TEMPO DE GESTAÇÃO DE ÉGUAS PURO SANGUE INGLÊS MANTIDAS EM CLIMA TROPICAL E SUBTROPICAL.

RESUMO

O tempo de gestação (TG) em equinos apresenta grande variação, sendo considerado fisiológico o intervalo entre 320 a 360 dias. Na raça Puro Sangue Inglês (PSI) apresenta uma média de 344 dias. Sabe-se que o tempo de gestação pode ser influenciado por diversos fatores maternos, fetais e ambientais, porém, informações a respeito dos efeitos de fatores climáticos são limitados. Hipotetizamos que a combinação da temperatura e umidade através índice temperatuta-umidade (ITU) afeta o TG de éguas em clima tropical e subtropical. Dessa forma, esta dissertação visa avaliar o tempo de gestação e relacionar o mesmo aos fatores maternos, fetais, efeito garanhão, ambientais e climatológicos. Foram utilizadas no presente estudo 704 gestações de 355 éguas da raça Puro Sangue Inglês (PSI), durante os anos de 2001 a 2009. A análise de variância não paramétrica de Kruskal Wallis foi realizada para avaliação das variáveis local; ano; mês do parto; idade materna e garanhão e o teste de Mann-Whtiney para paridade e gênero do potro com intuito de comparar as variáveis com o TG. Foram verificadas as seguintes variáveis independentes categorizadas ano do parto (2001-2009); mês do parto (julho-novembro); local (Bagé, Curitiba e Rio Claro); idade da égua (Jovens de 3-7 anos; Maduras de 8-14 anos; Idosas de 15-22 anos); número de partos (primíparas ou multíparas), gênero do potro (fêmea ou macho) e garanhão (1-14). Posteriormente, quando necessário, foi realizado o teste de Dunn para comparação dos grupos. O TG foi categorizado em três grupos ( 320-334 dias; 335-350 dias e 351 dias) para analisar o seu comportamento em relação aos fatores climáticos insolação (horas luz/dia), umidade relativa do ar (UR) (%) , temperatura (T) (ºC) e a partir dessas informações foram calculados os índices de temperatura-umidade (ITU), realizado pela fórmula (1.8 x T + 32) - [(0.55 0.0055 x RH) x (1.8 x T 26.8)], conforme descrito no NRC,1971. Com as médias diárias e o erro padrão da média dos últimos 30 dias pré-parto e do dia do parto, para cada fator climático, dados obtidos foram plotados em gráficos de dispersão para análise e comparação dos resultados entre os grupos. Como resultados obtivemos os seguintes fatores que influenciaram (p<0,05) no TG local, ano e mês do parto, gênero do potro, número de partos da égua. O local apresentou influência no TG (p<2.2e-16), sendo verificado no município de Bagé RS (345±10,41 dias) os maiores períodos de gestação seguido por São José dos Pinhais-PR (341±11,09 dias) e Rio Claro-SP (337±7,63 dias). As gestações de potros machos (343±10,58 dias) foram mais longas do que gestações de potros fêmeas (341±10,15 dias) (p=0.0050). O número de partos foi maior nas éguas multíparas (343±10,44 dias) do que nas primíparas (341±10,33 dias) (p=0.0021). A idade materna foi maior nas éguas idosas (345±9,98 dias) seguidas pelas jovens (342±11,33 dias) e a maduras (341±10,06 dias) (p=0.0004). O ano (p<2.2e-16), e o mês do parto (p<2.2e-16), também foram significativos. O fator garanhão influenciou o TG (p= 1.75 e-14). Na comparação das médias dos grupos categorizados pelo tempo de gestação observou-se que a T e a UR isoladas ou como parte ITU demostraram diminuição a medida que aumentava o tempo de gestação, manifestando uma relação negativa entre as variáveis e o tempo de gestação. Éguas que permaneceram sob um maior ITU no mês do parto apresentam menores tempos de gestação. Os fatores locais, número de partos maternos, sexo do potro, ano e mês do parto e garanhão também apresentam influência no tempo de gestação. Ainda se conclui que o tempo de gestação de éguas PSI é maior na região de Bagé/RS, sendo que este local apresentou as menores temperaturas médias durante a gestação.

ABSTRACT

The gestation length (GL) in horses varies widely, with an interval between 320 and 360 days being considered physiological. In Thoroughbred it has an average of 344 days. It is known that the length of pregnancy can be influenced by several maternal, fetal and environmental factors, however, information about the effects of climatic factors is limited. We hypothesize that the combination of temperature and humidity through the temperature-humidity index (ITU) affects the TG of mares in tropical and subtropical climates. Thus, this dissertation aims to evaluate the time of pregnancy and relate it to maternal, fetal, stallion, environmental and climatic factors. In this study 704 pregnancies 355 Thoroughbred mares in the present study, were used during the years 2001 to 2009.Kruskal Wallis non-parametric analysis of variance was performed to assess the variables location; year; month of delivery; maternal age and stallion and the Mann-Whtiney test for foal parity and gender in order to compare the variables with the TG. The following categorized independent variables were verified year of birth (2001-2009); delivery month (July-November); local (Bagé, Curitiba and Rio Claro); mare's age (3-7 years old; 8-14 years old; 15-22 years old); number of deliveries (primiparous or multiparous), gender of the foal (female or male) and stallion (1-14). Later, when necessary, the Dunn test was performed to compare the groups. The TG was categorized into three groups (320-334 days; 335-350 days and 351 days) to analyze its behavior in relation to insolation climatic factors (light hour/day), relative humidity (RH) (%), temperature (T) (ºC) and from this information the temperature-humidity indexes (ITU) were calculated, performed by the formula (1.8 x T + 32) - [(0.55 - 0.0055 x RH) x (1.8 x T - 26.8)], as described in the NRC, 1971. With the daily averages and the standard error of the average of the last 30 days before delivery and the day of delivery, for each climatic factor, data obtained were plotted on scatter plots for analysis and comparison of results between groups. As a result, we obtained the following factors that influenced (p <0.05) in TG place, year and month of calving, gender of the foal, number of mare deliveries. The location had an influence on the TG (p <2.2e-16), with the largest gestation periods in the municipality of Bagé RS (345±10,41 days) followed by São José dos Pinhais-PR (341±11,09 days) and Rio Claro-SP (337±7,63days). Male foal pregnancies (343±10,58 days) were longer than female foal pregnancies (341±10,15 days) (p = 0.0050). The number of births was higher in multiparous mares (343±10,44 days) than in primiparous mares (341±10,44 days) (p = 0.0021). Maternal age was higher in elderly mares (345±9,98 days) followed by young (342±11,33 days) and mature mares (341±10,06 days) (p = 0.0004). The year (p <2.2e-16), and the month of delivery (p <2.2e-16), were also significant. The stallion factor influenced the TG (p = 1.75 e-14). When comparing the averages of the groups categorized by the time of gestation, it was observed that the T and RH alone or as part of the ITU showed a decrease as the time of pregnancy increased, showing a negative relationship between the variables and the time of pregnancy. Mares that remained under a higher UTI in the month of birth have shorter gestation times. Local factors, number of maternal births, sex of the foal, year and month of calving and stallion also have an influence on the length of pregnancy. It is also concluded that the gestation time of PSI mares is longer in the region of Bagé / RS, and this place had the lowest average temperatures during pregnancy.