Your browser doesn't support javascript.

Portal de Pesquisa da BVS Veterinária

Informação e Conhecimento para a Saúde

Home > Pesquisa > ()
Imprimir Exportar

Formato de exportação:

Exportar

Exportar:

Email
Adicionar mais destinatários

Enviar resultado
| |

Evaluation of the shrimp fishery in the Pernambuco, Northeast of Brazil: An ecosystem approach.

ALEX SOUZA LIRA.
Tese em Inglês | VETTESES | ID: vtt-218621

Resumo

A pesca do camarão é responsável por um dos principais impactos antropogênicos sobre o fundo marinho e comunidades associadas. No Nordeste do Brasil, esta pescaria é de pequena escala, caracterizada principalmente pela fraca ou total ausência de manejo; e por uma alta importância sócio-econômica para muitas pessoas que dependem desta atividade como fonte de renda e alimento. O objetivo geral desta tese é avaliar o impacto atual e potencial futuro da pesca e das mudanças ambientais a partir dos múltiplos métodos adaptados à estrutura limite de dados sob o escopo da Abordagem Ecossistêmica para Pesca (AEP) em Sirinhaem, Pernambuco, como estudo de caso para pesca de arrasto de camarão em pequena escala no nordeste do Brasil. Primeiramente, uma visão integradora da pesca foi realizada englobando as características do meio ambiente, aspectos da pesca, e a dinâmica das espécies-alvo e das capturas acessórias (Capítulo 1). A importância dos crustáceos, especialmente das espécies-alvo (camarões) no suporte da rede costeira de alimentação, foi acessada utilizando duas ferramentas complementares (conteúdo estomacal e isótopo estável) (Capítulo 2). Um modelo dinâmico-temporal (Ecosim) foi construído para avaliar os potenciais efeitos isolados e combinados de diferentes políticas de controle do esforço de pesca e mudanças ambientais nos recursos marinhos e no ecossistema (Capítulo 3). Finalmente, uma análise de risco semiquantitativa - PSA (Productivity and Susceptibility Analysis) adaptada às condições regionais, foi desenvolvida a fim de avaliar, pela primeira vez, a vulnerabilidade e o risco potencial (baixo, moderado e alto) das espécies alvo e não alvo exploradas pela pesca de arrasto no nordeste do Brasil. A pesca do camarão ocorre em águas rasas em profundidades que variam de 10 a 20 m associados a zonas de lama. A abundância e as capturas de espécies alvo e não alvo estão correlacionadas positivamente com o período das chuvas. Os camarões Penaeidae são os principais alvos, particularmente o camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri) o mais abundante, o camarão rosa (Penaeus subtilis) e o camarão branco (Penaeus schmitti) com os altos valores de mercado. Estas espécies, juntamente com outros invertebrados (por exemplo, poliquetas e caranguejos), são presas extremamente importantes para a fauna de peixes, destacando sua importância na teia alimentar. Uma diminuição da abundância dessas presas, incluindo camarões, devido aos efeitos cumulativos do arrasto na área, pode levar a mudanças intensas na estrutura trófica do ecossistema, afetando a teia alimentar e a sustentabilidade da pesca. Considerando as espéciesalvo, embora a avaliação tradicional dos estoques realizada na região não indique superexploração, o camarão rosa (P. subtilis) também é mais afetado pelo aumento do esforço do que P. schmitti e X. kroyeri. Entretanto, considerando as particularidades de nosso estudo de caso e sem levar em conta o efeito das mudanças ambientais, não adotar medidas de controle de esforço para as atuais condições de arrasto não parece causar grandes perdas para as espécies-alvo em termos de biomassa e capturas. Entre as capturas acessórias de peixes, as famílias Scianidae e Pristigasteridae foram as espécies mais importantes em termos de abundância e biomassa, sendo a maioria delas consumidas pela comunidade local e classificadas como de risco moderado, dada sua alta resiliência (ex., Pellona harroweri, Isopisthus parvipinnis, Chirocentrodon bleekerianus). Entretanto, elasmobrânquios, bagres freqüentemente descartados ou consumidos; pescadas e corvinas, geralmente comercializados; foram considerados altamente vulneráveis, principalmente dada a baixa produtividade (média a longa vida útil e baixo potencial de reprodução, para elasmobrânquios e bagres) e/ou as altas taxas de captura de indivíduos jovens e se sobrepõem às áreas de pesca (principalmente para as pescadas e corvinas). Considerando os resultados integrados aqui observados, avaliamos possíveis regulamentações que poderiam ser adaptadas ao nosso caso de estudo. Dada sua extensão, as abordagens de gerenciamento espacial (ex., Área de Proteção Marinha APAs ou zonas de exclusão de pesca) talvez não sejam muito eficazes como uma possível regulamentação na região. Além disso, grandes reduções do esforço ou a definição de tamanho e limitações das artes não pareciam ser medidas necessárias, considerando que, de acordo com a avaliação tradicional dos estoques, as espécies alvo estão sendo exploradas em níveis biologicamente aceitos. Entretanto, a diminuição controlada do esforço de arrasto próxima a 10% foi promissora, com melhor desempenho para manejo da pesca do que o período de defeso, que não apresentou melhorias significativas em termos de funcionamento do ecossistema. Considerando que várias espécies de peixes da fauna acompanhante também são potencialmente vulneráveis ao arrasto de fundo, dada sua biologia, ecologia e importância para outras frotas, associadas à falta de estudos, elas devem ser prioridade para o gerenciamento e coleta de dados. O uso de dispositivos de redução de capturas acessórias (ex., olho de peixe, grade e malha quadrada) para excluir as capturas acessórias pode ser uma alternativa, porém dado o papel crucial das capturas acessórias para a segurança alimentar na pesca em pequena escala, como no nosso caso, sua viabilidade precisa ser melhor avaliada em termos dos aspectos sócio-econômicos. Finalmente, independentemente de qual regulamentação da pesca possa ser aplicada no manejo da pesca de camarão em pequena escala em Sirinhaém, nordeste do Brasil, encontramos evidências claras de que mudanças ambientais (ex., chuvas, produtividade primária), conseqüência das mudanças climáticas, causam impactos adversos significativos no ecossistema. Estes efeitos devem ser considerados em qualquer eventual medida regulatória, uma vez que o efeito cumulativo das mudanças ambientais e da pesca, ameaça consideravelmente o ecossistema e, conseqüentemente, a sustentabilidade da atividade.
The shrimp fishery is responsible for one of the main anthropogenic impacts on the seabed and associated communities. In Northeast Brazil, this fishery is of small scale, characterized mainly by weak or completely absence of management; and by a high socio-economic importance for many people that depend on this activity as source of income and food. The overall aim of this thesis is to assess the current and potential future impact of fishing and environmental changes from the multiple methods adapted to data-limit framework under the scope of Ecosystem Approach to Fishery (EAF) in Sirinhaem, Pernambuco, using, as study case, a small-scale shrimp trawling in Northeastern Brazil. Firstly, an integrative view of the fishery was carried out encompassing the characteristics of environment and fishing aspects, and the dynamics of the target and bycatch species (Chapter 1). The importance of crustaceans, especially the target species (shrimps) in the support to coastal food-web was accessed using two complementary tools (stomach content and stable isotope) (Chapter 2). A temporally dynamic model (Ecosim) was built to evaluate the potential isolated and combined effects of different fishing effort control policies and environmental changes on marine resources and ecosystem (Chapter 3). Finally, a semi-quantitative risk analysis PSA (Productivity and Susceptibility Analysis) adapted to regional conditions, was developed in order to evaluate, for the first time, the vulnerability and the potential risk (low, moderate and high) of the target and non-target species exploited by the trawl fishing in the north-eastern Brazil. Shrimp fishing occurs in shallow waters at depth varying from 10 to 20 m associated to mud zones. The abundance and catches of target and non-target species are positively correlated to the rainfall season. Penaeidae shrimps are the main targets, particularly the seabob shrimp (Xiphopenaeus kroyeri) the most abundant, and the pink shrimp (Penaeus subtilis) and white shrimp (Penaeus schmitti) with the high market-values. These species, together with other invertebrates (e.g., worms and crabs), are extremely important preys for the fish fauna, highlighting their importance in the food web. Potential decreasing the abundance of these preys, including shrimps, due to cumulative effects of trawling in the area, may lead to intense changes in the trophic structure of the ecosystem affecting the food web and the sustainability of the fishery. Considering the target species, although the traditional stock assessment carried out in the region do not indicate overexploitation, the pink shrimp (P. subtilis) is o more affected by the increasing of effort than P. schmitti and X. kroyeri. However, considering the particularities of our case study and without accounting for the effect of environmental changes, not adopting effort control measures for the current trawling conditions do not appear to cause major losses for target species in terms of biomass and catches. Amongst the fish bycatch, the Scianidae and Pristigasteridae families were the most important species in terms of abundance and biomass, with most of them being consumed by the local community and classified as the moderate risk, given its high resilience (e.g., Pellona harroweri, Isopisthus parvipinnis, Chirocentrodon bleekerianus). However, Elasmobranchs and catfish, often discarded or consumed; hakes and croakers fishes, usually commercialized; were assigned as high vulnerable, mainly given the low productivity (medium to long life-span and low spawning potential reproduction, for elasmobranchs and catfish) and/or the high capture rates of young individuals and overlap with the fishing areas (mainly for the hakes and croakers). Considering the integrated results here observed, we evaluated the possible regulation which would be adapted to our study case. Given its reduced extension of the fishing grounds, spatial management approaches (e.g., Marine Protect Area MPA or no-fishing zones) maybe not very effective as a possible regulation in the region. In addition, large effort reductions or the definition of size and gear limitations did not appear to be necessary measures, considering that, according to the traditional stock assessment, the target species are being exploited at biologically accepted levels. However, the controlled decrease of the trawling effort up to 10% were promising, with better fishing management performance than the closed season, which did not present significant improvements in terms of ecosystem functioning. Considering that several bycatch fish species are also potentially vulnerable to bottom trawling, given its biology, ecology and importance for other fleets, associated to the lack of studies, they should be assigned as priority for management and data collection. The use of Bycatch Reduction Devices (e.g., fisheye, grid and square mesh) to exclude bycatch may be one alternative however, given crucial role of the bycatch to food security on small-scale fisheries, as in our case, its viability needs to be better evaluated in terms of the socio-economic aspects. Finally, regardless of what fishery regulation may be applied in the management of small-scale shrimp fisheries in Sirinhaém, Northeastern Brazil, we found clear evidence that environmental changes (e.g., rainfall, primary productivity), consequence of the climate changes, cause significant adverse impacts in the ecosystem. These effects should be considered in any eventual regulatory measure, since the cumulative effect environment changes and fishery, considerably threat the ecosystem, and consequently, the sustainability of the activity.
Biblioteca responsável: BR68.1