ABSTRACT
Introdução: Os lipossarcomas retroperitoneais são neoplasias mesenquimais raras, sendo mais comuns os bem diferenciados e os desdiferenciados. O subtipo bem diferenciado pode sofrer desdiferenciação para tumores de maior grau. São neoplasias difíceis de tratar cirurgicamente, pois apresentam altas taxas de recorrência local, alguns subtipos podem metastizar e são pouco sensíveis à radioterapia e à quimioterapia. Relato do caso: Paciente feminina, 45 anos, apresentou dor abdominal e massa abdominal palpável em 2017. Foi submetida à ressecção de lipossarcoma bem diferenciado de retroperitônio, sem intercorrências. Em 2020, manifestou dor abdominal e perda ponderal. A tomografia mostrou múltiplas massas volumosas abdominais, com biópsia sugestiva de lipossarcoma desdiferenciado. Foi submetida à radioterapia neoadjuvante e, em seguida, à ressecção cirúrgica das massas e ileocolectomia direita. Em 2022, apresentou quadro sugestivo de obstrução intestinal, sendo submetida à laparotomia que evidenciou intenso bloqueio de alças intestinais, fístula duodenal, tumor retroperitonial e peritonite fecal. Procedeu-se à ressecção de neoplasia retroperitoneal, ileostomia e rafia de fístula. O histopatológico mostrou lipossarcoma desdiferenciado recidivado. A paciente evoluiu com complicações operatórias e infecciosas, necessitando de cuidados intensivos e antibioticoterapia. Após melhora clínica, recebeu alta com dieta enteral e segue em acompanhamento ambulatorial. Conclusão: O lipossarcoma de retroperitônio pode sofrer desdiferenciação, recidivas multifocais e múltiplas recorrências, necessitando de várias abordagens cirúrgicas, o que aumenta a morbidade e o risco de complicações. A cirurgia com margens amplas continua sendo a principal modalidade terapêutica.
ABSTRACT Introduction: Retroperitoneal liposarcomas are rare mesenchymal neoplasms, with well-differentiated and dedifferentiated liposarcomas being most common. The well differentiated subtype can undergo dedifferentiation to higher grade tumors. These are difficult neoplasms to treat surgically because they have high rates of local recurrence, some subtypes can metastasize, and are poorly responsive to radiotherapy and chemotherapy. Case report: Female patient, 45 years old, presented abdominal pain and palpable abdominal mass in 2017. She underwent resection of well-differentiated liposarcoma of the retroperitoneum, without intercurrences. In 2020, she manifested abdominal pain and weight loss. Tomography showed multiple voluminous abdominal masses, with biopsy suggestive of dedifferentiated liposarcoma. The patient was submitted to neoadjuvant radiotherapy, followed by surgical resection of the masses and right ileocolectomy. In 2022, she presented symptoms suggestive of intestinal obstruction, and underwent laparotomy that revealed intense blockage of intestinal loops, duodenal fistula, retroperitoneal tumor, and fecal peritonitis. Retroperitoneal neoplasm resection, ileostomy and fistula closure were performed. Histopathology showed relapsed dedifferentiated liposarcoma. The patient evolved with operative and infectious complications, requiring intensive care and antibiotic therapy. After clinical improvement, the patient was discharged with enteral diet and continues under outpatient follow-up. Conclusion: Retroperitoneal liposarcoma may undergo multifocal dedifferentiation and recurrence, requiring several surgical approaches, increasing morbidity and the risk of complications. Wide margin surgery remains the main therapeutic modality.
Introducción: Los liposarcomas retroperitoneales son neoplasias mesenquimatosas raras, siendo los más comunes los liposarcomas bien diferenciados y desdiferenciados. El subtipo bien diferenciado puede sufrir desdiferenciación hacia tumores de mayor grado. Estas neoplasias son difíciles de tratar quirúrgicamente porque presentan altas tasas de recidiva local, algunos subtipos pueden hacer metástasis y responden mal a la radioterapia y la quimioterapia. Informe del caso: Mujer de 45 años, en 2017 presenta dolor abdominal y masa abdominal palpable. Fue sometida a la resección de un liposarcoma bien diferenciado del retroperitoneo, sin intercurrencias. En 2020, manifestó dolor abdominal y pérdida de peso. La tomografía mostró múltiples masas abdominales voluminosas, con biopsia sugestiva de liposarcoma desdiferenciado. Fue sometida a radioterapia neoadyuvante y luego a resección quirúrgica de las masas y a ileocolectomía derecha. En 2022, presentó síntomas de obstrucción intestinal y fue sometida a una laparotomía que reveló obstrucción de las asas intestinales, fístula duodenal, tumor retroperitoneal y peritonitis fecal. Se realizó la resección de la neoplasia retroperitoneal, la ileostomía y la fistulización. La histopatología mostró un liposarcoma desdiferenciado. La paciente evolucionó con complicaciones operatorias e infecciosas, requiriendo cuidados intensivos y terapia antibiótica. Tras la mejora clínica, la paciente fue dada de alta con dieta enteral y está en seguimiento. Conclusión: El liposarcoma retroperitoneal puede sufrir desdiferenciación multifocal y recurrencia, requiriendo varios a tratamientos quirúrgicos, aumentando la morbilidad y el riesgo de complicaciones. La cirugía con márgenes amplios sigue siendo la terapia principal.
Subject(s)
Recurrence , Retroperitoneal Neoplasms , Cell Dedifferentiation , Surgical Oncology , LiposarcomaABSTRACT
Resumo O leiomiossarcoma de veia cava inferior (LVCI) é um raro tumor maligno mesenquimal. Seu tratamento cirúrgico é um desafio, pois necessita combinar margens cirúrgicas livres com reconstrução vascular, usando prótese ou enxerto autólogo, sutura primária ou ligadura simples sem reconstrução da veia. A ligadura é possível graças ao lento crescimento do tumor, permitindo o desenvolvimento de circulação venosa colateral. Apresentamos um caso de LVCI tratado por ressecção radical sem reconstrução vascular. Paciente feminina, 48 anos, com dor abdominal em hipocôndrio direito, astenia e sintomas dispépticos pós-prandiais. Tomografia de abdome revelou massa de formação expansiva localizada no segmento infra-hepático da veia cava inferior com redução da luz do vaso. Na cirurgia, o clampeamento da veia não indicou repercussões hemodinâmicas, sugerindo formação de circulação colateral suficiente. Decidiu-se pela ressecção radical em toda a porção da veia cava retro-hepática e ligadura da veia cava sem reconstrução vascular. A paciente evoluiu sem intercorrências.
Abstract Inferior vena cava leiomyosarcoma (IVCL) is a rare malignant mesenchymal tumor. Surgical treatment is a challenge because it must combine free surgical margins with vascular reconstruction, using prosthetic or autologous grafts, primary suture, or simple ligation without vein reconstruction. The ligation option is possible thanks to the slow growth of the tumor, allowing collateral venous circulation to develop. We present a case of an IVCL treated with radical resection without vascular reconstruction. The patient was a 48-year-old female with abdominal pain in the right upper quadrant, asthenia, and postprandial dyspeptic symptoms. Abdominal tomography revealed a mass with an expansive formation located in the infrahepatic segment of the inferior vena cava and reduced vessel lumen. During surgery, vein clamping did not provoke hemodynamic repercussions, suggesting sufficient collateral circulation formation. It was decided to perform a radical resection of the entire portion of the retrohepatic vena cava and ligate the vena cava without vascular reconstruction. The patient recovered without complications.
ABSTRACT
ABSTRACT Objective: to evaluate the profile of morbidity and mortality and its predictors related to extensive pelvic resections, including pelvic exenteration, to optimize the selection of patients and achieve better surgical results. Methods: we performed 24 major resections for anorectal pelvic malignancy from 2008 to 2015 in the Instituto do Câncer do Ceará. The factors analyzed included age, weight loss, resected organs, total versus posterior exenteration, angiolymphatic and perineural invasion, lymph node metastasis and overall and disease-free survival. Results: the median age was 57 years and the mean follow-up was ten months. Overall morbidity was 45.8%, with five (20.8%) serious complications. There were no deaths in the first 30 postoperative days. The median overall survival was 39.5 months, and disease-free survival, 30.7 months. Concomitant resection of the bladder was an isolated prognostic factor for higher risk of complications (87.5% vs. 26.7%, p = 0.009). Angiolymphatic invasion and lymph node metastasis did not reach significance with respect to disease-free survival. Conclusion: treatment of advanced anorectal tumors is challenging, often requiring combined resections, such as cystectomy and sacrectomy, and complex reconstructions. The magnitude of the operation still carries a high morbidity rate, but is a procedure considered safe and feasible, with a low mortality and adequate locoregional tumor control when performed in referral centers.
RESUMO Objetivos: avaliar o perfil de morbimortalidade e seus fatores preditivos relacionados às ressecções pélvicas extensas, incluindo a exenteração pélvica, com o intuito de otimizar a seleção dos pacientes e obtenção de melhores resultados cirúrgicos. Métodos: foram realizadas 24 grandes ressecções pélvicas por neoplasia maligna anorretal de 2008 a 2015 no Instituto do Câncer do Ceará. Os fatores analisados incluíram idade, perda de peso, órgão ressecados, exenteração total versus posterior, invasão angiolinfática e perineural, metástase linfonodal e sobrevida global e livre de doença. Resultados: a mediana de idade foi 57 anos e o tempo médio de seguimento foi dez meses. A morbidade global foi 45,8%, com cinco (20,8%) complicações graves. Não houve óbito nos primeiros 30 dias de pós-operatório. A sobrevida global média foi 39,5 meses e a sobrevida livre de doença foi 30,7 meses. A ressecção concomitante da bexiga foi fator prognóstico isolado com maior risco para complicações (87,5% vs. 26,7%, p=0.009). Invasão angiolinfática e metástase linfonodal não alcançaram significância com relação à sobrevida livre de doença. Conclusão: o tratamento dos tumores anorretais avançados é desafiador, necessitando frequentemente de ressecções combinadas, como a cistectomia e sacrectomia, além de reconstruções complexas. A magnitude da cirurgia ainda carrega uma elevada taxa de morbidade, porém é um procedimento considerado seguro e factível, com uma baixa mortalidade e adequado controle locorregional tumoral quando realizado em centros de referência.
Subject(s)
Humans , Male , Female , Adult , Aged , Anus Neoplasms/surgery , Pelvic Exenteration/methods , Postoperative Complications/epidemiology , Colorectal Neoplasms/surgery , Neoplasm Recurrence, Local/surgery , Anus Neoplasms/mortality , Anus Neoplasms/pathology , Prognosis , Colorectal Neoplasms/mortality , Colorectal Neoplasms/pathology , Retrospective Studies , Cohort Studies , Disease-Free Survival , Middle Aged , Neoplasm Recurrence, Local/mortalityABSTRACT
OBJETIVO: Descrever os aspectos epidemiológicos, clínicos e cirúrgicos dos pacientes com lesão iatrogênica das vias biliares (LIVB) atendidos no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) durante o período de 2005 a 2009. MÉTODOS: Realizou-se estudo retrospectivo dos prontuários dos pacientes internados no HGF diagnóstico de LIVB, obtendo-se as seguintes variáveis: sexo, idade, procedência, condições da colecistectomia, tipo de operação, sintomatologia, exames realizados, achados cirúrgicos, classificação da lesão, tratamento, complicações, tempo total de internamento e condições de alta. RESULTADOS: Foram confirmados 27 casos de LIVB. Duas lesões ocorreram durante a colecistectomia videolaparoscópica. Apenas um paciente foi diagnosticado no intra-operatório.. O sinal mais freqüente foi a icterícia pós-colecistectomia. A hepático-jejunostomia em "Y" de Roux foi a técnica cirúrgica mais empregada (85,2 por cento). A maioria dos pacientes recebeu alta hospitalar em boas condições clínicas (88,8 por cento); no entanto, constatou-se, a elevada morbidade desta patologia, exemplificada pelos múltiplos internamentos e longa permanência hospitalar (média de 31 dias). CONCLUSÃO: A maioria das lesões ocorreu durante a colecistectomia por laparotomia, a icterícia foi o sinal mais freqüente quando da internação Verificou-se uma elevada permanência hospitalar .causada pelas complicações pós-operatórias o que poderia ser explicado pelo diagnóstico tardio ocasionando um grande retardo no tratamento neste pacientes.
OBJECTIVE: To describe the epidemiological, clinical and surgical features of patients with iatrogenic bile duct injury (IBDI) attending the General Hospital of Fortaleza (HGF) during the period from 2005 to 2009. METHODS: We conducted a retrospective study of medical records of patients admitted to HGF with the diagnosis of IBDI, evaluating the following variables: gender, age, origin, conditions of cholecystectomy, type of surgery, symptoms, exams performed, surgical findings, classification of injury, treatment, complications, total duration of hospitalization and discharge conditions. RESULTS: There were 27 confirmed cases of IBDI. Two injuries occurred during laparoscopic cholecystectomy. Only one patient was diagnosed intraoperatively. The most frequent sign was jaundice after cholecystectomy. Hepato-duodenal Y-en-Roux anastomosis was the most often employed surgical technique (85.2 percent). Most patients were discharged from hospital in good clinical condition (88.8 percent), however, we found high morbidity rates for this disease, exemplified by the multiple hospitalizations and longer hospital stay (mean 31 days). CONCLUSION: Most injuries occurred during open cholecystectomy, jaundice was the most frequent sign upon admission. There was a high hospitalization length of stay, caused by postoperative complications, which could be explained by delayed diagnosis resulting in a large delay in treatment.