Resumo
Objetivo: identificar as
condições de trabalho e seus reflexos na
saúde de
profissionais de enfermagem durante a pandemia de COVID-19, a partir das percepções dos próprios
trabalhadores .
Métodos: pesquisa qualitativa desenvolvida com 15
profissionais de enfermagem entrevistados por meio de
grupos focais online. O conteúdo foi analisado a partir da perspectiva da
hermenêutica -dialética.
Resultados: os
trabalhadores relataram que a
pandemia agravou uma histórica, crônica e precária
condição de trabalho e
saúde , marcada pelo aumento da sobrecarga laboral, falta de
equipamentos de proteção individual e de recursos materiais para a assistência, escassez de
profissionais e desvalorização da categoria, o que gerou uma
percepção de
desumanização no
trabalho ao se sentiram como "máquinas" ou "números". O sofrimento mental diante do
risco de
contaminação , da
morte frequente de
pacientes , colegas de
trabalho e
familiares , da falta de apoio da sociedade em relação às
medidas protetivas e das
cobranças crescentes por
desempenho e
produtividade geraram
sintomas de
ansiedade ,
depressão e estresse.
Conclusão: a pandemia de COVID-19 intensificou a
precarização do trabalho da
enfermagem e o sofrimento mental dos
profissionais , o que torna urgente a busca de melhorias nas
condições de trabalho e de
promoção da saúde , fundamentais à
proteção e à
dignidade dos
trabalhadores .
Abstract
Objective: to identify
working conditions and their effects on
nursing professionals'
health during the COVID-19 pandemic, based on the
workers ' own
perceptions .
Methods: qualitative research carried out with 15
nursing professionals interviewed through online
focus group . We analyzed the interviews content based on
hermeneutics -dialectics.
Results: nurses reported that the
pandemic worsened their historic, chronic, and precarious working and
health conditions, marked by increased
workload , lack of
personal protection equipment and material
resources , shortage of professionals and devaluation of their jobs, generating a perceived
dehumanization at
work , with
nurses feeling as "machines" and "numbers". Mental suffering due to the
risk of
contamination , the frequent
death of co-
workers ,
patients , and
family members , lack of societal support concerning protective
measures , and the increasing demands for performance and
productivity generates
anxiety ,
depression , and stress.
Conclusion: the COVID-19 pandemic enhanced
nurses ' mental suffering and the precariousness of their
work , urging the improvement of their
working conditions and
health promotion , essential for
workers '
protection and
dignity .