RÉSUMÉ
OBJETIVO: Apesar da evolução das técnicas cirúrgicas que permitiram a padronização do transplante cardíaco e da descoberta dos imunossupressores, ainda hoje, a rejeição, os efeitos colaterais dos medicamentos e o processo de vasculopatia crônica são os principais problemas nos pós-transplantados. A procura por alternativas para superar estes impedimentos é o objetivo principal deste trabalho. Assim, foram realizados experimentos para determinar se a tolerância oral pode interferir no transplante cardíaco. MÉTODO: Camundongos C57BI/6J e C3H/HEJ, machos adultos foram divididos em dois grupos. O grupo denominado tolerante recebeu amendoim ad libitum na dieta por sete dias, enquanto o grupo imune foi mantido com uma dieta convencional para murinos. Ambos foram imunizados com 100 mg de extrato protéico derivado do amendoim por via sc. O transplante de coração de BAL/C recém-nato, de 24h, foi depositado no tecido subcutâneo das orelhas dos animais de ambos os grupos, com ou sem imunização concomitante do antígeno alimentar. RESULTADOS: Confirmamos que a administração de proteínas por via oral é capaz de induzir tolerância sistêmica, uma vez que os grupos tolerantes apresentam títulos de anticorpos específicos ao amendoim mais baixos que os grupos imunes. O coração transplantado apresentou-se mais preservado no grupo de animais C3H/HEJ tolerantes que foram desafiados concomitantemente com o antígeno da dieta do que os demais grupos. CONCLUSAO: Foi determinado que os mecanismos de tolerância oral interferem no processo de rejeição de transplantes cardíacos alogênicos avasculares para a orelha de camundongos adultos, no entanto, de maneira não homogênea. Como os mecanismos de tolerância oral que alteram o sistema imunológico de modo a reduzir a rejeição ainda não foram esclarecidos, são precisos mais trabalhos nesta linha de pesquisa.