RESUMO
espaço-porta é o local de origem da fibrose em muitas doenças crônicas hepáticas. Essa área do fígado participa da drenagem linfática hepática e abriga diversos elementos celulares potencialmente fibrogênicos. Estudos sobre a fibrose hepática relacionados à infecção experimental de ratos pelo helminto Capillaria hepatica têm demonstrado que a fibrose começa em áreas portais com a distribuição de septos que sulcam o parênquima hepático se desenvolvendo em áreas próximas ao espaço de Disse. Entretanto, apesar de esta fibrose ocorrer de forma paralela aos sinusóides, estudos têm revelado que não apenas as células estreladas hepáticas participam da fibrose septal, mas também outros tipos celulares residentes nos espaços-porta. Diante destes aspectos, o presente estudo desenvolveu-se com o intuito de investigar a contribuição das células potencialmente fibrogênicas dos espaços-porta, nas fases iniciais da infecção, onde a fibrose se concentra. Para isso, foram utilizados fragmentos de fígado, em blocos parafinados, disponíveis nos arquivos do Laboratório de Patologia Experimental (CPqGM/Fiocruz) provenientes de ratos infectados com 800 ovos de Capillaria hepatica e foi possível observar que ocorreu a proliferação de colangiócitos e a concentração de miofibroblastos em áreas portais, além da ativação de células estreladas hepáticas, sendo todos os resultados vistos por meio da coloração de rotina HE, Picro-sírius vermelho e imunohistoquímica para α-actina de músculo liso, CD31 e GFAP.
Portal space is the local of origin for fibrosis in many chronic liver diseases. This area is involved with lymph drainage and contains several cell types, potentially fibrogenic. Experimental studies related to hepatic fibrosis during Capillaria hepatica infection in rats have suggested that the septal fibrosis indeed takes origin from portal spaces, with the distribution of the septs in the parenchymal region in proximity areas of Disse space. However, despite this fibrosis occurs in parallel to sinusoids, studies have revealed that not only the hepatic stellate cells participate in septal fibrosis, but also other resident cell types in the portal spaces. In face these aspects, the goal of present study was investigate the contribution of the cells potentially fibrogenic in the portal space, in the early phases of the infection. For this, blocks in paraffin available of the liver of rats infected with 800 eggs of Capillaria hepatica archived in the Laboratory of Experimental Pathology (Research Center Gonçalo Moniz, Fiocruz - BA), were utilized and it was observed that proliferation of colangiocytes and concentration of myofibroblasts occurred portal areas, in addition to the activation of hepatic stellate cells. All results were analised by routine staining HE, Sirius red and immunohistochemistry for α-SMA, GFAP and CD31.
Assuntos
Humanos , Capillaria/crescimento & desenvolvimento , Capillaria/patogenicidade , Ductos Biliares/imunologia , Ductos Biliares/patologia , Fibrose/diagnóstico , Fibrose/epidemiologia , Fibrose/imunologia , Fibrose/patologia , Fibrose/prevenção & controle , Fibrose/sangueRESUMO
INTRODUCTION: The pathogenesis of septal hepatic fibrosis, induced in rats by Capillaria hepatica infection, was studied with the aid of a large collection of stored paraffin blocks, representative of the different evolutive phases of fibrosis which appeared in 100 percent of infected rats. METHODS: Studies were conducted involving histology, immunohistochemistry, immunofluorescence and morphometric methods, in order to observe the dynamic behavior of the cellular and matrix components of fibrosis, over a one year period of evolution. RESULTS: Observation verified that septal fibrosis originates from several portal spaces simultaneously. Its origin and progression involve blood vessel proliferation (angiogenesis), multiplication of actin-positive cells (pericytes and myofibroblasts) and progressive collagen deposition. By the end of 4-5 months, a progressive decrease in all these components was observed, when signs of regression of septal fibrosis became more evident over time. CONCLUSIONS: Besides indicating the fundamental role played by angiogenesis in the pathogenesis of fibrosis, these morphological data concerning the dynamics of this C. hepatica experimental model proved to be adequate for future investigations regarding the functional aspects of fibrosis induction, progression and regression.
INTRODUÇÃO: Um extenso material de patologia experimental arquivado em blocos de parafina, ilustrativo das diferentes fases da fibrose hepática septal, que 100 por cento dos ratos desenvolvem em seguida uma infecção com o nematódeo Capillaria hepatica. MÉTODOS: O material foi sistematicamente estudado com métodos morfológicos e morfométricos, no sentido de se verificar o comportamento dos elementos celulares e matriciais durante a evolução da fibrose hepática septal ao longo de um período de um ano. RESULTADOS: Foi constatado que a fibrose septal se origina de vários espaços porta ao mesmo tempo, com proliferação vascular (angiogênese), multiplicação de células actino-positivas (pericitos, miofibroblastas) e progressivo depósito de colágeno. Ao fim dos 4-5 meses há uma involução regressiva de todos estes indícios morfológicos, mas com alguns septos persistindo bem evidentes até o fim de um ano. CONCLUSÕES: Além de ilustrar o papel fundamental desempenhado pela angiogênese, o modelo se mostrou adequado para futuros estudos funcionais relacionados com a indução, progressão e regressão da fibrose hepática.
Assuntos
Animais , Ratos , Capillaria/patogenicidade , Infecções por Enoplida/parasitologia , Cirrose Hepática Experimental/parasitologia , Cirrose Hepática/parasitologia , Hepatopatias Parasitárias/parasitologia , Modelos Animais de Doenças , Progressão da Doença , Infecções por Enoplida/patologia , Cirrose Hepática Experimental/patologia , Cirrose Hepática/patologia , Hepatopatias Parasitárias/patologia , Ratos Wistar , Fatores de TempoRESUMO
Inocula, varying from 15 to 1,000 embryonated Capillaria hepatica eggs, were administered to young adult rats by gastric tube, in an attempt to investigate the influence of worm load in the production of septal fibrosis of the liver. Low doses of 15, 30 or 50 eggs were sufficient to produce septal fibrosis, but it appeared with variable degrees of intensity and always with focal distribution. Septal fibrosis became diffuse, progressive with time, and already well developed 40 days after infection, when 100 eggs or more were administered. However, higher inocula (200, 500 and 1,000 eggs) did not intensify septal fibrosis, although the number of parasitic focal lesions proportionally augmented
Assuntos
Animais , Masculino , Ratos , Feminino , Capillaria/patogenicidade , Infecções por Enoplida/complicações , Cirrose Hepática Experimental/etiologia , Hepatopatias Parasitárias/etiologia , Modelos Animais de Doenças , Cirrose Hepática Experimental/parasitologia , Cirrose Hepática Experimental/patologia , Hepatopatias Parasitárias/parasitologia , Hepatopatias Parasitárias/patologia , Ratos WistarRESUMO
Vários modelos têm sido utilizados na tentativa de melhor se compreender a etiologia e a patogenia da fibrose hepática, bem como para se fazer ensaios com drogas anti¬fibrosantes. O rato infectado pelo helminto Capillaria hepatica desenvolve com regularidade, e em relativamente pouco tempo, um processo de fibrose septal progressiva, que chega até à cirrose. Por estas características, este modelo foi escolhido para testes com algumas drogas anti-fibrosantes, não só para testar tais drogas, como, através do presumido modo de ação de cada uma, inquirir sobre a patogênese da fibrose septal. Os objetivos desse trabalho foram: testar o potencial antifibrosante de algumas drogas, tais como: Pentoxifilina, Cio reto de Gadolínio, Vitamina A e Interferon-a; determinar a ação tanto preventiva, como curativa, das referidas drogas sobre a fibrose septal. Para isso, foram infectados 40 ratos Wistar com 1.500 ovos embrionados de C. hepatica, os quais foram subdivididos em 08 grupos experimentais, que receberam diferentes tratamentos com as drogas já mencionadas, excetuando o grupo controle, que foi tratado apenas com solução salina. Foram utilizadas técnicas histológicas, bioquímicas e morfométricas para a avaliação e mensuração da quantidade de colágeno e do grau de fibrose em amostras do tecido hepático obtidas em diferentes fases da infecção, por vezes, de um mesmo animal, através de hepatectomias parciais. As melhores respostas terapêuticas foram obtidas com Pentoxifilina, administrada por via intraperitoneal, mas não por via intravenosa, e com o Interferon-a nas doses de 500.000 e 800.000 U.I. O Cloreto de gadolínio mostrou moderada ação antifibrosante, mas apenas quando usada preventivamente. Os achados foram verificados através de análise estatística e mostraram significância com p<0,05, utilizando-se o teste Student-Newman-Keuls. O modelo animal empregado revelou-se útil para os testes com drogas com potencial antifibrosante. Inferiu-se que a pentoxifilina tem uma ação provável através inibição do TNFa e comprovou-se que o Interferon tem de fato uma ação direta anti-fibrosante. Os resultados apontaram para a importância da via de administração e da dose das drogas testadas.
Assuntos
Animais , Ratos , Capillaria/patogenicidade , Cirrose Hepática/parasitologia , Cirrose Hepática/patologia , Fibrose/patologia , Hepatite/parasitologia , Preparações Farmacêuticas/efeitos adversosRESUMO
Fine, long, fibrous septa were observed as a late change developing in the acinar zone III of the liver of rats experimentally infected with the helminth Capillaria hepatica. Hepatic septal fibrosis begun 30 days after inoculation of embryonated eggs into the stomach of rats and became clearly evident from the 40th day onwards. Experimental observation was undertaken for 170 days. Septal fibrosis increased progressively with time and was most marked when the parasitic nodules formed around larvae, disintegrating worms and eggs were involving. Septal fibrosis of the liver has not been previously recognized as a manifestation of hepatic capillariasis. The presence of sequestered parasite antigens, probably being slowly released within the liver, appears to be a major factor in the pathogenesis of hepatic septal fibrosis observed in rats with C. hepatica infection