Atividade in vitro dos óleos essenciais de Melaleuca alternifolia, Mentha piperita e Origanum vulgare isolados, combinados entre si e com antifúngicos, frente ao oomiceto Pythium insidiosum

RESUMO

Pythium insidiosum causa pitiose, uma doença grave e emergente que acomete os mamíferos. As falhas com as terapias antifúngicas convencionais é, em parte, justificada pela ausência do ergosterol na composição de membrana citoplasmática deste oomiceto. Apesar do avanço das pesquisas, o tratamento da pitiose ainda não está completamente estabelecido. Neste trabalho verificou-se a atividade antimicrobiana in vitro de Melaleuca alternifolia, na forma de óleo livre e em nanoemulsão frente ao oomiceto P. insidiosum (n=26). Adicionalmente, investigou-se o perfil da suscetibilidade in vitro de isolados brasileiros de P. insidiosum (n=20) frente aos óleos essenciais de M. alternifolia, Mentha piperita e Origanum vulgare, em suas combinações e combinados com itraconazol ou terbinafina. Os testes de suscetibilidade foram realizados conforme o protocolo M38-A2 e as combinações avaliadas pela técnica de microdiluição cherkerboard. Todos os óleos essenciais avaliados apresentaram atividade antimicrobiana sobre P. insidiosum, destacando-se a melhor atividade de O. vulgare. Observou-se efeito sinérgico e/ou indiferente para todas as combinações de óleos essenciais testadas, ressaltando-se a combinação de M. piperita e O. vulgare que resultou em 65% de sinergismo. Nas combinações dos óleos essenciais com itraconazol ou terbinafina, foi observado acentuado efeito sinérgico para todas as combinações com itraconazol, destacando-se a combinação com M. alternifolia que resultou em 95% de efeito sinérgico. As combinações de terbinafina com os óleos essenciais evidenciaram indiferença ou efeito antagônico. Este é o primeiro estudo in vitro que avaliou as combinações de óleos essenciais de M. alternifolia, M. piperita e O. vulgare frente a isolados brasileiros de P. insidiosum. Os resultados obtidos permitem sugerir que a combinação de compostos bioativos oriundos de plantas entre si e/ou com fármacos antifúngicos podem constituir uma alternativa terapêutica a ser aplicada no controle de infecções causadas por P. insidiosum. Todavia, outras pesquisas são imprescindíveis para determinar novos protocolos terapêuticos envolvendo as combinações avaliadas

ABSTRACT

Pythium insidiosum causes pythiosis, a severe and emerging disease that affects mammals. The limitations involving the conventional antifungal therapies is in part justified by the absence of ergosterol in the plasma membrane of this oomycete. Despite the advancement of research, treatment of pythiosis is not fully established. In this study, in vitro antimicrobial activity of Melaleuca alternifolia in free oil and nanoemulsion was tested against the oomycete P. insidiosum (n=26). Additionally, the profile of in vitro susceptibility of Brazilian isolates of P. insidiosum (n = 20) was verified to the essential oils of Melaleuca alternifolia, Mentha piperita and Origanum vulgare, isolated, in their combinations and combinations with itraconazole and terbinafine. Susceptibility tests were achieved following the M38-A2 document and all combinations were performed by cherkerboard microdilution test. All evaluated essential oils presented antimicrobial activity against P. insidiosum. However, the best results were demonstrated using O. vulgare. It was observed synergistic effect and/or indifferent to all combinations of essential oils tested, emphasizing that the combination of M. piperita and O. vulgare resulted in 65% of synergism. In combinations of essential oils with itraconazole or terbinafine were observed marked synergistic effect for all combinations with itraconazole, especially the combination with M. alternifolia, which resulted in 95% synergistic effect. Combinations with terbinafine and essential oils showed indifference or antagonistic effect. This is the first study evaluating in vitro combination of essential oils of M. alternifolia, M. piperita and O. vulgare against Brazilian isolates of P. insidiosum. The results obtained suggest that the combination of bioactive compounds from plants among themselves and / or with antifungal drugs may provide an alternative therapy in the control of P. insidiosum infection. However, further studies are essential to determine new therapeutic protocols involving these proposed combinations.