RESUMEN
Em decorrência dos recentes avanços nos dispositivos percutâneos, a avaliação tanto da pressão como do fluxo coronário tem se tornado acessível e segura. Muitas vezes, no laboratório de cateterismo, o intervencionista defronta-se com a difícil tarefa de definir a gravidade de uma lesão coronária sem a necessidade de exame diagnóstico não-invasivo. Por essa razão, métodos vêm sendo desenvolvidos para avaliar a gravidade hemodinâmica dessas lesões coronárias durante a angiogrâfia. O uso do cateter Doppler intracoronário possibilitou o cálculo de um índice de reserva de velocidade de fluxo coronário (média da velocidade de pico em hiperemia/repouso), que, quando mostra valores acima de 2,0, sugere fortemente a presença de perfusão miocárdica normal, descartando a necessidade de revascularização da lesão coronária em estudo. No entanto, a reserva de velocidade de fluxocoronário é dependente da integridade da microcirculação e pode ser reduzida por fatores sistêmicos,especialmente o diabetes. Em contraste com esse método, a reserva de fluxo fracionada (pressões distal/proximal em hiperemia máxima) é independente da microcirculação e das mudanças no estado hemodinâmico do paciente. Quando acima de 0,75, sugere ausência de obstrução significativa ao fluxo. Após intervenções, a observação de reserva de velocidade de fluxo coronário maior 2,5, especialmente se combinada com um diâmetro de estenose menor 35 por cento, é um preditor de bom prognóstico a longo prazo. Já a reserva de fluxo fracionada após o implante de stent deve ser maior ou menor 0,96, no intuito de evitar a liberação subótima do stent. Os dados que sustentam a reserva de fluxo fracionada para a avaliação prévia de um procedimento e para guiar intervenções percutâneas parecem mais consistentes que os dados sobre reserva de velocidade de fluxo coronário. Por essa razão, e pela relativa facilidade de seu uso, a utilização da reserva de fluxo fracionada é mais recomendada sempre que haja necessidade de avaliação funcional...