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ASPECTOS BIOECOLÓGICOS DE INTERESSE ZOOTÉCNICO DA ABELHA URUÇU DO CHÃO (Melipona quinquefasciata).

VALDENIO MENDES MASCENA.
Tese em Português | VETTESES | ID: vtt-200490

Resumo

A abelha Melipona quinquefasciata nidifica no solo e ocorre em áreas do Nordeste brasileiro. Contudo, a sua exploração nessa região ainda é realizada de forma extrativista, sendo poucos os conhecimentos sobre a espécie o que contribui para que essa abelha tornar-se ameaçada. Dessa forma, essa pesquisa objetivou construir conhecimentos científicos que possam ajudar a desenvolver um sistema racional de manejo para M. quinquefasciata. Nesse intuito, realizou-se a descrição do comportamento de nidificação da espécie, avaliou-se a influência de condições ambientais e de tipos diferentes de colmeias (caixa de madeira e pote cerâmico) na atividade de voo dessa abelha. Além disso, foram identificados seus principais inimigos naturais na área da pesquisa. O estudo foi conduzido de novembro de 2013 a julho de 2015 na Chapada do Araripe, sendo dividido em três experimentos: no primeiro, realizou-se a coleta e avaliação das estruturas dos ninhos silvestres de M. quinquefasciata, complementando com informações geradas pelo monitoramento mensal de ninhos manejados em dois meliponários, um localizado em Barbalha-CE (composto por colônias silvestres recém coletadas) e o outro, localizado em Moreilândia-PE (composto por colônias manejadas há três anos), ambos contendo 10 colônias (cinco em caixas de madeira e cinco em potes cerâmicos). No segundo experimento, avaliou-se a influência ambiental e dos tipos de colmeias (caixa de madeira e pote cerâmico) sobre a atividade externa das colônias manejadas de M. quinquefasciata. Nesse experimento, foram realizadas observações mensais do fluxo de voo das abelhas operárias e coleta de informações climáticas. No meliponário 1, foram acompanhados três colônias em potes cerâmicos e quatro em potes de madeira, enquanto, no meliponário 2, foram acompanhadas cinco colônias em potes cerâmicos e quatro em caixas de madeira. As observações foram realizadas durante cinco dias, sendo cada colônia monitorada por 5 min, em intervalo de uma hora das 5h às 17h, durante 12 meses. Ainda no meliponário 1, coletaram-se a cada hora do dia, ao longo do ano, dados de temperatura e úmidade internas das colônias. O terceiro experimento foi conduzido apenas no meliponário 1 e tratou da identificação de inimigos naturais de M. quinquefasciata. Durante 12 meses, foram inspecionadas mensalmente dez colônias manejadas. Nessas inspeções as colmeias eram examinadas internamente, quanto à existência de predadores. Bem como foi testada a eficiência de dois tipos de substâncias atrativas de forídeos (vinagre e vinagre+pólen). Para complementar as informações, nas proximidades do meliponário 1, foram também acompanhadas dez colônias silvestres, durante um ano, em intervalos de visita quinzenal, com o mesmo intuito de identificar predadores. Os principais resultados observados no primeiro experimento foram que a maioria dos ninhos de M. quinquefasciata foi localizada formando agrupamentos em área de vegetação rala. O diâmetro interno das torres de entrada foi de 9,68±1,66 mm e apresentou o menor coeficiente de variação CV (11,98%) entre as características construtivas dos ninhos silvestres, enquanto, o número médio de potes por ninho foi 54,2±116,98 (CV=99,13%) e profundidade média dos ninhos de 1,29±1,03m. Todos os ninhos coletados apresentaram um invólucro externo de batume, todavia a principal diferença no comportamento construtivo observada entre os ninhos silvestres e manejados foi a ausência de invólucro externo nos ninhos manejados. Em ambos os meliponários observou-se, que nos meses mais quentes do ano, os discos de cria foram construídos fora do invólucro de cerume. Os resultados do experimento 2 mostraram que a espécie apresentou atividade de voo entre as temperaturas de 19,6 - 33,5° C, umidade de 38,0 - 80,4% e luz de 210 - 20.000 Lux. A temperatura correlacionou-se positivamente com a coleta de néctar/água e negativamente com pólen, acontecendo relação inversa com a umidade. A intensidade de luz influenciou positivamente todos os tipos de coleta da espécie, contudo, os picos de coleta de pólen ocorreram entre 6h e 7h, com temperatura abaixo de 23º C e umidade próxima a 80%. XVII Os picos de coleta de néctar/água ocorreram entre 14h e 16h, com temperaturas próximas de 31° C e umidade em torno de 55%. O fluxo total de entrada de abelhas foi maior do período seco do ano, tanto no meliponário 1 (seco = 2,82±0,22; úmido=1,19±0,22) quanto no meliponário 2 (seco = 2,19±0,31; úmido 2,17±0,29). A média de temperatura interna dos potes cerâmicos e das caixas de madeira foi no período seco, respectivamente, 22,08±0,31 e 21,89±0,29 e no período úmido 23,34±0,48 e 23,20±0,25, sendo que os potes cerâmicos apresentaram maior média (p < 0,01) do que as caixas de madeira. A média de umidade interna das colmeias também foi maior nos potes cerâmicos, sendo as médias do período úmido para potes e caixas foram, respectivamente, 89,35±0,94 e 86,47±0,11, enquanto no período seco as médias nos potes foram 87,41±0,56 e nas caixas 82,24±0,74. Os resultados do experimento 3 mostraram que o número médio de forídeos capturados em armadilhas externas não diferiu (p > 0,05) entre as caixas de madeira (23,31±3,81) e potes cerâmicos (12,40±1,03), assim como, o número médio de forídeos capturados internamente também não diferiu (p > 0,05) entre as colônias em caixa de madeira (24,81±4,18) e as em potes cerâmicos (18,96±3,59). As armadilhas externas com pólen + vinagre nas caixas de madeira (48,48±8,37) e potes cerâmicos (35,52±6,75) coletaram duas vezes mais forídeos (p<0,05) do que as armadilhas externas apenas com vinagre, tanto nas caixas de madeira (23,31±3,81) quanto nos potes cerâmicos (12,40±1,03). Assim como, também foram mais eficientes que as armadilhas internas que coletaram em uma média de 24,81±4,18 nas caixas de madeira e de 18,96±3,59 nos potes cerâmicos. Concluiu-se que o comportamento básico de construção da espécie é alterado quando ela está sob manejo, contudo, essas diferenças não inviabilizam sua criação em colmeias. A atividade de M. quinquefasciata é influenciada por variáveis climáticas, disponibilidade dos recursos e o tipo de material utilizado na confecção das colmeias, sendo que os potes cerâmicos proporcionaram melhores condições de ambiência às colônias. Os predadores mais expressivos de M. quinquefasciata na área de estudo foram às moscas (Diptera Phorida) e a abelha Lestrimelitta rufa, todavia, as armadilhas de forídeos contendo vinagre + pólen foram o meio mais eficiente de controle desta praga.
The Melipona quinquefasciata bee nests in the ground and occurs in the Brazilian Northeast areas. However, its exploration in this region still happens in an extractive manner which makes the knowledge about that bee a bit narrow. This has also contributed to the endangerment of that species. Based on that, this research aimed to build up scientific knowledge that can help to develop a rational management system for M. quinquefasciata. With this intention, the nesting behavior of this species was described and the influence of environmental conditions and different types of beehives (wooden box and ceramic pot) in the flight activity of this bee was evaluated. It was also identified its major natural enemies in the research area. The study was conducted from November 2013 until July 2015 in the Araripe Plateau and it was divided into three experiments. On the first one, the collect and evaluation of the structures of wild nests of M. quinquefasciata was held, supplemented with information generated by the monthly monitoring of nests in two meliponaries. One meliponary was located in Barbalha-CE (with wild colonies recently collected) and the other one was located in Moreilândia-PE (composed of colonies managed for three years). Both of them contained 10 colonies (five in wooden boxes and five in ceramic pots). On the second experiment, the influence of environmental conditions and of the two types of beehives (wooden box and ceramic pot) in the external activity of managed colonies of M. quinquefasciata was evaluated. In this experiment, monthly observations of the flight flow of the worker bees were made and weather information was collected. In meliponary 1, three colonies in ceramic pots and four in wooden pots were observed while in meliponary 2, five colonies in ceramic pots and four wooden boxes were observed. The observations were carried out for five days. Each colony was monitored for 5 minutes in one-hour interval between 5a.m. to 5p.m., in a period of 12 months. Still in meliponary 1, data of internal temperature and humidity of the colonies were collected every hour of the day, throughout the year. The third experiment was conducted only in meliponary 1 and aimed at identifying the natural enemies of M. quinquefasciata. During 12 months, ten managed colonies were inspected monthly. In these inspections, the hives were checked internally for predators and the efficiency of two types of attractive substances to phorids (vinegar and vinegar + pollen) was tested. For additional information, ten wild colonies were also observed in the surrounds of meliponary 1, for a year, in biweekly visit intervals, with the same goal of identifying their predators. The main results observed in the first experiment were that most of the M. quinquefasciata nests were located in clusters in an area of sparse vegetation. The internal diameter of the entrance towers were 9.68 ± 1.66mm (CV=11.98%), while the average number of pots per nest was 54.2 ± 116.98 (CV=99.13%) and average depth of 1.29 ± 1,03m nests. All collected nests had an external bitumen casing. The key difference observed in the constructive behavior between the wild and the managed nests was the absence of external bitumen casing in the managed ones. In both meliponaries, it was observed that, in the warmer months of the year, disks of young bees were built outside the wax casing. The results of the experiment 2 showed that the species had flying activity between temperatures of 19.6 to 33.5 °C, humidity of 38.0 to 80.4% and light 210 - 20,000 Lux. The temperature was positively correlated with a nectar/water collect and negatively with pollen collect, with an inverse relation with the humidity. The light intensity influenced positively all types of collect of the species, however, the collecting pollen high peak occurred between 6a.m and 7a.m, with temperature under 23 °C and about 80% of humidity. The nectar/water collect high peak occurred between 2p.m and 4p.m, with temperatures close to 31 °C and humidity around 55%. The total flow of bees entrance was higher in the drier periods of the year, in both meliponary 1 (dry = 2.82 ± 0.22; XIX damp = 1.19 ± 0.22) and meliponary 2 (dry = 2,19 ± 0.31; humid 2.17 ± 0.29). The average internal temperature of the ceramic pots and the wooden boxes was, in the dry period, 22.08 ± 0.31 and 21.89 ± 0.29, respectively. In the humid period, it was 23.34 ± 0.48 and 23.20 ± 0.25, respectively. The ceramic pots presented a higher average (p <0.01) than the wooden boxes. The internal humidity average of the hives was also higher in the ceramic pot and the averages of the humid period to both pots and boxes were, respectively, 89.35 ± 0.94 and 86.47 ± 0.11, while in the dry season averages in pots were 87.41 ± 0.56 and 82.24 ± 0.74 in the boxes. The results of Experiment 3 showed that the average number of phorids captured in external traps was not different (p> 0.05) between the wooden boxes (23.31 ± 3.81) and the ceramic pots (12.40 ± 1.03) and the average number of phorids internally captured was not different (p> 0.05) among the colonies of wooden box (24.81 ± 4.18) and ceramic jars (18.96 ± 3 59). The external traps with pollen + vinegar in the wooden boxes (48.48 ± 8.37) and in the ceramic pots (35.52 ± 6.75) collected twice as many phorids (p <0.05) as in the traps with vinegar only, both in the wooden boxes (23.31 ± 3.81) and in the ceramic pots (12.40 ± 1.03). Also, they were more efficient than the internal traps that collected an average of 24.81 ± 4.18 in the wooden boxes and 18.96 ± 3.59 in the ceramic pots. It was concluded that the basic construction behavior of the species changes when it is under management. However, these differences do not invalidate its creation in hives. M. quinquefasciata activity is influenced by climatic variables, availability of resources and the type of material used in the manufacture of the hives. The ceramic pots provided better ambience to the colonies. The most significant predators of M. quinquefasciata in the study area were the flies (Diptera Phorida) and Lestrimelitta rufa bee; however, the traps for phorid containing vinegar + pollen were the most efficient way to control this pest.
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