ALTERAÇÕES OCULARES E ANÁLISE DO HUMOR AQUOSO DE CÃES (Canis familiaris LINNAEUS, 1758) INFECTADOS NATURALMENTE POR Leishmania chagasi (CUNHA & CHAGAS, 1937)

RESUMO

Estudaram-se as alterações oculares, a presença de anticorpos anti-Leishmania (Leishmania) chagasi e os valores de proteína total no humor aquoso de cães naturalmente infectados por Leishmania chagasi. Utilizaram-se 50 cães, procedentes da Região Metropolitana do Recife e do município de Bezerros distribuídos em dois grupos experimentais de 25 animais Grupo Infectado (GI), formado por animais positivos para L. chagasi com e sem alterações oculares; Grupo Controle (GC), formado por animais negativos para L. chagasi, sem sinais clínicos de doenças sistêmicas e de alterações oculares. Os resultados mostraram que 76% dos cães do GI apresentaram sinais oculares, sendo a uveíte a afecção predominante. A média de proteína total no humor aquoso entre os animais com uveíte foi significativamente superior (p<0,05), quando comparada com as médias dos animais com outros sinais oculares e sem sinal ocular. Os valores de anticorpos anti-Leishmania (chagasi) chagasi obtidos no plasma foram estatisticamente superiores aos encontrados nos olhos (p<0,05). O coeficiente de correlação de Pearson referente aos olhos direito (R=0,8280) e esquerdo (R=0,7481) demonstrou correlação significativa quando analisados todos os animais deste estudo. Analisando-se os olhos direito (R=0,11) e esquerdo (R=0,3983) dos animais com uveíte, nota-se que, quanto maior o nível de anticorpos anti-Leishmania chagasi no olho, menor é o nível no plasma. Nos animais do GI obteve-se o coeficiente de Goldman-Witmer em 56% (14) cães. Conclui-se que lesões oculares devem ser consideradas no diagnóstico da leishmaniose em cães provenientes de áreas endêmicas para leishmaniose visceral canina. A análise do humor aquoso pode ser indicada para cães com suspeita de LVC, principalmente em animais que apresentam menores níveis plasmáticos de anticorpos anti-Leishmania chagasi