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Tese em Português | VETTESES | ID: vtt-2289

Resumo

Este estudo teve como objetivo verificar a influência biogeográfica sobre a eficácia de extratos de Melia azedarach contra o carrapato Rhipicephalus microplus, bem como verificar o efeito desta planta sobre a oogênese, proteínas totais e ecdise deste carrapato. Frutos verdes de M. azedarach foram coletados em seis municípios do estado de Goiás: Goiânia, Pirenópolis, Professor Jamil, Caturaí, Morrinhos e Bela Vista de Goiás e processados para obtenção dos extratos hexânicos. Estes foram testados sobre fêmeas através de testes de imersão em triplicata, em 5 diluições ao dobro de 0,25% a 0,0156%. Amostras de solo dos locais de coleta dos frutos foram submetidas a análises físico-químicas. Os extratos de maior e menor atividade foram investigados quanto ao perfil químico, através da técnica de ressonância magnética nuclear de hidrogênio e carbono. Na avaliação da ecdise metalarvas e metaninfas foram submetidas a dois testes distintos, sendo um por imersão e outro por contato com papel filtro, todos em triplicata, em 5 diluições ao dobro de 0,25% a 0,0156% do melhor extrato. Observações diárias, durante 10 dias, foram realizadas a fim de verificar a realização ou não ecdise. Para a avaliação morfológica e morfométrica de oócitos, os ovários de fêmeas ingurgitadas tratadas com 0,25% do melhor extrato foram dissecados e fixados em paraformaldeído 4% com posterior inclusão em historesina e corados com azul de toluidina para observação em microscópio óptico. Os parâmetros foram avaliados em grupos distintos, 24 e 72 horas após o tratamento. A proteína total da hemolinfa de fêmeas ingurgitadas foi quantificada 72 horas após o tratamento com o extrato na concentração de 0,25%. Os resultados do teste de imersão com fêmeas ingurgitadas apresentaram percentuais de eficácia variáveis, com valores decrescentes, na maior concentração para os extratos oriundos de Goiânia (100%), Professor Jamil (97,5%) Pirenópolis (95,1%), Morrinhos (86,8%), Caturaí (41,8%) e Bela Vista de Goiás (17,1%). A análise de redundância canônica indicou que a bioatividade dos extratos apresentou uma correlação significativa com os teores de Ca, P e silte dos solos dos sítios de amostragem. Os extratos hexânicos ativo (Goiânia) e inativo (Bela Vista de Goiás) não apresentaram diferença na composição química majoritária, demonstrando o mesmo perfil químico. Houve menor ecdise tanto de larvas quanto de ninfas tratadas nas diferentes concentrações do extrato, embora as duas técnicas não diferiram significativamente entre si. As alterações na oogênese foram observadas principalmente no grupo avaliado 72 horas após o tratamento tais como: redução do peso do ovário, do índice gonadossómatico e menor contagem total dos oócitos. Na avaliação do diâmetro do citoplasma, diferença foi observada em todas as cinco fases da oogênese, com predomínio de oócitos imaturos em relação ao maduro. Os níveis de proteína da hemolinfa foram estatisticamente maiores no grupo tratado do que no controle, sugerindo a não captação das protéinas pelos oócitos. Os resultados obtidos neste trabalho demonstram a influência biogeográfica na atividade acaricida de M. azedarach sobre R. microplus. Demonstram ainda a interferência desta planta na ecdise do carrapato, e na inibição do desenvolvimento da oogênese. Isto torna o estudo promissor e possibilita o direcionamento de novas investigações, na tentativa da caracterização química e isolamento do princípio ativo presente em M. azedarach

Biblioteca responsável: BR68.1