Interação genótipo ambiente em bovinos Nelore da região Centro Oeste por meio de normas de reação

RESUMO

Com o objetivo de verificar a existência da interação genótipo-ambiente (IGA) por meio de modelos de normas de reação e seu impacto na avaliação genética de reprodutores sobre indicadores de desempenho ponderal na raça Nelore, foram utilizados registros de peso corporal à pré-desmama (P120), à desmama (P210), ao ano (P365) e ao sobreano (P450), provenientes de rebanhos situados na região Centro Oeste e participantes do programa de melhoramento genético da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP). Para cada peso (característica), foram utilizados três diferentes modelos modelo animal tradicional (MA) que negligencia a presença da IGA e dois modelos de normas de reação de um passo considerando variância residual homogênea (MHNR1p_homo) e heterogênea (MHNR1p_het). Nos dois últimos modelos, os valores genéticos foram obtidos por meio de uma função do gradiente ambiental, o que permitiu a predição do valor genético de cada animal em cada ambiente. A estimação dos componentes de variâncias foi obtida por meio de inferência bayesiana, através de Métodos Monte Carlo via cadeias de Markov. Diferentes critérios estatísticos foram utilizados na escolha do modelo mais adequado para cada característica. O MA foi o modelo de melhor ajuste para P120 e P210 e o modelo MHNR1p_het para P365 e P450, sendo caracterizada a presença de IGA nas características pós-desmama. As médias a posteriori de herdabilidade direta foram de 0,33±0,01 e 0,36±0,01 e maternas de 0,21±0,01 e 0,19±0,01 para P120 e P210, respectivamente. Nas características pósdesmama, as médias a posteriori de herdabilidade variaram conforme o gradiente ambiental. Porém, não houve alteração substancial no ordenamento dos valores genéticos dos reprodutores nos diferentes gradientes ambientais; as estimativas de correlações de ordem foram sempre maiores que 0,80. Isto enfatiza o efeito escala da IGA e demosntra robustez dos reprodutores frente às variações ambientais. Nossos resultados sugeriram que, apesar da evidente presença da IGA para o desempenho ponderal na fase de pós-desmama, a mesma não impactou de forma relevante sobre a avaliação genética de reprodutores, e portanto, o modelo animal tradicional pode continuar a ser utilizado nas avaliações genéticas sem maiores perdas.

ABSTRACT

We aimed to verify the presence of genotype-environment interaction (G*E) in growth (pre and post weaning) and its impact over genetic evaluations in Nellore cattle raised in Central-West Brazil by using reaction norm models. Weight records at 120 (W120), 210 (W210), 365 (W365) and 450 (W450) days old were available. Three models were used to verify G*E one traditional animal model (MA) that do not consider G*E and two one-step reaction standard models; by considering homogeneity (MHNR1p_homo) and heterogeneity (MHNR1p_het) of residual variance. The last two models allowed breeding values prediction at each environment. The estimation of variance components was obtained through Monte Carlo via Markov chain. The best fit models for each trait were verified according to different statistical criteria. The model MA best fit for W120 and W210 whereas MHNR1p_het appeared to be the best for post-weaning traits, i.e., W365 and W450. Direct heritability estimates were 0.33 ± 0.01 and 0.36 ± 0.01, and maternal heritabilities were 0.21 ± 0.01 and 0.19 ± 0.01 for W120 and W210, respectively. For post-weaning traits, the heritabilities varied according to the environmental gradient. No substantial re-ranking were noticed, i.e., Spearman correlations were always higher than 0.80. It emphasized the scale effect of the G*E in the pre-weaning phease as well as the robustness of sires over the environmental gradient. Despite our results suggested the presence of G*E for post-weaning traits, no substantial losses are expected by using the traditional animal model in the genetic evaluation of this population.