Sobrevida dos pacientes com câncer, submetidos à sedação paliativa, atendidos numa unidade de cuidados paliativos / Survival of cancer patients who received palliative sedation admitted at a Palliative Care Unit

RESUMO

Introdução: Sedação Paliativa é o uso monitorado de medicamentos com o objetivo de induzir a diminuição do nível de consciência a fim de aliviar o sofrimento intratável, de maneira eticamente aceitável pelo paciente, familiares e equipe de saúde Objetivos: Verificar a sobrevida dos pacientes com câncer avançado, após o início da sedação paliativa, atendidos numa Unidade de Cuidados Paliativos, na cidade de Maceió e compará-la com a de pacientes que não receberam sedação paliativa. Casuística e Método: Estudo de coorte retrospectivo,. Foram incluídos todos os pacientes atendidos no Serviço de Cuidados Paliativos Oncológicos da Santa Casa de Misericórdia de Maceió e que foram a óbito, no período entre 13 de agosto de 2013 à 13 de agosto de 2018. Foram comparadas as medianas de sobrevida hospitalar e desde o diagnóstico dos pacientes que receberam e que não receberam sedação paliativa no fim de vida. Resultados: Foram incluídos neste estudo 906 pacientes, sendo que 92 (10,2%) receberam sedação paliativa. A maioria dos pacientes submetidos à sedação eram do sexo feminino, 59 (64,1%) com média de idade de 60,1 anos, portadores de tumores sólidos, sendo os cânceres mais frequentes colo uterino, pulmão e cabeça e pescoço. O fármaco de escolha para sedação em todos os pacientes foi o midazolam e os sintomas mais prevalentes nestes pacientes foram dispneia, 80 (87%) e o delirium, 38 (40,4%). A sobrevida hospitalar mediana dos pacientes que receberam sedação paliativa não foi diferente daquela dos pacientes que não receberam sedação paliativa (mediana de 9,30; IC 95%, 7,51 a 11,81 dias vs. 8,2; IC 95%, 7,3 a 9,0 dias; p = 0,31). A sobrevida mediana desde o diagnóstico com câncer nos pacientes que receberam sedação paliativa foi de 399 (IC 95%, 299 a 522) dias e dos pacientes sem sedação foi de 317 (IC 95%, 280 a 345) dias (p=0,18). Conclusão: Os pacientes que receberam sedação paliativa não tiveram uma sobrevida menor do que aqueles que não a receberam. A sedação paliativa pode ser usada como potencial instrumento para, redução do sofrimento e controle de sintomas refratários, trazendo conforto ao paciente em fim de vida, sem impacto no tempo de sobrevida

ABSTRACT

Introduction: Palliative Sedation is the controlled use of drugs to decrease the level of consciousness to minimize intractable suffering in an ethically acceptable way by the patient, family and health team Objectives: To compare hospital survival in advanced cancer patients sedation admitted to a Palliative Care Unit, in the city of Maceió, who did or did not received palliative sedation. Method: Retrospective cohort study which included all patients admitted to the Oncology Palliative Care Service of Santa Casa de Misericórdia de Maceió and who died between August 13, 2013 and August 13, 2018. Results: 906 patients were included in this study. 92 (10.2%) patients received palliative sedation. Most patients were female, 59 (64.1%), with a mean age of 60.1 years, mainly with solid tumors, with cervical, lung and head and neck cancers being the most frequent sites. The drug used for sedation in all patients was midazolam and the most prevalent symptoms in these patients were dyspnea, 80 (87%) and delirium, 38 (40.4%). Median hospital survival of patients who received palliative sedation was not different from those who did not [9.30 (95% CI, 7.51 to 11.81) vs. 8.2 (95% CI, 7.3 to 9, 0) days, respectively (p = 0.31)]. The median survival since cancer diagnosis in patients who received palliative sedation was 399 (95% CI, 299 to 522) days and in patients who did not receive palliative sedation was 317 (95% CI, 280 to 345) days (p=0.18). Conclusion: Advanced cancer patients who received palliative sedation when admitted to a palliative care unit did not have shorter survival compared to patients who did not receive palliative sedation. Palliative sedation can be used to reduce suffering and control refractory symptoms, bringing comfort to the patient at the end of life, without any impact on survival.