RESUMO
Abstract In Brazil, current information about breastfeeding indicators among indigenous living in the urban areas is lacking. This article describes the duration of exclusive breastfeeding and its associations with mother and child characteristics in a cohort of Terena infants. The study enrolled infants born between June 2017 to July 2018 (n = 42) and living in villages of the urban area of Campo Grande, Mato Grosso do Sul State, Brazil. Information was collected in four time-points. Variables on maternal sociodemographics and on maternal and child health characteristics were collected, respectively, during the antenatal and the first-month interviews. Variables on breastfeeding practices and bottle use were collected during the first-, six- and 12-month interviews. Associations were examined using Wilcoxon, Kruskal-Wallis, Pearson's chi-square, and Fisher's exact tests. The prevalence of exclusive breastfeeding duration to the ages of three and six months were, respectively, 50% and 11.9%. Compared to infants never introduced to bottles during the first three months of life, those bottle-fed had lower median duration of exclusive breastfeeding (15 versus 150 days) and lower prevalence of exclusive breastfeeding duration to the age of three months (22.7% versus 80%). Most Terena infants fell short of meeting the international recommended duration of exclusive breastfeeding until six months of age and suggested the negative impact of bottle use in the duration of exclusive breastfeeding.
Resumo No Brasil, não há informações atuais sobre indicadores de aleitamento materno entre indígenas residentes em áreas urbanas. O objetivo deste estudo foi descrever a duração do aleitamento materno exclusivo e suas associações com características maternas e infantis em uma coorte de lactentes Terena. O estudo incluiu crianças nascidas de junho de 2017 a julho de 2018 (n = 42) e residentes em povoados da zona urbana de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil. As informações foram coletadas em quatro momentos. Variáveis sociodemográficas maternas e características de saúde materno-infantil foram coletadas durante o pré-natal e o primeiro mês de entrevistas, respectivamente. As variáveis sobre práticas de amamentação e uso de mamadeira foram coletadas durante as entrevistas realizadas no primeiro mês, seis meses e 12 meses. As associações foram examinadas pelos testes de Wilcoxon, Kruskal-Wallis, qui-quadrado de Pearson e exato de Fisher. As prevalências de duração do aleitamento materno exclusivo até os três e seis meses de idade foram, respectivamente, de 50% e 11,9%. Em relação aos bebês que nunca foram introduzidos à mamadeira durante os três primeiros meses de vida, aqueles que usaram mamadeira tiveram menor duração média de amamentação exclusiva (15 versus 150 dias) e menor prevalência de duração de amamentação exclusiva até os três meses de idade (22,7% versus 80%). A maioria dos lactentes Terena não atingiu a duração recomendada internacionalmente para o aleitamento materno exclusivo até os seis meses, sugerindo um impacto negativo do uso da mamadeira na duração do aleitamento materno exclusivo.
Resumen En Brasil no existe información actual sobre los indicadores de lactancia materna entre los indígenas que viven en áreas urbanas. El objetivo de este estudio fue describir la duración de la lactancia materna exclusiva y sus asociaciones con las características maternas e infantiles en una cohorte de lactantes Terena. Este estudio incluyó a niños nacidos entre junio de 2017 y julio de 2018 (n = 42) y que vivían en aldeas del área urbana de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil. La información se recopiló en cuatro momentos. Las variables sociodemográficas maternas y las características de salud materno-infantil durante la atención prenatal y el primer mes de entrevistas, respectivamente, se recogieron para este estudio. Las variables sobre prácticas de lactancia materna y alimentación con biberón fueron recolectadas de las entrevistas realizadas en el primer mes, seis meses y 12 meses. Las asociaciones pasaron por las pruebas de Wilcoxon, de Kruskal-Wallis, el chi-cuadrado de Pearson y la prueba exacta de Fisher. La prevalencia de duración de la lactancia materna exclusiva fue del 50% hasta los tres meses de edad y del 11,9% hasta los seis meses. En comparación con los bebés que no utilizaron biberón durante los primeros tres meses de vida, los que usaron biberón tuvieron una duración promedio más corta de lactancia materna exclusiva (15 versus 150 días) y una menor prevalencia de lactancia materna exclusiva hasta los tres meses de edad (22,7% versus 80%). La mayoría de los bebés Terena no alcanzaron la duración recomendada internacionalmente para la lactancia materna exclusiva hasta los seis meses, lo que sugiere un impacto negativo de la alimentación con biberón en la duración de la lactancia materna exclusiva.
RESUMO
ABSTRACT Objective: To review malnutrition, hunger, anemia, food insecurity and obesity conditions of indigenous peoples in Brazil from 2013 to 2023. Methods: The study combines a sociohistorical approach in the analysis of available government and civil society documents and websites and a bibliographical search in Web of Science, PubMed and Scopus databases, on malnutrition, hunger, anemia, food insecurity and obesity among indigenous peoples in Brazil, from 2013 to 2023. Results: The living conditions scenario is unfavorable for indigenous peoples in Brazil, in absolute and comparative terms with the non-indigenous people, revealing great inequities in health. In the political and socioeconomic framework, the dismantling of state actions and public policies concerning food and nutritional security, the worsening of territorial violence and other important setbacks in environmental issues and on the fundamental rights of indigenous peoples stand out. Conclusion: The inequalities in health profiles and living conditions of indigenous and non-indigenous people in this country and globally, refer to historical-colonial trajectories marked by violence, racism and marginalization. In contemporary Brazil, the possibility of implementing the Human Right to Adequate Food and Nutrition, Food and Nutrition Security and food sovereignty of indigenous peoples has as a structural condition the discontinuation of systematic violations of their lives and territories, as well as a set of specific rights, including health rights, participatively and strenuously obtained in the wake of the country's redemocratization.
RESUMO Objetivo: Analisar o cenário de desnutrição, fome, anemia, insegurança alimentar e obesidade entre os povos indígenas no Brasil no período de 2013 a 2023. Métodos: O estudo combina a abordagem analítica sociohistórica na análise de documentos disponíveis nas páginas governamentais e de organizações da sociedade civil à busca de artigos científicos nas bases de dados Web of Science, PubMed e Scopus, sobre desnutrição, fome, anemia, insegurança alimentar e obesidade entre povos indígenas no Brasil, de 2013 a 2023. Resultados: O cenário deste conjunto de agravos se apresenta francamente desfavorável para os povos indígenas no Brasil, em termos absolutos e comparativos com o segmento não indígena, revelando grandes iniquidades em saúde. No contexto político e socioeconômico, destacam-se o desmonte das ações estatais e das políticas públicas concernentes à segurança alimentar e nutricional no país, o agravamento da violência territorial e outros importantes retrocessos nas questões ambientais e de reconhecimento de direitos fundamentais dos povos indígenas. Conclusão: As iniquidades entre perfis sanitários e condições de vida de indígenas e não indígenas no país e globalmente remetem à trajetória histórico-colonial marcada pela violência, racismo e marginalização. No Brasil contemporâneo, a possibilidade de realização do Direito Humano à Alimentação e Nutrição Adequadas, da Segurança Alimentar e Nutricional e soberania alimentar de indígenas tem como condição estrutural o fim das violações sistemáticas de suas vidas e territórios, como de um de corpo de direitos específicos, inclusive de saúde, participativamente conquistados na esteira da redemocratização do país.
RESUMO
Resumo Introdução: As doenças do aparelho circulatório representam a principal causa de adoecimento e mortes na população mundial. Objetivo: Estimar a prevalência de alto risco para evento coronário (ARC) e os fatores associados na população adulta brasileira. Método: Estudo transversal, com base nos dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Para os indivíduos classificados em ARC, segundo a primeira fase de estratificação da I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular, avaliou-se a associação dessa condição com variáveis sociodemográficas, condição de saúde e hábitos e estilo de vida. A análise estatística foi realizada em três etapas: descritiva, bivariada e múltipla. Consideraram-se os pesos amostrais e o efeito de desenho do plano de amostragem complexo, utilizando-se da biblioteca survey do programa estatístico R, versão 3.2.2. Resultados: A prevalência de ARC na população brasileira foi de 11,06% (IC95% 10,83-11,29). Observou-se maior proporção de ARC com o avançar da idade, em indivíduos residentes no centro-sul, que autoavaliaram a saúde como ruim/muito ruim, ex-fumantes e hipertensos. Conclusões: A população brasileira apresentou alta prevalência de ARC e, assim, possui mais de 20% de risco de um evento coronário agudo nos próximos dez anos, caso medidas de prevenção e controle não sejam tomadas.
Abstract Background: Diseases of the circulatory system are the leading cause of illness and death in the world population. Objective: Estimate the prevalence of high risk for coronary events (HRC) and associated factors in the Brazilian adult population. Method: This is a cross-sectional study, based on data from the National Health Survey 2013. The association of this condition with sociodemographic, health condition, and habits and lifestyle was evaluated for individuals as in HRC, according to the first stratification phase of the I Brazilian Directive of Cardiovascular Prevention. Statistical analysis was performed in three stages: descriptive; bivariate; and multiple analysis. Sampling weights and design effect of the complex sampling plan were considered, using the survey library of the statistical program R, version 3.2.2. Results: The prevalence of HRC in the Brazilian population was 11.06% (95%CI 10.83-11.29). A higher prevalence of HRC was observed with advancing age, in individuals living in the Central-South, who self-rated their health as poor/very poor, former smokers, and individuals with systemic arterial hypertension. Conclusions: The Brazilian population presented a high prevalence of HRC and, thus, has a more than 20% risk of an acute coronary event in the next ten years, if prevention and control measures are not taken.
RESUMO
RESUMO Objetivo O objetivo deste estudo foi investigar a relação entre estilos parentais e habilidades auditivas em crianças usuárias de implante coclear. Métodos Este é um estudo analítico observacional. Os participantes foram os cuidadores principais das crianças divididos em grupo estudo (N=50) e grupo controle (N=28). As idades das crianças estavam entre 3 e 7 anos. Os indivíduos do grupo estudo forneceram uma história médica pregressa (HMP) e preencheram o Questionário de Estilos e Dimensões Parentais (QEDP) e a Escala de Integração Auditiva Significativa Infantil-Toddler (IT-MAIS) ou a Escala de Integração Auditiva Significativa (MAIS). Os sujeitos do grupo controle também forneceram um PMH e preencheram o QEDP. O teste de Mann Whitney, o coeficiente de Spearman e o teste de Kruskal-Wallis foram utilizados para análise dos dados, utilizando-se os softwares JASP 0.8 e SPSS 23. Resultados Os grupos estudo e controle não apresentam diferenças significativas em relação aos estilos parentais (p<0,05). A dimensão estilo parental autoritário e punição revelou significância estatística, com escores mais elevados para crianças com desenvolvimento auditivo alterado. Conclusão No presente estudo foi possível verificar que a prática do estilo parental autoritário com dimensões punitivas e coerção física esteve relacionada ao desenvolvimento auditivo alterado em crianças usuárias de implante coclear.
ABSTRACT Purpose The purpose of this study was to investigate the relationship between parenting styles and hearing skills in children with hearing loss who use cochlear implants. Methods This is an observational analytical study. The participants were the children's main caregivers divided into a study group (N=50) and a control group (N=28). The children's ages were between 3 and 7 years old. Subjects in the study group provided a past medical history (PMH), and completed the Parenting Styles and Dimensions Questionnaire (PSDQ) and the Infant-Toddler Meaningful Auditory Integration Scale (IT-MAIS) or the Meaningful Auditory Integration Scale (MAIS). Subjects in the control group also provided a PMH and completed the PSDQ. The Mann Whitney test, the Spearman coefficient, and the Kruskal-Wallis test were used for data analysis, utilizing the JASP 0.8 and SPSS 23 softwares. Results Results showed that The authoritarian parenting style and punishment dimension revealed a statistical significance, with higher scores for children with altered auditory development. Conclusion It was concluded that the practice of authoritarian parenting style with punitive dimensions and physical coercion were related to altered hearing development. Regulation dimension presented a significant correlation with hearing development. The outcome suggested the importance of psychotherapeutic strategies for caregivers who are responsible for children with hearing loss.
Assuntos
Humanos , Pré-Escolar , Criança , Poder Familiar , Implante Coclear , Fonoaudiologia , Relações Familiares , Perda Auditiva , Inquéritos e QuestionáriosRESUMO
Abstract Objectives: to characterize the nutritional status of indigenous children underfive years of age living in rural communities in the Upper Solimões River region, inhabited by seven ethnic groups, based on data of december 2013. Methods: weight and height data extracted from SISVAN-I (Indigenous Food and Nutritional Surveillance System) forms filled in 2013 for 7,520 children (86.0% of the estimated children in this age group). The indices height-for-age (H/A), weight-for-age (W/A), weight-for-height(W/H), and body mass index-for-age (BMI/A) were calculated. Growth reference curves proposed by the World Health Organization were used to calculate z-scores. Results: the height-for-age (H/A) index presented the lowest mean z-score values, reaching -1.95 among children between 36 and 60 months. Mean z-score values for the weight-for-age (W/A) index also remained below zero. Mean z-score values for the indices weight-for-height (W/H) and body mass index-for-age (BMI/A) remained slightly above zero, reaching a maximum value of 0.5. Of all children, 45.7% presented low H/A, 9.6% presented low W/A, 4.5% presented low W/H, and 10.7% presented overweight based on BMI/A. Conclusion: our analysis show that in 2013 poor nutritional status persisted as an important health issue among these rural indigenous children.
Resumo Objetivos: caracterizar o estado nutricional de crianças indígenas menores de cinco anos, de comunidades rurais na região do Alto Solimões, habitada por sete etnias, com base em dados de dezembro de 2013. Métodos: foram extraídos dos formulários do SISVAN Indígena dados de peso e estatura, coletados em 2013, de 7.520 crianças (86,0% das crianças estimadas nesta faixa etária). Foram calculados os índices estatura-para-idade (E/I), peso-para-idade (P/I), peso-para-estatura (P/E) e índice de massa corporal para idade (IMC/I). Curvas de referência para crescimento propostas pela Organização Mundial da Saúde foram utilizadas para calcular escores z. Resultados: o índice estatura-para-idade (E/I) apresentou os menores valores médios de escore z, chegando a -1,95 nas crianças entre 36 e 60 meses. Os valores médios do escore z do índice peso-para-idade (P/I) também permaneceram abaixo de zero. Os valores médios do escore z para os índices P/E e índice de massa corporal para idade (IMC/I) mantiveram-se ligeiramente acima de zero, atingindo valor máximo de 0,5. Do total de crianças, 45,7% apresentaram baixa E/I, 9,6%, baixo P/I, 4,5% baixo P/E e 10,7% de excesso de peso de acordo com o IMC/I. Conclusão: em 2013 a desnutrição persistia como um importante agravo à saúde nessas crianças.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Recém-Nascido , Lactente , Pré-Escolar , Vigilância Alimentar e Nutricional , Estado Nutricional , Desnutrição/epidemiologia , Disparidades nos Níveis de Saúde , Saúde de Populações Indígenas/estatística & dados numéricos , Povos Indígenas , Brasil/epidemiologia , Estudos Transversais , Inquéritos e Questionários , Nutrição da Criança , Nutrição do LactenteRESUMO
Os debates sobre o acolhimento das diversidades e a inclusão de grupos populacionais em maior situação de vulnerabilidade na área da saúde têm sido crescentes em âmbito nacional e internacional. No Brasil, a trajetória da Nutrição Inclusiva foi impulsionada no início na década de 2000, e atualmente é definida como a forma de exercer a profissão na qual o nutricionista utiliza todos os recursos disponíveis para promover a inclusão, a saúde e a segurança alimentar e nutricional de pessoas em situação de vulnerabilidade, por meio de ações oportunas e ajustadas às singularidades desses sujeitos, tendo como base o acolhimento, o respeito à diversidade, a acessibilidade e o estímulo à autonomia. Atravessa todas as áreas de atuação e cenários de prática do nutricionista, com foco na produção de novos modos de cuidar e novas formas de organizar o trabalho que visem à segurança alimentar e nutricional e à justiça social. Assim, os saberes que vêm sendo construídos nessa direção devem ser incorporados pelo profissional desde a sua formação até a sua prática cotidiana, visando beneficiar direta e/ou indiretamente a saúde e a nutrição dos grupos populacionais em maior situação de vulnerabilidade.
Debates on embracing diversity and the inclusion of more vulnerable populations in the health area have been growing at the national and international levels. In Brazil, the trajectory of Inclusive Nutrition was pushed forward at the beginning of the 2000s and is currently defined as a practice in which the nutritionist uses all available resources to promote inclusion, health, food safety, and nutrition of vulnerable populations through timely actions adjusted to their singularities, based on acceptance, respect for diversity, accessibility, and encouragement of autonomy. It extends over all the areas of action and practice of the nutritionist, focusing on the production of new ways of caring and of organizing work aimed at food and nutritional security and social justice. Thus, the knowledge that has been built in this direction must be incorporated by professionals, from their training to their daily practice, aiming to directly and/or indirectly benefit the health and nutrition of vulnerable populations.
Assuntos
Populações Vulneráveis , Nutricionistas , Inclusão Social , Abastecimento de AlimentosRESUMO
Abstract Brazil is characterized by strong social inequalities and differences in access to quality food and sufficient quantities of it, which represent a violation of the human right to adequate food. The aim was to assess food expenditures according to the social profiles of the head of the households. Data from the cross-sectional Brazilian Household Budget Survey (2017/2018) were used with a nationally representative sample of household survey participants (n=52,917). Poisson regression was used to estimate prevalence ratios (PR) to assess the association of different social profiles with the acquisition of food. The profile characterized by woman self-classified as white, with a higher education, which characteristics were positively and significantly associated with more acquisition of fruits (PR=1.22; CI95% 1.09-1.36) and vegetables and greens (PR=1.24; CI95% 1.09-1.41). Black women with low education levels showed a negative association with the consumption of soda (PR=0.53; CI95% 0.45-0.62), and prepared food (PR=0.52; CI95% 0.37-0.74). The results reveal great inequalities in the purchase of food between the social profiles of the heads of the family.
Resumo O Brasil é caracterizado por fortes desigualdades sociais e diferenças no acesso a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, o que representa uma violação do direito humano à alimentação adequada. O objetivo foi avaliar os gastos com alimentação de acordo com o perfil social do responsável pelo domicílio. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares Brasileiros de corte transversal (2017/2018) foram usados com uma amostra nacionalmente representativa de participantes da pesquisa domiciliar (n=52.917). A regressão de Poisson foi utilizada para estimar razões de prevalência (RP) para avaliar a associação de diferentes perfis sociais com a aquisição de alimentos. O perfil caracterizado pela mulher auto classificada como branca, com maior escolaridade, cujas características estiveram positiva e significativamente associadas a maior aquisição de frutas (RP=1,22; IC95% 1,09-1,36), verduras e legumes (PR=1,24; IC95% 1,09-1,41) e queijo (RP=1,32; IC95% 1,09-1,59). Mulheres negras com baixa escolaridade apresentaram associação negativa com o consumo de refrigerantes (RP=0,53; IC95% 0,45-0,62) e alimentos preparados (RP=0,52; IC95% 0,37-0,74). Os resultados revelam grandes desigualdades na aquisição de alimentos entre os perfis sociais dos chefes de família.
RESUMO
A insegurança alimentar e seus determinantes se distribuem de forma desigual entre as macrorregiões brasileiras. O objetivo deste estudo foi investigar as intersecções de gênero e raça/cor da pessoa de referência na ocorrência de insegurança alimentar em domicílios nas diferentes regiões do Brasil. Foram utilizados os microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2018, com amostra de 57.920 domicílios. Os níveis de insegurança alimentar foram considerados com análises em relação aos perfis criados a partir da intersecção do gênero (homem e mulher) e raça/cor: homem branco, mulher branca, homem pardo, mulher parda, homem preto e mulher preta. Razões de prevalência (RP) foram estimadas por meio de modelos de regressão de Poisson para investigar a associação dos perfis com a insegurança alimentar moderada/grave, estratificados por macrorregião. O Norte apresentou as piores proporções de todos os níveis de insegurança alimentar (57%), seguido do Nordeste (50,4%). As regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste apresentaram prevalência de insegurança alimentar moderada/grave até 5 vezes maior entre domicílios chefiados por mulheres comparados aos chefiados por homens (p < 0,001). A insegurança alimentar moderada/grave esteve mais associada aos domicílios chefiados pelas mulheres negras em todas as macrorregiões do Brasil, porém, no Sudeste, a RP foi mais elevada, quando comparada às demais regiões, para a mulher parda (RP = 1,16; IC95%: 1,13-1,20), enquanto na Região Sul a RP foi maior para a mulher preta (RP = 1,17; IC95%: 1,13-1,21). Os achados sugerem que o debate interseccional sobre os dados de insegurança alimentar no Brasil, considerando o gênero, a raça/cor da pele e a região de residência, deve ser somado ao tema das políticas voltadas para redução da insegurança alimentar e das iniquidades relacionadas.
Food insecurity is distributed unequally throughout Brazilian regions. This study aims to investigate the intersections of gender and skin color/race in the cases of food insecurity in households across Brazil. Microdata from the 2018 Brazilian Household Budgets Survey (POF) were used, with a sample of 57,920 households. Food insecurity levels were compared to profiles created from the intersection of gender (man and woman) and skin color/race: white man, white woman, mixed-race man, mixed-race woman, black man, and black woman. Prevalence ratios (PR) were estimated using Poisson regression models to investigate the association of profiles with moderate/severe food insecurity, separated by macroregion. The North had the worst proportions of all food insecurity levels (57%), followed by Northeast (50.4%). The North, Northeast, and Central-West macroregions had prevalence of moderate/severe food insecurity up to five times higher among households headed by women compared to those headed by men (p < 0.001). Moderate/severe food insecurity was associated to households headed by black women in all macroregions of Brazil, but prevalence ratios in Southeast were higher compared to other regions for mixed-race women (PR = 1.16; 95%CI: 1.13-1.20), while the PR was higher in South for black women (PR = 1.17; 95%CI: 1.13-1.21). Outcomes suggest that the intersectional food insecurity data in Brazil - focused on gender, skin color/race and macroregion of residence - should be considered for policies aimed at reducing hunger and related issues.
La inseguridad alimentaria y sus determinantes está distribuida desigualmente por las macrorregiones de Brasil. El objetivo de este estudio fue investigar las intersecciones de género y raza/color de piel de la persona de referencia en la ocurrencia de inseguridad alimentaria en hogares de diferentes regiones brasileñas. Se utilizaron microdatos de la Encuesta de Presupuestos Familiares (POF) de 2018 de una muestra de 57.920 hogares. Se consideraron los niveles de inseguridad alimentaria con relación a los perfiles creados desde la intersección de género (hombre y mujer) y raza/color de piel: hombre blanco, mujer blanca, hombre pardo, mujer parda, hombre negro y mujer negra. Las razones de prevalencia (RP) se estimaron por modelos de regresión de Poisson para evaluar la asociación de los perfiles con inseguridad alimentaria moderada/grave, estratificados por macrorregión. La Región Norte tuvo las peores proporciones en todos los niveles de inseguridad alimentaria (57%), seguida del Nordeste (50,4%). Las regiones Norte, Nordeste y Centro-oeste mostraron prevalencias moderada/grave de inseguridad alimentaria hasta 5 veces mayores entre los hogares con mujeres como jefas del hogar en comparación con los hogares liderados por hombres (p < 0,001). La inseguridad alimentaria moderada/grave se asoció más en los hogares donde las mujeres negras eran las jefas del hogar en todas las macrorregiones de Brasil, sin embargo, en el Sudeste la RP fue mayor en comparación con las demás regiones para las mujeres pardas (RP = 1,16; IC95%: 1,13-1,20), mientras que en la Región Sur la RP fue mayor para las mujeres negras (RP = 1,17; IC95%: 1,13-1,21). Los hallazgos sugieren que el debate interseccional sobre los datos de inseguridad alimentaria en Brasil, considerando el género, la raza/color de piel y la región de residencia, debe agregarse al tema de las políticas destinadas a reducir la inseguridad alimentaria y sus inequidades asociadas.
RESUMO
Objective: This study aimed to evaluate sociodemographic and economic differences among Brazilian older adults according the region they live in. Methods: This cross-sectional, descriptive-analytical study included older adults aged ≥ 60 years, based on a secondary analysis of public data from a nationally representative survey called the Family Budget Survey. The data were disaggregated according to the 5 regions of the country and associated with sociodemographic and economic characteristics. Analyses of categorical and numerical variables and their associations were performed using multinomial logistic regression. Results: Among all participants in the Family Budget Survey, 26 199 (15%) were older adults. The southeast and south regions were found to had better living conditions and higher proportions of older adults. Regarding race, the southern region had the highest proportion of self-declared Whites, the southeastern region had the highest mean education level, and the northern and northeastern regions had the lowest levels of education and household income. Conclusions: The results suggest that the aging process is heterogeneous due to marked regional inequalities, which are related to social issues. Regional differences can be determinant in socioeconomic and demographic inequalities among the older population.
Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar as diferenças sociodemográficas e econômicas entre idosos brasileiros de acordo com as macrorregiões. Metodologia: Estudo transversal, descritivo-analítico, realizado com indivíduos com ≥ 60 anos de idade, com base na análise secundária de dados públicos de um inquérito nacionalmente representativo denominado Pesquisa de Orçamentos Familiares. Os dados foram separados de acordo com as cinco regiões do País e foram associados a características sociodemográficas e econômicas. Realizaram-se análises de variáveis categóricas e numéricas e de suas associações por meio de regressão logística multinomial. Resultados: Entre todos os participantes da Pesquisa de Orçamentos Familiares, 26.199 (15%) eram idosos. Constatou-se que as regiões Sudeste e Sul apresentaram melhores condições de vida e maiores proporções de idosos. Em relação à raça/cor, a região Sul apresentou a maior proporção de autodeclarados brancos, a região Sudeste apresentou a maior média de escolaridade e as regiões Norte e Nordeste apresentaram os menores níveis de escolaridade e renda familiar. Conclusões: Os resultados sugerem que o processo de envelhecimento é heterogêneo em razão das acentuadas desigualdades regionais, que estão relacionadas a questões sociais. As diferenças regionais podem ser determinantes nas desigualdades socioeconômicas e demográficas entre a população idosa.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Pessoa de Meia-Idade , Idoso , Idoso de 80 Anos ou mais , Fatores Socioeconômicos , Disparidades nos Níveis de Saúde , Brasil , Estudos Transversais , Inquéritos EpidemiológicosRESUMO
BACKGROUND: Surgery has become the treatment of choice for head and neck cancer (HNC) in most cases. Preoperative fasting abbreviation and nutrition screening have been suggested to reduce the occurrence of postoperative complications. This study aimed to evaluate the addition of whey protein in the preoperative fasting abbreviation and to analyze the association of nutrition status on postoperative complications in patients with HNC. METHODS: A randomized, single-blind clinical trial was performed. Patients recruited from March to November 2018 at a national cancer reference center in Brazil were divided into 2 groups: intervention group (clear fluids with carbohydrate plus whey protein [CHO-P]) and control group (clear fluids with carbohydrate only [CHO]). All patients were evaluated by the Patient-Generated Subjective Global Assessment (PG-SGA) and body mass index. Logistic regression analyses were performed to assess associations between the studied variables, generating odds ratios (ORs) and 95% confidence intervals (CIs). RESULTS: A total of 49 patients met the eligibility criteria and enrolled in the study. A PG-SGA score of 4-8, indicating moderate malnutrition (OR, 10.91; 95% CI, 1.05-112.91), was an independent factor that increased the risk of postoperative complication, whereas the CHO-P group (OR, 0.04; 95% CI, 0.01-0.26) was found to be an independent factor in reducing such risk. CONCLUSION: The addition of whey protein to clear fluids (CHO-P group) was associated with a reduced risk of postoperative complications compared with the CHO group. Furthermore, moderate malnourishment was associated with an increased risk of postoperative complications for patients with HNC.
Assuntos
Neoplasias de Cabeça e Pescoço , Desnutrição , Jejum , Neoplasias de Cabeça e Pescoço/cirurgia , Humanos , Desnutrição/diagnóstico , Desnutrição/etiologia , Desnutrição/prevenção & controle , Estado Nutricional , Complicações Pós-Operatórias/epidemiologia , Complicações Pós-Operatórias/etiologia , Complicações Pós-Operatórias/prevenção & controle , Método Simples-Cego , Proteínas do Soro do LeiteRESUMO
ABSTRACT Objective To evaluate the relationship between sociodemographic characteristics and food insecurity in quilombola communities in Brazil. Methods Microdata from the 2011 Quilombola Census "Assessment of the food and nutritional security situation in titled quilombola communities" were evaluated. The Brazilian household food insecurity measurement scale was used to evaluate household food insecurity status. Multinomial regression models were used to test the association between sociodemographic characteristics and food insecurity. Results The prevalence of food insecurity was 86.1% (mild: 30.2%; moderate/severe: 55.9%). In the final adjusted model, the factors significantly associated with moderate/severe food insecurity (p-value<0.001) were: head of household being single or divorced, head of household with 1-7 years of schooling, a larger domicile size, households with children under 5 years of age, precarious sanitation, a household income of less than the minimum wage, and being from a quilombola communities in the North of the country. Conclusion The results indicated that the prevalence of food insecurity among quilombola households is high, requiring the implementation of public policies to promote food and nutritional security and to mitigate the historical social injustices suffered by this population.
RESUMO Objetivo Avaliar a relação entre características sociodemográficas e insegurança alimentar em comunidades quilombolas no Brasil. Métodos Os microdados do Censo Quilombola de 2011, "Avaliação da situação de segurança alimentar e nutricional nas comunidades quilombolas tituladas", foram analisados. A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar foi usada para avaliar o nível de insegurança alimentar dessa população. Modelos de regressão multinomial foram utilizados para testar a associação entre características sociodemográficas e insegurança alimentar. Resultados A prevalência de insegurança alimentar foi de 86,1% (leve: 30,2%; moderada/grave: 55,9%). No modelo final ajustado, verificou-se que as residências cujos responsáveis eram solteiros/divorciados, com escolaridade entre 1-7 anos, aquelas onde havia maior aglomeração familiar, presença de crianças menores de cinco anos, com precário saneamento básico, da macrorregião Norte do país e famílias com renda mensal familiar inferior a um salário mínimo apresentaram associação significativa com insegurança moderada/ grave (p-valor <0,001). Conclusão Os resultados indicaram que as famílias quilombolas apresentavam elevada prevalência de insegurança alimentar, sendo necessária a implementação de políticas públicas para promoção da segurança alimentar e nutricional e que minimizem as históricas injustiças sociais sofridas por essa população.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Adolescente , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Adulto Jovem , Fatores Socioeconômicos , Etnicidade/estatística & dados numéricos , Abastecimento de Alimentos/estatística & dados numéricos , Insegurança Alimentar , Brasil , Prevalência , CensosRESUMO
Birth weight is an important predictor of perinatal, infant, and preschool-age children morbimortality. However, information about indigenous children's birth weight is still scarce. This study aimed to analyze the birth weight of indigenous children based on data from the First National Survey of Indigenous People's Health and Nutrition, Brazil (2008-2009). This is the first study to address indigenous children's birth weight based on a nationwide representative sample. Mean birth weights and the respective standard deviations were calculated according to geopolitical region, sex, type of birth, and birthplace. The chi-square test was used to analyze differences in proportions, and Kruskal-Wallis and Mann-Whitney U tests in means, considering sample design and data normality. We found no records on birth weight in the researched documents for 26.7% of the 6,128 sampled children. The mean birth weight for the 3,994 children included in the analyses was 3,201g (standard deviation - SD ± 18.6g), regardless of sex, type of birth, and birthplace. The prevalence of low birth weight was 7.6% (n = 302) and was significantly higher among girls. Boys presented significantly higher mean birth weight than girls, regardless of the geopolitical region. Low birth weight was slightly less frequent among indigenous children when compared to Brazilian children in general. Our study indicates the need to improve prenatal care and the quality of consultation records for indigenous women as a strategy to promote safe pregnancy and childbirth.
O peso ao nascer é um importante preditor de morbimortalidade perinatal, infantil e pré-escolar. São escassas as informações sobre o peso ao nascer das crianças indígenas no Brasil. O estudo teve como objetivo analisar o peso ao nascer das crianças indígenas, com base nos dados do Primeiro Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas, Brasil (2008-2009). Este é o primeiro estudo a avaliar o peso ao nascer de crianças indígenas com base em uma amostra nacional representativa. Foram calculadas as médias e desvios-padrão de acordo com macrorregião, sexo, tipo e parto e local do parto. Foram utilizados o teste de qui-quadrado para analisar as diferenças de proporções e os testes de Kruskal-Wallis e U de Mann-Whitney para diferenças nas médias, considerando o desenho amostral do estudo e a normalidade dos dados. Para 26,7% das 6.128 crianças da amostra, não foi possível localizar qualquer registro de peso ao nascer nos documentos consultados. Entre as 3.994 crianças incluídas nas análises, o peso médio ao nascer, independentemente de sexo, tipo de parto e local do parto, foi 3.201g (desvio padrão - DP ± 18,6g). A prevalência de baixo peso ao nascer foi 7,6% (n = 302), significativamente mais alta em meninas. Os meninos apresentaram peso médio ao nascer significativamente mais alto que as meninas, independentemente de região. A frequência de baixo peso ao nascer foi ligeiramente mais baixa que nas crianças brasileiras em geral. O estudo aponta para a necessidade de melhorar a assistência pré-natal e a qualidade dos registros das consultas das mulheres indígenas, como estratégia para promover a segurança na gravidez e no parto.
El peso al nacer es un predictor importante de morbimortalidad perinatal, infantil y preescolar. La información sobre el peso al nacer de niños indígenas es escasa. El objetivo de este estudio fue analizar el peso al nacer de los niños indígenas, basado en datos de la Primera Encuesta Nacional de Salud y Nutrición de los Pueblo Indígenas, Brasil (2008-2009). Se trata del primer estudio dirigido al peso al nacer de niños indígenas, basado en una muestra representativa nacionalmente. Las medias y las respectivas desviaciones estándar del peso al nacer se calcularon según la región geopolítica, sexo, tipo de nacimiento y localización del mismo. Se usó un test chi-cuadrado para analizar las diferencias en proporciones y las pruebas Kruskal-Wallis y de la U de Mann-Whitney para las diferencias en las medias, considerando el diseño de la muestra del estudio y normalidad de los datos. Para un 26,7% de los 6.128 niños incluidos en la muestra no fue posible localizar ningún registro de peso al nacer en los documentos investigados. De los 3.994 niños incluidos en el análisis, la media de peso al nacer, independiente del sexo, tipo de nacimiento, y lugar de nacimiento, fue 3.201g (desviación estándar - SD ± 18,6g). La prevalencia del bajo peso al nacer fue 7,6% (n = 302) y fue significativamente más alta entre niñas. Los niños presentaron significativamente una media más alta de peso al nacer que las niñas, independientemente de la región. La frecuencia del bajo peso al nacer fue ligeramente más baja que la observada en niños brasileños en general. Este estudio presenta aspectos que se necesitan mejorar en el cuidado prenatal y en la calidad de los registros de las consultas de mujeres indígenas, como una estrategia para promover un embarazo y parto seguros.
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Humanos , Masculino , Feminino , Gravidez , Recém-Nascido , Lactente , Pré-Escolar , Criança , Estado Nutricional , Povos Indígenas , Peso ao Nascer , Brasil/epidemiologia , PrevalênciaRESUMO
Resumo: Os quilombolas constituem parte das minorias étnico-raciais do país que apresentam iniquidades em saúde, reflexo de um processo histórico de grandes desvantagens socioeconômicas. O objetivo foi avaliar o estado nutricional e fatores associados ao déficit estatural em crianças quilombolas menores de cinco anos residentes em comunidades quilombolas tituladas na Região Nordeste do Brasil. Utilizaram-se dados secundários provenientes da Pesquisa de Avaliação da Situação de Segurança Alimentar e Nutricional em Comunidades Quilombolas Tituladas (2011). Os desfechos de interesse foram o déficit estatural (estatura-para-idade < -2z), excesso de peso (peso-para-estatura > 2z) e o déficit ponderal (peso-para-idade < -2z). Foi empregado o teste qui-quadrado para avaliar a significância das diferenças entre as prevalências. A análise multivariada considerou um modelo conceitual hierárquico sobre o déficit estatural. As prevalências de excesso de peso e déficit ponderal foram 2,8% e 6,1%, respectivamente. O déficit estatural foi diagnosticado em 14,1% da amostra. O modelo hierárquico de déficit estatural evidenciou maiores prevalências do agravo entre crianças que não tinham acesso à atenção básica (RP = 1,63; IC95%: 1,11; 2,41), à água tratada (RP = 2,09; IC95%: 1,42; 3,08) e que nasceram com baixo peso (RP = 2,19; IC95%: 1,33; 3,61). A elevada prevalência de déficit estatural mostra que a população quilombola no Nordeste apresenta condições de saúde desfavoráveis, sendo reflexo da falta de acesso à atenção básica e das precárias condições de saneamento.
Abstract: Quilombolas, or members of maroon communities in Brazil, are part of the country's ethnic/racial minorities exposed to health inequities, reflecting a historical process of harsh socioeconomic disadvantages. The study aimed to assess nutritional status and factors associated with stunting in quilombola children under five years of age living in land-deeded quilombola communities in Northeast Brazil. The study used secondary data from the Survey on Food and Nutritional Security in Land-Deeded Quilombola Communities (2011). The target outcomes were stunting (height-for-age < -2z), excess weight (weight-for-height > 2z), and underweight (weight-for-age < -2z). Chi-square test was used to assess the significance of differences between prevalence rates. Multivariate analysis used a hierarchical conceptual model on stunting. Prevalence rates for excess weight and underweight were 2.8% and 6,1%, respectively. Stunting was diagnosed in 14.1% of the sample. The hierarchical model for stunting evidenced higher prevalence rates among children without access to primary healthcare (PR = 1.63; 95%CI: 1.11; 2.41) and safe water (PR = 2.09; 95%CI: 1.42; 3.08) and those with a history of low birthweight (PR = 2.19; 95%CI: 1.33; 3.61). The high prevalence of stunting showed that the quilombola' population in the Northeast experiences unfavorable health condition, reflecting lack of access to primary healthcare and precarious sanitation.
Resumen: Los quilombolas constituyen parte de las minorías étnico-raciales del país que presentan inequidades en salud, reflejo de un proceso histórico que implicó grandes desigualdades socioeconómicas. El objetivo del trabajo fue evaluar el estado nutricional y los factores asociados con el déficit de estatura en niños quilombolas, menores de 5 años, residentes en comunidades quilombolas, ubicadas en la Región Nordeste del Brasil. Se utilizaron datos secundarios provenientes de la Pesquisa de Avaliação da Situação de Segurança Alimentar e Nutricional em Comunidades Quilombolas Tituladas (2011). Los resultados de interés fueron: déficit de estatura (estatura-para-edad < -2z), exceso de peso (peso-para-estatura > 2z) y insuficiencia ponderal (peso-para-edad < -2z). Se empleó la prueba chi-cuadrado para evaluar la significancia de las diferencias entre las prevalencias. El análisis multivariado consideró un modelo conceptual jerárquico sobre la insuficiencia de estatura. Las prevalencias de exceso de peso y déficit ponderal fueron 2,8%, 6,1%, respectivamente. El déficit de estatura fue diagnosticado en un 14,1% de la muestra. El modelo jerárquico de déficit de estatura evidenció mayores prevalencias de enfermedades entre niños que no tenían acceso a la atención básica (RP = 1,63; IC95%: 1,11; 2,41), al agua tratada (RP = 2,09; IC95%: 1,42; 3,08) y que nacieron con bajo peso (RP = 2,19; IC95%: 1,33; 3,61). La elevada prevalencia de déficit de estatura muestra que la población quilombola en el Nordeste presenta condiciones de salud desfavorables, siendo reflejo de la falta de acceso a la atención básica en salud y de las precarias condiciones de saneamiento.
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Humanos , Pré-Escolar , Criança , Estado Nutricional , Transtornos do Crescimento/etiologia , Transtornos do Crescimento/epidemiologia , Magreza , Brasil/epidemiologia , Prevalência , Estudos TransversaisRESUMO
O professor está diretamente exposto ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Para a prevenção e/ou tratamento dessas doenças, as atividades de educação nutricional possuem grande relevância. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da orientação nutricional sobre os parâmetros antropométricos de professores. Alguns parâmetros antropométricos foram analisados (Índice de Massa Corporal, Relação Cintura/Quadril, Índice de Adiposidade Corporal) no início (etapa 1) e final (etapa 4) do estudo, após a distribuição das orientações nutricionais, bem como o conhecimento nutricional dos participantes e suas dificuldades para seguir tais orientações. Avaliaram-se os dados pelos testes de Wilcoxon e o Exato de Fisher, a 5% de significância. A maioria dos avaliados apresentou excesso de peso no início e final do estudo, evidenciando que não houve alteração do estado nutricional. Não houve associação entre a classificação do estado nutricional e o conhecimento e uso da pirâmide, prática de atividade física e alimentação saudável. A maioria dos professores relatou alteração do hábito alimentar e não apresentou dificuldades para seguir as orientações propostas. Concluiu-se que as orientações nutricionais isoladas durante dois meses não foram suficientes para melhorar o estado nutricional dos professores, fazendo-se necessários trabalhos multidisciplinares (nutricional, psicológico e com atividade física), a longo prazo, para melhoria dos parâmetros antropométricos.
Teachers are directly exposed to the development of non-communicable chronic diseases, whose prevention and treatment rely heavily on nutritional education activities. This study sought to evaluate the effects of nutritional orientation on the teachers' anthropometric parameters. Some anthropometric parameters (Body Mass Index, Waist/Hip Ratio, Body Adiposity Index) were analyzed at the beginning (step 1) and end (step 4) of the study, after distribution of nutritional guidelines, as well as the participants' nutritional knowledge and difficulties to follow such orientations. Data were evaluated by Wilcoxon and Fisher's exact tests at 5% significance. Most participants were overweight at the beginning and end of the study, showing a lack of change in nutritional status. Data analysis showed no association between nutritional status classification and the knowledge and use of the pyramid, physical activity and healthy eating. Most teachers reported changes in their eating habits and had no difficulties in following the proposed orientations. In conclusion, nutritional orientation alone for two months are insufficient to improve the nutritional status of teachers. A long-term multidisciplinary work (nutritional, psychological, and physical activity) is necessary to improve anthropometric parameters.
El profesor está directamente expuesto al desarrollo de enfermedades crónicas no transmisibles. Las actividades de educación nutricional tienen una gran relevancia en la prevención y/o tratamiento de estas enfermedades. El objetivo de este estudio fue evaluar los efectos de la orientación nutricional sobre los parámetros antropométricos de los profesores. Se analizaron algunos parámetros antropométricos (Índice de Masa Corporal, Relación Cintura/Cadera, Índice de Adiposidad Corporal) al inicio (paso 1) y al final (paso 4) del estudio, luego de la distribución de las guías nutricionales, así como los conocimientos nutricionales y las dificultades para seguirlas. Los datos se evaluaron mediante las pruebas de Wilcoxon y Exacta de Fisher, con una significancia del 5%. La mayoría de los participantes tenían sobrepeso al principio y al final del estudio, lo que demuestra que no hubo cambios en el estado nutricional. No hubo asociación entre la clasificación del estado nutricional y el conocimiento y uso de la pirámide, la práctica de la actividad física y la alimentación saludable. La mayoría de los profesores informaron cambios en los hábitos alimenticios y no tuvieron dificultades para seguir las pautas propuestas. Se concluyó que las pautas nutricionales aisladas durante dos meses no fueron suficientes para mejorar el estado nutricional de los docentes, haciendo necesario el trabajo multidisciplinario (nutricional, psicológico y con actividad física) a largo plazo, para mejorar los parámetros antropométricos.
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Educação Alimentar e Nutricional , Antropometria , Prevenção de Doenças , Comportamento AlimentarRESUMO
PURPOSE: Sarcopenia is a muscular syndrome that is related to several adverse risks. The present study aimed to evaluate the prevalence of risk of sarcopenia and associated factors in older adults and long-living older adults. METHODS: A crosssectional epidemiological study of older adults patients at a geriatric outpatient clinic. The older adults were evaluated for sarcopenia risk using the SARC-F questionnaire supplemented with the measurement of the calf circumference. In addition, nutritional status was characterized using the Mini Nutritional Assessment, and the relationship of sarcopenia with associated factors (comorbidities, polypharmacy, smoking). RESULTS: A total of 100 eligible older adults with a mean age of 77.2⯱â¯1.8 years in the older adults and 86.3⯱â¯4.2 years in the long-living older adults (pâ¯<â¯0.001) were evaluated. The long-living older adults (ORâ¯=â¯6.1; 95 % CI: 1.44-16.09; pâ¯=â¯0.01) and older adults at risk of malnutrition (ORâ¯=â¯13.6; 95 % CI: 1.55-11.38; pâ¯<â¯0.05) had a higher risk of sarcopenia, whereas BMIâ¯≥â¯27â¯kg/m 2 (ORâ¯=â¯0; 95 % CI: 0-0.06; pâ¯<â¯0.001) was a protective factor. The risk of sarcopenia was six times higher in the over-80â¯s (95 % CIâ¯=â¯1.44, 16.09), while the older adults with malnutrition or at nutritional risk ran a 13 times higher risk of sarcopenia (95 % CIâ¯=â¯1.55, 11.38). CONCLUSION: The prevalence of risk of sarcopenia was higher in the long-living older adults and the older adults at nutritional risk, making its early evaluation in clinical practice important.
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Sarcopenia , Idoso , Estudos Transversais , Avaliação Geriátrica , Humanos , Avaliação Nutricional , Prevalência , Fatores de Risco , Sarcopenia/epidemiologiaRESUMO
ABSTRACT In Brazil, indigenous peoples present a complex reality characterized by a marked social vulnerability that is manifested in health and nutritional indicators. In this scenario, poor sanitary conditions prevail, with a high burden of chronic noncommunicable diseases; infectious/parasitic diseases; and nutritional disorders, including malnutrition and anemia. This situation is reflected in numerous aspects of food insecurity, placing this population in a position of particular vulnerability to the coronavirus disease 2019 pandemic and its effects. The objective of our study was to present a set of preliminary reflections on food insecurity and indigenous protagonism in times of Covid-19. The pandemic has deepened the inequalities that affect the indigenous peoples, with a direct impact on food security conditions. Amid the effects of the pandemic, indigenous protagonism has played a fundamental role in guaranteeing these peoples' rights and access to food, denouncing the absent and slow official responses as acts of institutional violence, which will have serious and lasting effects on the lives of indigenous peoples.
RESUMO No Brasil, os povos indígenas apresentam uma realidade complexa e caracterizada por uma acentuada vulnerabilidade social, manifesta em indicadores de saúde e de nutrição. Neste cenário prevalecem condições sanitárias precárias, com elevada carga de doenças crônicas não transmissíveis, doenças infecto-parasitárias e agravos nutricionais diversos, incluindo desnutrição e anemia. Esse quadro se reflete em inúmeras faces da insegurança alimentar, situando-os em uma posição particularmente vulnerável à pandemia e seus efeitos. O objetivo deste trabalho é apresentar um conjunto de reflexões, em caráter preliminar, sobre a insegurança alimentar e o protagonismo indígena em tempos de Covid-19. A pandemia vem aprofundando as iniquidades que os atingem, com impactos diretos nas condições de segurança alimentar. O protagonismo indígena tem tido um papel fundamental na garantia de seus direitos e acesso à alimentação, denunciando a ausência e a lentidão das respostas oficiais como ações de violência institucional, que terão graves e duradouros efeitos nas trajetórias destes povos.
Assuntos
Humanos , Infecções por Coronavirus/etnologia , Povos Indígenas , Organização SocialRESUMO
The few studies on health and nutrition in indigenous peoples in Northeast Brazil point to some differences with indigenous peoples in the North and Central of the country. This study estimated the prevalence rates and risk of overweight and excess weight in Xukuru children in the village of Ororubá, Pernambuco State, and assessed the socioeconomic and demographic factors potentially associated with these conditions. This cross-sectional study analyzed the associations between adequate weight, excess weight (overweight and obesity), and risk of overweight according to the indices and cutoff points of the World Health Organization for children and the explanatory variables, using multinomial logistic regression. Prevalence of excess weight was 7.7% and risk of overweight was 24.2%. The odds of risk of overweight and excess weight were higher in children < 2 years. Children of obese mothers showed higher odds of excess weight. Prevalence of risk of overweight was 97% higher when compared to households with fixed income. The findings suggest that the Xukuru are experiencing an accelerated nutritional transition, with a paradoxical situation to which other indigenous peoples in Brazil are also exposed.
Os poucos estudos que abordam o tema de saúde e nutrição em indígenas da macrorregião Nordeste do Brasil sinalizaram situações diferenciadas em alguns aspectos, quando comparados principalmente à realidade de indígenas do Norte e Centro-oeste. Este trabalho objetivou estimar a magnitude das prevalências e risco de sobrepeso e excesso de peso em crianças menores de dez anos da etnia Xukuru do Ororubá, Estado de Pernambuco, e avaliar os fatores socioeconômicos e demográficos potencialmente associados a estes agravos. Estudo transversal, no qual realizou-se uma análise da associação entre as variáveis de desfecho, peso adequado, excesso de peso (sobrepeso e obesidade) e risco de sobrepeso, de acordo com os índices e pontos de corte da Organização Mundial da Saúde para crianças e as variáveis explicativas, utilizando-se regressão logística multinomial. A prevalência de excesso de peso foi de 7,7% e de risco de sobrepeso de 24,2%. As chances de risco de sobrepeso e de excesso de peso são maiores em crianças < 2 anos, e filhos de mães obesas apresentam maior chance de excesso de peso. A prevalência de risco de sobrepeso foi 97% maior quando comparada com os domicílios sem renda fixa. Os achados sugerem que os Xukuru estão atravessando um acelerado processo de transição nutricional, com uma situação paradoxal a que outros povos indígenas no Brasil estão expostos.
Los escasos estudios que abordan el tema de salud y nutrición en indígenas de la macrorregión Nordeste de Brasil mostraron situaciones diferenciadas en algunos aspectos, cuando se comparan principalmente con la realidad de los indígenas del Norte y Centro-oeste. El objetivo de este trabajo fue estimar la magnitud de las prevalencias y riesgo de sobrepeso, así como de exceso de peso en niños menores de diez años de la etnia Xukuru do Ororubá, estado de Pernambuco, y evaluar los factores socioeconómicos y demográficos potencialmente asociados a estos problemas. Se trata de un estudio transversal, en el que se realizó un análisis de la asociación entre las variables de desenlace, peso adecuado, exceso de peso (sobrepeso y obesidad) y riesgo de sobrepeso, conforme los índices y puntos de corte de la Organización Mundial de la Salud para niños, y las variables explicativas, utilizando una regresión logística multinomial. La prevalencia de exceso de peso fue de un 7,7% y la de riesgo de sobrepeso de 24,2%. Las oportunidades de riesgo de sobrepeso y de exceso de peso son mayores en niños < 2 años, asimismo, hijos de madres obesas presentan una mayor oportunidad de exceso de peso. La prevalencia de riesgo de sobrepeso fue un 97% mayor cuando se compara con domicilios sin ingresos fijos. Los resultados sugieren que los Xukuru están atravesando un acelerado proceso de transición nutricional, con una situación paradójica a la que otros pueblos indígenas en Brasil están expuestos.
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Indígenas Sul-Americanos/estatística & dados numéricos , Inquéritos Nutricionais/estatística & dados numéricos , Sobrepeso/epidemiologia , Fatores Etários , Índice de Massa Corporal , Brasil/epidemiologia , Criança , Pré-Escolar , Estudos Transversais , Feminino , Humanos , Lactente , Masculino , Mães/estatística & dados numéricos , Obesidade/epidemiologia , Prevalência , Características de Residência/estatística & dados numéricos , Medição de Risco , Fatores SocioeconômicosRESUMO
This article sought to evaluate the effects of age, period and birth cohort (APC) on the temporal evolution of mortality due to ovarian cancer in Brazil and its regions from 1980 to 2014. This is an ecological, time-trend study using APC models with a Baysean approach and INLA (Integrated Nested Laplace Approximations) deterministic method for parameter inference. Mortality data and population data were obtained from the Brazilian Health Informatics Department. Rates of mortality due to ovarian cancer, according to geographical region, were standardized using the direct method, after correcting deaths for undefined causes and incomplete cancer diagnosis. In the period we studied, Brazil had 4.91 deaths due to ovarian cancer per 100,000 women, the Southern (5.66) and Southeastern regions (5.70) had higher rates per 100,000 women and the Northern region had the lowest rate (3.13/100,000 women). In all regions, there was a progressive increase in mortality as ages advanced. The multivariate best fit APC model showed positive risk of death in the Central and Northeast between 2010-2014 and, beginning in 1995-1999, in the South. We also observed a positive and significant risk of death for older cohorts in the South and Southeast and a reduced risk for younger cohorts. The inverse was opposed in the Northern and Northeastern regions. The data shows a heterogeneous pattern in the temporal evolution of mortality due to ovarian cancer in the Brazilian geographical regions, which may be related to the distinct demographic and epidemiological transition processes experienced in these regions.
Avaliar os efeitos da idade, período e coorte de nascimento (APC) na evolução temporal da mortalidade por câncer do ovário no Brasil e suas grandes regiões, entre o período de 1980 a 2014. Estudo ecológico de tendência temporal em que foram utilizados modelos APC com uma abordagem bayesiana e o método determinístico INLA (Integrated Nested Laplace Approximations) na inferência dos parâmetros. Os dados de mortalidade e os dados populacionais foram obtidos junto ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. As taxas de mortalidade por câncer do ovário, segundo região geográfica, foram padronizadas pelo método direito, após correção dos óbitos para causas maldefinidas e diagnóstico incompleto de câncer. No período de estudo, o Brasil apresentou 4,91 óbitos por câncer do ovário por 100 mil mulheres, as regiões Sul (5,66) e Sudeste (5,70) apresentaram as maiores taxas por 100 mil mulheres, e a Região Norte a menor (3,13/100 mil mulheres). Houve aumento progressivo da mortalidade com o avançar da idade em todas as regiões. O modelo APC multivariado de melhor ajuste evidenciou risco positivo de morte no Centro-oeste e Nordeste entre 2010-2014 e, a partir do período de 1995-1999, na Região Sul. Observou-se, ainda, risco positivo e significativo de morte para as coortes mais antigas no Sul e Sudeste, e risco reduzido para as coortes mais jovens. O inverso foi observado nas regiões Norte e Nordeste. Evidenciou-se um padrão heterogêneo na evolução temporal da mortalidade por câncer do ovário nas regiões geográficas brasileiras, o que pode estar relacionado aos distintos processos de transição demográfica e epidemiológica vivenciados por estas regiões.
El objetivo fue evaluar los efectos de la edad, período y cohorte de nacimiento (APC) en la evolución temporal de la mortalidad por cáncer de ovario en Brasil y sus macrorregiones, durante el período de 1980 a 2014. Es un estudio ecológico de tendencia temporal, donde se utilizaron modelos APC con un enfoque bayesiano y método determinista INLA (Integrated Nested Laplace Approximations) en la inferencia de los parámetros. Los datos de mortalidad y poblacionales se obtuvieron del Departamento de Informática del Sistema Único de Salud. Las tasas de mortalidad por cáncer de ovario, según región geográfica, se estandarizaron mediante el método directo, tras la corrección de los óbitos para causas mal definidas y diagnóstico incompleto de cáncer. Durante el período de estudio, Brasil presentó 4,91 óbitos por cáncer de ovario por cada 100.000 mujeres, las regiones Sur (5,66) y Sudeste (5,70) presentaron las mayores tasas por 100.000 mujeres, y la región Norte la menor tasa (3,13/100.000 mujeres). Hubo un aumento progresivo de la mortalidad con el avance de la edad en todas las regiones. El modelo APC multivariado de mejor ajuste evidenció un riesgo positivo de muerte en el Centro-oeste y Nordeste entre 2010-2014 y, a partir del período de 1995-1999 en la región Sur. Se observó incluso el riesgo positivo y significativo de muerte para las cohortes más antiguas en el Sur y Sudeste, y riesgo reducido para las cohortes más jóvenes. Lo inverso se observó en las regiones Norte y Nordeste. Se evidenció un patrón heterogéneo en la evolución temporal de la mortalidad por cáncer de ovario en las regiones geográficas brasileñas, lo que puede estar relacionado con los distintos procesos de transición demográfica y epidemiológica vividos por estas regiones.
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Neoplasias Ovarianas/mortalidade , Adulto , Fatores Etários , Idoso , Brasil/epidemiologia , Métodos Epidemiológicos , Feminino , Humanos , Pessoa de Meia-Idade , Neoplasias Ovarianas/diagnóstico , Adulto JovemRESUMO
Resumo: Avaliar os efeitos da idade, período e coorte de nascimento (APC) na evolução temporal da mortalidade por câncer do ovário no Brasil e suas grandes regiões, entre o período de 1980 a 2014. Estudo ecológico de tendência temporal em que foram utilizados modelos APC com uma abordagem bayesiana e o método determinístico INLA (Integrated Nested Laplace Approximations) na inferência dos parâmetros. Os dados de mortalidade e os dados populacionais foram obtidos junto ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. As taxas de mortalidade por câncer do ovário, segundo região geográfica, foram padronizadas pelo método direito, após correção dos óbitos para causas maldefinidas e diagnóstico incompleto de câncer. No período de estudo, o Brasil apresentou 4,91 óbitos por câncer do ovário por 100 mil mulheres, as regiões Sul (5,66) e Sudeste (5,70) apresentaram as maiores taxas por 100 mil mulheres, e a Região Norte a menor (3,13/100 mil mulheres). Houve aumento progressivo da mortalidade com o avançar da idade em todas as regiões. O modelo APC multivariado de melhor ajuste evidenciou risco positivo de morte no Centro-oeste e Nordeste entre 2010-2014 e, a partir do período de 1995-1999, na Região Sul. Observou-se, ainda, risco positivo e significativo de morte para as coortes mais antigas no Sul e Sudeste, e risco reduzido para as coortes mais jovens. O inverso foi observado nas regiões Norte e Nordeste. Evidenciou-se um padrão heterogêneo na evolução temporal da mortalidade por câncer do ovário nas regiões geográficas brasileiras, o que pode estar relacionado aos distintos processos de transição demográfica e epidemiológica vivenciados por estas regiões.
Abstract: This article sought to evaluate the effects of age, period and birth cohort (APC) on the temporal evolution of mortality due to ovarian cancer in Brazil and its regions from 1980 to 2014. This is an ecological, time-trend study using APC models with a Baysean approach and INLA (Integrated Nested Laplace Approximations) deterministic method for parameter inference. Mortality data and population data were obtained from the Brazilian Health Informatics Department. Rates of mortality due to ovarian cancer, according to geographical region, were standardized using the direct method, after correcting deaths for undefined causes and incomplete cancer diagnosis. In the period we studied, Brazil had 4.91 deaths due to ovarian cancer per 100,000 women, the Southern (5.66) and Southeastern regions (5.70) had higher rates per 100,000 women and the Northern region had the lowest rate (3.13/100,000 women). In all regions, there was a progressive increase in mortality as ages advanced. The multivariate best fit APC model showed positive risk of death in the Central and Northeast between 2010-2014 and, beginning in 1995-1999, in the South. We also observed a positive and significant risk of death for older cohorts in the South and Southeast and a reduced risk for younger cohorts. The inverse was opposed in the Northern and Northeastern regions. The data shows a heterogeneous pattern in the temporal evolution of mortality due to ovarian cancer in the Brazilian geographical regions, which may be related to the distinct demographic and epidemiological transition processes experienced in these regions.
Resumen: El objetivo fue evaluar los efectos de la edad, período y cohorte de nacimiento (APC) en la evolución temporal de la mortalidad por cáncer de ovario en Brasil y sus macrorregiones, durante el período de 1980 a 2014. Es un estudio ecológico de tendencia temporal, donde se utilizaron modelos APC con un enfoque bayesiano y método determinista INLA (Integrated Nested Laplace Approximations) en la inferencia de los parámetros. Los datos de mortalidad y poblacionales se obtuvieron del Departamento de Informática del Sistema Único de Salud. Las tasas de mortalidad por cáncer de ovario, según región geográfica, se estandarizaron mediante el método directo, tras la corrección de los óbitos para causas mal definidas y diagnóstico incompleto de cáncer. Durante el período de estudio, Brasil presentó 4,91 óbitos por cáncer de ovario por cada 100.000 mujeres, las regiones Sur (5,66) y Sudeste (5,70) presentaron las mayores tasas por 100.000 mujeres, y la región Norte la menor tasa (3,13/100.000 mujeres). Hubo un aumento progresivo de la mortalidad con el avance de la edad en todas las regiones. El modelo APC multivariado de mejor ajuste evidenció un riesgo positivo de muerte en el Centro-oeste y Nordeste entre 2010-2014 y, a partir del período de 1995-1999 en la región Sur. Se observó incluso el riesgo positivo y significativo de muerte para las cohortes más antiguas en el Sur y Sudeste, y riesgo reducido para las cohortes más jóvenes. Lo inverso se observó en las regiones Norte y Nordeste. Se evidenció un patrón heterogéneo en la evolución temporal de la mortalidad por cáncer de ovario en las regiones geográficas brasileñas, lo que puede estar relacionado con los distintos procesos de transición demográfica y epidemiológica vividos por estas regiones.