Impacto da pandemia de COVID-19 na atuação do pediatra e do odontopediatra no Sistema Único de Saúde do Brasil / Impact of the COVID-19 pandemic on the performance of pediatricians and pediatric dentists in the Brazilian Unified Health System

Objetivo: Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 na produção ambulatorial de pediatras e odontopediatras no Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS). Métodos: Foi realizado um estudo ecológico com abordagem analítica e quantitativa, usando dados de domínio público do Departamento de Informática do SUS. Foram recuperadas as quantidades mensais de profissionais que atuaram no SUS, a quantidade de procedimentos ambulatoriais de cada categoria profissional e a projeção de residentes de zero a 13 anos para normalizá-la. Os dados foram comparados entre os períodos pré-pandemia (2018-2020) e pandêmicos (2020-2022), com nível de significância de 5%. Resultados: Houve uma redução significativa na quantidade mensal de procedimentos ambulatoriais realizados no SUS pelos pediatras no primeiro e no segundo ano pandêmico de COVID-19 quando comparados ao período pré-pandemia (p < 0,001 e < 0,002, respectivamente). Tal redução representa uma redução mediana percentual de -57,1% (IC95% -51,3%; -71,7%) no primeiro e -22,3% (IC95% -0,55%; -31,5%) no segundo ano pandêmico. Em relação aos odontopediatras, redução significativa foi observada somente entre o período pré-pandemia e o primeiro ano pandêmico (p < 0,001), representando -82.0% (IC95% -73,4%; -93,6%). Além disso, observou-se uma correlação significativa, positiva e moderada entre a produtividade de ambas as categorias profissionais no SUS durante todo o período investigado (p < 0,001; ρ = 0,744). Conclusão: A pandemia de COVID-19 afetou negativamente a oferta de cuidado ambulatorial médico-odontológico especializado para crianças no SUS

Objective: To evaluate the impact of the COVID-19 pandemic on the outpatient production of pediatricians and pediatric dentists in the Brazilian Unified Health System (SUS). Methods: An ecological study was conducted with an analytical and quantitative approach using public domain data from the SUS Department of Informatics. The monthly number of professionals who worked in the SUS, the number of outpatient procedures in each category, and the projection of residents from zero to thirteen years old to normalize it were retrieved. Data were compared by pre-pandemic (2018-2020) and pandemic (2020-2022) periods with a significance level of 5%. Results: There was a significant reduction in the monthly number of outpatient procedures performed in the SUS by pediatricians in the first and second pandemic years of COVID-19 compared to the pre-pandemic period (p < 0.001 and 0.002, respectively). This reduction represents a median percentage reduction of -57.1% (95%CI -51.3%, -71.7%) in the first and -22.3% (95%CI -0.55%, -31.5%) in the second pandemic year. Regarding pediatric dentists, a significant reduction was observed only between the pre-pandemic period and the first pandemic year (p < 0.001), representing -82.0% (95%CI -73.4%, -93.6%). Moreover, a significant positive and moderate correlation was observed between the productivity of both professional categories in the SUS throughout the investigated period (p < 0.001, ρ= 0.744). Conclusion: The COVID-19 pandemic negatively affected the provision of specialized medical and dental outpatient care for children in the SUS

Morbidade hospitalar de crianças de zero a nove anos no Hospital Universitário de Lagarto, Sergipe, Brasil: uma análise entre 2013 e 2022 / Hospital morbidity of children aged zero to nine years at the University Hospital of Lagarto, Sergipe, Brazil: an analysis between 2013 and 2022

Introdução: A maioria das crianças apresenta doença ou agravo de saúde que necessita de assistência hospitalar (incluindo internação) em algum momento de sua infância. Os impactos da internação podem ocorrer no crescimento e desenvolvimento infantil e nos custos envolvidos. Objetivo: Avaliar a morbidade hospitalar de crianças de zero a nove anos no Hospital Universitário de Lagarto (HUL), Sergipe, Brasil, nos últimos dez anos. Material e Métodos: Foi realizado um estudo ecológico, do tipo série temporal, considerando a quantidade anual internações hospitalares como variável primária. Foi estimada a tendência temporal da incidência entre 2013 e 2022, além de descrever indicadores de morbidade e comparar a incidência em relação ao sexo, faixa etária e CID-10. O nível de significância foi de 5%.Resultados: Nos últimos dez anos, quase seis mil internações hospitalares de crianças de zero a nove anos foram aprovadas no HUL. O valor médio de cada internação hospitalar foi de R$433,61 com tempo médio de permanência foi de 4,8 dias. A tendência temporal foi estacionária para todas as faixas etárias (menores de um ano, entre um e quatro e entre cinco e nove anos) (p >0,05). Entretanto, a incidência de hospitalizações de crianças menores de um ano foi significativamente maior quando comparada às outras faixas etárias (p <0,05), assim como de crianças do sexo feminino em relação ao masculino (p <0,05). Por fim, observou-se que as doenças do aparelho respiratório foram as mais comuns, cuja incidência foi significativamente superior a todos os outros grupos de doenças do CID-10 (p <0,05). Conclusão: Nos últimos dez anos, o HUL apresentou um padrão morbidade hospitalar com maior prevalência de internações em crianças de 1 a 4 anos e por causas respiratórias.

Introduction: Most children have a disease or health problem that requires hospital care during childhood, including hospitalization. However, child-related hospital morbidity needs further investigation. Objective: To evaluate the child-related hospital morbidity of children from zero to nine years old at the University Hospital of Lagarto (HUL), Sergipe, Brazil, in the last ten years. Material and Methods: An ecological time-series study was carried out, considering the number of annual hospital admissions as the primary variable. The temporal trend of incidence between 2013 and 2022 was estimated, in addition to describing morbidity indicators and comparing the incidence in relation to sex, age group and ICD-10. Results: In the last ten years, almost six thousand hospital admissions of children from zero to nine years old were approved at the HUL. The average value of each hospitalization was R$433.61, with an average length of stay of 4.8 days. The temporal tendency was stationary for all age groups (under one year old, between one and four, and between five and nine years old) (p >0.05). However, the incidence of hospitalizations of children under one year old was significantly higher when compared to other age groups (p <0.05), as well as female children when compared to male (p <0.05). Finally, it was observed that respiratory system diseases were the most common, whose incidence was significantly higher than all other ICD-10 disease groups (p <0.05). Conclusion: In the last ten years, HUL has presented a pattern of hospital morbidity with a higher prevalence of hospitalizations in children aged 1 to 4 years and for respiratory causes.