RÉSUMÉ
A Caderneta de Saúde da Criança (CSC) é um documento imprescindível para a promoção da saúde infantil. Foi realizado um estudo transversal com amostra aleatória simples de crianças acompanhadas no Sistema Único de Saúde (SUS), visando analisar os fatores associados à qualidade do preenchimento da CSC. Foram realizadas entrevistas e verificação direta das cadernetas de 365 crianças das nove regionais de saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Foi criado um sistema de escore para classificar as CSC quanto à qualidade do seu preenchimento e relacioná-la às variáveis explicativas. O odds ratio foi calculado por regressão logística. O preenchimento dos vinte itens do escore variou de 3,1 por cento (uso de ferruginoso) a 99,7 por cento (data de nascimento). Os fatores associados aos piores escores foram: crianças > 12 meses de idade (OR = 1,77), mães < 6 anos de estudo (OR = 1,97), crianças não acompanhadas por médicos generalistas (OR = 3,18) e mães que não receberam explicações sobre a CSC na maternidade (OR = 1,77). Os resultados apontam a precária utilização da CSC, reforçando a necessidade de investimentos em capacitação dos profissionais e organização dos serviços para que ela cumpra seu papel na promoção da saúde infantil.
The Child Health Record (CHR) is an essential document for children's health care activities. A cross-sectional study was performed with simple random sampling, aimed at analyzing factors related to quality of data completion on the CHR. Interviews and direct verification of 365 CHRs from 9 health districts in Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil, were performed. A scoring system was created to classify the CHRs in terms of quality of data completion and to relate them to explanatory variables. Odds ratios were calculated by logistic regression. Completion of the 20 scoring items varied from 3.1 percent (use of iron supplements) to 99.7 percent (date of birth). Factors associated with worse scores were: children > 12 months old (OR = 1.77), mothers with < 6 years of schooling (OR = 1.97), children not treated by general practitioners (OR = 3.18), and mothers who had not received explanations on the CHR while in the maternity ward (OR = 1.77). The results show poor use of the CHR and emphasize the need for on-going efforts to train health professionals and prepare health services for their important role in the promotion of children's health.