RESUMO
INTRODUCTION: In order to improve the health of travellers during travel it is important to better understand the health problems faced by travellers in different destinations. The main objective of this study was to characterise the perceived health problems of travellers during and up to six months after travel on a pre-travel clinic in Lisbon, Portugal. MATERIAL AND METHODS: This is a prospective observational study. Participants were recruited among those travellers attending a pretravel clinic between May 2016 and April 2017, meeting the inclusion criteria (age over 18 years old and predicted time of stay from five to 90 days). Structured questionnaires were applied by telephone interviews, three and six months after arrival. Associations and their magnitude were sought between travel and traveller's characteristics with total and specific health problems, using multiple logistic regression models. RESULTS: Out of 364 participants who completed the study, 60% were under 37 years of age, and 87.9% presented a higher educationaldegree. Africa and Asia were travel destinations for 89.1% of travellers. Three months after travel, 39.3% confirmed some travel-acquired health problem, namely diarrhoea (26.6%) and unmeasured fever (12.4%). A malaria case was diagnosed, occurring 3.5 months after return. From a total of 189 travellers to countries with high risk of malaria and chemoprophylaxis recommendation, 65.6% adhered completely and 6.9% of those presenting fever during travel sought healthcare. DISCUSSION: The proportion of travellers that became ill was lower compared to other published studies. Failure to follow a randomsampling method and the characteristics of the travel consultation with a particular profile of travellers in terms of level of education and ability to pay, challenges the external validity of the study. CONCLUSION: Health problems during or after travel occurred in 39.3% of travellers with diarrhoeal disease being the most common (26.6%). From our findings, the need for taking chemoprophylaxis for malaria or seeking health care in the presence of fever is not translated into appropriate action. The reasons are unclear and should be the subject of further research. Furthermore, research is needed with inclusion of other centres practicing travel medicine in Portugal, both in the pre-travel setting and others, in order to better understand the health risks associated with Portuguese traveller's characteristics and destinations.
Introdução: De forma a melhorar a saúde dos viajantes é necessário compreender os principais problemas de saúde enfrentados em diferentes destinos. O principal objetivo deste estudo foi caracterizar os problemas de saúde relatados por pessoas que recorreram a uma consulta do viajante em Lisboa durante e até seis meses após a viagem. Material e Métodos: Este é um estudo observacional e prospetivo. Os participantes foram recrutados entre os viajantes que compareceram na consulta entre maio de 2016 e abril de 2017, de acordo com os critérios de inclusão (idade igual ou superior a 18 anos e o tempo previsto de permanência em viagem de cinco a 90 dias). Os questionários estruturados foram aplicados por entrevistas telefónicas, três e seis meses após a chegada. Usando vários modelos de regressão logística, foram procuradas associações entre as características das viagens e dos viajantes com os problemas de saúde totais e específicos, e determinada a sua relevância. Resultados: Dos 364 participantes que completaram o estudo, 60% tinham menos de 37 anos de idade e 87,9% tinham um curso superior. As regiões de África e da Ásia foram os destinos de viagem para 89,1% dos viajantes. Três meses após a viagem, 39,3% dos viajantes relataram algum problema de saúde nomeadamente diarreia (26,6%) e febre (12,4%). Foi diagnosticado um caso de malária 3,5 meses após o regresso. Num total de 189 viajantes para regiões com indicação para quimioprofilaxia de malária, 65,6% tiveram uma adesão completa e 6,9% procuraram cuidados de saúde, no caso de febre durante a viagem. Discussão: A proporção de viajantes que adoeceu foi menor do que noutros estudos publicados. O não cumprimento de um método de amostragem aleatória e as características desta consulta de viajante, que apresenta um perfil específico de viajantes em termos de nível de escolaridade e capacidade de pagamento, colocam em causa a validade externa do estudo. Conclusão: Os problemas de saúde, durante ou após a viagem, ocorreram em 39,3% dos viajantes, sendo que a diarreia é o problema mais frequente (26,6%). A não adesão a recomendações carece de melhor caracterização. É necessário realizar este tipo de estudo em viajantes que não vão a consultas de aconselhamento antes da viagem e noutros centros de medicina do viajante, de forma a melhor caracterizar os riscos de doença associados a diferentes características e destinos dos viajantes portugueses.