Fatores que influenciam as taxas de gestação em vacas de corte e uso de metionina para atenuar os efeitos negativos do estresse calórico no desempenho reprodutivo

RESUMO

Os índices reprodutivos em um rebanho de bovinos de corte são de suma importância para a eficiência do sistema. Nesse contexto, a presente tese foi dividida em dois estudos. No primeiro estudo, foi avaliado o efeito da suplementação de metionina protegida da degradação ruminal (MPDR) sobre os índices reprodutivos e produtivos. Receberam a suplementação, vacas de corte lactantes durante a estação reprodutiva com altos índices de temperatura e umidade (ITU). Participaram do estudo, 150 vacas da raça Aberdeen Angus com cria ao pé, entre 25 e 40 dias pós-parto. Os animais começaram a serem suplementados 25 dias antes do início do protocolo de sincronização e o término da suplementação ocorreu no momento do diagnóstico de gestação, 32 dias após a inseminação artificial em tempo fixo (IATF). O consumo médio diário de suplemento, durante o estudo, garantiu um consumo mínimo de 6 g de Smartamine® M/dia. As vacas suplementadas com metionina obtiveram um maior ganho de peso (P<0,05), melhor escore de condição corporal (ECC, P<0,05), menor temperatura vaginal (38,90±0,42 vs. 38,93±0,44, P0,0001), maior temperatura do pelo (P<0,0001) e maior desenvolvimento folicular (17,17±0,62 vs. 14±0,59, P<0,05), ao final do protocolo de IATF. Além disso, os bezerros amamentados por vacas que receberam MPDR também apresentaram maior ganho de peso (63,86 kg vs 52,11 kg, P<0,05). Assim, a suplementação com MPDR para vacas de corte durante a estação reprodutiva, em períodos com alto ITU, é uma excelente alternativa para atenuar os efeitos do estresse térmico, além de melhorar os índices produtivos. No segundo estudo foi avaliado o efeito do ECC, do número de utilizações do dispositivo intravaginal (DIV) de progesterona e do efeito do touro sobre a taxa de gestação de vacas de corte lactantes, com diferentes ordens de parto, submetidas a protocolo de sincronização. Foram utilizadas no estudo, 623 vacas da raça Aberdeen Angus, sendo estas categorizadas em três grupos conforme a ordem de parição primíparas, secundíparas e multíparas. Não foi observado efeito do touro sobre a taxa de prenhez de acordo com as categorias de fêmeas em reprodução (P>0,05). Nas vacas primíparas, o ECC e o número de utilizações do DIV interferiram na taxa de prenhez (P<0,05), em que, os animais com ECC igual ou acima de 3,5 obtiveram maior taxa, assim como, os animais com DIV de segundo uso, quando comparadas aos outros grupos. Além disso, foi observado que as vacas primíparas apresentaram menores taxas de prenhez quando comparadas às demais categorias (P<0,05). Assim, é necessário um aporte nutricional diferenciado para a categoria das primíparas, visto que, condição corporal é um fator chave para o sucesso reprodutivo dessa categoria. Portanto, estratégias nutricionais e de manejo que otimizem os resultados produtivos são de grande importância para a rentabilidade dos sistemas de produção.

ABSTRACT

Reproductive outcomes are very important for the production system efficiency in beef cattle. In this sense, the current thesis was divided into two studies. In the first study, we evaluated the effect of rumen-protected methionine (RPM) supplementation on reproductive and production outcomes. Lactating beef cows were supplemented with RPM during the reproductive season with high temperature and humidity index (THI). The study included 150 Aberdeen Angus cows and their respective offspring, between 25 and 40 days postpartum. Cows were supplemented from 25 days before the fixed-time artificial insemination (FTAI) protocol until 32 days after the protocol (pregnancy diagnosis). The average daily consumption of the supplement, during the study, guaranteed a minimum consumption of 6 g of Smartamine® M/day. Overall, cows supplemented with RPM had greater body weight gain and body condition score (BCS), coupled with lower vaginal temperature (38,90±0,42 vs. 38,93±0,44, P0,0001) and greater hair temperature. In addition, greater follicular development was observed in RPM cows at the end of the FTAI protocol (17,17±0,62 vs. 14±0,59, P<0,05). Calves from RPM cows also showed greater body weight gain (63,86 kg vs 52,11 kg, P<0,05). Thus, RPM supplementation in beef cows during the reproductive season with higher THI is an applicable alternative to mitigate heat stress effects and increase production rates. In the second study, we evaluated the effects of BCS, number of progesterone-releasing intravaginal device (PRID) uses, and bull on pregnancy rates of lactating beef cows with different calving orders and submitted to a synchronization protocol. The study included 623 Aberdeen Angus cows, which were categorized into three groups according to calving order primiparous cows, second-parity cows, and multiparous cows. There was no effect of the bull on pregnancy rates according to cows categories. In primiparous cows, BCS and the number of PRID use interfered in the pregnancy rates. Cows with BCS 3.5 had higher pregnancy rates. In the same way, cows with second use PRID had higher pregnancy rates. Furthermore, we observed that primiparous cows had lower pregnancy rates when compared to the other categories. As BCS is a key factor for the reproductive success of this category, a differentiated nutritional program for primiparous is noteworthy. Thus, nutritional and management strategies that optimize reproductive and production outcomes are very important for production system profitability.