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Mortalidade Fetal e Neonatal Canina

TAYSE DOMINGUES DE SOUZA.
Tese em Português | VETTESES | ID: vtt-208334

Resumo

A mortalidade fetal e neonatal na espécie canina é reponsável por perdas significativas para os criadores e proprietários de cães. Diversos autores afirmam que as causas infecciosas são importantes, mas estudos epidemiológicos são muito escassos e restritos a algumas raças e canis, e ainda não foram realizados no Brasil. O objetivo deste trabalho foi investigar as doenças relacionadas a mortalidade fetal e neonatal canina com a associação de métodos anatomopatológicos, microbiológicos e moleculares. Foram necropsiados 203 filhotes de 89 ninhadas, provenientes de 32 canis localizados no estado do Espírito Santo, no sudeste do Brasil. Alterações cadavéricas impediram a visualização de lesões macro e microscópicas em 15 animais. O congelamento dos cadáveres antes da necropsia impediu a análise microscópica em 51 animais. As lesões inflamatórias predominaram e frequentemente estavam associadas à visualização de agentes bacterianos ao exame microscópico e/ou sua detecção pelos exames auxiliares. As lesões mais frequentes foram: pneumonia (85,4%), onfalite (56,3%), hepatite (47,2%), epicardite (38,5%), glossite (21,1%) e miocardite (17,4%). Malformações foram observadas em 7,5% dos animais examinados. Infecções bacterianas foram a principal causa de morte, tanto em infecções primárias, quanto em infecções secundárias. Os agentes bacterianos isolados com maior frequência foram Staphylococcus sp. (62,6%), Escherichia coli (36,0%), Klebsiella pneumoniae (17,8%) e Enterococcus sp. (9,8%). O isolamento de mais de um gênero bacteriano ocorreu em grande número de filhotes (55,8%). Por meio da reação em cadeia da polimerase, verificou-se positividade de 21% para Brucella sp., 1,5% para herpesvírus canino e 1,5% para Leishmania infantum. A brucelose canina mostrou-se disseminada em muitos filhotes e canis, contudo, a frequência de aborto em ninhadas infectadas foi baixa. Este estudo evidenciou que a brucelose perinatal canina estava relacionada principalmente a natimortalidade e mortalidade neonatal nos canis positivos estudados, visto que o aborto foi raro nessa população. Os filhotes Brucella-positivos na PCR analisados por imuno-histoquímica apresentaram ampla distribuição do agente nos tecidos, frequentemente com infecção bacteriana oportunista, especialmente por Staphylococcus (54%) e Escherichia coli (40,5%). Dentre os agentes virais, a infecção por herpesvírus em sua forma generalizada foi observada em apenas um indivíduo. Contudo, uma infecção viral caracterizada por gastroenterite, glossite e dermatite ulcerativa associados a inclusões intracelulares sugestivas de infecção viral ocorreu em 60/161 (37,3%) dos animais examinados histopatologicamente, sempre associada a infecção bacteriana oportunista. Não foi possível identificar o agente etiológico destas lesões neste trabalho. Um caso de babesiose neonatal devido a infecção por Babesia canis vogeli foi diagnosticado por métodos moleculares e anatomopatológicos. Antígenos de Toxocara canis foram demonstrados por meio de imuno-histoquímica em focos de hepatite necrótica granulomatosa, hepatite portal e pneumonia intersticial, indicando que tais lesões possam estar relacionadas a migração visceral de larvas. T. canis foi diagnosticado também na forma adulta intestinal em três neonatos com nove a 20 dias de idade. Coinfecções foram a causa de morte dos fetos e neonatos neste estudo, geralmente com agentes bacterianos oportunistas, agentes virais e Brucella sp. Infecções por agentes bacterianos oportunistas são facilmente diagnosticadas por métodos de rotina e podem ocultar a ocorrência da doença primária. As infecções diagnosticadas nos fetos e neonatos estudados, de forma geral, tiveram uma morfologia perinatal diferente daquela observada em outras faixas etárias na espécie canina e são pouco documentadas na literatura, o que pode levar ao subdiagnóstico em muitos casos. A caracterização anatomopatológica das doenças perinatais caninas é a principal contribuição deste trabalho
Canine fetal and neonatal mortality is responsible for great losses to breeders and dog owners. Many researchers consider infectious diseases as important causes of death, but epidemiologic investigations are limited to some breeds or kennels and have not been performed in Brazil yet. The goal of this study was to investigate diseases related to canine fetal and neonatal mortality through anatomopathological, microbiological, and molecular analysis. A total of 203 puppies were submitted to necropsy, from 89 litters and 32 kennels located in the State of Espirito Santo, southeastern Brazil. Post mortem changes prevented morphologic diagnosis in 15 animals. Freezing artefacts jeopardized microscopy in 51 animals. Inflammatory lesions predominated, frequently with visualization of bacterial agents in tissue lesions by microscopy and/or their detection by the complementary analysis. Lesions most frequently diagnosed were pneumonia (85,4%), omphalitis (56,3%), hepatitis (47,2%), epicarditis (38,5%), glossitis (21,1%), and myocarditis (17,4%). Malformations were diagnosed in 7,5% of puppies. Bacterial infections were the main cause of death, either in primary or in secondary infections. Bacterial agents isolated more frequently were Staphylococcus sp. (62,6%), Escherichia coli (36,0%), Klebsiella pneumoniae (17,8%), and Enterococcus sp. (9,8%). Isolation of more than one bacterial genus occurred in many puppies (55,8%). Polymerase chain reaction detected positivity in puppies for Brucella (21%), canine herpesvirus (1,5%), and Leishmania infantum (1,5%). Canine brucellosis was spread in puppies and kennels, although the frequency of abortions of infected litters was low. Brucella-PCR positive puppies submitted to immunohistochemistry presented wide tissue distribution of the agent, frequently associated with opportunistic bacterial infection, especially with Staphylococcus (54%) and Escherichia coli (40,5%). This study brings evidence that canine perinatal brucellosis was mainly related to stillbirth and neonatal death in the positive kennels studied, since abortions were rare in this population. Among viral agents, herpesvirus generalized infection occurred in only one neonate. One viral infection characterized by gastroenteritis, glossitis, and ulcerative dermatitis with intranuclear inclusions suggestive of viral infection was detected in 60/161 (37,3%) of puppies submitted to histopathology, always in association with opportunistic bacterial infection. It was not possible to identify the etiologic agent of these lesions by the methods employed in this research. One case of neonatal babesiosis due to Babesia canis vogeli infection was diagnosed through molecular and anatomopathological methods. Toxocara canis antigens were detected through immunohistochemistry in foci of necrotizing and granulomatous hepatitis, portal hepatitis, and interstitial pneumonia, suggesting larvae visceral migration. Adult T. canis worms were also detected in intestinal lumen of three neonates, nine to 20 days old. Co-infections were the cause of death of the fetuses and neonates in this study, mainly with opportunistic bacterial agents, viruses, and Brucella sp. Opportunistic bacterial infections are easily diagnosed by routine methods and may hide the primary disease. The infections diagnosed in the fetuses and neonates in this study, in many cases, were morphologically distinct from that described for dogs in other age ranges and poorly documented in the literature, what may lead to underdiagnoses in many cases. Anatomopathological characterization of canine perinatal diseases is the main contribution of this study
Biblioteca responsável: BR68.1