diarrheic and healthy dogs, respectively, were examined for resistance to 11 antimicrobial agents. The predominantly observed resistance was to streptomycin (86.0%), cephalothin (71.0%), gentamicin (62.0%), amoxicillin (59.0%) among the isolates from diarrheic dogs and to nalidicxic acid (27.0%), cephalothin (25.0%), tetracycline (19.0%), ampicillin (19.0%) among the isolates from healthy dogs. Multidrug-resistance to four or more antimicrobial agents was found among 72.0% and 15.0% of the isolates from diarrheic and healthy dogs, respectively, what is a reason for concern. KEY-WORDS: Escherichia coli. Antimicrobial agents. Multidrug-resistance. Diarrheic dog. Healthy dog.
De janeiro a dezembro de 2006, 92 e 75 cepas de Escherichia coli isoladas de cães diarréicos e cães saudáveis respectivamente, foram examinadas para a detecção de resistência a 11 agentes antimicrobianos. As resistências predominantemente observadas foram para a estreptomicina (86,0%), cefalotina (71,0%), gentamicina (62,0%) e amoxicilina (59,0%) entre as cepas isoladas de cães diarréicos e para o ácido nalidixico (27,0%), cefalotina (25,0%), tetraciclina (19,0%) e ampicilina (19,0%) entre as cepas isoladas de cães saudáveis. A resistência a quatro ou mais agente antimicrobianos foi encontrada em 72,0% e 15,0% das cepas isoladas de cães diarréicos e saudáveis respectivamente, o que representa um motivo de preocupação. PALAVRAS-CHAVE: Escherichia coli. Agentes antimicrobianos. Resistência a múltiplas drogas. Cão diarréico. Cão saudável.
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From January to December of 2006, 92 and 75 Escherichia coli isolates from diarrheic and healthy dogs, respectively, were examined for resistance to 11 antimicrobial agents. The predominantly observed resistance was to streptomycin (86.0%), cephalothin (71.0%), gentamicin (62.0%), amoxicillin (59.0%) among the isolates from diarrheic dogs and to nalidicxic acid (27.0%), cephalothin (25.0%), tetracycline (19.0%), ampicillin (19.0%) among the isolates from healthy dogs. Multidrug-resistance to four or more antimicrobial agents was found among 72.0% and 15.0% of the isolates from diarrheic and healthy dogs, respectively, what is a reason for concern. KEY-WORDS: Escherichia coli. Antimicrobial agents. Multidrug-resistance. Diarrheic dog. Healthy dog.
De janeiro a dezembro de 2006, 92 e 75 cepas de Escherichia coli isoladas de cães diarréicos e cães saudáveis respectivamente, foram examinadas para a detecção de resistência a 11 agentes antimicrobianos. As resistências predominantemente observadas foram para a estreptomicina (86,0%), cefalotina (71,0%), gentamicina (62,0%) e amoxicilina (59,0%) entre as cepas isoladas de cães diarréicos e para o ácido nalidixico (27,0%), cefalotina (25,0%), tetraciclina (19,0%) e ampicilina (19,0%) entre as cepas isoladas de cães saudáveis. A resistência a quatro ou mais agente antimicrobianos foi encontrada em 72,0% e 15,0% das cepas isoladas de cães diarréicos e saudáveis respectivamente, o que representa um motivo de preocupação. PALAVRAS-CHAVE: Escherichia coli. Agentes antimicrobianos. Resistência a múltiplas drogas. Cão diarréico. Cão saudável.
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Rotavirus was detected by the enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) in the faeces of a diarrheic dog. Virus particles with morphology typical of rotavirus were visualized by direct electron microscopy. This sample was subsequently tested for the four main human serotypes (G1-G4), by ELISA with monoclonal antibodies. G genotyping was attempted by RT-PCR using G1-G6 and G8-G11 primers but no positive results could be yielded. Also using RT-PCR it was possible to characterize this canine strain as belonging to P[ 3] genotype. This is the first canine rotavirus detected in Brazil.
Rotavírus foi detectado pela técnica imunoenzimática (ELISA) nas fezes de um cachorro que apresentava diarréia. Partículas virais com morfologia típica de rotavírus foram visualizadas por microscopia eletrônica direta. Essa amostra foi posteriormente testada para os quatro principais sorotipos humanos de rotavírus (G1-G4) por ELISA utilizando anticorpos monoclonais. Genotipagem para G foi realizada por RT-PCR usando "primers" específicos para G1-G6 e G8-G11. Nenhum resultado positivo foi obtido. Também utilizando RT-PCR, foi possível caracterizar essa amostra canina como genotipo P [ 3] . Este é o primeiro rotavirus canino descrito no Brazil.