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Tese em Português | VETTESES | ID: vtt-217021

Resumo

A paracoccidioidomicose (PCM) vem sendo descrita no Rio Grande do Sul (RS) desde a década de 40, no entanto, os processos ecológicos que envolvem os seus agentes etiológicos ainda não foram totalmente esclarecidos. O solo é descrito como o habitat do Paracoccidioides spp., no entanto, devido à dificuldade de isolar o agente do ambiente, dados específicos sobre seu nicho ecológico são ainda pouco conhecidos. Isto, associado ao grande período de latência que a doença pode apresentar, dificulta a determinação da via e fonte de infecção dos indivíduos pelo patógeno. Contudo, técnicas sorológicas e moleculares vem sendo empregadas para melhor compreensão da ecoepidemiologia do Paracoccidioides spp. demonstrando que está ocorrendo uma expansão geográfica de suas áreas endêmicas. Sendo assim, este estudo teve por objetivo pesquisar a presença de P. brasiliensis e P. lutzii em distintas mesorregiões do RS como forma de auxiliar na compreensão dos aspectos ecológicos desses agentes no estado. Para tanto foram realizados estudos utilizando animais como sentinelas da presença do fungo, a partir da busca de anticorpos por sorologia, e utilizando a biologia molecular para detecção do DNA fúngico diretamente de amostras de solo. Para sorologia foram incluídas amostras de 481 animais domésticos e silvestres as quais foram submetidas ao teste de ELISA indireto buscando anticorpos anti-P. lutzii. Para o estudo molecular, amostras de solo das cidades de Bagé (n=30) e Rio Grande (n=16) foram devidamente coletadas e submetidas a protocolo de extração de DNA por kit comercial (Norgen Biotek Corp®) e técnicas de PCR e Nested-PCR com primers específicos para o gênero. Dos 481 animais estudados, 51 (10,6%) foram soropositivos para IgG anti-P. lutzii. E, das 46 amostras de solo estudadas, o DNA de Paracoccidioides spp. foi encontrado em 19 (41,3%), sendo 10 em Bagé (52,6%) e 9 no solo de Rio Grande (47,4%). Este estudo trouxe dados importantes sobre a ecologia dos agentes da PCM no RS, demostrando pela primeira vez a presença de P. lutzii no estado e uma alta taxa de detecção de DNA de Paracoccidioides spp. em solos do Bioma Pampa, o que ainda não havia sido descrito na literatura. Esses dados ajudam a compreender a ecologia dos agentes da PCM como um todo, fazendo com que essa doença ainda hoje negligenciada ganhe uma maior visibilidade na região e indiretamente no país.

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Paracoccidioidomycosis (PCM) has been described in Rio Grande do Sul (RS) since the decade of 40, however, ecological processes involving their etiological agents have not yet been fully clarified. Soil is described as the habitat of Paracoccidioides spp., however, due to the difficulty in isolate the agent from the environment, specific data about its ecological niche are still unknown. In addition, the long latency period of the disease, makes it difficult to determine the pathway and source of infection of the individuals by the pathogen. On the other hand, serological and molecular techniques have been used to better understand the ecoepidemiology of Paracoccidioides spp. demonstrating that a geographical expansion of their endemic areas is occurring. Thus, this study aimed to investigate the presence of P. brasiliensis and P. lutzii in different mesoregions of RS. We performed studies with animal serology to use it as sentinels of the presence of the fungus, and with molecular biology to detect fungal DNA directly from soil samples. For serology, samples from 481 domestic and wild animals were included, which were submitted to the indirect ELISA test for anti-P.lutzii antibodies. For the molecular study, soil samples from the cities of Bagé (n = 30) and Rio Grande (n = 16) were collected and submitted to DNA extraction protocol by commercial kit (Norgen Biotek Corp®) and PCR and Nested-PCR with primers specific for the genus. Of the 481 animals studied, 51 (10.6%) were seropositive for IgG anti-P.lutzii. And, of the 46 soil samples studied, the DNA of Paracoccidioides spp. was found in 19 (41.3%), 10 in Bagé (52.6%) and 9 in Rio Grande (47.4%). This study provided important data on the ecology of PCM agents in RS, demonstrating for the first time the presence of P. lutzii in the state, and a high DNA detection rate of Paracoccidioides spp. in soils of the Pampa Biome, which had not yet been described in the literature. These data help to understand the ecology of PCM agents as a whole, making this neglected disease even more visible in the region and indirectly in the country.

Biblioteca responsável: BR68.1