RESUMO
Na perspectiva foucaultiana de discurso, uma formação discursiva é sempre efeito de ruptura de discursividades coexistentes. Assim, no intuito de investigar a discursividade da saúde mental coletiva, esta dissertação aciona três formações discursivas que a engendram: o discurso da saúde coletiva, enquanto inflexão do discurso sanitário; o discurso antimanicomial, como defensor de uma sociedade sem manicômios; e o discurso da universidade, enquanto instituidor de espaços de saber-poder. As residências multiprofissionais, nesse contexto, são compreendidas como dispositivos dessa nova composição discursiva, na medida em que oferecem aparatos institucionais e cumprem com funções estratégicas específicas, como a de formar trabalhadores para o SUS. Assim, residentes são reconhecidos como sujeitos que enunciam a discursividade em foco, ao mesmo tempo em que representam a produção de subjetividade deste novo campo discursivo. Partindo desta construção, convidamos residentes egressos de Programas de Residência em Saúde Mental Coletiva para responderem à seguinte pergunta: "Você compreende que há diferença nas concepções de 'saúde mental' e 'saúde mental coletiva'?". Esta dissertação é resultado da análise de discurso que, ao extrair enunciados das respostas dos residentes egressos, os relaciona com práticas não discursivas encontradas no interior do dispositivo das residências. Dentre uma heterogenia de respostas, aparecem afirmações, repetições, divergências e contradições as quais desenham algumas construções conceituais das noções pesquisadas, ao mesmo tempo em que evidenciam alguns impasses e desafios que se produzem na articulação dessa temática. Das impressões marcadas pela pesquisa, destaca-se o paradoxo que dualiza indivíduo e sociedade, clínica e política e a variabilidade conceitual dos termos saúde mental e saúde mental coletiva.
In the Foucauldian perspective of discourse, a discursive formation is always the breaking effect of coexisting discourses. Thus, to investigate the discursiveness of collective mental health, this dissertation triggers three discursive formations that engender it: the collective health discourse, as an inflection of the sanitary discourse; the anti-asylum discourse, as a defender of a society without asylums; and the university discourse, as a founder of powerknowledge spaces. The multi-professional residences, in this context, are understood as devices of this new discursive composition, since they offer institutional apparatuses and fulfill specific strategic functions, such as to train workers for SUS. Thus, residents are recognized as subjects that enunciate the discursiveness in focus, while at the same time represent the production of subjectivity of this new discursive field. Starting from this construction, residents egressed from Mental Health Residency Programs were invited to respond to the following question: "Do you understand that there is a difference in the conceptions of 'mental health' and 'collective mental health'?". This dissertation is the result of a discourse analysis which, in extracting statements from the answers of the egressed residents, relates them to non-discursive practices found within the device of the residences. Among the heterogeneity of answers, there are affirmations, repetitions, divergences and contradictions which design some conceptual constructions of the notions researched, while show some impasses and challenges that occur in the articulation of this thematic. Of the impressions marked by the research, stands out the paradox that dualizes individual and society, clinic and politics, and the conceptual variability of the terms mental health and collective mental health.
Assuntos
Saúde PúblicaRESUMO
O Acompanhamento Juvenil (AJ) é proposto no âmbito da prática da psicologia em extensão acadêmica no contexto de políticas públicas. Configura-se como uma prática, inspirada no Acompanhamento Terapêutico (AT), que busca estar com jovens para pensar a infração e o abandono nos processos de institucionalização vividos em medidas socioeducativa e protetiva. O exercício de construção com jovens de novas relações com a cidade evidencia o AJ como uma prática de análise das relações juvenis na rede que compõe as políticas públicas. Para tal tarefa, o diálogo com a pesquisa-intervenção e a esquizoanálise indicou três ferramentas conceituais: experimentar, escrever e cartografar. Os modos de escrever, produzidos pela equipe da psicologia através de um diário coletivo, enunciam a experimentação de percursos geográficos e existências e a análise de acompanhados e acompanhantes. Assim, emerge o AJ como uma estratégia de intervenção clínica e institucional na intervenção juvenil.
This study propounds the Youthful Accompaniment (YA) in the ambit of psychology practices, arising from academic extension experiences in public politics. This practice is being taken as work strategy, inspired in another methodology called Therapeutic Accompaniment (TA), and brings the idea to be with young to think the youthful involvement with abandoning and infraction in institutional contexts. The construction of new relations with the city shows how the YA can give visibility to youth movements and your effects into institutional nets - in public politics context. A dialogue with intervention research and esquizoanalyse had shown us three conceptual tools: the experimenting, the writing and the cartography. The ways to write, produced by the psychology team, through a collective diary, announces experimentations produced in existential and geographic territories and in involved people's analyses. In this way, the YA becomes a clinical and institutional intervention strategy which works with youthful politics.