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A hepatite C constitui um grave problema de saúde publica no Brasil. A maioria dos dados de prevalência disponível provém de grupos específicos. Em doadores de sangue, a prevalência da infecção pelo HCV varia de 0,65 por cento (região Sul) a 3,5 por cento (região Norte). A distribuição dos genótipos do HCV no Brasil é hetrerogênea entre as diferentes regiões geográficas e, até entre diferentes estados da mesma região. Dados sobre a distribuição dos genótipos de HCV na região Norte são escassos. O principal objetivo deste estudo foi descrever aspectos clínicos, histopatológicos e laboratoriais de diferentes categorias de pacientes com hepatite C crônica, atendidos em um centro de referência para atendimento e tratamento de pacientes com doenças hepática crônica, em Belém, Pará. Um estudo de corte transversal foi conduzido em 345 indivíduos infectados pelo HCV (163 pacientes com hepatite crônica, 56 doadores de sangue, 32 hemofílicos, 73 hemodialisados e 22 pacientes com carcinoma hepatocelular), procedentes de diferentes municípios do estado do Pará. Foram avaliados os seguintes aspectos demográficos, clínicos e epidemiológicos idade, sexo, apresentação clínica, fatores de risco de aquisição de infecção por HCV e grau de lesões hepáticas de acordo com o sistema de classificação METAVIR. Amostras de soro foram analisadas para determinação do RNA e dos genótipos do HCV. A média de idade dos 345 pacientes com hepatite C crônica foi 47,7 anos (mais ou menos 13,9). A maioria dos pacientes, neste estudo, era do sexo masculino (74,8 por cento) e as mulheres apresentaram média de idade mais elevada (p=0.00115) do que os homens (51,9 mais ou menos 12,9 anos e 48,6 mais ou menos 13,7 anos, respectivamente). Os fatores de risco associados à infecção por HCV mais freqüentes foram história prévia de transfusão sanguínea (50,1 por cento), cirurgia (36,4 por cento), hemodiálise (31,2 por cento) e compartilhamento de agulhas não descartáveis (16,8 por cento). As manifestações extra-hepáticas mais freqüentes nestes pacientes foram astenia, hipertensão, diabetes mellitus, artralgia, prurido, hipotireoidismo e trombocitopenia. Da população estudada, 98 por cento dos pacientes estavam infectados pelo genótipo 1 (77,1 por cento) ou 3 (20,9 por cento) do HCV. A distribuição dos genótipos do HCV foi similar entre os cinco grupos de pacientes. Não foram observadas diferenças significativas entre os genótipos do HCV e fatores de risco, aspectos clínicos e demográficos, exceto idade. Indivíduos infectados pelo HCV genótipo 3 apresentaram média de idade mais baixa (44,5 mais ou menos 13,6 anos) quando comparados àqueles infectados pelo HCV genótipo 1 (48,6 mais ou menos 13,7 anos) (p= 0.0273). Os seguintes aspectos clínicos e histopatológicos parecem estar associados com o genótipo de HCV maior prevalência de diabetes mellitus tipo 2 (p= 0,0425) nos pacientes infectados pelo genótipo. A intensidade da fibrose foi associada a idade elevada, grau de atividade e esteatose, níveis séricos elevados de ALT e AST e plaquetopenia. A presença de esteatose foi associada a graus de atividade e fibrose. Os maiores percentuais de resposta virológica sustentada (RVS) ao tratamento foram observados nos pacientes tratados com Interferon-alfa peguilado combinado com ribavirina.