RESUMO
Resumo Por meio de um esforço analítico-interpretativo de releitura dos fatos históricos apresentados acerca da ideia, da proposta, do movimento e do processo da Reforma Sanitária Brasileira (RSB), e à luz das teorias e críticas decolonial e feminista negra, este artigo de cunho ensaístico tem como objetivo propor um giro epistemológico e político para uma práxis sanitária decolonial. Em um primeiro momento, reflete acerca de alguns pontos de incoerência de certas dimensões da RSB que possivelmente contribuíram para que houvesse promessas não cumpridas em sua proposta. Na segunda parte do trabalho, (re)posiciona a analítica concernente à situação de colonialidade no Brasil com relação ao que está em jogo, na tentativa de "redemocratizar a vida" neste país. Finalmente, evidencia-se que, apesar de haver muito a avançar, asseguradamente a RSB não é um "movimento desnaturado".
Abstract By an analytical-interpretative effort of re-reading the historical facts regarding the idea, proposal, movement, and process of the Brazilian Health Care Reform (HCR) in light of decolonial and Black Feminist theories and critics, this study aims to propose an epistemological and political turn toward a decolonial health praxis. In a first moment, it reflects about some points of incoherence of certain dimensions in the HCR proposal. The second part of this studyd (re)positions this analysis concerning the coloniality situation in Brazil regarding what lies at stake in the attempt of "life redemocratization" in this country. Finally, it highlights that despite much progress to be made, the Brazilian Health Reform is assuredly not a "denatured movement."
Assuntos
Feminismo , População Negra , Descolonização , Política de Saúde , Acessibilidade aos Serviços de SaúdeRESUMO
Objetivo: Compartilhar, refletir e analisar a experiência com e sobre as brincadeiras e os jogos tradicionais de culturas indígena e africana desenvolvidos durante uma pesquisa-ação participante com o sexto ano do ensino fundamental de uma escola da rede pública em Porto Alegre/RS no ano letivo de 2023. Metodologia: Para a produção de informações deste estudo foram utilizadas as Notas de Campo da primeira autora, professora da turma envolvida na pesquisa-ação participante, e os materiais produzidos pelos(as) estudantes nas aulas de Educação Física. Resultados e discussão: Com este estudo, compreendemos que apesar da efetivação das Leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08 na escola ainda se mostrar um grande desafio, em razão dos processos de colonialidade na educação, as brincadeiras e os jogos tradicionais são saberes importantes no diálogo com os(as) estudantes para a educação para as relações étnico-raciais.
Objective: to analyze and reflect on the experience with and about traditional games of indigenous and African origins that were carried out during a participatory action research with the sixth year of secondary education at a school within the public education system in Porto Alegre, Brazil, in the academic year of 2023. Methodology: To produce information for this study, the Field Notes of the first author (teacher of the group involved in the research) were used, as well as the materials created by the students during the Physical Education classes. Results and discussion: With this study, we understand that despite the implementation of Laws nº 10.639/03 and nº 11.645/08 in schools still proving to be a great challenge, dueto the processes of coloniality in education, traditional games and games are important knowledge in the dialogue with students for education for ethnic-racial relations.
Objetivo: compartir, reflexionar y analizar la experiencia con -y acerca de- diferentes juegos tradicionales, de matrices indígena y africana, que se llevaron a cabo durante una investigación-acción-participativa con estudiantes de sexto grado de educación básica de una escuela pública de Porto Alegre/RS, durante el año académico 2023. Metodología: Para producir la información de este estudio, se utilizaron las Notas de Campo de la primera autora (profesora de la clase e involucrada en la investigación-acción-participativa), así como los materiales producidos por los(as) estudiantes en las clases de Educación Física. Resultados y discusión: Con este estudio, entendemos que a pesar de La implementación de las Leyes nº 10.639/03 y nº 11.645/08 em las escuelas sigue siendo um gran desafío, debido a los procesos de colonialidad em la educación, los juegos y juegos tradicionales son conocimientos importantes em el diálogo com estudiantes para la educación para las relaciones étnico-raciales.
Assuntos
Humanos , Criança , Educação Física e Treinamento , Jogos e Brinquedos , Instituições Acadêmicas , Conhecimento , Ensino Fundamental e Médio , Transculturação , Descolonização , Relações Raciais , Estudantes , Negro ou Afro-Americano , Direitos Culturais , Cultura IndígenaRESUMO
O desenvolvimento das desigualdades sociais, raciais e de gênero no Brasil tem suas origens no processo de colonização. Igualmente, a origem eurocêntrica, cientificista e colonial atravessa a Psicologia a partir da colonialidade. Utilizando fundamentos da Psicologia da Libertação e dos estudos decoloniais, tem-se como objetivo analisar a atuação com as comunidades em situação de pobreza como estratégia de decolonização da Psicologia brasileira. Resgatar a memória histórica, potencializar as ações de resistências coletivas interseccionais e enfrentar as desigualdades coloniais são estratégias apontadas para transformar de forma decolonial esse modo de fazer da Psicologia. O profissional deve questionar seus marcadores de privilégio e de opressão baseados em raça, classe, gênero e território. A atuação precisa utilizar metodologias participativas, potencializando as estratégias de resistências históricas das populações negras e indígenas e escolhendo as comunidades em situação de pobreza como campo de ação. (AU)
The development of social, racial and gender inequalities in Brazil has its origins in the colonization process. Likewise, the Eurocentric, scientistic and colonial origin crosses Psychology from coloniality. Using the foundations of Liberation Psychology and decolonial studies, the aim is to analyze the work with communities in poverty as a strategy to decolonize Brazilian Psychology. Rescuing the historical memory, potentiating the actions of collective resistance and facing colonial inequalities are strategies pointed out to transform in a decolonial way this way of doing Psychology. The professional must question his markers of privilege and oppression based on race,class, gender, and territory. The action needs to use participative methodologies, empowering the historical interseccional resistance strategies of the black and indigenous populations and choosing communities in poverty as a field of action. (AU)
El desarrollo de las desigualdades sociales, raciales y de género en Brasil tiene su origen en el proceso de colonización. Asimismo, los orígenes eurocéntricos, cientificistas y coloniales recorren la Psicología desde la colonialidad. Utilizando los fundamentos de la Psicología de la Liberación y de los estudios decoloniales, se pretende analizar el trabajo con comunidades en situación de pobreza como estrategiapara descolonizar la Psicología brasileña. Rescatar la memoria histórica, potenciar las acciones de resistencia colectiva interseccional y enfrentar las desigualdades coloniales son estrategias señaladas para transformar de manera decolonial esta forma dehacer Psicología. Los profesionales deben cuestionar sus marcadores de privilegio y opresión basados en la raza, la clase, el género y el territorio. La acción debe utilizar metodologías participativas, reforzando las estrategias históricas de resistenciade las poblaciones negras e indígenas y eligiendo a las comunidades en situación de pobreza como campo de acción. (AU)
Assuntos
Pobreza/psicologia , Psicologia Social/métodos , Descolonização/psicologia , Brasil , ColonialismoRESUMO
Resumo Com o advento da aids, uma articulação discursiva jornalística-biomédica-midiática contribuiu para acentuar a estigmatização sobre determinadas populações implicando uma colonização do HIV em que o vírus atingiria algumas pessoas enquanto outras estariam livres. Através de uma Análise do Discurso Crítica (ADC) realizou-se uma análise de retórica de algumas rupturas e continuidades discursivas nas áreas acadêmica-jurídica-midiática a partir de uma revisão narrativa de literatura (RNL). Os referenciais teóricos, éticos e políticos dos estudos decoloniais foram utilizados para a presente análise por entenderem que a colonialidade se reproduz em uma tripla dimensão: a do poder, do saber e do ser. Estes estudos foram articulados à uma crítica interseccional em que múltiplas formas de discriminação podem se sobrepor e serem experimentadas em intersecção tendo a contextualização sobre o que representou a aids, no Haiti, como eixo central comparativa para análise. Interessou-nos pensar a contribuição dessas perspectivas para lançar algumas provocações às respostas ao HIV/aids numa tentativa de superação de uma visão reducionista propagada por discursos morais e criminalizantes que, ao se posicionarem através de uma suposta neutralidade, dissimulam a interseccionalidade de gênero, classe, raça e sexualidade, levantando barreiras para as políticas e estratégias de promoção da saúde e prevenção ao HIV/aids.
Abstract With the advent of AIDS, a discursive journalistic-biomedical-mediatic articulation contributed to accentuate stigmatization on certain populations, implying a colonization of HIV in which the virus would reach some people while others would be free. Through a Critical Discourse Analysis (CDA), a critical literature review was carried out in some academic-legal-media areas from a narrative literature review (NLR). The theoretical, ethical and political references of decolonial studies were used for the present analysis because they understand that coloniality is reproduced in a triple dimension: that of power, knowledge and being. These studies were linked to an intersectional criticism in which multiple forms of discrimination can overlap and be experienced in intersection having the contextualization about what aids represented, in Haiti, as a comparative central axis for analysis. We were interested in thinking about the contribution of these perspectives to launch some provocations to the responses to HIV/AIDS in an attempt to overcome a reductionist view propagated by moral and criminalizing discourses that, by positioning themselves through supposed neutrality, conceal the intersectionality of gender, class, race and sexuality, raising barriers to health promotion and HIV/AIDS prevention policies and strategies.