RESUMO
ABSTRACT OBJECTIVE To evaluate the effectiveness of vaccines developed against covid-19 in reducing mortality in people hospitalized with severe acute respiratory syndrome (SARS) caused by SARS-CoV-2. METHODS This is a retrospective cohort that evaluated risk factors and the effectiveness of the two-dose vaccination schedule in reducing the mortality of people hospitalized for covid-19 in the state of Paraíba from February to November 2021. The explanatory variables were vaccination status, presence of comorbidities, socioeconomic and demographic characteristics. Descriptive analyses and bivariate and multivariable logistic regression were performed. RESULTS Most hospitalizations and deaths occurred until May 2021. The percentage of patients with a complete vaccination schedule was similar across patients admitted to public and private hospitals and higher in residents of less developed municipalities. Multivariable analysis demonstrated that women (OR = 0.896; 95%CI 0.830-0.967) and people admitted to private hospitals (OR = 0.756; 95%CI 0.679-0.842) were less likely to die. Presence of any comorbidity (OR = 1.627; 95%CI 1.500-1.765) and age ≥ 80 years (OR = 7.426; 95%CI 6.309-8.741) were risk factors for death. Patients with complete vaccination schedule at the time of admission were 41.7% less likely to die (OR = 0.583; 95% CI 0.501-0.679) from covid-19 in the adjusted analysis, as compared to unvaccinated patients. CONCLUSIONS The study reveals that immunization was effective in reducing the likelihood of death from covid-19. The results suggest that greater vaccination coverage in the first half of 2021 would prevent thousands of deaths in the country.
RESUMO OBJETIVO Avaliar a efetividade das vacinas desenvolvidas contra a covid-19 na redução da mortalidade em pessoas internadas com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) causada pelo SARS-CoV-2. MÉTODOS Trata-se de uma coorte retrospectiva que avaliou fatores de riscos e a efetividade do esquema vacinal com duas doses na redução da mortalidade de pessoas internadas por covid-19 no estado da Paraíba entre fevereiro e novembro de 2021. As variáveis explicativas foram situação vacinal, presença de comorbidades, características socioeconômicas e demográficas. Foram realizadas análises descritivas e regressão logística bivariada e multivariável. RESULTADOS A maior parte das internações e óbitos ocorreram até maio de 2021. O percentual de pacientes com esquema vacinal completo foi similar entre pacientes internados em hospitais públicos e privados e superior em residentes de municípios com menor desenvolvimento. A análise multivariável demonstrou que mulheres (OR = 0,896; IC95% 0,830-0,967) e pessoas internadas em hospitais privados (OR = 0,756; IC95% 0,679-0,842) apresentaram menor chance de morte. A presença de alguma comorbidade (OR = 1,627; IC95% 1,500-1,765) e idade ≥ 80 anos (OR = 7,426; IC95% 6,309-8,741) foram fatores de risco de óbito. Pacientes com esquema vacinal completo no momento da internação apresentaram uma chance 41,7% menor de morte (OR = 0,583; IC95% 0,501-0,679) por covid-19 na análise ajustada, quando comparados com pacientes não vacinados. CONCLUSÕES O estudo revela que a imunização foi efetiva na redução da chance de óbito por covid-19. Os resultados sugerem que uma maior cobertura vacinal no primeiro semestre de 2021 evitaria milhares de mortes no país.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Idoso , Idoso de 80 Anos ou mais , Adulto Jovem , Estudos de Coortes , Mortalidade , Estudos Observacionais como Assunto , Vacinas contra COVID-19 , COVID-19RESUMO
A pandemia da Covid-19 foi a maior prova a que os sistemas de saúde e já foram submetidos. Dentre as lições deixadas pela pandemia está a necessidade de os países fortalecerem a resiliência de seus sistemas de saúde. Além da estrutura organizacional, a resiliência dos sistemas de saúde depende de elementos como a preparação para rápida resposta a ameaças a saúde coletiva, liderança para tomada de decisões, coordenação de múltiplas ações, mobilização de recursos para gestão da crise e, sobretudo, aprendizagem com a resposta à crise. Nesse sentido, analisar como os governos responderam à Covid-19 é essencial para identificar eventuais falhas e sucessos que possam oferecer lições para a ampliar a capacidade de resiliência e aprimorar a estrutura organizacional dos sistemas de saúde. Dentro dessa perspectiva apresenta-se esta publicação, que trata de uma análise descritiva de projetos e inovações na gestão em saúde implementados pelo governo do Espírito Santo, em partícula pela Secretaria Estadual de Saúde, que contribuíram para ampliar a capacidade de resiliência do SUS na resposta à Covid-19. Os resultados da análise da experiência capixaba estão alinhados com achados de outros estudos internacionais, que chegam à conclusão de que novos instrumentos, estratégias e liderança, são cruciais para que um novo ciclo político de organização do SUS, conduzido pelos governos estaduais, se desenvolva. Nesse contexto, o esforço do Espírito Santo não deve ser considerado apenas um programa de modernização e aprimoramento da gestão, mas uma iniciativa concreta de transformação da direcionalidade da atuação dos governos estaduais para tornar sua ação mais efetiva e coerente com os valores que fundamentam o SUS frente aos desafios contemporâneos enfrentados pelo setor saúde.
Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Recém-Nascido , Lactente , Pré-Escolar , Criança , Adolescente , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Idoso , Idoso de 80 Anos ou mais , Adulto Jovem , Sistema Único de Saúde , Administração de Serviços de Saúde , Gestão em Saúde , COVID-19 , Organização e Administração , Política , Saúde Pública , Estratégias de Saúde , Pandemias , AprendizagemRESUMO
Resumo Este estudo avalia o impacto de políticas de ampliação do acesso ao ensino superior na redução de iniquidades no perfil dos egressos de cursos médicos no Brasil. Estudo transversal que utiliza dados do Censo da Educação Superior de 2018. Foram realizadas análises para identificar associação entre ser beneficiário da Lei de Cotas, do Programa Universidade para Todos ou do Fundo de Financiamento Estudantil e três marcadores: nascimento em município de pequeno porte, ser não-branco ou ter cursado ensino médio em escola pública. Realizamos análises utilizando teste de qui-quadrado de Pearson e análise multivariada através de regressão de Poisson. Houve associação significativa entre ser beneficiário destas políticas e ser egresso não branco, ter nascido em município de pequeno porte e ser egresso de escola pública no ensino médio. Todas as políticas apresentaram resultados de Razões de Prevalências (RP) ajustadas superiores a um e com significância estatística. A Lei de Cotas foi a política mais efetiva com RP=1,92 para ser egresso não-branco, RP=6,66 para ter estudado ensino médio em escola pública e RP=1,08 para ter nascido em município de pequeno porte. Apesar destes resultados, estes grupos continuam sub-representados nos cursos médicos e na composição da força de trabalho.
Abstract This study assesses the effectiveness of policies to expand access to higher education in reducing inequities in the profile of graduates from medical courses in Brazil. This work consists of a cross-sectional study using data from the 2018 Higher Education Census. Analyses were carried out to identify the association between being a beneficiary of the Quota Law, the University for All Program, or the Student Financing Fund and three markers: born in a small-sized municipality, being non-white, or having attended high school in a public school. Analyses were performed using Pearson's chi-square test, and multivariate analysis was conducted using Poisson regression. A significant association was found between being a beneficiary of these policies and being a non-white graduate, who was born in a small town and who had studied in a public high school. All policies presented adjusted Prevalence Ratio (PR), which demonstrated an association with statistical significance. The Quota Law was the most effective policy, with RP=1.92 for non-white graduates, RP=6.66 for having studied in a public high school, and RP=1.08 for being born in a small town. Despite these results, these groups remain underrepresented in medical courses and in the workforce.
RESUMO
Integrar o ensino de medicina e a rede municipal de saúde, segundo inúmeros estudos, contribui para a melhoria da formação médica e da assistência à saúde da comunidade atendida. O presente estudo analisou a integração ensino-serviço na Atenção Primária à Saúde (APS) entre o curso de medicina do Campus Toledo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Toledo, também no Paraná. Foram realizadas doze entrevistas semiestruturadas com participantes da gestão municipal, coordenação do curso de medicina de Toledo, estudantes de medicina, professores que têm aulas práticas na APS e profissionais de saúde da APS que recebem alunos. A hermenêutica foi utilizada na análise dos dados. Entre as dificuldades apontadas observou-se: estrutura física inadequada das Unidades Básicas de Saúde (UBS), comunicação parcial entre a SMS e a universidade, falta de um Contrato Organizativo de Ação Pública de Ensino-Saúde (COAPES) pactuado etc. Como sugestões para a melhoria do processo de integração, destacaram-se a capacitação da equipe de saúde e o planejamento da infraestrutura física.
Integrating medical education and the municipal health network, according to numerous studies, contributes to improving medical training and health care in the community served. This study analyzed the teaching-service integration in primary health care (PHC) between the medical course at the Toledo Campus of the Federal University of Paraná (UFPR) and the Municipal Health Department (SMS) of Toledo, PR. Twelve semi-structured interviews were carried out with participants from the municipal administration, the coordination of the Toledo medicine course, medicine students, teachers who teach practical classes at PHC, and health professionals from PHC who receive students. Hermeneutics was used in the data analysis. Among the difficulties pointed out, it was observed: the inadequate physical structure of the Basic Health Units (UBS), partial communication between the SMS and the university, thelack of an Organizational Contract for Public Education-Health Action (COAPES) agreed upon, etc. As suggestions for improving the integration process, the training of the health team and the planning of the physical infrastructure were highlighted.
Assuntos
Atenção Primária à Saúde , Faculdades de Medicina , Educação em Saúde , Atenção à Saúde , Educação Médica , Capacitação de Recursos Humanos em SaúdeRESUMO
O objetivo do estudo foi analisar e comparar a prevalência, a forma de obtenção e os fatores associados ao acesso a medicamentos entre usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Foram analisados os dados das edições 2013 e 2019 da Pesquisa Nacional de Saúde, estudo de abrangência nacional e representativo da população brasileira. Os desfechos foram: (1) a obtenção total, por meio do SUS, dos medicamentos prescritos em atendimentos em saúde realizados no próprio SUS nas duas semanas anteriores à entrevista, e (2) a obtenção total dos medicamentos independentemente da fonte. Características demográficas e socioeconômicas foram incluídas como variáveis independentes. Em 2019, observou-se que 29,7% dos entrevistados obtiveram no SUS todos os medicamentos prescritos, que 81,8% tiveram acesso total aos medicamentos quando consideradas todas as fontes de obtenção e que 56,4% pagaram algum valor pelos medicamentos. A proporção de pessoas que não obtiveram nenhum medicamento no SUS e que efetuaram algum desembolso direto aumentou entre 2013 e 2019. A probabilidade de obter todos os medicamentos no SUS foi maior entre os mais pobres, e de consegui-los, independentemente da fonte, foi maior entre os mais ricos. Dentre as pessoas que não conseguiram acesso a todos os medicamentos, aproximadamente duas em cada três indicaram como principal motivo dificuldades de obtenção encontradas em serviços financiados pelo setor público. Verificou-se ampliação do desembolso direto para compra de medicamentos no Brasil e redução de acesso pelo SUS entre usuários do sistema.
The study aimed to analyze and compare the prevalence of access to medicines and associated factors among users of the Brazilian Unified National Health System (SUS). The authors analyzed data from the 2013 and 2019 editions of the Brazilian National Health Survey, a nationwide health study, representative of the Brazilian population. The outcomes were: (1) obtaining from the SUS all the medicines prescribed during care received in the SUS itself in the two weeks prior to the interview (2) and obtaining all the medicines, regardless of the source. Demographic and socioeconomic characteristics were included as independent variables. In 2019, 29.7% of the interviewees obtained all the prescribed medicines from the SUS, 81.8% obtained all the medicines in general (considering all sources), and 56.4% paid some amount for the medicines. The proportion who did obtain any medicine from the SUS and that made some out-of-pocket payment increased from 2013 to 2019. The likelihood of obtaining all the medicines in the SUS was higher among the poorest, and that of obtaining the medicines regardless of source was higher among the wealthiest. Approximately two out of three persons that were unable to access all the medicines reported difficulties obtaining them in services funded by the public sector. There was an increase in out-of-pocket expenditure on medicines in Brazil and a reduction in access through the SUS, among users of the system.
El objetivo de este estudio fue analizar y comparar la prevalencia, la forma de obtención y los factores asociados al acceso a los medicamentos entre los usuarios del Sistema Único de Salud (SUS) en Brasil. Se analizaron los datos de las ediciones 2013 y 2019 de la Encuesta Nacional de Salud, un estudio de cobertura nacional y representativo de la población brasileña. Los resultados fueron: (1) la obtención total, a través del SUS, de los medicamentos prescritos en los servicios de salud realizados en el propio SUS en las dos semanas anteriores a la entrevista, y (2) la obtención total de los medicamentos independientemente de la fuente. Las características demográficas y socioeconómicas se incluyeron como variables independientes. En 2019 se observó que el 29,7% de los entrevistados obtuvo todos los medicamentos prescritos en el SUS, que el 81,8% tuvo acceso total a los medicamentos al considerar todas las fuentes de obtención y que el 56,4% pagó por los medicamentos. La proporción de personas que no obtuvieron ningún medicamento en el SUS y que realizaron algún gasto directo aumentó entre 2013 y 2019. Entre los pobres, la probabilidad de obtener todos los medicamentos del SUS fue mayor, y entre los más ricos también fue mayor esta obtención independientemente de la fuente. Entre las personas que no pudieron acceder a todos los medicamentos, aproximadamente dos de cada tres indicaron como razón principal las dificultades que se encuentran en los servicios financiados con fondos públicos. Hubo un aumento del gasto directo para la compra de medicamentos en Brasil y una reducción del acceso a través del SUS entre los usuarios del sistema.
Assuntos
Programas Nacionais de Saúde , Fatores Socioeconômicos , Brasil , Prevalência , Estudos Transversais , Acessibilidade aos Serviços de SaúdeRESUMO
RESUMO A pandemia provocada pela Covid-19 deu relevância à resiliência dos sistemas de saúde. Neste artigo, buscou-se explorar elementos que subsidiem uma agenda de pesquisa sobre resiliência para o Sistema Único de Saúde (SUS). A partir de revisão de escopo, analisou-se o desenvolvimento conceitual e metodológico da resiliência aplicada à pesquisa sobre sistemas de saúde em nível internacional e nacional, identificando quem são os grupos formuladores e o que propõem como modelos de análise. Em seguida, apresentou-se uma proposta de modelo de análise de resiliência adaptada às características do sistema de saúde brasileiro. O modelo embasou o apontamento de questões-chave a serem investigadas em pesquisas sobre a resiliência do SUS, a partir de quatro dimensões: governança e liderança, financiamento, recursos (força de trabalho, infraestrutura, medicamentos e tecnologias) e prestação de serviços. Ao final, discutem-se oportunidades e desafios para implementação de uma agenda de pesquisas de resiliência para o SUS.
ABSTRACT The COVID-19 pandemic highlighted the resilience of health systems. In this paper, we seek to explore elements to support a research agenda on resilience for the Unified Health System (SUS). First, based on a scoping review, we analyzed the conceptual and methodological development of resilience applied to health systems research both at international and national levels, identifying who the formulating groups are and what they propose as analytical frameworks. Then, we propose an analytical framework adapted for the Brazilian health system features. The framework underpinned the pointing out of critical issues to be investigated in research on SUS resilience, based on four dimensions: governance and leadership, financing, resources (workforce, infrastructure, medicines, and technologies), and service provision. Finally, we discuss opportunities and challenges for implementing a research agenda on resilience for the SUS.
RESUMO
Objetivo -A atenção primária à saúde (APS) tem sido considerada como o pilar da organização do sistema de saúde. Apesar das iniciativas indutoras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os programas ainda evidenciam baixo alcance,tanto para os beneficiários quanto para a rede assistencial, com impacto limitado nos resultados clínicos, operacionais e financeiros. O presente estudo visa analisar os fatores que podem ser potenciais barreiras para uma maior escala da APS na saúde suplementar brasileira. Métodos -Trata-se de estudo qualitativo envolvendo amostra de gestores de operadoras de saúde selecionadas pelo Laboratório de Inovação de Atenção Primária na Saúde Suplementar. Resultados -No total, 12 profissionais foram entrevistados, de diferentes tipos de operadoras de saúde. A análise qualitativa permitiu o agrupamento em grandes áreas, envolvendo as condições e os desafios de implantação, de ampliação da escala, de integração com os outros níveis de assistência e o engajamento dos usuários. Finalmente, foram identificados caminhos para que a APS tenha mais escala e atinja os resultados desejados. Conclusão -Apesar de se reconhecer a APS como o elemento central na organização do sistema, integrado à rede assistencial, ela ainda não é amplamente adotada na saúde suplementar brasileira. Os gestores dos programas de APS que participaram desta pesquisa destacaram pontos fundamentais a serem abordados, nos diferentes níveis das organizações.
Objective -Primary health care (PHC) has been considered the pillar of the organization of the health system. Despite the ANS-inducing initiatives, they still show low scale, both for beneficiaries and the assistance network, with limited impact on clinical, operational, and financial results. The present study aims to analyze the factors that may be potential barriers to a larger scale of PHC in Brazilian supplementary health. Methods -This is a qualitative study involving a sample of managers of health plans selected by the Innovation Laboratory on Experiences of Primary Care in Brazilian Supplementary Health. Results -In total, 12 professionals were interviewed, from different types of health operators. The qualitative analysis allowed grouping in large areas, involving the conditions and deployment challenges, the scale of expansion, integration with other levels of care and user engagement. Finally, pathways have been identified for the PHC to have more scale and achieve the desired results. Conclusions -Although PHC is recognized as the central element in the organization of the system, integrated into the care network,it is not yet widely adopted in Brazilian supplementary health. The PHC program managers who participated in this research highlighted fundamental points to be addressed, at different levels of organizations.
Assuntos
Atenção Primária à Saúde , Saúde Suplementar , Planos e Programas de Saúde , Sistemas de Saúde , Assistência Centrada no Paciente , Modelos de Assistência à SaúdeRESUMO
Resumo Em 2019, o governo brasileiro lançou uma nova política para a Atenção Primária à Saúde (APS) no Sistema Único de Saúde (SUS). Chamada de "Previne Brasil", a política modificou o financiamento da APS para municípios. No lugar de habitantes e de equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), as transferências intergovernamentais passaram a ser calculadas a partir do número de pessoas cadastradas em serviços de APS e de resultados alcançados sobre um grupo selecionado de indicadores. As mudanças terão um conjunto de impactos para o SUS e para a saúde da população que precisaram ser identificados e monitorados. Neste artigo, discute-se os possíveis efeitos da nova política a partir de uma breve análise de contexto sobre tendências globais de financiamento de sistemas de saúde e de remuneração por serviços de saúde, bem como dos avanços, desafios e ameaças à APS e ao SUS. Com base na análise realizada, entende-se que a nova política parece ter objetivo restritivo, que deve limitar a universalidade, aumentar as distorções no financiamento e induzir a focalização de ações da APS no SUS, contribuindo para a reversão de conquistas históricas na redução das desigualdades na saúde no Brasil.
Abstract In 2019, the Brazilian government launched a new Primary Health Care (PHC) policy for the Unified Health System (SUS). Called "PrevineBrasil", the policy changed the PHC funding for municipalities. Instead of inhabitants and Family Health Strategy (ESF) teams, intergovernmental transfers are calculated from the number of people registered in PHC services and the results achieved in a selected group of indicators. The changes will have a set of impacts for the SUS and the health of the population, which must be observed and monitored. In this paper, possible effects of the new policy are discussed from a brief context analysis of global trends in health systems financing and health services' remuneration models, as well as on the advances, challenges, and threats to PHC and the SUS. Based on the analysis, the new policy seems to have a restrictive purpose, which should limit universality, increase distortions in financing and induce the focus of PHC actions on the SUS, contributing to the reversal of historic achievements in reducing health inequalities in Brazil.
Assuntos
Humanos , Atenção Primária à Saúde/economia , Financiamento da Assistência à Saúde , Programas Nacionais de Saúde/economia , Atenção Primária à Saúde/estatística & dados numéricos , Reembolso de Incentivo/economia , Brasil , Capitação , Saúde da Família , Gastos em Saúde , Reforma dos Serviços de Saúde/economia , Disparidades em Assistência à Saúde/economia , Implementação de Plano de Saúde/economia , Política de SaúdeRESUMO
RESUMO Neste estudo, examinaram-se estratégias adotadas por países com sistemas públicos de saúde que expandiram a oferta de leitos por meio da utilização de hospitais privados na resposta à Covid-19. Utilizou-se estudo de casos selecionados para explorar o contexto institucional em que as medidas foram implementadas, os instrumentos de gestão utilizados e como se caracterizou a ação governamental em oito países: Austrália, Espanha, Irlanda, Itália, Chile, México e Peru, além do Brasil. Esta análise pode auxiliar a identificar mecanismos de gestão de sistema de saúde necessários para a coordenação de ações governamentais para resposta a situações de Emergência em Saúde Pública (ESP), bem como para aperfeiçoar a governança dos sistemas de saúde na relação entre os setores público e privado.
ABSTRACT In this study, strategies adopted by countries with public health systems that expanded the supply of beds through the use of private hospitals in response to Covid-19 were examined. The study of selected cases was used to explore the institutional context in which measures were implemented, the management tools used and how to characterize government action in eight countries: Australia, Spain, Ireland, Italy, Chile, Mexico and Peru, in addition to Brazil. This analysis can help to identify health system management mechanisms necessary for the coordination of government actions to respond to Public Health Emergency situations, as well as improve the governance of health systems in the relationship between public and private sectors.
RESUMO
ABSTRACT Objective: To analyze the influence of socioeconomic, demographic, epidemiological factors, and the health system structure in the evolution of the COVID-19 pandemic in Brazil. Methods: Ecological study with variables extracted from databases, having the incidence and mortality by COVID-19 until August 23, 2020, in Brazilian states, as response variables. The magnitude of the associations was estimated using Spearman's correlation coefficient and multiple regression analysis. Results: In the Brazilian states, 59.8% of variation in the incidence of COVID-19 was justified by income inequality, significant home densification, and higher mortality. In the case of mortality, those same variables explained 57.9% of the country's variations in federal units. Conclusion: Our results indicate that socioeconomic factors influenced the evolution and impact of COVID-19 in Brazil. Thus, we suggest comprehensive actions to ensure economic conditions and strengthening of health networks for populations with socioeconomic vulnerability.
RESUMEN Objetivo: Analizar la influencia de factores socioeconómicos, demográficos, epidemiológicos y estructura del sistema de salud en la evolución del COVID-19 en Brasil. Métodos: Estudio ecológico con variables extraídas de bancos de datos, teniendo la incidencia y mortalidad por COVID-19 hasta 23 de agosto de 2020, en estados brasileños, como variables respuesta. Las relaciones han estimadas usando el coeficiente de correlación de Spearman y análisis de regresión múltiple. Resultados: En los estados brasileños, 59,8% de la variación de la incidencia de COVID-19 ha justificada por la desigualdad de renta, mayor densificación domiciliar y mayor letalidad. En la mortalidad, esas mismas variables explicaron 57,9% de las variaciones encontradas en las Unidades Federativas del país. Conclusión: Nuestros resultados indican que factores socioeconómicos influenciaron la evolución e impacto de COVID-19 en Brasil. Así, sugerimos acciones abarcadoras para garantizar condiciones económicas y el fortalecimiento de las redes de salud para poblaciones con vulnerabilidad socioeconómica.
RESUMO Objetivo: Analisar a influência de fatores socioeconômicos, demográficos, epidemiológicos e da estrutura do sistema de saúde na evolução da pandemia da COVID-19 no Brasil. Métodos: Estudo ecológico com variáveis extraídas de bancos de dados, tendo a incidência e mortalidade por COVID 19 até 23 de agosto de 2020, nos estados brasileiros, como variáveis-resposta. A magnitude das associações foi estimada usando o coeficiente de correlação de Spearman e análise de regressão múltipla. Resultados: Nos estados brasileiros, 59,8% da variação da incidência de COVID-19 foi justificada pela desigualdade de renda, maior adensamento domiciliar e maior letalidade. No caso da mortalidade, essas mesmas variáveis explicaram 57,9% das variações encontradas nas Unidades Federativas do país. Conclusão: Nossos resultados indicam que fatores socioeconômicos influenciaram a evolução e impacto da COVID-19 no Brasil. Dessa forma, sugerimos ações abrangentes a fim de garantir condições econômicas e o fortalecimento das redes de saúde para populações com vulnerabilidade socioeconômica.
RESUMO
Neste capÃtulo, exploramos possibilidades, limites e desafios para inovação nas práticas de gestão do SUS implementadas na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Curitiba entre 2013 e 2016. Utilizamos conceitos e técnicas de planejamento estratégico e gestão participativa para aumentar a eficiência do sistema e reduzir desigualdades no acesso a serviços. Empregamos método de estudo de caso, sendo o pesquisador observador participante (o pesquisador ocupou o cargo de secretário municipal de Saúde entre 2013 e 2015), além de revisão bibliográfica e consulta a documentos oficiais.
Assuntos
Disparidades nos Níveis de Saúde , Gestão em Saúde , Inovação Organizacional , Sistema Único de SaúdeRESUMO
ABSTRACT The year 2018 is an opportune time to explore health system reforms and primary health care (PHC) in Brazil, given the anniversaries of the Alma-Ata Declaration (40 years) and of the Constitution of Brazil (30 years), the basis of the Unified Health System (SUS). In this context, health system analysis in the municipal setting is an important instrument for acknowledging achievements and innovations, as well as weaknesses and threats. Due to the principle of decentralization of SUS, municipalities have assumed a leadership role in health policy development and implementation. The cities also come first in expressing the failures of the health system and the consequences of austerity measures. Thus, analysis of health system transformations at the municipal level are fundamental to studying PHC achievements and gaps. This report identifies the challenges and innovations of PHC implementation in Curitiba, beginning with a brief history of the city's health system development. The city was a pioneer in linking urban planning with health system design, improving access to health care, and obtaining better health outcomes over the past 30 years. This report covers those years, as well as the challenges and strategies implemented during the most recent political cycle (2013 - 2016). There are substantial lessons that can be garnered from the experience of this middle-income city in Latin America, lessons that may be useful as the region moves toward the Sustainable Development Goal of Universal Health Coverage by 2030.
RESUMEN El año 2018 es un momento oportuno para explorar las reformas del sistema de salud y la atención primaria de salud (APS) en Brasil, dados los aniversarios de la Declaración de Alma-Ata (40 años) y de la Constitución de Brasil (30 años), las bases del Sistema Único de Salud (SUS). En este contexto, el análisis del sistema de salud en el ámbito municipal es un instrumento importante para reconocer los logros e innovaciones, así como las debilidades y amenazas. Debido al principio de descentralización del SUS, los municipios han asumido un papel de liderazgo en el desarrollo y la implementación de políticas de salud. Las ciudades también son las primeras en expresar las deficiencias del sistema de salud y las consecuencias de las medidas de austeridad. Por lo tanto, el análisis de las transformaciones del sistema de salud a nivel municipal es fundamental para estudiar los logros y las brechas de la APS. Este informe identifica los desafíos y las innovaciones de la implementación de la APS en Curitiba, comenzando con una breve historia del desarrollo del sistema de salud de la ciudad. La ciudad fue pionera en vincular la planificación urbana con el diseño del sistema de salud, mejorar el acceso a la atención sanitaria y obtener mejores resultados de salud en los últimos 30 años. Este informe se enfoca en ese periodo, así como los desafíos y las estrategias implementados durante el ciclo político más reciente (2013-2016). Hay lecciones sustanciales que se pueden obtener de la experiencia de esta ciudad de ingresos medios en América Latina, que pueden ser útiles a medida que la región avanza hacia el Objetivo de Desarrollo Sostenible de la cobertura universal de salud para el año 2030.
RESUMO O ano de 2018 é um momento oportuno para explorar as reformas do sistema de saúde e atenção primária à saúde (APS) no Brasil, considerando os aniversários da Declaração de Alma-Ata (40 anos) e da Constituição do Brasil (30 anos), as bases do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste contexto, a análise do sistema de saúde no cenário municipal é um instrumento importante para reconhecer realizações e inovações, bem como fraquezas e ameaças. Devido ao princípio de descentralização do SUS, os municípios assumiram um papel de liderança no desenvolvimento e implementação de políticas de saúde. As cidades também são as primeiras a expressar os fracassos do sistema de saúde e as conseqüências das medidas de austeridade. Assim, a análise das transformações do sistema de saúde no nível municipal é fundamental para o estudo das conquistas e lacunas da APS. Este relatório identifica os desafios e inovações da implementação da APS em Curitiba, começando com uma breve história do desenvolvimento do sistema de saúde da cidade. A cidade foi pioneira em vincular o planejamento urbano com desenho dos sistemas de saúde, melhorando o acesso aos serviços de saúde e obtendo melhores resultados de saúde nos últimos 30 anos. Este relatório abrange esses anos, assim como os desafios e estratégias implementados durante o ciclo político mais recente (2013-2016). Há lições substanciais que podem ser extraídas da experiência desta cidade de renda média na América Latina, lições que podem ser úteis à medida que a região avança em direção ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da cobertura universal de Saúde até 2030.
Assuntos
Atenção Primária à Saúde , Reforma dos Serviços de Saúde , Atos Internacionais , Cobertura Universal de Saúde , BrasilRESUMO
Esta investigación analiza los cambios que se produjeron en un hospital universitario, en el que se utilizó como referencial el método de soporte Paideia. La experiencia se realizó en el marco de un curso de especialización en gestión hospitalaria ofrecido por el Departamento de Medicina Preventiva y Social y por la dirección del Hospital de Clínicas de la Universidade Estadual de Campinas (HC-Unicamp) a personal de las áreas de docencia, asistencia y administración, y a coordinadores de servicios del hospital. Los resultados fueron analizados por triangulación de técnicas. Se observaron cambios en las prácticas de gestión, de atención y en la relación con el Sistema Único de Salud (SUS), especialmente en el primer aspecto. Se infiere que los cambios fueron influenciados tanto por el proyecto de la dirección del hospital, como por las actividades del curso. Se concluye que el método potenció y amplió el espectro de cambios en el hospital, en función de la perspectiva política y pedagógica de crear redes dialógicas en colectivos organizados, haciendo uso de un abordaje metodológico dialéctico problematizador de la praxis, con ofertas teórico-conceptuales aportadas por el soporte externo. Sin embargo, fue posible identificar límites en la aplicación del método en el hospital, originados, principalmente, en aspectos políticos, ideológicos, culturales y organizacionales.
This research analyses changes produced in a university hospital using the Paideia support method. This experience happened during a hospital management fellowship course offered to professors, managers, and professionals who work at administration and health care by the Preventive and Social Medicine Department and the Hospital de Clínicas of Universidade Estadual de Campinas (HC-Unicamp). The results were analyzed using triangulation methods. Changes in management, health care practices and hospital relationship with the care network were observed. We infer that the changes were influenced by both the project and the activities of the course. We conclude that this method empowered and widened the changes observed due to the political and pedagogical approach based on the creation of dialogical networks in groups, using a dialectic method on the praxis, with a theoretical-conceptual support introduced by the external tutors. However, it was possible to identify limits to the method application in hospital mainly due to political, ideological, cultural and organizational aspects.
RESUMO
O processo de extinção da residência de Medicina Preventiva e Social (RMPS) constitui um paradoxo diante da necessidade de médicos com especialização em Saúde Coletiva para atuar no Sistema Único de Saúde. O presente artigo realizou uma revisão do processo histórico de construção das RMPS e investigou a estrutura atual dos programas remanescentes a partir da análise dos cenários de prática e das atividades práticas e teóricas desenvolvidas. Ao final foi possível construir uma tipologia em que se identifica o tipo Generalista em Saúde Coletiva, que aborda as três áreas nucleares da Saúde Coletiva; o tipo da Epidemiologia, no qual o foco é exclusivamente essa área; e o tipo da Saúde Comunitária, que se centra na Atenção Primária em Saúde. Do cruzamento do processo histórico de construção com a realidade atual, pode-se inferir que os fatores que têm contribuído para a extinção da RMPS são principalmente a ausência de políticas de Estado para formação na área, bem como o não comprometimento de sujeitos sociais que se relacionam com essa residência, levando à existência de anacrônicas diretrizes orientadoras para formação profissional.
The extinction process of Preventive and Social Medicine Residency Programs (PSMR) have experienced constitutes a paradox in the face of the need for physicists with Collective Health Specialization in the Unified Health System. The present paper investigated which are the practice sceneries and how the practical and theoretical activities are developed into PSMR programs. It was observed that most programs include actions in health assistance, as well as activities in the three main fields of Collective Health. However, significant differences were evidenced among the programs. It was possible construct a typology, identifying the type 'Generalist in Collective Health', who approaches the three main fields of Collective Health; the type 'Epidemiology', which focuses exclusively on this field; and the type 'Community Health', which is centered in Health Basic Care. From the crossing among historical construction process and present reality, it was possibly infer that the inexistent of State Politics to graduate health professionals in this area, and not compromise of involved social subjects with this residence are the most important factors, resulting in the existence of an anachronism in the guidelines.
Assuntos
Educação em Saúde , Política de Saúde , Internato e Residência/tendências , Medicina Social/história , Saúde PúblicaRESUMO
Este artículo presenta una reflexión sobre la posible utilización de categorías oriundas de la salud colectiva y del psicoanálisis para enfrentar los nuevos dilemas de las prácticas de salud, en la periferia de las grandes ciudades, en el mundo contemporáneo. Valiéndose de la recomendación gadameriana de volver al pasado y revisar las tradiciones, el texto recurre y rediscute algunos conceptos ya clásicos en sus propios campos disciplinares pero que se reactualizan y ganan otra relevancia colocados en contraste, siendo, por lo tanto, reinterpretados. Finalmente se apuntan algunos ejemplos de aplicación de los mismos en busca de la superación de algunos obstáculos identificados en la implementación de políticas públicas de salud: vulnerabilidad, búsqueda activa, ampliación de la clínica, significaciones imaginarias y subjetividad del equipo.
This article presents a reflexion about the possible use of categories belonging to collective health and psichoanalisis to face the new dilemmas of the health practices nowadays in the suburbs of big cities in the contemporary world. Taking into account the gadamerian recommendation of coming back to the past and reviewing the traditions, this paper reformulates some classical concepts within their disciplinary fields which are herein updated acquiring relevance at being reinterpreted. Finally, some examples are given regarding the application of these concepts to overcome some of the obstacles identified in the implementation of health public policies: vulnerability, active search, clinical spread and imaginary significations and team subjectivity.