INTERAÇÃO DE CÃES COM CRIANÇAS QUE APRESENTAM O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

RESUMO

Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é definido pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2013) como uma desordem que afeta a comunicação, socialização e comportamento de indivíduos de várias idades. A Terapia Assistida por Animais (TAA) é utilizada com objetivos educacionais, saúde e bemestar e na diminuição de estresse e ansiedade, com efeitos benéficos para indivíduos com TEA, porém ainda são poucos os estudos demonstrando seus efeitos. Objetivo: Investigar a percepção de pais e terapeutas em relação à aplicação da TAA para crianças com TEA. Métodos: Foi realizado um estudo observacional prospectivo. Foram investigadas 15 crianças, 14 meninos e 1 menina, com idade média 5,6 ± 1,6 anos em um espaço terapêutico destinado a crianças com TEA, no período de novembro de 2015 a abril de 2016. Para estudar a percepção de pais e terapeutas em relação aos benefícios da TAA, dois questionários foram propostos. O questionário 1 com foco nos aspectos de socialização, agressividade, interesse pelas atividades rotineiras, linguagem e presença de movimentos estereotipados das crianças com TEA foi aplicado antes do início da TAA e após completar 10 sessões. Tanto pais como terapeutas participaram da entrevista, e as respostas ao longo do tempo foram comparadas. O questionário 2, tratou das questões relacionadas às capacidades e dificuldades de crianças este foi aplicado somente aos pais das crianças logo após cada sessão de TAA. Todos os encontros foram acompanhados pela pesquisadora pelos terapeutas das crianças e por uma médica veterinária,. Três cães pré-selecionados participaram da pesquisa. Os resultados obtidos por meio dos questionários foram tabelados em planilhas Excel e apresentados em formato descritivo. Resultados: O questionário 1 foi dividido em três sessões principais fatores ambientais que influenciam o comportamento de crianças com TEA fatores intrínsecos do comportamento de crianças com TEA, interação social de crianças com TEA e as questões aplicadas somente aos terapeutas sobre as atitudes das crianças com TEA em relação aos cães da TAA. Dos 18 itens representativos dos comportamentos intrínsecos e comuns a crianças autistas, os pais, após a TAA, perceberam uma melhora em 10 deles, e na percepção dos terapeutas a melhora foi efetiva em três. As respostas dos pais referentes ao questionário 2 foram dispostas em tabelas e classificadas de acordo com quatro categorias principais. Em relação as questões do questionário 2 que tratam do comportamento social, para os pais, todos os aspectos avaliados tiveram uma melhora após a TAA também foi observada melhora na relação das crianças com TEA e seus colegas, ao longo das semanas de TAA. Com relação ao gostar de conversar houve um aumento de 27,8% do início até o final do período experimental. Conclusão: Pais foram capazes de perceber mudanças comportamentais positivas de seus filhos a longo prazo, e terapeutas se mostraram mais resistentes à identificação dos benefícios comportamentais da TAA.

ABSTRACT

Introduction: Autistic Spectrum Disorder (ASD) is defined by the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5, 2013) as a condition that affects the communication, socialization and behavior of individuals of various ages. Animal assisted therapy (AAT) is used for educational purposes, health and well-being, and for the reduction of stress and anxiety, with beneficial effects for individuals with ASD, but there are still few studies demonstrating their effects. Objective: To investigate the perception of parents and therapists regarding the application of AAT to children with ASD. Methods: A prospective observational study was performed. Fifteen children, 14 boys and 1 girl, with a mean age of 5.6 ± 1.6 years, were investigated in a therapeutic space for children with ASD from November 2015 to April 2016. To study the perception of Parents and therapists regarding the benefits of AAT, two questionnaires were proposed. Questionnaire 1 focused on the aspects of socialization, aggressiveness, interest in routine activities, language and presence of stereotyped movements of children with ASD, was applied before the beginning of AAT and after completing 10 sessions. Both parents and therapists participated in the interview, and responses over time were compared. Questionnaire 2 addressed the issues related to children's abilities and difficulties. This was applied only to the parents of children shortly after each AAT session. All meetings were attended by the researcher, the child's therapists and a veterinarian. Three pre-selected dogs participated in the survey. The results obtained through the questionnaires were tabulated in Excel spreadsheets and presented in descriptive format. Results: Questionnaire 1 was divided into three main sessions environmental factors that influence the behavior of children with ASD; intrinsic factors of the behavior of children with ASD; social interaction of ASD children; and questions applied only to therapists about ASD In relation to AAT dogs. Of the 18 items that were representative of the intrinsic behaviors common to autistic children, parents after AAT perceived an improvement in 10 of them, and in the perception of the therapists the improvement was effective in three. Parents' responses to questionnaire 2 were arranged in tables and classified according to four main categories. Regarding the questions in questionnaire 2 that deal with social behavior, for parents, all evaluated aspects had an improvement after AAT; also an improvement was observed in the relationship of children with ASD and their colleagues, during AAT weeks. With regard to liking to talk there was an increase of 27.8% from the beginning to the end of the trial period. Conclusion: Parents were able to perceive positive behavioral changes of their children in the long term, and therapists proved more resistant to identifying the behavioral benefits of AAT.