RESUMO
A coinfecção Leishmania/HIV vem sendo considerada uma associação em várias regiões do mundo e a evolução da doença é agravada pelo comprometimento imune causado por ambos os patógenos. A ativação crônica é um dos principais substratos imunopatogênicos decorrentes da infecção pelo HIV-1 e também pela Leishmania infatum. Neste contexto, este estudo teve por objetivo avaliar a influência da infecção por Leishmania no grau de comprometimento quantitativo e qualitativo dos linfócitos T e na ativação do sistema imune de pacientes coinfectados. Além disso, foram avaliados fatores microbianos associados à ativação celular na leishmaniose visceral (LV) e na coinfecção LV/HIV-1, bem como, o impacto da reconstituição imune pós-terapia antiretroviral (TARV) e do tratamento anti-Leishmania na recuperação da resposta imune celular na LV. Para isso, foram avaliados LV/HIV-1, sendo vinte e um casos com LV ativa e quatorze em fase de remissão pós-tratamento anti-leishmania. Sete casos fazem parte de um estudo longitudinal e ainda se encontram em acompanhamento até o momento Indivíduos com LV (fase ativa e de remissão), casos de HIV-1 e indivíduos sadios também foram estudados como controles. O comprometimento imune foi avaliado através das contagens absolutas de linfócitos T CD4 + , expressão de moléculas associadas à ativação celular (CD38) e à senescência/diferenciação replicativa (CD57 e CD27), bem como, pela caracterização das regiões variáveis da cadeia beta (V\03B2) do receptor de linfócitos T ex vivo e in vitro. Os fatores potencialmente associados à ativação celular também foram avaliados, entre eles: carga viral plasmática (CV), quantificação do parasitismo por Leishmania, níveis de lipopolissacarídeo (LPS), CD14 solúvel (sCD14), proteína intestinal ligadora de ácido graxo (IFABP) e o perfil de citocinas circulantes. Os pacientes LV/HIV-1 apresentaram contagens de linfócitos T CD4 + inferiores a 250 células/mm 3 , sem correlação com a CV e independente da fase clínica. Os maiores percentuais de linfócitos T CD8 + expressando CD38 foram observados nos pacientes coinfectados, comparados aos casos de HIV-1/AIDS e de LV apenas. Além disso, tais níveis permaneceram elevados apesar do uso de TARV e da menor carga parasitária pós-tratamento anti-leishmania. O acompanhamento prospectivo de um paciente LV/HIV-1 até longo tempo pós-tratamento para LV também mostrou a ausência de recuperação quantitativa e qualitativa da resposta imune celular, aliado à presença de lesões cutâneas concomitantes e episódio de reativação Altos níveis de LPS foram observados nos casos de LV apenas, os quais se correlacionaram com a ativação de células T, sCD14, IFABP e citocinas pró-inflamatórias, sugerindo que um produto bacteriano não associado à infecção por Leishmania e, de provável origem luminal, pode exercer um papel importante na imunopatogênese da LV. Os níveis de LPS também foram elevados na coinfecção LV/HIV-1 e embora não tenham sido superiores aos casos de HIV-1 apenas, se correlacionaram com o percentual de células T CD8 + ativadas e com o perfil de citocinas pró-inflamatórias. Consistente com o status de ativação celular e comprometimento imune, os pacientes LV/HIV-1 apresentaram níveis elevados de células senescentes e alterações no repertório do TCR, sem a mobilização diferencial de uma determinada família V\03B2 frente à coinfecção. Além disso, a análise prospectiva de cinco casos de LV/HIV-1 mostrou que o desfecho clínico da LV não pôde ser associado a um perfil de distribuição dos V\03B2 (mono/oligo/policlonal). Nossos resultados sugeriram que a associação LV/HIV-1 resulta num efeito sinérgico in vivo, no qual o grau de ativação celular e o perfil de citocinas liberadas podem estar diretamente relacionados à infecção por L. infantum e suas consequências imunopatogênicas, bem como à atividade estimulatória do LPS. Estudos prospectivos poderão auxiliar a validar o papel desses parâmetros imunológicos no prognóstico da associação Leishmania/HIV
Assuntos
Coinfecção , Leishmaniose Visceral , Síndrome da Imunodeficiência Adquirida , HIV-1RESUMO
A coinfecção Leishmania/HIV vem sendo considerada uma associação em várias regiões do mundo e a evolução da doença é agravada pelo comprometimento imune causado por ambos os patógenos. A ativação crônica é um dos principais substratos imunopatogênicos decorrentes da infecção pelo HIV-1 e também pela Leishmania infatum. Neste contexto, este estudo teve por objetivo avaliar a influência da infecção por Leishmania no grau de comprometimento quantitativo e qualitativo dos linfócitos T e na ativação do sistema imune de pacientes coinfectados. Além disso, foram avaliados fatores microbianos associados à ativação celular na leishmaniose visceral (LV) e na coinfecção LV/HIV-1, bem como, o impacto da reconstituição imune pós-terapia antiretroviral (TARV) e do tratamento anti-Leishmania na recuperação da resposta imune celular na LV. Para isso, foram avaliados LV/HIV-1, sendo vinte e um casos com LV ativa e quatorze em fase de remissão pós-tratamento anti-leishmania. Sete casos fazem parte de um estudo longitudinal e ainda se encontram em acompanhamento até o momento
Indivíduos com LV (fase ativa e de remissão), casos de HIV-1 e indivíduos sadios também foram estudados como controles. O comprometimento imune foi avaliado através das contagens absolutas de linfócitos T CD4 + , expressão de moléculas associadas à ativação celular (CD38) e à senescência/diferenciação replicativa (CD57 e CD27), bem como, pela caracterização das regiões variáveis da cadeia beta (Vβ) do receptor de linfócitos T ex vivo e in vitro. Os fatores potencialmente associados à ativação celular também foram avaliados, entre eles: carga viral plasmática (CV), quantificação do parasitismo por Leishmania, níveis de lipopolissacarídeo (LPS), CD14 solúvel (sCD14), proteína intestinal ligadora de ácido graxo (IFABP) e o perfil de citocinas circulantes. Os pacientes LV/HIV-1 apresentaram contagens de linfócitos T CD4 + inferiores a 250 células/mm 3 , sem correlação com a CV e independente da fase clínica. Os maiores percentuais de linfócitos T CD8 + expressando CD38 foram observados nos pacientes coinfectados, comparados aos casos de HIV-1/AIDS e de LV apenas. Além disso, tais níveis permaneceram elevados apesar do uso de TARV e da menor carga parasitária pós-tratamento anti-leishmania. O acompanhamento prospectivo de um paciente LV/HIV-1 até longo tempo pós-tratamento para LV também mostrou a ausência de recuperação quantitativa e qualitativa da resposta imune celular, aliado à presença de lesões cutâneas concomitantes e episódio de reativação
Altos níveis de LPS foram observados nos casos de LV apenas, os quais se correlacionaram com a ativação de células T, sCD14, IFABP e citocinas pró-inflamatórias, sugerindo que um produto bacteriano não associado à infecção por Leishmania e, de provável origem luminal, pode exercer um papel importante na imunopatogênese da LV. Os níveis de LPS também foram elevados na coinfecção LV/HIV-1 e embora não tenham sido superiores aos casos de HIV-1 apenas, se correlacionaram com o percentual de células T CD8 + ativadas e com o perfil de citocinas pró-inflamatórias. Consistente com o status de ativação celular e comprometimento imune, os pacientes LV/HIV-1 apresentaram níveis elevados de células senescentes e alterações no repertório do TCR, sem a mobilização diferencial de uma determinada família Vβ frente à coinfecção. Além disso, a análise prospectiva de cinco casos de LV/HIV-1 mostrou que o desfecho clínico da LV não pôde ser associado a um perfil de distribuição dos Vβ (mono/oligo/policlonal). Nossos resultados sugeriram que a associação LV/HIV-1 resulta num efeito sinérgico in vivo, no qual o grau de ativação celular e o perfil de citocinas liberadas podem estar diretamente relacionados à infecção por L. infantum e suas consequências imunopatogênicas, bem como à atividade estimulatória do LPS. Estudos prospectivos poderão auxiliar a validar o papel desses parâmetros imunológicos no prognóstico da associação Leishmania/HIV(AU)
Assuntos
Humanos , Leishmaniose Visceral , HIV-1 , Síndrome da Imunodeficiência AdquiridaRESUMO
A co-infecção Leishmania/HIV vem sendo considerada uma doença emergente em várias regiões do mundo e a evolução do agravo é profundamente dependente da resposta imune celular. A desregulação do sistema imunológico provocada pelo HIV compromete os mecanismos de controle da Leishmania, assim como, componentes glicoproteícos do parasito podem acelerar a replicação do HIV, levando à progressão para a AIDS. Neste contexto, este estudo teve por objetivo avaliar mecanismos imunopatogênicos decorrentes do efeito da interação entre esses patógenos, através da análise do grau de comprometimento quantitativo e qualitativo dos linfócitos, com vistas a investigar potenciais marcadores fenotípicos que possam auxiliar na avaliação do prognóstico de amabas as infecções. Além disso, foi avaliado o impacto da reconstituição imune pós-terapia antiretroviral na recuperação da resposta imune celular na leishmaniose visceral (LV) e tegumentar americana (LTA). Para isso, foram avaliados pacientes com diagnóstico de co-infecção Leishmania/HIV, subdivididos nas formas clínicas: LV/HIV (nove ativos e seis em remissão) e LTA/HIV (sete em remissão). A título de comparação, foram estudados indivíduos com LV (fase ativa e de remissão) e LTA (remissão) sem infecção pelo HIV. O comprometimento imune foi avaliado através das contagens absolutas de linfócitos T CD4, níveis de RNA viral plasmático (carga viral-CV) e expressão de moléculas associadas à ativação (HLA-DR, CD38 e CD25), diferenciação (CD45RO e CCR7) e migração celular (CD45RA e CD62L). A resposta imune específica aos antígenos parasitários e viral foi avaliada por ensaios de linfoproliferação e quantificação de citocinas (IFN-gama e IL-10). Os pacientes LV/HIV apresentaram contagens de linfócitos TCD4 inferiores a 250 células/mm, sem correlação com a CV, independente da fase clínica. Diferentemente, os pacientes LTA/HIV apresentaram contagens medianas de 440 céls/mm e níveis baixos de CV. Altos percentuais de...Leishmania/HIV.(AU)
Assuntos
Estudo Comparativo , Humanos , Leishmaniose Tegumentar Difusa , Leishmaniose Visceral , Imunidade Celular , Leishmania/imunologia , HIV/imunologia , Linfócitos TRESUMO
A co-infecção Leishmania/HIV vem sendo considerada uma doença emergente em várias regiões do mundo e a evolução do agravo é profundamente dependente da resposta imune celular. A desregulação do sistema imunológico provocada pelo HIV compromete os mecanismos de controle da Leishmania, assim como, componentes glicoproteícos do parasito podem acelerar a replicação do HIV, levando à progressão para a AIDS. Neste contexto, este estudo teve por objetivo avaliar mecanismos imunopatogênicos decorrentes do efeito da interação entre esses patógenos, através da análise do grau de comprometimento quantitativo e qualitativo dos linfócitos, com vistas a investigar potenciais marcadores fenotípicos que possam auxiliar na avaliação do prognóstico de amabas as infecções. Além disso, foi avaliado o impacto da reconstituição imune pós-terapia antiretroviral na recuperação da resposta imune celular na leishmaniose visceral (LV) e tegumentar americana (LTA). Para isso, foram avaliados pacientes com diagnóstico de co-infecção Leishmania/HIV, subdivididos nas formas clínicas: LV/HIV (nove ativos e seis em remissão) e LTA/HIV (sete em remissão). A título de comparação, foram estudados indivíduos com LV (fase ativa e de remissão) e LTA (remissão) sem infecção pelo HIV. O comprometimento imune foi avaliado através das contagens absolutas de linfócitos T CD4, níveis de RNA viral plasmático (carga viral-CV) e expressão de moléculas associadas à ativação (HLA-DR, CD38 e CD25), diferenciação (CD45RO e CCR7) e migração celular (CD45RA e CD62L). A resposta imune específica aos antígenos parasitários e viral foi avaliada por ensaios de linfoproliferação e quantificação de citocinas (IFN-gama e IL-10). Os pacientes LV/HIV apresentaram contagens de linfócitos TCD4 inferiores a 250 células/mm, sem correlação com a CV, independente da fase clínica. Diferentemente, os pacientes LTA/HIV apresentaram contagens medianas de 440 céls/mm e níveis baixos de CV. Altos percentuais de...Leishmania/HIV.(AU)
Assuntos
Estudo Comparativo , Humanos , Leishmaniose Tegumentar Difusa , Leishmaniose Visceral , Imunidade Celular , Leishmania/imunologia , HIV/imunologia , Linfócitos TRESUMO
A co-infecção Leishmania/HIV vem sendo considerada uma doença emergente em várias regiões do mundo e a evolução do agravo é profundamente dependente da resposta imune celular. A desregulação do sistema imunológico provocada pelo HIV compromete os mecanismos de controle da Leishmania, assim como, componentes glicoproteícos do parasito podem acelerar a replicação do HIV, levando à progressão para a AIDS. Neste contexto, este estudo teve por objetivo avaliar mecanismos imunopatogênicos decorrentes do efeito da interação entre esses patógenos, através da análise do grau de comprometimento quantitativo e qualitativo dos linfócitos, com vistas a investigar potenciais marcadores fenotípicos que possam auxiliar na avaliação do prognóstico de amabas as infecções. Além disso, foi avaliado o impacto da reconstituição imune pós-terapia antiretroviral na recuperação da resposta imune celular na leishmaniose visceral (LV) e tegumentar americana (LTA). Para isso, foram avaliados pacientes com diagnóstico de co-infecção Leishmania/HIV, subdivididos nas formas clínicas: LV/HIV (nove ativos e seis em remissão) e LTA/HIV (sete em remissão). A título de comparação, foram estudados indivíduos com LV (fase ativa e de remissão) e LTA (remissão) sem infecção pelo HIV. O comprometimento imune foi avaliado através das contagens absolutas de linfócitos T CD4, níveis de RNA viral plasmático (carga viral-CV) e expressão de moléculas associadas à ativação (HLA-DR, CD38 e CD25), diferenciação (CD45RO e CCR7) e migração celular (CD45RA e CD62L). A resposta imune específica aos antígenos parasitários e viral foi avaliada por ensaios de linfoproliferação e quantificação de citocinas (IFN-gama e IL-10). Os pacientes LV/HIV apresentaram contagens de linfócitos TCD4 inferiores a 250 células/mm, sem correlação com a CV, independente da fase clínica. Diferentemente, os pacientes LTA/HIV apresentaram contagens medianas de 440 céls/mm e níveis baixos de CV. Altos percentuais de...Leishmania/HIV.