الملخص
A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) leva a cronicidade na maioria dos casos com possível evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular. O diagnóstico laboratorial é feito através da pesquisa de anticorpos anti-HCV ou do HCV-RNA no soro ou plasma de indivíduos infectados. Porém o uso de amostras alternativas, tais como o sangue seco em papel filtro (SSPF) poderia facilitar o diagnóstico. A transmissão do vírus ocorre principalmente através do contato com sangue. A transmissão vertical ocorre em 4 a 8% dos casos, por este motivo é importante avaliar o impacto desta infecção e outras doenças infecciosas durante o pré-natal. No estado do Piauí, não é realizada a detecção de anti-HCV como teste de rotina no pré-natal em redes públicas. Logo, o objetivo deste trabalho é avaliar a prevalência da infecção pelo HCV e outras doenças infecciosas incluídas na triagem pré-natal em gestantes do Piauí. Entre outubro de 2018 e setembro de 2019, se realizou a busca de registros provenientes do sistema GAL (Gerenciador de Ambiente Laboratorial) referentes às amostras de SSPF que foram recebidas para a triagem pré-natal. Dados demográficos e resultados de diagnóstico para citomegalovírus, toxoplasmose, vírus da hepatite B, vírus da imunodeficiência humana e Treponema pallidum, foram coletados no sistema. Em relação ao HCV, as amostras de SSPF foram submetidas a detecção de antiHCV empregando ensaio imunoenzimático otimizado. As amostras reagentes foram submetidas a PCR convencional para detecção do HCV-RNA. No estudo foram incluídas 554 gestantes com média de 24,3± 6,7 anos. Entre as gestantes, 39,35% eram da zona urbana, 30,69% da cor parda e 21,12% estavam no 1º trimestre. Observamos uma prevalência de 1,08% de HCV, e nenhuma amostra possuía o RNA-HCV. As seguintes prevalências foram observadas: 89,94% de IgG anti-citomegalovírus e 0,2% de IgM anti-citomegalovírus; 63,71% para IgG anti-toxoplasmose; 0,39% para IgM anti-toxoplasmose; 0,39% de HBsAg, 0,18% de anti-HIV e 0,36% de anti-Treponema pallidum. Entre as gestantes do estudo, 486 realizaram duas visitas (t2), 62 realizaram três visitas (t3) e apenas 6 retornaram quatro vezes (t4). De acordo com as visitas, a prevalência de anti-HCV foi de 0,5%para uma visita, 0,2% para duas visitas, 0% para três e quatro consultas. Concluímos que a prevalência de HCV foi baixa nas gestantes do estudo, porém há necessidade de investir em programas de rastreio que podem auxiliar nas estratégias de redução de transmissão vertical.