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Diversidade de carrapatos de roedores silvestres (Rodentia: Cricetidae) no Rio Grande do Sul atualizações do gênero Ixodes (Acari: Ixodidae)

THAIS MICHEL.
Tese em Português | VETTESES | ID: vtt-202247

Resumo

Os carrapatos pertencem à classe Arachnida, ordem Ixodida, e estão agrupados em três famílias (Ixodidae, Argasidae e Nuttalliellidae), das quais Ixodidae é a maior e considerada a mais importante em termos econômicos e em saúde pública. Na fauna brasileira de carrapatos um total de 66 espécies são atualmente reconhecidas, das quais 46 pertencem à Ixodidae e 21 à Argasidae. Os principais gêneros dessa família são Ixodes Latreille, 1795; Amblyomma Koch, 1844; Rhipicephalus Koch, 1844; Haemaphysalis Koch, 1844; Dermacentor Koch, 1844; e Hyalomma Koch, 1844. O gênero Amblyomma, o mais numeroso do Brasil, inclui as principais espécies de ixodideos que parasitam humanos. As espécies do gênero Ixodes são descritas principalmente parasitando em aves e mamíferos silvestres, como roedores. As espécies do gênero Haemaphysalis são encontradas principalmente em cervídeos e lagomorfos. Já as espécies de Rhipicephalus e Dermacentor têm como principais hospedeiros animais domésticos. No estado do Rio Grande do Sul são encontradas 16 espécies do gênero Amblyomma, duas de Ixodes, uma de Haemaphysalis, uma de Argas, e uma de Ornithodoros. Do gênero Ixodes são descritas 244 espécies de carrapatos, mas apenas oito tem ocorrência confirmada no Brasil, Ixodes amarali Fonseca 1935, Ixodes aragaoi Fonseca 1935, Ixodes auritulus Neumann, 1904, Ixodes fuscipes Koch, 1844, Ixodes loricatus Neumann, 1899, Ixodes luciae Sénevet, 1940, Ixodes paranaensis Barros-Battesti et al., 2003 e Ixodes schulzei Aragão & Fonseca, 1951. Destas espécies, somente I. loricatus e I. auritulus são descritas para o Rio Grande do Sul (RS) até o momento. Embora as espécies de carrapatos que parasitam os animais domésticos têm sido muito estudadas, o conhecimento sobre a história natural de carrapatos que parasitam animais silvestres ainda é incipiente para a maioria da fauna de carrapatos da América do Sul. Nesse sentido, roedores silvestres são excelentes alvos de estudos, pois são considerados hospedeiros das fases imaturas de diversas espécies de carrapatos. Estes pequenos mamíferos apresentam adaptações evolutivas, como elevada fecundidade, versatilidade da dieta e rápida reposição populacional, que possibilita utilizá-los como foco em estudos de relações parasitas-hospedeiros. A carência de informações sobre a ocorrência e distribuição das espécies de carrapatos em roedores silvestres e, especialmente sobre o gênero Ixodes no Rio Grande do Sul, demonstra a necessidade de ampliar os estudos sobre estes parasitos e seus hospedeiros. Com base nisso, buscou-se investigar a ixodofauna de pequenos mamíferos silvestres através de capturas de roedores no ambiente e análise de exemplares de roedores depositados em coleções científicas. Também foram realizadas coletas de carrapatos diretamente na vegetação, além da revisão dos espécimes depositados em coleções cientificas de ixodideos. Foram analisados 321 roedores silvestres oriundos de nove municípios do bioma Pampa e cinco do bioma Mata Atlântica no RS. As espécies de roedores Akodon paranaensis Christoff et al., 2000, Deltamys kempi Thomas, 1917, Oligoryzomys sp. Bangs, 1900, Oligoryzomys nigripes Olfers, 1818, Oxymycterus nasutus Waterhouse, 1837, Scapteromys tumidus Waterhouse, 1837 e Cavia aperea Erxleben, 1777, estavam parasitados por carrapatos do gênero Ixodes. As identificações dos carrapatos foram realizadas com base em chaves dicotômicas e suas atualizações e alguns exemplares foram identificados por técnicas moleculares. Considerando os carrapatos dos roedores e os coletados diretamente no ambiente, o total de 72 espécimes de Ixodes foram coletados, sendo 19 espécimes Ixodes longiscutatus Boero, 1944, cinco I. aragaoi, quatro I. loricatus, quatro I. auritulus, um I. fuscipes e 39 larvas identificadas como Ixodes sp. Os resultados deste trabalho ampliaram para cinco o número de espécies do gênero Ixodes que podem ser consideradas estabelecidas no RS: I. loricatus, I. auritulus, I. aragaoi, I. fuscipes e I. longiscutatus. Trata-se do primeiro relato de I. longiscutatus para o Brasil, ampliando para nove o número de espécies deste gênero registradas no país. A ocorrência de duas espécies do complexo Ixodes ricinus Linnaeus, 1758 (I. aragaoi e I. fuscipes) chama atenção para seu potencial impacto em saúde pública, visto os recentes relatos de Borrelia burgdorferi Johnson et al., 1984 sensu latu em carrapatos deste complexo no Uruguai e na Argentina, em áreas próximas à fronteira com o Rio Grande do Sul.
Ticks belong to the class Arachnida, order Ixodida, and they are grouped into three families (Ixodidae, Argasidae e Nuttalliellidae), being Ixodidae the largest one and the most important for both animal breeding and public health. For Brazil, a total of 66 ticks species are currently recognized, with 46 and 21 species grouped into Ixodidae and Argasidae families, respectively. Ixodidade familiy comprises the main tick genera, such Ixodes Latreille, 1795; Amblyomma Koch, 1844; Rhipicephalus Koch, 1844; Haemaphysalis Koch, 1844; Dermacentor Koch, 1844; and Hyalomma Koch, 1844. Most of tick species found in Brazil are from the genus Amblyomma, which includes the main species that parasitize humans. The species from Ixodes genus are mainly described parasitizing birds and wild mammals (rodents). Species from Haemaphysalis genus are found in mammals, such cervids and lagomorphs. On the other hand, the Rhipicephalus and Dermacentor genera have as main hosts domestic animals. In Rio Grande do Sul state, it can be considered as established tick species until the moment, 16 Amblyomma species, two Ixodes, one Haemaphysalis, one Argas, and one Ornithodoros. From the 244 Ixodes species, just, eight were reported for Brazil, , Ixodes amarali Fonseca 1935, Ixodes aragaoi Fonseca 1935, Ixodes auritulus Neumann, 1904, Ixodes fuscipes Koch, 1844, Ixodes loricatus Neumann, 1899, Ixodes luciae Sénevet, 1940, Ixodes paranaensis Barros-Battesti et al., 2003 and Ixodes schulzei Aragão & Fonseca, 1951. For Rio Grande do Sul state (RS), only I. loricatus and I. auritulus are described to date. Indeed, the species of ticks that parasitize wildlife are still poorly known, especially regarding their taxonomy, biology, ecology, geographic distribution and their usual hosts. In this sense, the identification of parasites of wild rodents are essential, since they are considered main hosts of the immature stages of several species of ticks. Rodents show evolutionary adaptations, such as high fertility, diet versatility and rapid population replacement, which allows use them focused on studies of parasit-host relations. The lack of information on the occurrence and distribution of tick species on wild rodents in Rio Grande do Sul, especially on Ixodes genus, shows the need to expand the studies on these parasites and their hosts. Based on this, we aimed to investigate the ixodofauna of small wild mammals by live-trap captures, and analysis parasites from rodents deposited in scientific collections. We also performed tick collections directly on environment/vegetation, in addition to the revision of the specimens deposited in scientific collections of ticks. A total of 321 wild rodents from nine municipalities of the Pampa biome and five of Atlantic Forest biome were investigated. The species Akodon paranaensis Christoff et al., 2000, Deltamys kempi Thomas, 1917, Oligoryzomys sp. Bangs, 1900, Oligoryzomys nigripes Olfers, 1818, Oxymycterus nasutus Waterhouse, 1837, Scapteromys tumidus Waterhouse, 1837 and Cavia aperea Erxleben, 1777 were infested with ticks of de genus Ixodes. The tick identification were based on taxonomic keys and updates; and for some specimens, molecular techniques were employed. From that, twenty-three rodents were parasitized by Ixodes spp. ticks. A total of 72 Ixodes spp. tick specimens were collected, 19 specimens of Ixodes longiscutatus Boero, 1944, five I. aragaoi, four I. loricatus, four I. auritulus and one I. fuscipes. The results of this study increases to five the number of species of the Ixodes genus that can be considered established in RS, I. loricatus, I. auritulus, I. aragaoi, I. fuscipes and I. longiscutatus. This is the first report of I. longiscutatus for Brazil, increasing to nine the number of species reported in the country. The occurrence of two species of the Ixodes ricinus Linnaeus, 1758 complex (I. aragaoi and I. fuscipes) draws attention to its potential impact on public health, considering the recent reports of Borrelia burgdorferi Johnson et al., 1984 sensu latu in ticks from Uruguay and Argentina, near to the border with Rio Grande do Sul.
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