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Tornar-se médica/o veterinária/o: o papel do currículo oculto e das trajetórias sociais na formação acadêmica.

RODRIGO ALVES BARROS.
Tese em Português | VETTESES | ID: vtt-219648

Resumo

A formação acadêmica em Medicina Veterinária é um campo social com gênese fortemente associada à divisão sexual do trabalho, com predomínio inicial de indivíduos do sexo masculino e recente processo de feminização. Propôs-se, neste estudo, um olhar sobre as assimetrias de gênero na formação universitária em Medicina Veterinária, mais especificamente nas mediações de gênero operadas por meio do currículo oculto. Os seguintes pressupostos foram adotados: (i) o currículo oculto é uma expressão do habitus; (ii) a formação universitária em Medicina Veterinária é um campo social; e (iii) o gênero está na base das relações de poder que constituem os campos sociais. Ou seja, não se nasce Médica/o Veterinária/o, torna-se Médica/o Veterinária/o. Em diálogo com as teorias sociológicas de Pierre Bourdieu e a teoria feminista, buscou-se compreender como as relações de gênero e o currículo oculto operam para a produção/incorporação do habitus. O percurso metodológico foi divido em duas etapas, a primeira de coleta e sistematização de dados, constituída pela pesquisa documental (Censo da Educação Superior dos cursos e estudantes de Medicina Veterinária do Brasil, de 1998 a 2019; Dados dos estudantes de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Viçosa, de 1932 a 2019; Atos normativos sobre a criação e regulamentação dos cursos de Medicina Veterinária do Brasil, de 1910 a 2019; Publicações do Conselho Federal de Medicina Veterinária), observação participante, entrevistas (com professores e estudantes do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Viçosa) e diário de campo. A segunda etapa consistiu na análise dos dados, por meio da pré-análise, exploração do material, tratamento e interpretação dos resultados. Dessa forma, reuniu-se e analisou-se um grande número de informações acerca do contexto em que foi criado o campo de formação universitária em Medicina Veterinária e as trajetórias sociais dos cursos e agentes. O movimento de criação e expansão dos cursos foi dividido em quatro ondas, que começam com pequenas mudanças e culminam com um acontecimento maior que marca o período. A primeira onda é representada pela associação da Medicina Veterinária ao exército e aos cursos de hipiatria; a segunda onda é marcada pela associação às ciências agrárias, pertencimento ao Ministério da Agricultura, extensão rural e revolução verde; a terceira onda está associada às ciências da saúde, instituição da LDB96, mobilização para o fim do currículo mínimo e instituição das DCNs; e a quarta onda, refere-se à expansão do número de cursos e mudança no perfil dos estudantes (55% das matrículas em Medicina Veterinária no Brasil passam a ser do sexo feminino). O curso de graduação em Medicina Veterinária, inicialmente ocupado apenas por homens, tem, atualmente, seu corpo discente majoritariamente ocupado por mulheres. Tal crescimento quantitativo não necessariamente informa igualdade entre homens e mulheres e sim que, na medida em que os espaços que vão sendo paulatinamente ocupados por mulheres, informam desigualdades de gênero. Especificamente quando se trata da Medicina Veterinária, dar visibilidade às questões de gênero que perpassam a formação dos/as estudantes contribui para a crítica dos modelos atuais de formação que reforçam espaços de atuação e a produção de conhecimentos hierarquizados.
The academic education in Veterinary Medicine is a social field with genesis strongly associated with the sexual division of labor, with initial predominance of male individuals and recent process of feminization. This study aimed to look at gender asymmetries in university education in Veterinary Medicine, more specifically in gender mediations operated through the hidden curriculum. The following assumptions were adopted: (i) the hidden curriculum is an expression of habitus; (ii) university education in Veterinary Medicine is a social field; and (iii) gender is at the basis of the power relations that make up the social fields. That is, you are not born a veterinarian, you become a veterinarian. In dialogue with Pierre Bourdieu's sociological theories and feminist theories, we sought to understand how gender relations and the hidden curriculum operate for the production/incorporation of habitus. The methodological path was divided into two stages, the first one consisting of data collection and systematization, developed by documentary research (Census of Higher Education of veterinary medicine courses and students in Brazil, from 1998 to 2019; Data from veterinary medicine students from the Universidade Federal de Viçosa, from 1932 to 2019; Normative acts on the creation and regulation of Veterinary Medicine courses in Brazil, from 1910 to 2019; Publications of the Conselho Federal de Medicina Veterinária), participant observation, interviews (with professors and students of the Veterinary Medicine course of the Universidade Federal de Viçosa) and field diary. The second stage consisted of data analysis, through pre-analysis, exploration of the material, treatment, and interpretation of the results. Thus, much information was gathered and analyzed about the context in which the university training field in Veterinary Medicine was created and the social trajectories of the courses and agents. The movement of creation and expansion of the courses was divided into four waves, which begin with small changes and culminate with a larger event that marks the period. The first wave is represented by the association of Veterinary Medicine with the army and the equestrianism courses; the second wave is marked by the association with agrarian sciences, belonging to the Ministério da Agricultura, rural extension and green revolution; the third wave is associated with health sciences, the institution of LDB96, mobilization for the end of the minimum curriculum and institution of DCNs; and the fourth wave, refers to the expansion of the number of courses and change in the profile of students (55% of enrollments in Veterinary Medicine in Brazil become female). The undergraduate course in Veterinary Medicine, initially occupied only by men, currently has its student body mostly occupied by women. Such quantitative growth does not necessarily inform equality between men and women, as the spaces that are gradually occupied by women inform gender inequalities. Specifically, when it comes to Veterinary Medicine, giving visibility to gender issues that permeate the training of students contributes to the criticism of current training models that reinforce spaces of action and the production of hierarchical knowledge.
Biblioteca responsável: BR68.1