Estabilidade proteica do leite e resposta produtiva de vacas recebendo níveis crescentes de amido na ração

RESUMO

Objetivou-se avaliar o desempenho produtivo, estabilidade do leite, consumo, digestibilidade, composição físico-química e rendimento na produção do queijo tipo minas frescal de vacas meio sangue a pasto e suplementadas com ração concentrada contendo diferentes níveis de amido (130, 160, 190 e 220 g/kg na MS da dieta). O experimento, com duração de 84 dias, foi conduzido na Fazenda Água Limpa, no município de Brasília, Goiás. Foram utilizadas 8 vacas meio sangue (½ Holandês × ½ Gir), com peso médio de 578 kg, distribuídas em dois quadrados latinos 4 × 4. Cada período experimental teve duração de 21 dias, sendo os primeiros 15 dias para adaptação dos animais e os 6 últimos dias para coleta dos dados. Os animais foram conduzidos no método de pastejo com lotação rotativa e taxa de lotação fixa. A suplementação alimentar foi fornecida no período da manhã e da tarde antes da ordenha. Os dados foram analisados pelo procedimento MIXED do SAS. Para todas as variáveis estudadas, um p-valor 0,05 foi considerado significativo, e as tendências discutidas em pvalor 0,10. O peso corporal, produção de leite, leite corrigido para gordura, leite corrigido para energia, composição do leite (%) e os rendimentos (kg/dia) de gordura, lactose, extrato seco total, e extrato seco desengordurado, bem como o nitrogênio ureico do leite não foram influenciados (p-valor 0,16) pelos níveis de amido, enquanto que o rendimento de proteína (kg/dia) e o teor caseína (%) apresentaram tendência linear positiva (p-valor 0,09), variando de 0,56 kg/dia a 0,58 kg/dia, e 2,78% a 2,84%, respectivamente. O potencial hidrogeniônico (pH) do leite, acidez titulável do leite, peso, rendimento e características físico-químicas do queijo, consumo de matéria seca do suplemento (6,11 kg/dia), pasto (8,03 kg/dia), dieta total (14,14 kg/dia), consumo de matéria seca em relação ao peso corporal (2,56 % PC), eficiência alimentar (1,15) e consumo dos nutrientes (proteína bruta, extrato etéreo, carboidrato total, matéria orgânica, matéria mineral, nutrientes digestíveis totais e energia liquida de lactação) não foram afetados pelos níveis de amido na dieta (p-valor 0,05). O consumo e digestibilidade da fibra em detergente neutro corrigido para cinzas e proteínas apresentou comportamento linear decrescente (p-valor = <,0001), enquanto que o consumo e digestibilidade dos carboidratos não fibrosos apresentaram efeito linear crescente (p-valor = <,0001) em função dos níveis de amido na dieta. O consumo do amido apresentou comportamento linear crescente (p-valor = <,0001) e a digestibilidade do amido apresentou efeito quadrático (p-valor = 0,0014), com menor valor (95,11%) observado ao nível de 160 g/kg de amido na dieta. A digestibilidade aparente da matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, carboidrato total, matéria orgânica, e nutrientes digestíveis totais não apresentaram efeito significativo em função dos níveis de amido (p-valor 0,16). O nitrogênio consumido (354,97 g/dia), nitrogênio fecal (100,54 g/dia) e eficiência de utilização de nitrogênio (0,26) não apresentaram efeito significativo em função níveis de amido na dieta (p-valor 0,24). O nitrogênio no leite apresentou tendencia linear crescente (p-valor = 0,06), em função dos níveis de amido (87,23 g/dia versus 91,02 g/dia) e comportamento inverso foi observado para o nitrogênio urinário (p-valor = 0,09), com maior concentração (249,68 g/dia) ao nível de 130 g/kg e menor (244,22 g/dia) ao nível de 220 g/kg. O teor de glicose apresentou tendência linear crescente (p-valor = 0,08), em função dos níveis de amido, tanto antes como após a alimentação. Os diferentes níveis de amido incluso na dieta não influenciaram o nitrogênio ureico do sangue (NUP) (p-valor = 0,35). O nível de 130 g/kg de amido pode ser uma alternativa na dieta de vacas leiteiras meio sangue a pasto produzindo em média 16 kg de leite por dia, sempre que o custo do coproduto (casca de soja) for vantajoso em relação ao cereal (grão de milho).

ABSTRACT

Objective was to evaluate the productive performance, milk stability, intake, digestibility, physicochemical composition and yield in the production of fresh minas cheese from halfblooded cows on pasture and supplemented with concentrated ration containing different levels of starch (130, 160, 190 and 220 g/kg in the DM of the diet). Experiment, lasting 84 days, was conducted at Farm Água Limpa, in Brasília, Goiás. Eight half-blood cows (½ Holstein × ½ Gir), with an average weight of 578 kg, were distributed in two 4 × 4 Latin squares. Each experimental period lasted 21 days, with the first 15 days for animal adaptation and the last 6 days for data collection. Animals were conducted in the grazing method with rotational stocking and fixed stocking rate. Food supplementation was provided in the morning and afternoon before milking. Data were analyzed using the SAS MIXED procedure. For all variables studied, a p-value 0.05 was considered significant, and trends discussed at p-value 0.10. Body weight, milk yield, fat corrected milk, energy corrected milk, milk composition (%) and yields (kg/day) of fat, lactose, total dry extract, and defatted dry extract, as well as nitrogen urea content of milk were not influenced (p-value 0.16) by starch levels, while protein yield (kg/day) and casein content (%) showed a positive linear trend (p-value 0.09), ranging from 0.56 kg/day to 0.58 kg/day, and 2.78% to 2.84%, respectively. Hydrogenic potential (pH) of milk, titratable acidity of milk, weight, yield and physicochemical characteristics of the cheese, dry matter intake of the supplement (6.11 kg/day), pasture (8.03 kg/day), total diet (14.14 kg/day), dry matter intake in relation to body weight (2.56 % BW), feed efficiency (1.15) and nutrient intake (crude protein, ether extract, total carbohydrate, organic matter, mineral matter, total digestible nutrients and net lactation energy) were not affected by dietary starch levels (p-value 0.05). Intake and digestibility of neutral detergent fiber corrected for ash and proteins showed a decreasing linear behavior (pvalue = <.0001), while the intake and digestibility of non-fibrous carbohydrates showed an increasing linear effect (p-value = <.0001) as a function of dietary starch levels. Starch intake showed an increasing linear behavior (p-value = <.0001) and starch digestibility showed a quadratic effect (p-value = 0.0014), with the lowest value (95.11%) observed at the level of 160 g /kg of starch in the diet. Apparent digestibility of dry matter, crude protein, ether extract, total carbohydrate, organic matter, and total digestible nutrients had no significant effect as a function of starch levels (p-value 0.16). Nitrogen intake (354.97 g/day), fecal nitrogen (100.54 g/day) and nitrogen utilization efficiency (0.26) had no significant effect on dietary starch levels (p-value 0 ,24). Nitrogen in milk showed an increasing linear trend (pvalue = 0.06), as a function of starch levels (87.23 g/day versus 91.02 g/day) and an inverse behavior was observed for urinary nitrogen (p -value = 0.09), with the highest concentration (249.68 g/day) at the level of 130 g/kg and the lowest (244.22 g/day) at the level of 220 g/kg. Glucose content showed an increasing linear trend (p-value = 0.08), as a function of starch levels, both before and after feeding. The different levels of starch included in the diet did not influence blood urea nitrogen (BUN) (p-value = 0.35). Level of 130 g/kg of starch can be an alternative in the diet of dairy cows half-blooded on pasture, producing an average of 16 kg of milk per day, whenever the cost of the co-product (soybean husk) is advantageous in relation to the cereal (corn grain).