Your browser doesn't support javascript.

Portal de Pesquisa da BVS Veterinária

Informação e Conhecimento para a Saúde

Home > Pesquisa > ()
Imprimir Exportar

Formato de exportação:

Exportar

Exportar:

Email
Adicionar mais destinatários

Enviar resultado
| |

Taxonomia zoológica no Brasil: estado da arte, expectativas e sugestões de ações futuras

Carlos Marques, Antonio; José Einicker Lamas, Carlos.
Pap. avulsos Zool.; 46(13)2006.
Artigo em Português | VETINDEX | ID: vti-442450

Resumo

Brazil is a megadiverse developing country and the knowledge on the current situation of Brazilian taxonomy is a necessary step to establish future policies to deal with biodiversity. Certainly, the most important issue for the understanding of biodiversity is the installing capacity of taxonomists. In fact, little is known concerning the number of taxonomists, scientific production, and the problems faced by taxonomists in each country. Once Brazilian biota is the richest of the world, it is undisputable that its knowledge is critical to understand world biodiversity patterns and to base conservation policies. We produced a technical report on Brazilian zoological taxonomy for the Brazilian Ministry of Science and Technology, which provided a more objective view upon the Brazilian biodiversity challenge. Brazil accounts for 6.67% of the total species described (ca. 100,000 out of 1.5 million), but we expect a significantly higher number of species to be described. Brazil has 542 taxonomists: 415 with permanent positions, publishing in all fields of zoology. Their average age is 45-50 years old, with the majority still expecting to be active for more than 15-20 years. PhD Theses in taxonomy decreased during the 1990s, reflecting the worlds lack of interest in the area. The majority of taxonomists are concentrated in South East (51.7%) and South (21.6%) Brazil, and extensive regions, including biomes like Pantanal, Cerrado (Savannah), Caatinga and the Amazonian Rainforest, count with continuously fewer experts. Taxa with the larger number of taxonomists are "fishes" (53), Crustacea (39), Diptera (28), and Mollusca (27) although no taxon is considered to have enough experts. Several groups are in a more critical situation. Poorly known ecosystems and biomes are deep waters, continental shelf, northern coastline, semi-arid Caatinga, Amazon rainforest, though no region is considered adequately known. 7,320 species were described (1978-1995, 430/year), a rhythm very slow for the present needs, especially because many wild habitats are disappearing. Brazilian researchers have important contributions to make for their taxonomical groups, intensively collaborating with foreign colleagues. However, basic taxonomic work is still to be done: only a few groups have catalogues or manuals, basic taxonomic revisions are restricted (especially lacking for marine groups), databasing is needed for many museum collections. Brazilian researchers published 1801 papers (from ISI-Web of Knowledge, January/2000-March/2005), but only three states (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais) were responsible for 70% of these. The largest and most representative zoological collections are concentrated in a few cities (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belém, Manaus). There are 22 graduate programs of Zoology, 14 of them conferring PhDs, the majority of these in the same states in which the largest collections are found, and the best rated programs in São Paulo, Rio de Janeiro and Paraná states. By the end of 2003, all programs together had 477 faculty professors, 480 MSc candidates and 486 PhD candidates. When compared to other countries, Brazil is in a rather good situation, although far from perfect. It is clear that world policies must be planned, but these will be more effective if countries know exactly how they can deal and can contribute to the global understanding on biodiversity. Our study also propose programs, strategies, and budgets based on the biodiversity data and needs.
O Brasil é um país em desenvolvimento megadiverso e o conhecimento da situação atual da taxonomia brasileira é um passo necessário para se estabelecer políticas futuras para lidar com a biodiversidade. Certamente, o ponto mais relevante para o entendimento da biodiversidade é a criação de vagas para absorção de taxonomistas em cargos permanentes. De fato, pouco se conhece sobre o número de taxonomistas, produção científica, e os problemas enfrentados pelos taxonomistas em cada país. Devido a biota brasileira ser a mais rica do mundo, é inquestionável que seu conhecimento é crítico para o entendimento de padrões mundiais de biodiversidade e para embasar políticas de conservação. Nós preparamos um relatório técnico sobre a taxonomia zoológica brasileira para o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil que fornece uma idéia clara de como o país pode lidar com o desafio de sua biodiversidade. O Brasil possui cerca de 6,67% do total das espécies descritas (ca. 100.000 dos 1,5 milhão), mas estima-se que haja um enorme número de espécies ainda não descritas. O Brasil possui 542 taxonomistas: 415 em cargos permanentes, publicando em todos os campos da zoologia. A média de idade dos taxonomistas é de 45-50 anos e, portanto, a maioria ainda deverá estar ativa nos próximos 15-20 anos. Doutoramentos em taxonomia diminuíram na década de 90, refletindo a falta de interesse mundial pela área. A maioria dos taxonomistas está concentrada no Sudeste (51,7%) e Sul (21,6%) do Brasil, e extensas regiões incluindo biomas como Pantanal, Cerrado, Caatinga e Floresta Amazônica possuem menos especialistas. Táxons com maior número de taxonomistas são "peixes" (53), Crustacea (39), Diptera (28), e Mollusca (27), embora nenhum táxon tenha sido considerado como possuidor de um número suficiente de especialistas. Muitos grupos estão em uma situação mais crítica. Ecossistemas e biomas pouco conhecidos são águas profundas, plataforma continental, linha costeira da região norte, Caatinga semi-árida e Floresta Amazônica, embora nenhuma região seja considerada adequadamente conhecida. 7.320 espécies foram descritas (1978-1995, 430/ano), um ritmo muito lento para as necessidades atuais, especialmente porque muitos ambientes naturais estão desaparecendo. Pesquisadores brasileiros têm importantes contribuições para seus grupos taxonômicos de interesse, colaborando intensamente com colegas estrangeiros. Apesar disso, existe ainda muito trabalho básico por realizar: somente poucos grupos possuem catálogos ou manuais, revisões taxonômicas são restritas (e quase inexistentes para grupos marinhos) e bancos de dados são necessários para as coleções de muitos museus. Pesquisadores brasileiros publicaram 1.801 artigos (dados do ISI-Web of Knowledge, janeiro/2000-março/2005), mas somente três estados (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) foram responsáveis por 70% deste total. As maiores e mais representativas coleções zoológicas estão concentradas em poucas cidades (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belém e Manaus). Existem 22 programas de pós-graduação em Zoologia, 14 dos quais incluindo cursos de doutoramento, a maioria destes situados nos mesmos estados em que as maiores coleções são encontradas e, dentre estes, os melhor avaliados localizam-se nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. No fim de 2003, todos os programas juntos possuíam 477 docentes, 480 mestrandos e 486 doutorandos. Talvez, em comparação com outros países, o Brasil esteja em uma situação bem melhor, embora ainda muito longe do adequado. Claramente, políticas mundiais devem ser elaboradas, mas estas serão ainda mais eficientes se os países souberem exatamente como eles podem lidar e contribuir para o conhecimento global da biodiversidade. Nosso estudo propõe ainda programas, estratégias e orçamentos baseados em dados e necessidades da biodiversidade.
Biblioteca responsável: BR68.1