RESUMO
As redes sociais revolucionaram a maneira como os indivíduos de todas as faixas etárias se comunicam e interagem, tendo um impacto significativo nos relacionamentos sexuais. Essas plataformas oferecem acesso a informações sobre saúde sexual e facilitam a formação de vínculos amorosos e sexuais. Para os jovens que não se identificam como heterossexuais, as redes sociais desempenham um papel crucial no desenvolvimento da orientação sexual e na busca por aceitação. Embora as mídias sociais possam promover uma melhor compreensão da sexualidade e do sexo seguro, estão associadas a comportamentos de risco, como o sexting, e podem levar a consequências negativas, como abuso e insatisfação sexual. A agência sexual (habilidade para sentir prazer sexual, assertividade, comunicação, percepção de limites e empatia) é fundamental para navegar nas complexidades dos relacionamentos sexuais online. A privacidade é um desafio nesse contexto, com a vida pública e privada muitas vezes sendo confundida. Estabelecer limites claros com os parceiros sobre o que pode ser compartilhado online é essencial para evitar mal-entendidos e conflitos. Por outro lado, as redes sociais também podem ser uma ferramenta valiosa para educação em saúde sexual, capacitando os indivíduos a tomarem decisões informadas sobre seus relacionamentos e bem-estar sexuais. Profissionais de saúde e pesquisadores precisam estar cientes dessas influências para informar jovens, pais e educadores sobre o uso seguro e saudável dessa ferramenta para a sexualidade.
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Humanos , Masculino , Feminino , Adolescente , Adolescente , Sexualidade , Rede Social , Sexo Seguro , Saúde SexualRESUMO
A hiperplasia prostática benigna (HPB) representa o crescimento não maligno do tecido da próstata. Proliferação de células estromais e epiteliais na zona de transição da próstata causa compressão uretral e obstrução do fluxo vesical. Isso pode levar a manifestações de LUTS (lower urinary tract symptoms): urgência urinária, noctúria, dificuldades de micção, esvaziamento incompleto da bexiga, menor força e/ ou interrupção do jato e inflamações. Mecanismos do LUTS/HPB compartilhados afetam a função sexual masculina. Atividade aumentada de subtipos de receptores α1-adrenérgicos na próstata está associada à HPB. Tais receptores, também presentes no pênis, podem inibir a ereção, devido à HPB. Quanto à correlação entre LUTS e disfunção sexual, aventa-se que ambas resultem da contração anômala da musculatura lisa, por ativação dos receptores α1-adrenérgicos. LUTS/HPB causam desconforto nos homens, devido à obstrução urinária, ejaculação dolorosa, disfunção erétil (DE), distúrbios ejaculatórios e baixa libido, que prejudicam a qualidade de vida, deles e de suas parcerias. A noctúria interfere negativamente na qualidade do sono e na disposição para a atividade sexual. Tratamentos para LUTS/HPB podem induzir disfunções sexuais. Entre eles, ressecção transuretral (RTU), α1-bloqueadores, inibidores da 5α-redutase e terapia combinada (α1-bloqueador e 5α-redutase). Os efeitos prejudiciais do LUTS/HPB e de seu tratamento sobre a função sexual ainda são subdiagnosticados e insuficientemente tratados. A atividade sexual deve ser investigada antes e durante o tratamento, também orientando o paciente sobre os possíveis efeitos de cada opção terapêutica sobre a função sexual, evitando-se assim o abandono do tratamento.
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Humanos , Masculino , Hiperplasia Prostática , Sintomas do Trato Urinário Inferior , Disfunção Erétil , Qualidade de Vida , TerapêuticaRESUMO
Indivíduos transgêneros (ou trans) apresentam diferença entre a sua identidade de gênero e o sexo que lhe foi atribuído ao nascimento, o que provoca sofrimento grave, nomeado como disforia de gênero, estado que apresenta melhora após a transição para o gênero autor-reconhecido. Pessoas transgêneras apresentam os piores marcadores de saúde mental entre os LGBTQIA+. O objetivo deste texto é levantar aspectos psicossociais e sexuais de indivíduos transgêneros e trazer algumas recomendações para profissionais de saúde. Os tratamentos disponibilizados para essa população são os de afirmação de gênero (supressão da puberdade, tratamento hormonal cruzado, cirurgia reconstrutiva torácica e cirurgias genitais afirmativas de gênero). Muitas vezes, as alterações corporais conseguem diminuir os sintomas de disforia, melhorando a qualidade de vida. Porém, para muitos deles, apenas a mudança do papel social de gênero é suficiente. As disfunções sexuais mais frequentes experimentadas por mulheres e homens trans são dificuldades para iniciar e buscar contato sexual (mulheres, 26%, homens, 32%) e para atingir o orgasmo (29% e 15%). A atenção à saúde transgênera deve conter cuidados inter e multidisciplinares holísticos, envolvendo endocrinologia, cirurgia, voz e comunicação, atenção primária, saúde reprodutiva, saúde sexual e mental para acompanhar intervenções de afirmação de gênero, bem como prevenção, cuidado e gerenciamento de doenças crônicas. Indivíduos transgêneros enfrentam, além de todas as questões que afligem a sociedade contemporânea, a invisibilidade reforçada principalmente pela falta de conhecimento e pelos preconceitos. Faz-se necessário um atendimento que seja acolhedor, educativo, não preconceituoso e que respeite a individualidade daqueles que carregam em suas histórias sofrimento e violência.
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Disfunções Sexuais Fisiológicas , Pessoal de Saúde , Cirurgia de Readequação Sexual , Disforia de Gênero , Minorias Sexuais e de Gênero , Identidade de GêneroRESUMO
Esse artigo se baseia nas publicações de Schenck, especialista no assunto. Parassonias são comportamentos sexuais anômalos relacionados ao sono, caracterizados por movimentos complexos, emoções, percepções, sonhos e atividade do sistema nervoso autônomo. Podem provocar lesões, interrupção do sono, efeitos adversos à saúde e psicossociais. O diagnóstico é clínico: história médica e antecedentes (relatos de parcerias ou familiares e vídeos domésticos). Polissonografia é reservada para casos atípicos. O tratamento inclui medidas protetivas, esclarecimento ao familiar/cônjuge, controle dos fatores precipitantes, medicamento (clonazepam) e psicoterapia. A sexônia é uma parassonia (subtipo não REM), melhor estudada. Masturbação e tentativas inadequadas de obter relações sexuais (seguidas de amnésia ou lembrança vaga) são frequentes. A frequência em clínicas do sono é de 7,6% (homens 11,0%; mulheres 4,0%). Esses comportamentos surgem no curso de longa história de parassonia, desencadeando despertares confusionais. Terapia nasal com pressão positiva contínua nas vias aéreas pode controlar. Em homens, ereção peniana, associada à sexônia, é referida pela parceria. Providência importante é inquirir sobre sexônia, quando houver suspeita, uma vez que o paciente e/ou sua parceria não costumam falar, a menos que sejam solicitados ou por questões legais. Revisão de 18 casos médico-legais sobre violência relacionada ao sono e comportamento sexual durante o sono encontrou 9 casos em que sexônia foi alegada pela defesa. Foram apresentadas avaliações dos réus, as quais diferiram de caso para caso, alertando para a necessidade de consenso internacional. Abuso de álcool desqualifica a "defesa baseada em parassonia [sexônia]" em casos médico-legais.
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Humanos , Comportamento Sexual , Parassonias/epidemiologia , Prevalência , Parassonias/terapia , Transtornos do Despertar do Sono/epidemiologia , Medicina LegalRESUMO
Objective: The study aimed to describe the profile and economic burden of patients with depression from the perspective of the Brazilian Private Healthcare System (PHS). Methods: A two-step methodological quantitative-qualitative research design was performed: retrospective descriptive analysis of the Orizon database of patients with at least one claim of depression (F33, F38, or F39) in PHS (2013-2019) and experienced physicians perspective from an expert meeting. Results: 1,802 patients fulfilling the eligibility criteria counted BRL 74,978 million across the 4-year period. Over this period, nearly 60% of patients had a medical appointment (6.6 appointments per patient, on average), 61% had a psychologist, 9.8% had a psychiatrist appointment, and an average of 115.2 exams and 8.7 emergency visits per patient were performed. According to the experts, the economic impact of depression is more significant when considering the indirect costs related to productivity loss and impairment in occupational and interpersonal functioning. Conclusion: Identifying and diagnosing patients with depression and their real burden is challenging; even with significant costs identified in the claim database analyses in the Brazilian PHS, the real impact must be higher if indirect costs are considered. The depressive disorder should be prioritized in the Brazilian PHS to establish more adequate health policies.
Objetivo: O estudo teve como objetivo descrever o perfil e a carga econômica de pacientes com depressão na perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS). Métodos: Foi realizado um projeto de pesquisa quantitativo-qualitativo metodológico em duas etapas: análise descritiva retrospectiva do banco de dados Orizon de pacientes com pelo menos uma alegação de depressão (F33, F38 ou F39) no PHS (2013- 2019) e perspectiva de médicos experientes de uma reunião de especialistas. Resultados: 1.802 pacientes que preencheram os critérios de elegibilidade totalizaram R$ 74,978 milhões no período de 4 anos. Nesse período, cerca de 60% dos pacientes tiveram consulta médica (6,6 consultas por paciente, em média), 61% tiveram psicólogo, 9,8% consulta com psiquiatra e foram realizados em média 115,2 exames e 8,7 atendimentos de emergência por paciente . Segundo os especialistas, o impacto econômico da depressão é mais significativo quando considerados os custos indiretos relacionados à perda de produtividade e prejuízo no funcionamento ocupacional e interpessoal. Conclusão: Identificar e diagnosticar pacientes com depressão e sua real carga é desafiador; mesmo com custos significativos identificados nas análises da base de sinistros do SUS brasileiro, o impacto real deve ser maior se considerados os custos indiretos. O transtorno depressivo deve ser priorizado na APS brasileira para o estabelecimento de políticas de saúde mais adequadas.
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Custos e Análise de Custo , Depressão , Saúde SuplementarRESUMO
Background: Little attention has been given to efficacious treatment and adherence to treatment of compulsive sexual behavior (CSB). Aims: Randomized controlled trial investigated short-term psychodynamic group therapy followed by relapse prevention group (STPGP-RPGT) and pharmacological treatment (PT) for CSB men on sexual compulsivity and adherence. Method: 135 men, 38 (SD = 9) years old on average, were randomly assigned to 1) STPGP-RPGT; 2) PT; 3) Both. Participants completed measures at baseline, 25th, and 34th week. 57 (42.2%) participants dropped out between baseline and 25th week, and 68 (50.4%) between baseline and 34th week. 94 (69.6%) did not adhere (80% pills taken or attended 75% therapy sessions). Results: A significant interaction effect was found between time and group (F (4, 128) = 2.62, P = 0.038, ES = 0.08), showing who received PT improved less in sexual compulsivity than those who received STPGP-RPGT (t = 2.41; P = 0.038; ES = 0.60) and PT + STPGP-RPGT (t = 3.15; P = 0.007, ES = 0.74). Adherent participants improved more in sexual compulsivity than non-adherent at the 25th week (t = 2.82; P = 0.006, ES = 0.65) and 34th week (t = 2.26; P = 0.027, ES = 0.55), but there was no interaction effect, F (2, 130) = 2.88; P = 0.06; ES = 0.04). The most reported behavior (masturbation) showed greater risk of non-adherence (72.6%). Discussion and conclusions: Adherent participants improved better than non-adherent. Participants who received psychotherapy improved better than those who received PT. Methodological limitations preclude conclusions on efficacy.
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Comportamento Sexual , Disfunções Sexuais Psicogênicas , Masculino , Humanos , Criança , Psicoterapia , Comportamento Compulsivo/tratamento farmacológicoRESUMO
A prevalência das disfunções sexuais é alta na população geral. A capacidade de regular as experiências emocionais facilita o relacionamento mais adaptado aos estados internos e às condições ambientais. A prática da atenção plena promove atenção à experiência do momento presente com curiosidade, abertura, aceitação, não reatividade e não julgamento e tem se mostrado eficaz para melhorar muitas condições biopsicossociais, sendo utilizada em ambientes de saúde, escolas e locais de trabalho. O objetivo é apresentar atualizações na abordagem das dificuldades sexuais por meio do desenvolvimento da atenção plena. Entre outras recomendações, o treinamento para descentralizar a atenção, o desenvolvimento de habilidades para perceber pensamentos e sentimentos como estados mentais, não necessariamente reais, além de promover aceitação, compaixão e melhor gestão de pensamentos intrusivos e ruminativos são alguns pontos positivos da prática da atenção plena como única abordagem ou associada a outras. É apresentado um protocolo com grupo terapêutico para desenvolvimento da atenção plena para casais, em que o parceiro é sobrevivente do câncer de próstata. Segue uma proposta terapêutica com oito módulos desenvolvida em formato presencial e adaptada para a plataforma virtual. Os módulos são: definições e causas da disfunção sexual; conscientização crescente das sensações físicas; exploração do corpo e julgamentos sobre ele; consciência de pensamentos e crenças sexuais; trabalho com aversão e autotoque; consciência das sensações sexuais; foco sensorial com o parceiro; manutenção (e aumento) dos ganhos. Essa prática desenvolvida online abriu um campo importante para beneficiar portadores de disfunção sexual com dificuldade para buscar outras modalidades de intervenção.
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Neoplasias da Próstata , Terapia Cognitivo-Comportamental , Sexualidade , Disfunções Sexuais Psicogênicas , Atenção PlenaRESUMO
The aim of this study was to estimate the prevalence of sexual dysfunction in depressive disorders in individuals not in pharmacological treatment. For this purpose, we performed a systematic review and meta-analysis using the PRISMA guidelines, and the review was registered in PROSPERO (registration number CRD42020179709). Studies that evaluated sexual function and dysfunction in major depressive disorder (MDD) and persistent depressive disorder (PDD) were identified through searches in PubMed/Medline, Web of Science, PsychINFO, Scopus, and Scielo. Twelve cross-sectional studies were eligible. In women with MDD, the pooled prevalence rates of sexual impairment were: 47.22% (95% CI: 34.86-59.58) for arousal; 65.30% (95% CI: 45.86-84.73) for desire; 36.98% (95% CI: 28.42-45.54) for lubrication; 34.17% (95% CI: 17.87-50.46) for orgasm; and 33.91% (95% CI: 17.48-50.34) for sexual satisfaction. In men, the sexual impairment prevalence rates were: 26.45% (95% CI: 12.26-40.63) for arousal; 40.32% (95% CI: 22.19-58.46) for desire; 32.07% (95% CI: 26.14-37.99) for erection; 35.27% (95% CI: 5.13-65.41) for orgasm; and 23.05% (95% CI: 13.60-32.51) for sexual satisfaction. Overall sexual dysfunction was found in 82.75% of women (95% CI: 74.71-90.78) and 63.26% of men (95% CI: 52.83-73.69). Our results show that various sexual functions are impaired in MDD, making imperative the systematic evaluation of these alterations by clinicians. Future studies should be conducted, especially in PDD, to elucidate the role of these disorders in sexual function.
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Transtorno Depressivo Maior , Disfunções Sexuais Fisiológicas , Masculino , Feminino , Humanos , Transtorno Depressivo Maior/complicações , Transtorno Depressivo Maior/epidemiologia , Estudos Transversais , Prevalência , Comportamento Sexual , Disfunções Sexuais Fisiológicas/epidemiologiaRESUMO
A população mundial tem vivido mais e deve manter uma boa saúde durante o processo de envelhecimento. Idosos expressam o desejo de preservar a vida sexual ativa, porém, mesmo com evidências de que o bem-estar sexual desempenha papel importante no sucesso dessa etapa de vida, os elementos facilitadores dessa condição têm sido pouco estudados. A diminuição e a interrupção dessa atividade entre as mulheres estão associadas à presença de disfunção erétil e/ou adoecimento do parceiro, entre outros fatores. Considerando a importância da satisfação sexual de mulheres em processo de envelhecimento, esse texto tem como objetivo discutir os elementos facilitadores dessa satisfação, na população idosa, visto que a manutenção da satisfação sexual é um forte preditor do envelhecimento saudável, assim como a atividade social e a saúde geral. Os estereótipos sociais, os preconceitos de familiares e pessoas com quem convivem, a falta de privacidade e a crença de que a viuvez encerra a vida sexual são algumas das barreiras à expressão do desejo sexual dessas mulheres. A maioria das mulheres mais velhas gostariam de permanecer sexualmente ativas, inclusive aquelas sem parceria. Por isso, os profissionais de saúde precisam estar conscientes da importância de novas referências sobre a sexualidade das mulheres em qualquer fase da vida. A diversidade de possibilidades de função e desempenho sexual ao longo do envelhecimento deve ser discutida para incentivá-las a serem sexualmente ativas e fortalecerem a resposta aos estímulos sexuais.
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Envelhecimento , Casamento , Saúde do Idoso , Viuvez , Saúde SexualRESUMO
Asexual, lesbian, gay, bisexual, and trans (ALGBT) individuals face worse life conditions and violence rates than their heterosexual cisgender counterparts. Brazil is often highlighted for having one of the highest rates of hate-related homicides against ALGBTs in the world. However, to date, Brazil's ALGBT population has not been investigated with a representative sample, and basic information such as population size or sociodemographic characteristics are mostly based in non-systematic data. We aimed to assess the proportion of asexual, lesbian, gay, bisexual, trans and non-binary adults in Brazil, their sociodemographic characteristics, and self-reported violence rates. In 2018, a sample (n = 6000) of the Brazilian adult population answered a face-to-face survey assessing sociodemographic characteristics, gender identity, sexual orientation, and self-reported psychological, physical, verbal, and sexual violence. Among Brazilian adults, 12.04% are ALGBT: 5.76% asexual, 0.93% lesbian, 1.37% gay, 2.12% bisexual, 0.68 trans, and 1.18% non-binary. Compared to heterosexual cisgender men, most ALGBT individuals have worse socioeconomic indicators and higher rates of self-reported psychological and verbal violence. All ALGBT groups and heterosexual cisgender women reported sexual violence more often than heterosexual cisgender men. It was reported between 4 up to 25 times more often by heterosexual cisgender women and trans individuals, respectively. The rates of the other ALGBT groups sit among the two. Our findings provide evidence of the important size of the ALGBT Brazilian population, as well as their socioeconomic vulnerability, and concerning violence levels experienced by the group. Policy makers may refer to the present article in order to mitigate this population's vulnerability and to better understand its sociodemographic characteristics.
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Bissexualidade , Identidade de Gênero , Adulto , Brasil/epidemiologia , Feminino , Humanos , Masculino , Autorrelato , ViolênciaRESUMO
Em geral, maior nível de estresse durante a pandemia agravou a saúde mental e sexual. Estresse financeiro refere-se à ausência de renda satisfatória e insatisfação com essa condição. Piores condições econômicas geraram o estresse financeiro e o comprometimento da qualidade de vida dos casais. O objetivo desse texto é discutir a influência de estressores financeiros no relacionamento conjugal e na saúde mental e sexual. Embora os casais iniciem a vida conjugal com expectativas positivas, dificuldades financeiras preveem aumento de depressão, diminuição da satisfação conjugal e aumento dos conflitos, com maior probabilidade de divórcio. A administração conjunta da renda tem sido associada a uma melhor qualidade e coesão nos relacionamentos, especialmente para as mulheres, enquanto contas individuais podem minar a satisfação feminina, reduzindo sentimentos de intimidade, compatibilidade sexual e satisfação com a resolução de conflitos. Na abordagem de relacionamento conjugal e saúde sexual, as percepções podem desempenhar um papel mais importante do que os fatos objetivos. A percepção da satisfação financeira e sexual prevê melhor a estabilidade conjugal do que os recursos financeiros objetivos ou a frequência de relações sexuais. O estresse financeiro está associado não só a maior insatisfação financeira como também sexual, levando a maior instabilidade conjugal. Habilidades comunicacionais saudáveis, para comunicação financeira e relacional, facilitam a abordagem de questões relativas a dinheiro e sexo, adequando a percepção dessas questões. Gestão financeira, percepção de satisfação sexual e habilidades comunicacionais juntas desempenham um papel preponderante na qualidade da vida conjugal.
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Humanos , Masculino , Feminino , Casamento/psicologia , Saúde Mental , Comunicação , Saúde Sexual , Estresse Financeiro/psicologia , RendaRESUMO
Estamos testemunhando um aumento previsível de sobreviventes ao câncer em decorrência da sofisticação crescente dos tratamentos, porém esses pacientes enfrentam sintomas de longo prazo, com efeitos psicológicos, sendo a disfunção sexual o mais prevalente e duradouro e com tendência a piorar quando não tratada. O objetivo desse artigo é discutir o comprometimento da saúde sexual como um dos efeitos colaterais mais dramáticos dos tratamentos de câncer e propor algumas recomendações terapêuticas. O modelo atual de resposta sexual é biopsicossocial, considerando que pacientes fragilizados pelo diagnóstico e pelos tratamentos para o câncer apresentarão alterações em dimensões psicológicas, sociais, culturais e relacionais. A saúde sexual feminina fica comprometida com sintomas físicos e psicológicos e dificuldades relacionais. Sobreviventes de câncer da próstata apresentam capacidade erétil insuficiente para a penetração. A terapêutica tradicional busca melhorar a função erétil, mas há evidências de que essas intervenções são insuficientes por não abordar as sequelas psicológicas. A perda da intimidade sexual pode comprometer o relacionamento do casal, a satisfação com o relacionamento, a saúde física e mental e a qualidade de vida. Há evidências de eficácia de programas psicoeducacionais, com orientações ao casal antes e durante o tratamento, mindfulness e tratamento em grupo. Mesmo com evidências da necessidade de abordar a saúde sexual dos sobreviventes dos tratamentos de câncer, os profissionais de saúde justificam a não abordagem com a falta de capacitação e a de tempo. Apresentamos um modelo breve de treinamento dos profissionais de saúde para a abordagem da saúde sexual, com resultados promissores.
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Disfunções Sexuais Fisiológicas , Saúde Sexual , Atenção Plena , Disfunção Erétil , NeoplasiasRESUMO
OBJECTIVE: In 2020, the COVID-19 pandemic brought a work and stress overload to healthcare workers, increasing their vulnerability to mental health impairments. In response, the authors created the COMVC-19 program. The program offered preventive actions and mental health treatment for the 22,000 workers of The Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). This paper aims to describe its implementation and share what we have learned from this experience. METHODS: Workers were able to easily access the program through a 24/7 hotline. Additionally, a mobile phone app that screened for signs and symptoms of emotional distress and offered psychoeducation and/or referral to treatment was made available. Data from both these sources as well as any subsequent psychiatric evaluations were collected. RESULTS: The first 20 weeks of our project revealed that most participants were female, and part of the nursing staff working directly with COVID-19 patients. The most frequently reported symptoms were: anxiety, depression and sleep disturbances. The most common diagnoses were Adjustment, Anxiety, and Mood disorders. CONCLUSIONS: Implementing a mental health program in a multimodal intervention was feasible in a major quaternary public hospital. Our data also suggests that preventive actions should primarily be aimed at anxiety and depression symptoms, with a particular focus on the nursing staff.
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COVID-19 , Ansiedade/epidemiologia , Ansiedade/prevenção & controle , Brasil/epidemiologia , Depressão , Feminino , Pessoal de Saúde , Humanos , Saúde Mental , Pandemias , SARS-CoV-2RESUMO
A pandemia pela nova doença do coronavírus (COVID-19) e o confinamento têm provocado o aumento de dificuldades psicossociais pelo desconforto com a perda da liberdade, pelas incertezas sobre a doença e outras alterações no cotidiano. O risco para ansiedade e depressão ficou maior entre os que apresentavam sintomas psicológicos anteriores. Após a quarentena, um dos principais estressores é a perda financeira. A pandemia influenciou a qualidade da vida sexual. Na população, metade interrompeu a atividade sexual durante a quarentena. A maioria dos casais reduziu essa atividade pela falta de privacidade e de estímulo, embora 61,2% mantivessem o autoerotismo. A diminuição da satisfação sexual está associada às alterações provocadas pela pandemia para todos, porém foi mais acentuada em mulheres, por terem apresentado mais sintomas de ansiedade e depressão. Indivíduos que mantiveram vida sexual ativa durante a quarentena apresentaram risco menor para ansiedade e depressão, com maiores índices de saúde relacional e sexual. Indivíduos com muitas parcerias desempenham um papel importante como transmissores, porém, o isolamento social e o estresse podem aumentar a necessidade de contato emocional. Com esse impacto negativo da pandemia, o tratamento das disfunções sexuais deveria ser priorizado, pois o aumento do estresse, da ansiedade, da depressão e até mesmo dos sintomas relativos ao estresse pós-traumático causado pela pandemia pode estar contribuindo para o desencadeamento de problemas sexuais e agravando quadros já existentes. Os profissionais de saúde precisam estar conscientes dos benefícios da manutenção da vida sexual.
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Humanos , Masculino , Feminino , Ansiedade/psicologia , Saúde Mental , Depressão/psicologia , Saúde Sexual , COVID-19/psicologiaRESUMO
A doença de Peyronie, notória desde 1743, segue sendo um grande desafio na prática médica, com prevalência relevante e grande impacto na vida sexual dos casais. O tratamento cirúrgico é a principal modalidade terapêutica capaz de restabelecer a vida sexual nos pacientes com doença de Peyronie significativa. A escolha do momento de implementação do tratamento cirúrgico, bem como a escolha da técnica a ser empregada, varia de acordo com três pontos centrais: a fase da doença, a deformidade apresentada e a função erétil. Estes pilares para a decisão terapêutica do paciente com doença de Peyronie possuem nuances, não sendo simples a caracterização destes fatores em muitos casos. Uma avaliação pré-operatória criteriosa, fundamental para a melhor escolha terapêutica, exige experiência e um conhecimento aprofundado sobre o tema. O objetivo do presente artigo é promover uma ampla discussão acerca de fatores primordiais da avaliação pré-operatória de pacientes com doença de Peyronie.
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Doenças do Pênis , Induração Peniana , Cuidados Pré-Operatórios , Implante Peniano , Disfunção ErétilRESUMO
Infertilidade é uma condição que afeta muitos casais. Entre 30% e 40% de mulheres em fertilização assistida apresentam depressão e ansiedade. O relacionamento conjugal também é atingido. Fatores psicossociais que podem tornar indivíduos inférteis mais vulneráveis ao estresse são: características de personalidade, sentimentos de ameaça ou de perda relacionados à infertilidade, percepção de pouco controle sobre a condição de infertilidade e o resultado do tratamento, utilização frequente de estratégias de enfrentamento caracterizadas por evitação e fuga, insatisfação conjugal e dificuldade de comunicação do casal e rede de apoio social insuficiente. Observou-se pequena associação, mas significativa, entre estresse e angústia e a redução das chances de gravidez com o tratamento. A infertilidade e as abordagens terapêuticas para fertilização provocam mudanças na autoestima, no relacionamento e na função sexual. As disfunções sexuais atingem as mulheres (43% a 90%) e os homens (48% a 58%). Além do sofrimento psíquico nas mulheres e em seus parceiros, o comprometimento da vida sexual do casal pode afetar a continuidade do relacionamento, inclusive para o enfrentamento dos desafios do casal que se torna pai e mãe, quando o tratamento é bem-sucedido. A confirmação de que a resiliência pode desempenhar função de proteção nesse percurso, fortalece a importância do acompanhamento psicológico, visando otimizar todos os recursos para melhor superação dessa fase da vida dos casais.