AVALIAÇÃO DE ENTEROFAGOS EM AMOSTRAS DE ÁGUA E ESGOTO E SEU POTENCIAL USO COMO INDICADORES DE CONTAMINAÇÃO FECAL

RESUMO

O potencial uso de fagos que infectam Enterococcus spp., como marcadores de contaminação fecal em amostras de água, deve-se a capacidade dos mesmos infectarem bactérias predominantes em fezes de origem humana. Além disso, fagos são indicados como modelos para a remoção de vírus entéricos em sistemas de tratamento de efluentes. Efetivamente, os fagos podem ser um indicador mais apropriado da presença de vírus entéricos na água e nas águas residuais do que os indicadores bacterianos devido a sua similaridade com os vírus entéricos em termos de estrutura, morfologia, tamanho e resistência à inativação. Assim, sua aplicação na detecção de contaminação fecal em recursos hídricos é sugerida, pois indicam melhor a presença de patógenos entéricos, quando comparado a bactérias indicadoras. O objetivo deste trabalho foi determinar a utilização de enterofagos líticos como indicadores de contaminação fecal em amostras ambientais. Para isso, foram realizadas seis coletas de amostras de água e esgoto brutos e tratados (n = 24) de estações de tratamento na cidade de Novo Hamburgo (RS). A partir delas foi realizado o isolamento de enterofagos de Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium, através de ensaio de placa em camada dupla de agar. Paralelamente as essas mesmas amostras, realizou-se a pesquisa de Enterococcus spp. através do teste comercial Enterolert®, e a pesquisa de Mastadenovírus espécie C sorotipo 5 (HAdV-C) usando o método quantitativo PCR. Foram identificados, em ambos os tipos de amostras, fagos que infectaram Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium. Em amostras de água constatou-se que não houve diferença significativa entre os dois fagos, porém quando analisadas as amostras de esgoto, houve diferença estatística entre eles (p < 0,05) em esgoto pré e pós tratamento, corroborando que o E. faecalis é o hospedeiro mais adequado para a pesquisa de enterofagos neste tipo de amostra. Não foi observado correlação significativa (p> 0,05) entre a presença de HAdV-C e enterofagos em ambas amostras. Também não houve correlação significativa dos fagos de E. faecium e E. faecalis com Enterococccus spp. em ambas as amostras. Necessita-se de mais estudos sobre o uso dos enterofagos como indicadores de contaminação fecal, visto a falta de dados consistentes na literatura sobre estes fagos.

ABSTRACT

The potential use of phages that infect Enterococcus spp., as markers of fecal contamination in water samples, has been reported because these bacteriophages are capable to infect bacteria that are predominantly present in human feces. In addition, phages have been proposed as models for the removal of enteric viruses in treatment systems. Effectively, phages can be a more appropriate indicator of the presence of enteric viruses in water and wastewater than bacterial indicators due to their similarity with enteric viruses in terms of structure, morphology, size and resistance to inactivation. Thus, its application in the detection of fecal contamination in water resources is suggested, as they better indicate the presence of enteric pathogens when compared to indicator bacteria. The objective of this study was to determine the use of lytic enterophages as indicators of fecal contamination in environmental samples. For this, six samples of raw and treated water and sewage samples (n = 24) were collected from treatment plants in the city of Novo Hamburgo (RS). From them, Enterococcus faecalis and Enterococcus faecium were isolated by means of a double layer lysis plate test of Agar. In parallel, Enterococcus spp. through enterolert commercial test®, and Mastadenovirus research species C serotype 5 (HAdV-C) using the PCR quantitative method. Phages that infected Enterococcus faecalis and Enterococcus faecium were identified in both types of samples. In water samples it was found that there was no significant difference between the two phages, however, when the sewage samples were analyzed, there was a statistical difference between them (p < 0.05) in pre and post-treatment sewage, corroborating that E. faecalis is the most appropriate host for the research of enterophageals in this type of sample. There was also no significant correlation between E. faecium and E. faecalis phages with Enterococccus spp. in both samples. Further studies on the use of enterophages as indicators of fecal contamination are needed, given the lack of consistent data in the literature on these phages.