ESTUDO DESCRITIVO E COMPARATIVO MORFOLÓGICO, RADIOLÓGICO, E HISTOLÓGICO DOS CASCOS DE EQUINOS DAS RAÇAS MARAJOARA E PURUCA

RESUMO

Este estudo é pioneiro em avaliar de forma morfométrica, radiográfica e histológica do casco de equinos nacionais criados em condições semisselvagens. Em hipótese que os cascos dos animais da raça Marajoara (MJ) e Puruca (MP) semisselvagens apresentam características saudáveis e diferentes de equinos nacionais (Mangalarga Marchador) criados em condição intensiva, objetivou-se descrever e comparar a morfologia do estojo córneo, a relação espacial entre falange distal e estojo córneo e o padrão histomorfométrico do tecido lamelar nesses três grupos. Foram selecionados seis animais Puruca, seis Marajoara e oito Mangalarga Marchador (MM). Imagens digitais externas (apenas MJ e MP) e radiográficas de ambos os cascos torácicos foram obtidas e, posteriormente, mensuradas por meio do programa Metron-hoof Pro. Também realizou-se biópsia do tecido lamelar dorsal do casco, seguido da avaliação histológica para determinação de padrões morfométricos e morfológicos. Para análise estatística, os dados dentro da normalidade foram submetidos ao teste t de Student ou a análise de variância (ANOVA), seguida de teste de Tukey. Já para os dados sem normalidade, foram utilizados os testes Mann-Whitney ou de Kruskal- Wallis seguido de Dunn. Para todas as análises considerou-se P<0,05. Os animais MJ e MP apresentaram excesso de tecido córneo no período experimental, com formação de abas laterais e mediais. Seus talões foram considerados como projetados em sentido dorsal. Os MJ apresentam cascos mais largos e mais compridos que os MP, entretanto os MP apresentam conformação de ranilha mais homogênea. Os animais MJ e MP apresentaram alto ângulo palmar da falange distal (FD), com menor ângulo de rotação do que os MM, consequentemente maior distância proximal entre FD e muralha. Nos MJ, identificou-se maior comprimento de falange média (FM), seguido pelos MP e pelos MM. Histologicamente os MP e MM apresentaram comprimentos de lâmina epidemal primária (LEP) equivalentes e maiores que os MJ, entretanto a espessura total da LEP foi maior nos MP do que nas outras raças. Os animais MM apresentaram maior ângulo da interface LEP/LES (lâmina epidermal secundária) na região abaxial e menor ângulo na porção axial em relação aos MJ e MP, assim como menor comprimento de LES nas regiões abaxial e axial. Porém, os MP apresentaram maior quantidade de núcleos das células basais epiteliais com formato arredondado do que os MM. O formato padrão foi predominante tanto nas LEP quanto nas LES em todas as raças. Entretanto somente os MM apresentaram o formato afiado e queratinizado nas pontas das lâminas dermais primárias (LDP), já o formato bifurcado, foi mais expressivo na ponta LDP dos MJ. Na região intermediária os MM apresentaram maior porcentagem de LES com formato cônico, sendo os únicos a apresentarem na porção axial e a menor quantidade de bifurcadas. Em conclusão, os cascos dos MP e MJ apresentam cascos com pinça longa, abas laterais e mediais e talões projetados dorsalmente, características associadas ao final do período chuvoso. Considerando-se os aspectos radiográfico e histológico, os cascos de equinos semisselvagens se mostraram mais saudáveis que os cascos de MM criados em sistema típico de confinamento e dieta hipercalórica

ABSTRACT

This study is a pioneer in morphometric, radiographic and histological evaluation of the hoof of national horses created under semi-feral conditions. In hypothesis that hooves of semi-feral Marajoara (MJ) and Puruca (MP) animals exhibit different characteristics from national breeds (Mangalarga Marchador) created under intensive conditions, the objective was to describe and compare the morphology of the horn capsule, the relationship between the distal phalanx and the horn capsule and the histomorphometric pattern of lamellar tissue in these three groups. Six Puruca animals, six Marajoara and eight Mangalarga Marchador (MM) were selected. External digital images only in (MJ and MP) and radiographic of both front hooves were obtained and subsequently measured using the Metron-hoof Pro program. Biopsy of the dorsal lamellar horn tissue was also performed, followed by histological evaluation for determination of morphometric and morphological patterns. For statistical analysis, normal data were submitted to Student's t test or analysis of variance (ANOVA), followed by Tukey test. For data absent normality, the Mann-Whitney or Kruskal-Wallis followed Dunns tests were used. For all analyzes, P <0.05 was considered. The animals MJ and MP presented extra horn tissue in experimental period, with formation of lateral and medial "flares". Their heels were considered to be projected dorsally. The MJ have wider and longer hooves than MP, however the MPs have a more homogeneous frog conformation. The MJ and MP animals presented a high palmar angle of the distal phalanx (DP), with a smaller rotation angle than the MM, consequently a greater proximal distance between DP and dorsal wall. In the MJ, a greater mean phalanx length (MP) was identified, followed by the MP and the MM. Histologically, MP and MM presented equivalent and larger primary epidermal lamina (PEL) lengths than MJ, however the total thickness of PEL was higher in MP than other breeds. MM animals presented higher PEL/SEL interface angle (secondary epidermal lamina) in the abaxial region and smaller angle in the axial portion in relation to MJ and MP, as well as shorter SEL length in abaxial and axial regions. However, MP presented a larger number of rounded epithelial basal cell nuclei than the MM. The standard format was predominant in both PEL and SEL in all breeds. However, only the MM presented the sharp and keratinized shape on the tips of the primary dermal lamellae (PDL), while the bifurcated shape was more expressive on the LDP tip of the MJ. In intermediate region, MM presented the highest percentage of tapered shape in LES, being the only ones to present in the axial portion and the smallest number of bifurcated ones. In conclusion, the MP and MJ hooves have long toes, lateral and medial flaps and heels projected dorsally, characteristics associated with the end of rainy season. Considering the radiographic and histological aspects, the hooves of semi-feral horses showed to be more healthy than the hooves of MM raised in typical confinement system and hypercaloric diet.