Captação de sementes em coletores artificiais e cultivo da ostra perlífera Pinctada imbricata (Mollusca: Pteriidae), São Paulo, Brasil

RESUMO

O cultivo de ostras perlíferas ainda é realizado apenas experimentalmente no Brasil. Entretanto, algumas espécies como Pinctada imbricata apresentam um bom potencial para a produção comercial. A ocorrência constante de jovens dessa espécie associados a coletores e redes de mexilhões pode tornar viável a obtenção de sementes para cultivo diretamente do ambiente natural, no entanto, são necessários estudos sobre a forma dessa coleta e o cultivo da espécie. Neste sentido, este estudo teve como objetivo determinar as épocas mais favoráveis para a captação de juvenis de P. imbricata em coletores artificiais e avaliar o seu desempenho em diferentes estruturas de cultivo na Praia da Cocanha, Caraguatatuba, Estado de São Paulo, contribuindo assim para a definição de uma tecnologia de cultivo para essa espécie no Brasil. Para isso, avaliou-se a captação de sementes em coletores artificiais em três profundidades (superfície, 1 e 2 metros) e o desempenho da espécie em diferentes estruturas de cultivo (rede de mexilhão, lanternas berçário e engorda) e densidades de estocagem durante as fases intermediária (80, 119 e 159 ostras por 1000 cm2) e de engorda (25, 51 e 76 ostras por 1000 cm2). Os resultados mostraram que a quantidade de P. imbricata captada a partir do ambiente natural parece ser suficiente para iniciar e manter cultivos comerciais dessa espécie na região de estudo (média de 146 sementes por metro de coletor). A estrutura de cultivo que mostrou ser mais adequada para o cultivo desta espécie foi a lanterna de engorda, que apresentou menor variabilidade na sobrevivência e maior durabilidade e assim deve ser recomendada. Os parâmetros zootécnicos avaliados não diferiram significativamente para as três densidades testadas, sugerindo que maiores densidades podem ser utilizadas. O crescimento na fase de engorda mostrou-se menor do que o registrado para a mesma espécie em outros países onde é cultivada. Mais estudos são necessários para fins de produção comercial da espécie no Litoral Norte de São Paulo