CARACTERIZAÇÃO DE FOLÍCULOS OVARIANOS DE OVELHAS SANTA INÊS PORTADORAS DA MUTAÇÃO FecGE

RESUMO

Objetivou-se caracterizar os folículos ovarianos de ovelhas Santa Inês portadoras da mutação FecGE. Para isso, o trabalho foi constituído por quatro experimentos, nos quais as ovelhas foram distribuídas conforme seu grupo genótipo em homozigotas não mutantes (FecG+/+), heterozigotas (FecG+/E) e homozigotas mutantes (FecGE/E). No Primeiro Experimento objetivou-se avaliar algumas características ovarianas e foliculares e analisar a possibilidade de discriminação entre os grupos genótipos. Os ovários das ovelhas (n = 65) foram pesados, mensurados e os folículos (oócito, núcleo e nucléolo) histologicamente avaliados quanto a sua morfometria e morfologia. Os folículos morfologicamente normais, nos estágios primordiais e de transição, explicaram 70,18% da variabilidade existente entre ovelhas mutantes e não mutantes. Na avaliação morfométrica houve discriminação das ovelhas FecGE/E, FecG+/E daquelas FecG+/+ nos estágios de folículos primordiais em 36,76% e nos secundários em 10,63%. Os resultados permitem concluir que folículos morfologicamente normais nos estágios de desenvolvimento primordial e de transição são os parâmetros que possibilitam uma melhor discriminação das ovelhas portadoras da mutação FecGE. Além disso podem servir para viabilizar, de modo mais eficiente, o uso de biotécnicas que utilizam os folículos nos estágios iniciais como base na morfologia. No Segundo experimento objetivou-se caracterizar a morfologia e a morfometria dos folículos multioócitos (MOFs) e analisar a influência da variante genética FecGE sobre suas características. Os MOFs foram identificados e classificados quanto ao estágio de desenvolvimento, quantidade de oócitos inclusos, morfologia e morfometria. A frequência dos MOFs não sofreu influência (P > 0,05) da mutação (FecGE/E - 3,5%, FecG+/E - 3,3%, FecG+/+ - 3,0%), porém, constatou-se uma maior viabilidade (P < 0,05) nos MOFs de transição nas ovelhas FecGE/E (95,0%) e FecG+/E (90,9%) em relação as FecG+/+ (73,3%). Os resultados permitem concluir que a frequência dos MOFs não é influenciada pela mutação FecGE. Porém, as ovelhas mutantes possuem uma maior frequência desses folículos morfologicamente normais no estágio de transição. Ainda permitem concluir que os MOFs de transição morfologicamente normais com dois oócitos é o parâmetro que melhor discrimina as ovelhas portadoras da mutação. No Terceiro Experimento objetivou-se caracterizar a influência da mutação FecGE sobre a morfometria, morfologia e dinâmica dos folículos ovarianos. Fragmentos ovarianos (n=84) foram processados e os folículos analisados quanto a morfologia e morfometria pela histologia clássica. Para a avaliação da dinâmica folicular, as ovelhas tiveram o ciclo estral sincronizado e monitorado durante o período interovulatório. Foi observada uma maior (P < 0,05) porcentagem de folículos morfologicamente normais no estágio primordial nas ovelhas FecGE/E (90,0%) e FecG+/E (88,1%) quando comparadas àquelas FecG+/+ (73,0%). Maior (P < 0,05) quantidade de folículos morfologicamente normais no estágio de transição foi registrado nas ovelhas FecGE/E (87,3%) e FecG+/E (83,3%) do que naquelas FecG+/+ (76,8%). Na dinâmica folicular, registrou-se maior (P < 0,05) número de ovulações nas ovelhas FecGE/E (2,5 ± 0,2) quando comparado àquelas FecG+/+ (1,5 ± 0,3). Os folículos ovulatórios apresentaram menor diâmetro (P < 0,05) nas ovelhas FecGE/E (5,1 mm) e FecG+/E (5,2 mm) do que naquelas FecG+/+ (5,8 mm). Os resultados permitem concluir que as ovelhas com a mutação FecGE apresentam maior porcentagem de folículos morfologicamente normais nos estágios primordial e de transição e que as ovelhas FecGE/E expressam maior número de ovulações. Além disso, as ovelhas FecGE/E e FecG+/E apresentam folículos ovulatórios de menor diâmetro do que aquelas FecG+/+. No quarto experimento objetivou-se caracterizar a influência da mutação FecGE em ovelhas doadoras superovuladas e avaliar a probabilidade de modelos logísticos para a obtenção de melhores respostas superovulatórias. Constatou-se que a quantidade de corpos lúteos, bem como a taxa de embriões congeláveis e de fertilização discriminou ovelhas portadoras da mutação daquelas não portadoras. A taxa de recuperação foi maior (P<0,05) nas doadoras FecGE/E em relação as FecG+/E e as FecG+/+. Nas ovelhas FecG+/+ a taxa de fertilização foi maior que a FecG+/E e as ovelhas FecGE/E apresentaram valores semelhantes as demais. Constatou-se que a associação de ovelhas solteiras e portadoras do genótipo E/E, ovelhas solteiras pluríparas e ovelhas solteiras com mais de 6 anos são combinações que aumentam a probabilidade de melhores resultados superovulatórios. Os resultados permitem concluir que existe discriminação entre os grupos genótipos quando se avalia a resposta superovulatória. Que as ovelhas FecGE/E apresentaram maior taxa de estruturas recuperadas quando comparadas aos demais genótipos, porém com valor similar da taxa de estruturas fertilizadas em relação àquelas FecG+/+. Conclui-se ainda que modelos que incluem o status reprodutivo e a mutação, status reprodutivo e idade, status reprodutivo e quantidade de partos são adequados para predizer uma boa quantidade de corpos lúteos em ovelhas com ovário estimulados.

ABSTRACT

The aim was to characterize the ovarian follicles from Santa Inês ewes harboring the FecGE mutation. Therefore, this work was composed of four experiments, in which ewes were distributed according to the genotype into non-mutant homozygote (FecG+/+), heterozygotes (FecG+/E) and homozygous mutant (FecGE/E). In the first experiment, it was aimed to evaluate ovarian and follicular characteristics and to analyze the possibility of grouping them according to the genotypes. Ewes ovaries (n = 65) were weighted, measured and follicles (oocyte, nucleus and nucleolus) were histologically evaluated for its morphometrics and morphology. The follicles were morphologically normal, within the primordial and transition stages, thus explaining 70.18% of the variability existing between mutant and non-mutant. The morphometrics analysis did distinguish FecGE/E, FecG+/E ewes from their FecG+/+ controls on the primordial follicle stage in 36.76% and secondary stage in 10.63% of them. The results allow the conclusion that morphologically normal follicles in the primordial and transition stages of development allow for a better discrimination of ewes harboring the Fec E mutation. Moreover, such information can make it more viable and efficient to use biotechnologies that are based on follicles within the initial stages based on morphologic standards. In the second experiment, the aim was to characterize the morphology and morphometrics of multi-oocyte follicles (MOFs) and further analyze the influence of the FecGE genetic variance on such trait. The MOFs were identified and classified according to their stage of development, quantity of included oocytes, morphology, and morphometrics. The frequency of MOFs was not influenced (P > 0.05) by the mutation (FecGE/E- 3.5%, FecG+/E 3.3%, FecG+/+ - 3.0%), however, there was a greater viability (P < 0.05) in transition MOFs of FecGE/E (95.0%) and FecG+/E (90.9%) ewes in comparison to FecG+/+ ewes (73.3%). The results allow concluding that the frequency of MOFs was not influenced by the FecGE mutation. However, mutant ewes hold a greater frequency of such morphologically normal follicles in the transition stage. It still allows for concluding that transition MOFs with two oocytes is the best predictor to discriminate ewes harboring the mutation. In the third experiment, it was aimed to characterize the of the FecGE mutation on the morphometrics, morphology, and ovarian follicle dynamics. Ovarian fragments (n = 84) were processed and the follicles were analyzed according to their morphology and morphometrics by classical histology. To evaluate follicular dynamics, ewes had their estrous cycle synchronized and further monitored during the inter-ovulatory period. It was observed a greater (P < 0.05) percentage of morphologically normal follicles in the primordial stage for FecGE/E (90.0%) and FecG+/E (88.1%) ewes when compared to the FecG+/ + (73.0%) group. A greater (P < 0,05) quantity of morphologically normal follicles on the transition stage were registered in FecGE/E (87.3%) and FecG+/E (83,3%) ewes than FecG+/+ (76.8%) ewes. For follicular dynamic, it was observed a higher (P < 0.05) number of ovulations in FecGE/E ewes (2.5 ± 0.2) than FecG+/+ ewes (1.5 ± 0.3). The ovulatory follicles displayed smaller diameter (P < 0.05) than FecGE/E (5.1 mm) and FecG+/E (5.2 mm) ewes than FecG+/+ ewes (5.8 mm). The results allow the conclusion that ewes harboring a FecGE mutation display a greater percentage of morphologically normal follicles in both primordial and transition stages and FecGE/E ewes hold a greater number of ovulations. Further, FecGE/E and FecG+/E ewes display smaller ovulatory follicles than FecG+/+ ewes. In the fourth experiment, it was aimed to characterize the influence of the FecGE mutation in donor ewes subject to super-ovulation and to evaluate the probability of using logistic models to obtain better super-ovulatory responses. It was found that the quantity of corpus luteum, fertilization and freezable embryo rates allowed for determining ewes harboring the mutation to those non-mutant controls. The recovery rate was higher (P < 0.05) in FecGE/E donors than FecG+/E and FecG+/+ ewes. In FecG+/+ ewes, the fertilization was higher than the FecG+/E and FecGE/E ewes, which showed similar results to each other. It was noted that the association of single ewes and those from the E/E genotype, single pluriparous ewes and six-year old single ewes are combinations that increase the probability of better super-ovulatory results. The results allow concluding that there is discrimination between genotypes in terms of super-ovulatory response. Since FecGE/E ewes display higher recovery rates than other genotypes, although fertilization rates were similar among genotypes. In conclusion, models that include the reproductive status and the mutation, the reproductive status and age, reproductive status and number of deliveries are adequate to predict the quantity of corpus luteum in super-ovulated ewes.