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Tese em Português | VETTESES | ID: vtt-1865

Resumo

Cetáceos são considerados sentinelas ambientais e indicadores de mudanças de médio a longo prazo nos ecossistemas aquáticos. Diversas doenças infecciosas e parasitárias, e também impactos diretos ou indiretos causados por ações antrópicas foram detectadas em cetáceos no mundo. Na costa brasileira, foram registrados anticorpos para morbilivírus, dermatites provocadas pelo fungo Lacazia loboi, e semelhantes às provocadas por papilomavírus, poxvírus e agentes bacterianos. Além disso, parasitoses por Giardia sp., Toxoplasma gondii e principalmente por nematóides como Anisakis sp. em trato gástrico, Halocercus brasiliensis em vias respiratórias e Stenurus globicephalae no meato auditivo também foram observadas e provocam diferentes graus de lesões em seus hospedeiros. Quanto às interações antrópicas, foram registrados diversos casos de asfixia em rede de pesca, animais com cortes em nadadeiras e lesão por colisão com embarcação. Interações interespecíficas de agressão entre golfinhos e mordidas de tubarão também foram observadas. Diferentes espécies de cetáceos ocorrem no litoral do Paraná, entretanto, Sotalia guianensis, Tursiops truncatus e Pontoporia blainvillei são as mais registradas. O objetivo desse estudo foi detectar modificações histológicas e analisar alterações patológicas em cetáceos encontrados no litoral do Estado do Paraná. Amostras de 2cm3 de tecido colhidos durante necropsia foram fixadas em formalina tamponada a 10%, processadas rotineiramente e coradas com hematoxilina e eosina ou colorações especiais. Foram amostrados 55 espécimes, identificados em oito espécies. A quantidade de órgãos examinados na macroscopia e histopatologia variou. No exame macroscópico, foram observadas marcas de dentes em pele (25/53), e lesões características de emalhe em redes de pesca na pele e pulmão em 16 animais de quatro espécies. Dermatites crônicas semelhantes à causada por poxvírus e infecções bacterianas foram observadas em S. guianensis e, pneumonias foram frequentemente associadas a parasitoses (7/20), identificado como Halocercus sp. em um dos indivíduos. No estômago, houve ocorrência de Braunina cordiformis (4/11) e lesões associadas a outros parasitas (2/11). A análise histológica demonstrou diferenças em pulmão, pele e rim em relação aos mamíferos terrestres, comuns a outros cetáceos, todas adaptativas ao ambiente aquático. Os exames microscópicos (n=41) confirmaram e aumentaram os casos de pneumonias e broncopneumonias (16/26), dermatites (2/16) e demonstraram também processos inflamatórios principalmente crônicos em fígado (9/11), rim (5/11), coração (5/16), linfonodo (7/8), intestino (4/13) e estômago (4/12), associados a agentes infecciosos e parasitários. Foram observadas tendências de patologias de acordo com o estágio de desenvolvimento, possivelmente devido à dieta, imunidade e idade, porém, análises com maior número amostral são necessárias para confirmação. Fatores antrópicos, agentes infecciosos e parasitários atuam na saúde dos cetáceos no Brasil, assim, monitoramentos constantes são necessários para aprimorar as informações sobre o estado de conservação das espécies e do habitat onde estão inseridas

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