RESUMO
Métodos e instrumentos de avaliação psicológica em crianças cegas são escassos. Com o objetivo de validar um método confiável na mensuração do stress nessa população, verificamosas características psicométricas da Escala de Stress Infantil (ESI). Aplicamos o instrumento em 46 crianças cegas congênitas, alunas do Ensino Fundamental do Instituto Benjamin Constant do Rio de Janeiro. A análise fatorial exploratória revelou quatro fatores, conforme esperado, mostrando boa consistência interna das quatro diferentes dimensões da escala. Ao executarmos a análise fatorial confirmatória, detectamos o modelo com um fator como o melhor, como já apontado pela literatura, o que demonstra que as quatro dimensões convergem para um constructo único: stress. A confiabilidade da escala mostrou-se satisfatória, apresentando alfa de Cronbach de 0,91. Este estudo dá subsídios para a validade da ESI na mensuração do stress em crianças cegas.
Methods and instruments for psychological assessment in blind children are rare. We verified the psychometric characteristics of the Infantile Stress Scale (ISS) with the goal to validate a trustful method of stress measurement in this population. We applied the instrument in 46 congenital blind children of elementary school students from Benjamin Constant Institute of Rio de Janeiro. The exploratory factorial analysis showed four factors as expected, showing good internal consistency of the four scale dimensions. When we executed the confirmatory factor analysis, we detected the one factor model as the best, such as pointed by the literature, what demonstrates that the four dimensions converge to a single construct: stress. The scale reliability was satisfactory with a Conbrachs alpha of 0.91. This study gives us subsidence to validate the ISS for congenital blind children stress measurement.
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Humanos , Criança , Estresse Psicológico , Pessoas com Deficiência Visual , Psicometria/métodos , Avaliação em SaúdeRESUMO
A percepção háptica é uma das bases fundamentais para a Avaliação Psicológica em indivíduos cegos. Todavia, o Brasil carece de instrumentos que usam esta modalidade de input sensorial na mensuração de habilidades cognitivas. O Portable Tactual Performance Test (P-TPT) é um teste que faz uso do sistema tátil da criança para avaliar a lateralização e as habilidades sensório-motoras, localização espacial, interconexão cerebral de informações entre os dois hemisférios e capacidade psicomotora comparada. Com o objetivo de analisar se este instrumento será eficaz nas mensurações propostas dentro da realidade brasileira, fizemos a aplicação em uma amostra de 32 crianças portadoras de deficiências visuais congênitas do Instituto Benjamin Constant no Rio de Janeiro. Analisamos os dados coletados com base em princípios da Teoria Clássica de Testes (TCT) sob os parâmetros da Psicometria estabelecidos na literatura. Utilizamos dois diferentes métodos de análise: Análise Fatorial Exploratória (AFE), e Homogeneidade do teste através do coeficiente Alfa de Cronbach. Os resultados da AFE revelaram 4 diferentes fatores correspondendo ao número de tarefas do teste. Os itens ficaram dentro de seus respectivos fatores, mostrando boas cargas fatoriais que variaram entre 0,41 e 0,92. Quanto à Homogeneidade, os coeficientes Alfa de Cronbach ficaram acima de 0,90 mostrando boa consistência estrutural do teste. Através destes resultados, discutimos as características psicométricas do P-TPT e avaliamos se o teste terá valor na Avaliação Psicológica em crianças cegas no Brasil
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Destreza Motora , Dominância Cerebral , Educação de Pessoas com Deficiência Visual , Ciência CognitivaRESUMO
INTRODUÇÃO: O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos está associado às piores medições de qualidade de vida, tanto em amostras clínicas como em epidemiológicas, e sua avaliação é importante para entender a extensão do transtorno nas diferentes áreas da vida dos pacientes. Não há nenhuma ferramenta em português para avaliar a qualidade de vida em adultos que apresentam TDAH. OBJETIVOS: Desenvolver uma versão em língua portuguesa do Adult ADHD Quality of Life Questionnaire (AAQoL) para ser utilizado no Brasil. MÉTODOS: Cinco etapas consecutivas que incluem tradução, versão para a língua de origem, avaliação da equivalência semântica, discussão com os pacientes e controles e definição da versão final. RESULTADOS: Após todas as etapas, a versão final foi escolhida levando em conta vários aspectos, inclusive semelhança com a versão original, facilidade de compreensão e nível de equivalência semântica de 29 termos. CONCLUSÃO: A versão em língua portuguesa do AAQoL fornecerá medições de qualidade de vida similar à versão original.
BACKGROUND: Attention-deficit disorder/hyperactivity disorder (ADHD) in adults is associated to worse measures of quality of life, both in clinical and epidemiological samples and their evaluation is important when understanding the burden of the disorder in different areas of patients' lives. There is not any instrument in the Portuguese language to assess quality of life in adults with ADHD. OBJECTIVES: To develop a Portuguese version of the Adult ADHD Quality of Life Questionnaire (AAQoL) to be used in Brazil. METHODS: Five consecutive steps including translation, back-translation, evaluation of semantic equivalence, debriefing with patients and controls and definition of a final version. RESULTS: After all steps, the final version was chosen considering many aspects, including similarity to the original version, friendly understanding and level of semantic equivalence of the 29 terms. DISCUSSION: The Portuguese version of the AAQoL will provide measures of quality of life similarly to the original version.
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Estudos de Validação como Assunto , Qualidade de Vida , Inquéritos e Questionários , Traduções , Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade , AdultoRESUMO
INTRODUÇÃO: Diversos estudos demonstram que o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos está relacionado a piores medições de qualidade de vida. OBJETIVO: Avaliar a validade e confiabilidade de constructo da versão em língua portuguesa do questionário de qualidade de vida em adultos com TDAH (AAQoL). MÉTODOS:Foram incluídos neste estudo adultos com idade entre 18 e 60 anos. Eles foram divididos em três grupos de acordo com o diagnóstico: a) indivíduos com TDAH com base nos critérios do DSM-IV; b) indivíduos abaixo do limite de TDAH; c) grupo controle de comparação que não apresenta TDAH. Foram aplicados os seguintes questionários: ASRS, SF-36 e AAQoL. A primeira parte do estudo avaliou a validação de constructo do instrumento e a segunda parte testou sua confiabilidade. RESULTADOS: Os grupos TDAH, TDAH abaixo do limite e controle abrangeram 29, 18 e 29 indivíduos, respectivamente. Considerando todos os três grupos, encontramos uma correlação negativa entre o número de sintomas (ASRS) e a pontuação total do AAQoL. O grupo TDAH apresentou os piores níveis de qualidade de vida quando comparado com o grupo controle. No geral, as pontuações do AAQoL tiveram correlação significativa com as da SF-36. Os resultados indicaram altos níveis de coerência interna e confiabilidade dos testes e retestes. CONCLUSÃO: O constructo do AAQoL apresentou altos níveis de coerência interna dos itens, estabilidade e validade de constructo.
BACKGROUND: Several studies demonstrate that attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) in adults is related to worse measures of quality of life. OBJECTIVE: To evaluate the reliability and construct validity of the Portuguese version of the Adult ADHD Quality of Life Questionnaire (AAQoL). METHODS: Adults with age ranging from 18 to 60 years old were included in this study. According to their diagnostic status they were divided into three groups: a) ADHD subjects using DSM-IV criteria; b) subjects with subthreshold ADHD; c) control comparison group without ADHD. The following questionnaires were applied: ASRS; SF-36 and AAQoL. The first part of the study evaluated the construct validity of the instrument and in the second part its reliability was tested. RESULTS: ADHD, subthreshold ADHD and control groups comprised 29, 18 and 29 subjects, respectively. We found a negative correlation between the number of symptoms (ASRS) and the AAQoL total score considering all three groups. ADHD group presented worse levels of quality of life when compared to control group. As a whole, AAQol scores had significant correlation with SF-36 scores. Results indicated high levels of internal consistency and test-retest reliability. DISCUSSION: The AAQoL construct presented high internal consistency of items, stability and construct validity.
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Estudos de Validação como Assunto , Qualidade de Vida , Inquéritos e Questionários , Traduções , Transtorno do Deficit de Atenção com HiperatividadeRESUMO
Este artigo aborda a presença e a apresentação clínica da disfunção executiva em pacientes com TDAH. Na medida em que sintomas de disfunção executiva determinam as alterações de funcionamento desses pacientes nas atividades do dia-a-dia, torna-se relevante o estudo das relações entre alterações em testes neuropsicológicos formais de funções executivas e a ocorrência desses sintomas. A constatação relativamente recente do papel da disfunção executiva no TDAH tem impulsionado a pesquisa neuropsicológica, mas os dados até agora disponíveis são ainda pouco consistentes. Uma visão atualizada dessas questões sugere que a semiologia neuropsicológica disponível ainda não alcança plenamente a constelação de sintomas prßticos do TDAH no dia-a-dia, mostrando a necessidade de avanços na pesquisa dessas relações.
This article addresses the presence and the clinical presentation of executive dysfunction in patients with ADHD. Because symptoms of executive dysfunction apparently determine functional abnormalities in daily activities, the study of the correlations between such manifestations and abnormalities in formal neuropsychological tests becomes clinically relevant. The relatively recent realization of the pivotal role of executive dysfunction in ADHD has kindled interest in neuropsychological research, but the data generated thus far are still not fully consistent. An updated view of these issues suggests that the available neuropsychological semiology is not sufficient to identify or predict the full constellation of practical symptoms of ADHD in daily life. Thus, more research is needed to establish secure links between neuropsychological testing and symptoms of executive dysfunction in the practical functioning of patients with ADHD.
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Humanos , Criança , Adolescente , Adulto , Diagnóstico Clínico , Função Executiva , Testes Neuropsicológicos , Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade/diagnóstico , Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade/psicologiaRESUMO
Os critérios mais utilizados para o diagnóstico de transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) são aqueles listados pela quarta edição do Diagnostic and Statistical Manual (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria, baseados em estudos de campo com crianças e adolescentes. A Adult Self-Report Scale (ASRS, versão 1.1) foi desenvolvida para adaptar os sintomas listados no DSM-IV para o contexto da vida adulta. O presente estudo consistiu em uma adaptação transcultural do instrumento original em inglês para uma versão final para uso corrente no Brasil. Os resultados indicaram uma equivalência satisfatória entre as versões, tendo sido realizadas alterações após o debriefing, ressaltando a importância dessa etapa em estudos desta natureza.
The criteria listed in the fourth edition of the Diagnostic and Statistical Manual (DSM-IV) from the American Psychiatric Association are the most used ones for the diagnosis of Attention-Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) being based on field studies with children and adolescents. The Adult Self-Report Scale (ASRS, version 1.1) was developed to adapt those symptoms to an adult life context. The present study consisted of a transcultural adaptation of the original instrument in English into a final version to be used in Brazil. Results indicated a satisfactory equivalence between versions, with some modifications being done after debriefing, supporting the importance of this step in studies like this.
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Escalas de Graduação Psiquiátrica , Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade/diagnóstico , Comparação TransculturalRESUMO
Introdução: Déficits de funções executivas (FEs) já foram demonstrados no transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Objetivo: O objetivo deste estudo é comparar medidas de FEs entre portadores de TDAH e controles de uma amostra não-clínica. Métodos: Trezentos e quatro alunos foram rastreados com a Swanson, Nolan and Pelham rating scale (SNAP-IV); todos os casos positivos (60) foram entrevistados com o P-ChiPs e 26 casos (8,6 por cento) de TDAH foram encontrados. Um grupo controle pareado (n=26) foi obtido a partir dos casos negativos na SNAP-IV. Foram utilizados os testes Torre de Hanói, de Stroop, Labirintos, Dígitos e Códigos (WISC-III). O quociente intelectual (QI) estimado também foi calculado. Resultados: Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os QIs (na faixa médio-superior em ambos os grupos) e em nenhuma das demais medidas neuropsicológicas. Conclusões: Numa amostra não-clínica de crianças e adolescentes portadores de TDAH com QI médio-superior não foram evidenciadas diferenças clinicamente significantes em relação a controles quanto a medidas de FEs.
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Humanos , Masculino , Feminino , Criança , Estudos de Casos e Controles , Lobo Frontal/fisiologia , Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade/diagnóstico , Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade/fisiopatologiaRESUMO
A comorbidade de transtornos alimentares (TA) com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é pouco investigada, apesar de relevante para o tratamento clínico. MÉTODOS: 86 adultos com transtorno do déficit de atenção com hipeartividade segundo o DSM-IV de uma amostra inicial de 107 indivíduos auto-referidos para um centro especializado em TDAH foram entrevistados com o SCID-P para avaliar a presença de transtornos alimentares e outros transtornos comórbidos. RESULTADOS: Nove pacientes apresentavam transtornos alimentares, sendo o transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) o diagnóstico mais comum. O grupo com transtornos alimentares revelou maior número de comorbidades (p=0,02), não foram observadas, entretanto, diferenças quanto ao sexo, idade na avaliação atual, escolaridade e tipo de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade entre os grupos. CONCLUSÃO: Amostras clínicas de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade podem apresentar elevada prevalência de comorbidade com transtorno da compulsão alimentar periódica. Pacientes com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e transtornos alimentares podem apresentar um perfil diferente de comorbidades.
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Adolescente , Adulto , Feminino , Humanos , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade/epidemiologia , Transtornos da Alimentação e da Ingestão de Alimentos/epidemiologia , Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade/fisiopatologia , Brasil/epidemiologia , Bulimia/diagnóstico , Bulimia/tratamento farmacológico , Bulimia/epidemiologia , Comorbidade , Transtornos da Alimentação e da Ingestão de Alimentos/diagnóstico , Transtornos da Alimentação e da Ingestão de Alimentos/tratamento farmacológicoRESUMO
É apresentado caso de traumatismo craniencefálico com sintomas de síndrome disexecutiva ou do lobo frontal: apatia, apragmatismo e perda de habilidades prévias, mais evidentes na interaçäo social - em especial com o sexo oposto - que resultou em prejuízo do charme que lhe era característico. Säo comentados os resultados do exame neuropsicológico, que evidenciou dismnésia de recuperaçäo com reconhecimento normal, diminuiçäo da destreza motora e da flexibilidade cognitiva, na presença de inteligência normal. Os sintomas cognitivo-comportamentais contrastavam com exame neurológico normal
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Humanos , Masculino , Adulto , Sintomas Afetivos , Lesões Encefálicas , Transtornos Cognitivos , Transtornos da Personalidade , Lesões Encefálicas , Testes Neuropsicológicos , Transtornos do Comportamento SocialRESUMO
As funções executivas consistem num conjunto de processos que capacitam o indivíduo a realizar de maneira independente e autônoma atividades dirigidas a metas. Estas funções traduzem-se em comportamentos complexos que dependem da integridade de diversos processos cognitivos, emocionais, motivacionais e volitivos. Lesões que acometem áreas do córtex cerebral préðfrontal resultam em quadros de alteração de comportamento e desorganização de processos cognitivos, conhecidos como síndrome disexecutivas. Partindo de uma revisão bibliográfica atualizada, este trabalho visa identificar os processos cognitivos que são primários nas síndromes disexecutivas, analisar as interrelações entre processos deficitários e apontar suas implicações para outras esferas do funcionamento cognitivo. Uma análise dos modelos teóricos descritos na literatura e aqui comentados permitiu concluir que as funções executivas são regidas por processos básicos de atenção e memória de trabalho, e que tais processos, quando deficitários, comprometem as habilidades de planejamento, a memória evocativa, a linguagem expressiva e as atividades de abstração. Uma visão crítica dos modelos é sugerida e propostas de pesquisas futuras são apresentadas
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Humanos , Atenção/fisiologia , Cognição/fisiologia , Córtex Pré-Frontal/fisiologia , Memória , NeuropsicologiaRESUMO
Diversas säo as formas de tratamento aplicadas atualmente à fobia social. Neste trabalho säo revistos estudos sobre o emprego de técnicas cognitivas e comportamentais em amostras de pacientes fóbicos sociais. Algumas consideraçöes teóricas e críticas metodológicas säo apresentadas
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Terapia Cognitivo-Comportamental , Transtornos Fóbicos/terapia , Terapia Comportamental , Fenelzina/uso terapêutico , Transtornos Fóbicos/tratamento farmacológicoRESUMO
Neste artigo, o segundo de uma série de três, prosseguimos na revisäo da segurança e tolerância dos benzodiazepínicos, analisando seu potencial de induzir déficit cognitivo global - agudo, sob a forma de delirium e crônico, na demência - e seletivo - ao interferirem no funcionamento normal da memória
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Humanos , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Ansiolíticos/efeitos adversos , Delírio/induzido quimicamente , Memória/efeitos dos fármacos , Amnésia/induzido quimicamente , Demência/induzido quimicamente , Lorazepam/efeitos adversos , Transtornos da Memória/induzido quimicamenteRESUMO
Neste artigo, apresentamos o conceito de segurança e tolerância dos benzodiazepínicos. Baseados nesta definiçäo, proporemos uma nova classificaçäo para as situaçöes comportamentais induzidas pelos benzodiazepínicos. Por fim, empreendemos uma revisäo crítica dos casos de segurança e tolerância dos benzodiazepínicos descritos na literatura especializada
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Humanos , Masculino , Feminino , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Ansiolíticos/toxicidade , Ansiolíticos/administração & dosagem , Ansiolíticos/efeitos adversos , Transtornos Psicóticos Afetivos/induzido quimicamenteRESUMO
Distimia Primária é caracterizada por sinais e sintomas depressivos crônicos e näo-psicóticos. É possível que haja uma tendência caracterológica para o temperamento disfórico. Há um comprometimento grave do funcionamento social e laborativo destes pacientes. A Distimia Primária pode ser diferenciada dos outros transtornos do humor com base em características clínico-fenomenológicas. A definiçäo, o histórico, o diagnóstico, as novas propostas de classificaçäo e os ensaios terapêuticos säo revistos
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Humanos , Masculino , Feminino , Transtorno Depressivo/classificação , Transtornos Psicóticos Afetivos/diagnóstico , Alcoolismo , Antidepressivos/uso terapêutico , Antidepressivos Tricíclicos/uso terapêutico , Transtornos de Ansiedade/diagnóstico , Transtorno Depressivo/tratamento farmacológico , Diagnóstico Diferencial , Escalas de Graduação Psiquiátrica , Esquizofrenia/diagnóstico , Transtornos Psicóticos Afetivos/tratamento farmacológico , Transtornos Psicóticos/diagnósticoRESUMO
A Fobia Social é um transtorno comum, podendo acarretar depressäo, suicídio, abuso de álcool e sedativos bem como grande incapacitaçäo social e profissional. Vários estudos atestam a eficácia do clonazepam na Fobia Social; contudo, todos säo de curta duraçäo. Realizamos um ensaio aberto, prospectivo, com um ano de duraçäo, utilizando o clanazepam em 49 pacientes com Fobia Social (DSM-III-R). Procuramos avaliar: 1- a eficácia clínica a longo prazo (um ano) do clonazepam na Fobia Social; 2- se há desenvolvimento de tolerância aos efeitos terapêuticos do clonazepam durante um ano de tratamento. Os pacientes foram diagnósticados através de uma entrevista semi-estruturada (SCID-I) e aferidos em seguimento de um ano, através dos seguintes instrumentos: CGI, escala de Liebowitz para Fobia Social, escala de Sheehan para incapacitaçäo. Observamso que 39 dos 49 (79,6 por cento) pacientes apresentaram melhora significativa (acentuada + moderada) da Fobia Social. Näo houve o desenvolvimento de tolerância aos efeitos terapêuticos do clonazepam durante o período de um ano de tratamento, mas sim à maioria dos efeitos adversos, mostrando-se um fármaco seguro e bem tolerado. O clonazepam parece ser uma alternativa promissora de tratamento para a Fobia Social. Entretanto, a ocorrência de síndromes de abstinência e risco de dependência física aos benzodiapínicos deve pesar na relaçäo risco/benefício ao optarmos pelo clonazepam
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Humanos , Masculino , Feminino , Adulto , Clonazepam/uso terapêutico , Transtornos Fóbicos/tratamento farmacológico , Clonazepam/administração & dosagem , Clonazepam/efeitos adversos , Avaliação de MedicamentosRESUMO
O transtorno dismórfico do corpo - preocupaçäo excessiva com um defeito imaginário da aparência - tem sido pouco investigado empiricamente. Entretanto, parece ser um transtorno crônico, com significativa morbidade e alta associaçäo com outros transtornos psiquiátricos, principalmente transtornos do humor, de ansiedade e de personalidade. Vem sendo descrito na literatura há mais de um século, com vários relatos de casos atestando potenciais complicaçöes tais como sucessivas cirurgias plásticas, hospitalizaçäo e tentativas de suicídio. Há um viés da literatura americana recente ao sugerir uma maior ligaçäo do transtorno dismórfico do corpo com o transtorno obsessivo-compulsivo do que com outros transtornos psiquiátricos. Mostramos que ele pode ocorrer em outros transtornos, através da descriçäo de três casos clínicos de transtorno dismórfico do corpo associado à fobia. Realizamos revisäo da literatura sobre o transtorno dismórfico do corpo abarcando os tópicos: diagnóstico, demografia, curso, comprometimento e complicaçöes, etiologia, tratamento e relaçäo com outros transtornos psiquiátricos. Notamos que sistemas como o DSM-III-R näo incluem dentre os critérios diagnósticos para transtorno dismórfico do corpo "pontos-de-corte" para diferenciar "casos" de "näo-casos" com base em sofrimento e/ou comprometimento funcional. Propostas recentes de tratamento farmacológico ressaltam os antidepressores bloqueadores da recaptaçäo da serotonina como opçöes promissoras. Salientamos a importância da detecçäo das síndromes comórbidas com o transtorno dismórfico do corpo para o planejamneto de uma estratégia terapêutica mais flexível e eficiente
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Humanos , Masculino , Feminino , Adulto , Transtornos Somatoformes , Anorexia Nervosa , Transtorno Obsessivo-Compulsivo , Transtornos Fóbicos , Transtornos Somatoformes/complicações , Transtornos Somatoformes/diagnóstico , Transtornos Somatoformes/tratamento farmacológico , Transtornos Somatoformes/epidemiologia , Transtornos Somatoformes/etiologiaRESUMO
O fenômeno da depressäo-emergente durante tratamento é um dos mais controvertidos efeitos adversos do clonazepam. Numa primeira parte, fazemos revisäo da ocorrência, hipóteses etiológicas e manejo terapêutico deste quadro. Na segunda, relatamos a experiência do programa de Ansiedade e Depressäo da UFRJ. Em uma série de 49 fóbicos sociais tratados com clonazepam, dois (4,1 por cento) apresentaram o quadro de depressäo-emergente; ambos responderam bem a antidepressores: um com moclobemida, outro à fluoxetina. Observamos que dois (18,3 por cento) dos pacientes com episódio depressivo anterior (n=11) apresentaram depressäo-emergente, ao passo que no grupo dos pacientes sem história de depressäo nenhum dos 38 (0 por cento) desenvolveu depressäo-emergente, diferença estatisticamente significativa (Teste Exato de Fischer; p=0,046). Recomendamos cuidado na utilizaçäo de benzodiazepínicos em pacientes fóbicos sociais com episódios passados de depressäo. Os IMAOs (tradicionais e de segunda geraçäo) säo uma opçäo mais adequada para o tratamento da fobia social destes pacientes
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Humanos , Masculino , Feminino , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Clonazepam/efeitos adversos , Transtorno Depressivo/induzido quimicamente , Transtornos Fóbicos/tratamento farmacológico , Clonazepam/uso terapêuticoRESUMO
O Programa de Ansiedade e Depressäo do IP-UFRJ utiliza o SCID-II (DSM-III-R) para o diagnóstico de Transtorno de Personalidade.O Transtorno Histriônico de Personalidade apresenta dificuldades no diagnóstico transversal através de entrevista estruturada. A abordagem cognitivo-comportamental e farmacológica säo discutidas
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Humanos , Feminino , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Transtorno da Personalidade Histriônica/diagnóstico , Agorafobia/terapia , Clonazepam/uso terapêutico , Terapia Cognitivo-Comportamental , Transtorno da Personalidade Histriônica/tratamento farmacológico , Transtorno da Personalidade Histriônica/terapia , Transtorno de Pânico/tratamento farmacológicoRESUMO
O abuso do álcool é uma complicaçäo frequente na fobia social, sendo na maioria das vezes uma tentativa de automedicaçäo. Na primeira parte deste artigo, faremos breve revisäo bilbiográfica da comorbidade entre transtornos de ansiedade e abuso/dependência do álcool, por ser este um tema relevante e pouco estudado. Abordaremos os seguintes tópicos desta comorbidade: prevalência, hipóteses sobre a etiologia do abuso/dependência do álcool e tratamento. Na segunda parte, descreveremos a experiência do Programa de Ansiedade e Depressäo da UFRJ no tratamento com clonazepam de seis casos de abuso de álcool localizados numa série de 49 pacientes com fobia social (DSM-III-R). Todos os seis (12,2 por cento) pacientes apresentaram resposta acentuada (N=4) ou moderada (N=2) ao clonazepam, após um ano de seguimento. Houve resposta tanto da fobia social quanto do abuso do álcool, sendo que cinco dos pacientes apresentaram remissäo total do abuso do álcool. Em um deles houve abuso de benzodiazepínico, o qual foi posteriormente controlado. Estudos adicionais deveräo comparar os riscos/benefícios das diversas opçöes farmacológicas, lembrando que medicaçöes eficazes na fobia social como os IMAOs tradicionais apresentam risco aumentado em pacientes com abuso de drogas. Recomendamos a realizaçäo de investigaçöes rigorosas testando a hipótese da existênbcia de subgrupos de fóbicos sociais que possam utilizar com segurança benzodiazepínicos de alta potência