Your browser doesn't support javascript.

Portal de Pesquisa da BVS Veterinária

Informação e Conhecimento para a Saúde

Home > Pesquisa > ()
Imprimir Exportar

Formato de exportação:

Exportar

Exportar:

Email
Adicionar mais destinatários

Enviar resultado
| |

Avaliações clínico-patológica e imunohistoquímica de lesões cardíacas em gatos (Felis catus) com doença renal crônica

GABRIELA DE CARVALHO CID.
Tese em Português | VETTESES | ID: vtt-220615

Resumo

A troponina I (cTnI) é uma proteína expressa unicamente pelas células do miocárdio, e portanto um marcador sensível e específico de lesão cardíaca em humanos, cães, gatos e equinos. A troponina I cardíaca não se expressa no músculo esquelético humano durante o desenvolvimento fetal, após trauma do músculo esquelético ou durante a regeneração desse tipo de músculo. Ao contrário da CK-MB, a troponina I cardíaca é altamente específica para o tecido miocárdico, não é detectável no sangue de pessoas sadias, mostra um aumento proporcionalmente bem maior acima dos valores limite, nos casos de infarto do miocárdio pode permanecer elevada por 7 a 10 dias após o episódio agudo. Para a espécie felina, os valores de referência normais para cTnI sérica variam de 0,03 a 0,16 ng / ml . Sabe-se que o coração e os rins mantêm a homeostase hemodinâmica por meio de uma estreita relação que regula o débito cardíaco, o volume e o tônus vascular. Com base nestas informações, o objetivo deste estudo foi avaliar a ocorrência de danos aos cardiomiócitos de felinos com doença renal crônica (DRC) através da dosagem sérica de cTnI e detectar lesões em cardiomiócitos que, por vezes não apresentam sinais morfológicos de agressão, além de demonstrar que as áreas agredidas podem ser maiores que o evidenciado na coloração hematoxilina & eosina (H.E.). Foram utilizados 20 felinos com DRC (12 fêmeas e 8 machos) a partir do estágio II, de acordo com o estadiamento proposto pela IRIS, independente de raça, sexo ou idade. Anterior à utilização destes animais, foi solicitada autorização prévia do tutor para realização de exame clínico seguido de colheita do sangue. Como critério de inclusão, os pacientes deveriam apresentar azotemia (Ref.: 1,6mg/dL). Foram excluídos os animais que apresentavam doença cardíaca primária ou outras condições que pudessem levar ao aumento da cTnI sérica, tais como cardiomiopatia hipertrófica, hipertireoidismo, neoplasia cardíaca primária ou metastática. A avaliação dos níveis séricos de cTnI foi realizada nos 20 gatos; destes, 10 apresentaram valores elevados de troponina sérica acima de 0,16ng/mL. Dos 10 animais que apresentaram os valores de cTnI sérica elevados (Ref.:0,03 0,16ng/mL), dois encontravam-se no estágio II e oito animais no estágio IV da IRIS. Para o exame histológico e imuno-histoquímico, foram coletadas regiões do ápice, septo interventricular, ventrículo esquerdo, ventrículo direito, músculo papilar esquerdo, músculo papilar direito, átrio direito e átrio esquerdo do coração. O exame imuno-histoquímico revelou, em dois animais, marcada perda de troponina em grandes grupos de cardiomiócitos e, em 9 animais houve variação de sutil a leve no padrão de marcação pelo anticorpo antitroponina C com miócitos isolados apresentando perda marcada da imunorreatividade. Em alguns casos havia diversos pequenos grupos de miócitos que tinham marcada diminuição de imunorreatividade principalmente nas regiões do ápice e músculo papilar; essas áreas correspondiam a células com alterações imperceptíveis ou muito discretas no H.E. Os resultados da avaliação imuno-histoquímica confirmaram a presença de alterações regressivas, ou seja, a técnica foi capaz de detectar lesões muito precoces (regiões do miocárdio sem sinais morfológicos de agressão), e demonstrou que as áreas agredidas/lesadas eram maiores que o evidenciado no H.E. O uso de troponinas como importante indicador imunohistoquímico de lesão cardíaca já foi demonstrado caninos, bovinos e ovinos, entretanto não havia estudos em felinos e, no presente estudo, todos os cardiomiócitos com características histológicas de morte celular, não apresentaram marcação anti-troponina, o que demonstra alta sensibilidade do marcador para a espécie. A partir desses dados, observa-se que 80% dos animais que apresentaram elevação nos níveis séricos de cTnI encontravam-se no estágio IV, ou seja, quanto maior o estágio da DRC, maior a probabilidade de apresentar lesão miocárdica. Outro dado observado nos 10 animais que apresentaram valores de cTnI elevados, foi que destes, 4 eram machos e 6 eram fêmeas e, dos dois animais dentro do estágio II, havia um macho e uma fêmea. Já no estágio IV, havia três machos e cinco fêmeas, o que sugere não haver correlação entre o sexo e o grau de lesão miocárdica em felinos com DRC. Este estudo demonstra que a utilização de biomarcadores de lesão miocárdica pode auxiliar os veterinários a aprimorarem o julgamento clínico nas decisões sobre condutas terapêuticas nos pacientes com DRC.
roponin I (cTnI) is a protein expressed solely by myocardial cells, and therefore a sensitive and specific marker of cardiac injury in humans, dogs, cats and horses. Cardiac troponin I is not expressed in human skeletal muscle during fetal development, after trauma of the skeletal muscle, or during regeneration of such muscle. Unlike CK-MB, cardiac troponin I is highly specific for myocardial tissue, is not detectable in the blood of healthy people, shows a proportionally larger increase above threshold values, in cases of myocardial infarction may remain elevated for 7 10 days after the acute episode. For feline species, normal reference values for serum cTnI range from 0.03 to 0.16 ng / ml. The heart and kidneys are known to maintain hemodynamic homeostasis through a close relationship that regulates cardiac output, volume and vascular tone. Based on this information, the aim of this study was to evaluate the occurrence of damage to feline cardiomyocytes from chronic kidney disease (CKD) by measuring serum cTnI and to detect lesions in cardiomyocytes that sometimes show no morphological signs of aggression, besides demonstrate that the areas affected may be larger than that evidenced by hematoxylin & eosin (HE) staining. Twenty CKD felines (12 females and 8 males) from stage II were used, according to the proposed IRIS staging, regardless of breed, sex or age. Prior to the use of these animals, prior authorization from the guardian was requested for clinical examination followed by blood collection. As inclusion criteria, patients should have azotemia (Ref .: 1.6mg / dL). Animals with primary heart disease or other conditions that could lead to increased serum cTnI, such as hypertrophic cardiomyopathy, hyperthyroidism, primary or metastatic cardiac neoplasia, were excluded. Serum cTnI levels were evaluated in 20 cats; Of these, 10 had elevated serum troponin values - above 0.16 ng / mL. Of the 10 animals that had elevated serum cTnI values (Ref.:0.03 - 0.16ng / mL), two were in stage II and eight were in IRIS stage IV. For histological and immunohistochemical examination, regions of the apex, interventricular septum, left ventricle, right ventricle, left papillary muscle, right papillary muscle, right atrium and left atrium of the heart were collected. Immunohistochemical examination revealed marked loss of troponin in large groups of cardiomyocytes in two animals, and in 9 animals there was subtle to slight variation in the pattern of antitroponin C antibody labeling with isolated myocytes showing marked loss of immunoreactivity. In some cases there were several small groups of myocytes that had markedly decreased immunoreactivity mainly in the apex and papillary muscle regions; these areas corresponded to cells with imperceptible or very slight changes in HE. The results of the immunohistochemical evaluation confirmed the presence of regressive changes, ie, the technique was able to detect very early lesions (myocardial regions without morphological signs of aggression), and demonstrated that the areas injured / injured were larger than that evidenced in HE. The use of troponins as an important immunohistochemical indicator of cardiac injury has already been demonstrated in canines, cattle and sheep, however there were no studies in felines and, in the present study, all cardiomyocytes. with histological characteristics of cell death, did not show anti-troponin labeling, which demonstrates high marker sensitivity for the species. From these data, it is observed that 80% of the animals that presented increase in serum cTnI levels were in stage IV, that is, the higher the stage of CKD, the greater the probability of presenting myocardial injury. Another finding observed in the 10 animals with high cTnI values was that of these 4 were male and 6 were female and of the two animals within stage II there was a male and a female. In stage IV, there were three males and five females, suggesting that there is no correlation between sex and the degree of myocardial injury in cats with CKD. This study demonstrates that the use of myocardial injury biomarkers may help veterinarians to improve clinical judgment in decisions about therapeutic management in patients with CKD.
Biblioteca responsável: BR68.1