O artigo defende a tese de que, do ponto de vista psicanalítico, a obesidade não é uma formação simbólica, um sintoma, mas uma solução produzida pelo sujeito para tratar um gozo inassimilável, não simbolizado. Esse tratamento do gozo não se faz através da sexualidade, implicando, portanto, numa recusa do inconsciente. A autora apresenta um panorama teórico para compreender a obesidadefeminina à luz das contribuições de Freud sobre a sexualidadefeminina articuladas às fórmulas da sexuação de Lacan. Tece a hipótese de que a obesidade mórbidafeminina pode dizer respeito a uma demanda de amor insaciável, não limitada pela vertente fálica da sexuação, ou seja, não endereçada a um parceiro sexual. Em seguida, apresenta um caso clínico pensado à luz da orientação teórico-clínica desenvolvida.
This paper supports the thesis that, from a psychoanalytical standpoint, obesity is not asymbolic association or a symptom but a solution produced by the subject to deal with a nonabsorbed and non-symbolized fruition. This mode of addressing fruition does not occur through sexuality thus implying in a refusal of the unconsciousness. The author presents a theoretical panorama to help understand feminine obesity according to Freuds contributions on feminine sexuality and Lacans sexuation formulas. The author hypothesizes that feminine morbidobesity can be related to an insatiable love demand, unlimited by the phallic aspect of sexuation - not addressed to a sexual partner. To conclude, the author presents a clinical case analyzed according to the clinical and theoretical orientation developed beforehand.