ULTRASSONOGRAFIA E MORFOMETRIA DO PROCESSO DE INVOLUÇÃO DOS COMPONENTES UMBILICAIS DE CORDEIROS SADIOS E COM ONFALOPATIA

RESUMO

Apesar da importância das afecções umbilicais e suas consequências sistêmicas, não foram encontrados até o momento estudos sobre a utilização da ultrassonografia como diagnóstico das onfalopatias em pequenos ruminantes, a despeito da vasta literatura sobre o assunto em bezerros. Os objetivos desta tese, foram descrever a involução fisiológica das estruturas umbilicais em ovinos saudáveis por meio do estudo ultrassonográfico das estruturas umbilicais desde o primeiro dia de vida até a finalização deste processo nas raças Santa Inês em monta natural (SMN) (n=15), Dorper em monta natural (DMN) (n=15) e Dorper em transferência de embrião (DTE) (n=18); comparar o tempo e as medidas da involução das estruturas entre as duas raças; avaliar os primeiros sinais clínicos e alterações ultrassonográficas de cordeiros acometidos por onfalopatias e comparar aos animais saudáveis; descrever sonograficamente e histologicamente a evolução de cinco cordeiros acometidos por onfalopatias, desde o início do processo até o desfecho, seja óbito ou cura, validando a ultrassonografia como método diagnóstico precoce de onfalopatias para ovinos. Nos animais saudáveis, todas as estruturas umbilicais, puderam ser avaliadas no sentido longitudinal. A primeira estrutura a concluir sua involução em todos os grupos foi o úraco (P2). Os grupos de monta natural (SMN e DMN) apresentaram involução similar, após o úraco, a veia umbilical, logo em seguida (P5), em dias bem próximos ao das artérias umbilicais (P3 e P4) e por fim, a porção hepática da veia umbilical, nas posições (P6 e P7). No grupo (DTE), após a involução do úraco, ocorreu a involução da veia umbilical nas porções abdominal e hepática praticamente no mesmo período e após dois dias, a involução da porção P7 e em seguida a regressão das artérias umbilicais no 14º dia. Não houve diferença no processo de involução umbilical entre as raças Dorper e Santa Inês e nem entre os métodos de concepção, assim, concluiu-se que os cordeiros saudáveis apresentam um padrão de involução das estruturas umbilicais, onde 80% dos animais (39/48) finalizaram a involução entre o 12º e 14º dia de vida. Foram descritos cinco casos de cordeiros portadores de onfalopatias, três da raça Santa Inês e dois da raça Dorper. Destes, três cordeiros que foram diagnosticados com onfaloarterite por meio da ultrassonografia e posteriormente morreram naturalmente, tiveram o diagnóstico confirmado na histopatologia. Dois deles foram tratados e se recuperaram, um apresentou onfaloflebite e o outro onfaloarterite. As lesões das estruturas umbilicais foram acompanhadas e descritas por meio da ultrassonografia. A observação e avaliação desses cinco casos relatados, evidencia como promissora a utilização da ultrassonografia na avaliação de cordeiros que apresentem sinais clínicos sugestivos de alterações das estruturas umbilicais, com ou sem acometimento sistêmico e, em alguns casos, de forma precoce. Os resultados deste estudo demonstram que a ultrassonografia pode ser utilizada na espécie ovina tanto para descrição da involução fisiológica das estruturas umbilicais remanescentes, quanto na rotina clínica para exames de cordeiros que apresentem alterações em seus exames físicos. Assim, podendo ser utilizada como ferramenta diagnóstica das alterações umbilicais e prevenção da progressão das doenças causadas pela infecção umbilical.

ABSTRACT

Despite the vast literature on the systemic consequences of umbilical disorders, little has been published about the use of ultrasound to diagnose omphalopathies in small ruminants. Therefore, the objectives of this PhD thesis were (i) to describe the physiological regression of umbilical structures in healthy sheep - from their first day of life until the completion of this research - using ultrasound imagery of umbilical structures in Santa Inês breeds from natural conception (SMN) (n = 15 ), Dorper from natural conception (DMN) (n = 15) and Dorper from embryo transfer (DTE) (n = 18); (ii) to compare the evolution in the diameters of the measured structures between the two breeds (Dorder and Santa Inês); (iii) to evaluate lambs with omphalopathies - from first clinical signs, or initial sonographic changes, until the end of trials - and compare the data with those from healthy animals; and (iv) sonographically and histotologically describe the clinical cases, as well as related systemic changes such as death or recovery, of five lambs affected by omphalopathies, which were followed throughout the research, and (v) validate ultrasound as an early diagnostic method for this species. In healthy animals, all intra-abdominal umbilical structures could be evaluated in their longitudinal direction. Among all groups of structures being analysed, the urachus (P2) was the first one to finish its involution. Natural conception groups (SMN and DMN) presented similar regression, after the urachus, the umbilical vein at (P5), in days very close to regression the umbilical arteries (P3 and P4) and finally, the hepatic portion of the umbilical vein, in the positions (P6 and P7). In the group (DTE), shortly after the regression of the urachus, the regression of the umbilical vein in the abdominal (P5) and hepatic (P6) portions have followed. Subsequently, after one to two days, the involution of the portion in (P7) has taken place and, only then, around the 14th day, occurred the regression of the umbilical arteries (P3 and P4). There were no great differences in the process of umbilical involution between the breeds Dorper and Santa Inês nor between the methods of conception. We have thus concluded that healthy lambs present a pattern of umbilical structures involution in which 80% of the animals finish the process between their 12th and 14th day of age. In this research, the cases of five lambs with omphalopathies (three from the Santa Inês breed and two from the Dorper breed) were described. Out of these unhealthy animals, three lambs - which were diagnosed with omphaloarteritis by ultrasonography and later in histopathology - have died naturally. Two of them were recovered after treatment, one had omphalophlebitis and the other one had omphaloarteritis. The lesions of the umbilical structures, monitored by ultrasonography, are described in the thesis. The observation and evaluation of these five reported cases have shown that the use of ultrasonography in the evaluation of lambs which present clinical signs suggesting alterations of umbilical structures, with or without systemic involvement, is promising. The results of this study demonstrate that ultrasonography can be used in ovines for describing the regression of the remaining umbilical structures in healthy animals and that ultrasound imagery can be used in routine exams of lambs that present anomalies in their physical tests as a way of diagnosing umbilical alterations and preventing the progression of diseases caused by umbilical infections.