RÉSUMÉ
To evaluate clinical predictors of poor sleep quality in COPD patients with and without obstructive sleep apnea (OSA). Methods: Consecutive stable patients with COPD were evaluated for OSA by means of overnight polysomnography; for sleep quality by means of the Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI); and for disease impact by means of the COPD Assessment Test. COPD severity was graded in accordance with the 2020 GOLD guidelines. Predictors of poor sleep quality were evaluated by multivariate logistic regression analysis. Results: We studied 51 patients with COPD alone and 51 patients with COPD and OSA. Both groups had similar age (66.2 ± 9.2 years vs. 69.6 ± 10.7, p = 0.09) and airflow limitation (p = 0.37). Poor sleep quality was present in 74.8% of the study participants, with no significant difference between COPD patients with and without OSA regarding PSQI scores (p = 0.73). Polysomnography showed increased stage 1 non-rapid eye movement sleep and arousal index, as well as reduced sleep efficiency and stage 3 non-rapid eye movement sleep, in the group of patients with COPD and OSA (p < 0.05). Independent predictors of poor sleep quality were GOLD grade C/D COPD (OR = 6.4; 95% CI, 1.79-23.3; p < 0.01), a COPD Assessment Test score ≥ 10 (OR = 12.3; 95% CI, 4.1-36.5; p < 0.01), and lowest SaO2 < 80% (p < 0.0001). Conclusions: Poor sleep quality is quite common in patients with COPD and is associated with severe COPD and poor health status, having a negative impact on overall quality of life. Despite changes in polysomnography, OSA appears to have no impact on subjective sleep quality in COPD patients.
Avaliar os preditores clínicos de má qualidade do sono em pacientes com DPOC, com e sem apneia obstrutiva do sono (AOS). Métodos: Pacientes estáveis consecutivos com DPOC foram avaliados quanto à AOS por meio de polissonografia noturna; quanto à qualidade do sono por meio do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) e quanto ao impacto da doença por meio do Teste de Avaliação da DPOC. A gravidade da DPOC foi classificada conforme as diretrizes de 2020 da GOLD. Os preditores de má qualidade do sono foram avaliados por meio de análise de regressão logística multivariada. Resultados: Foram estudados 51 pacientes com DPOC apenas e 51 pacientes com DPOC e AOS. Ambos os grupos eram semelhantes quanto à idade (66,2 ± 9,2 anos vs. 69,6 ± 10,7, p = 0,09) e limitação do fluxo aéreo (p = 0,37). Sono de má qualidade esteve presente em 74,8% dos participantes, sem diferença significativa entre os pacientes com DPOC, com e sem AOS, quanto à pontuação no IQSP (p = 0,73). A polissonografia mostrou aumento do estágio 1 do sono non-rapid eye movement e do índice de despertares, bem como redução da eficiência do sono e do estágio 3 do sono non-rapid eye movement nos pacientes com DPOC e AOS (p < 0,05). Os preditores independentes de má qualidade do sono foram DPOC grau C/D da GOLD (OR = 6,4; IC95%: 1,79-23,3; p < 0,01), pontuação ≥ 10 no Teste de Avaliação da DPOC (OR = 12,3; IC95%: 4,1-36,5; p < 0,01) e menor SaO2 < 80% (p < 0,0001). Conclusões: O sono de má qualidade é bastante comum em pacientes com DPOC e apresenta relação com DPOC grave e estado de saúde ruim, além de ter impacto negativo na qualidade de vida global. Não obstante as alterações na polissonografia, a AOS aparentemente não tem impacto na qualidade do sono referida por pacientes com DPOC.
Sujet(s)
Humains , Sujet âgé , Syndrome d'apnées obstructives du sommeil/complications , Broncho-pneumopathie chronique obstructive/complications , Qualité du sommeil , PolysomnographieRÉSUMÉ
ABSTRACT Sleep is essential for the proper functioning of all individuals. Sleep-disordered breathing can occur at any age and is a common reason for medical visits. The objective of this consensus is to update knowledge about the main causes of sleep-disordered breathing in adult and pediatric populations, with an emphasis on obstructive sleep apnea. Obstructive sleep apnea is an extremely prevalent but often underdiagnosed disease. It is often accompanied by comorbidities, notably cardiovascular, metabolic, and neurocognitive disorders, which have a significant impact on quality of life and mortality rates. Therefore, to create this consensus, the Sleep-Disordered Breathing Department of the Brazilian Thoracic Association brought together 14 experts with recognized, proven experience in sleep-disordered breathing.
RESUMO O sono é essencial para o adequado funcionamento de todos os indivíduos. Os distúrbios respiratórios do sono ocorrem em todas as faixas etárias, constituindo motivo frequente de consulta médica. O objetivo deste consenso foi atualizar os conhecimentos sobre os principais distúrbios respiratórios do sono tanto na população adulta quanto na pediátrica, com ênfase na apneia obstrutiva do sono. A apneia obstrutiva do sono é uma doença extremamente prevalente, porém frequentemente subdiagnosticada. Associa-se frequentemente a uma série de comorbidades, notadamente cardiovasculares, metabólicas e neurocognitivas, que impactam significativamente na qualidade de vida e na mortalidade. Por conta disso, o Departamento de Distúrbios Respiratórios do Sono da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia reuniu 14 especialistas com reconhecida e comprovada experiência em distúrbios respiratórios do sono para a elaboração deste documento.
RÉSUMÉ
ABSTRACT Objective: To evaluate the construct validity and reproducibility of the six-minute step test (6MST) in individuals with obstructive sleep apnea (OSA) treated with continuous positive airway pressure (CPAP). Methods: We evaluated 48 volunteers diagnosed with OSA and treated with CPAP for at least two months. The volunteers underwent the six-minute walk test (6MWT) and the 6MST, in random order and on different days, with an interval of, at most, seven days between the two tests. Results: A moderate positive correlation was found between the distance walked on the 6MWT and the number of steps climbed on the 6MST (r = 0.520; p < 0.001). There was no significant difference between the two 6MSTs in terms of the number of steps climbed (121.7 ± 27.1 vs. 123.6 ± 26.7). Reproducibility for performance on the 6MST and for cardiovascular variables was considered excellent (intraclass correlation coefficient > 0.8). Regarding cardiovascular responses, the 6MST produced higher values than did the 6MWT for HR at six minutes, percent predicted maximum HR, and leg fatigue at six minutes, as well as for systolic blood pressure at six minutes and at one minute of recovery. Conclusions: The 6MST is valid and reproducible, producing greater cardiovascular stress than does the 6MWT. However, the 6MST is also characterized as a submaximal test for the assessment of exercise tolerance in individuals with OSA treated with CPAP.
RESUMO Objetivo: Avaliar a validade do constructo e a reprodutibilidade do teste de degrau de seis minutos (TD6) em indivíduos com apneia obstrutiva do sono (AOS) tratados com continuous positive airway pressure (CPAP, pressão positiva contínua nas vias aéreas). Métodos: Foram avaliados 48 voluntários com diagnóstico de AOS e tratados com CPAP há, no mínimo, dois meses. Os voluntários foram submetidos ao teste de caminhada de seis minutos (TC6) e ao TD6, em ordem aleatória e em dias diferentes, com um intervalo de, no máximo, sete dias entre os dois testes. Resultados: Foi observada uma correlação positiva moderada entre a distância percorrida no TC6 e o número de subidas no TD6, (r = 0,520; p < 0,001). Não foram encontradas diferenças significativas no número de subidas entre os dois TD6 (121,7 ± 27,1 vs. 123,6 ± 26,7 degraus). A reprodutibilidade para o desempenho no TD6 e para as variáveis cardiovasculares foi considerada excelente (coeficiente de correlação intraclasse > 0,8). Com relação às respostas cardiovasculares, quando comparado ao TC6, o TD6 apresentou maiores valores em relação a FC no sexto minuto, percentual do predito da FC máxima, fadiga de membros inferiores no sexto minuto e pressão arterial sistólica no sexto minuto e no primeiro minuto da fase de recuperação. Conclusões: O TD6 é válido, reprodutível e causa maior estresse cardiovascular quando comparado ao TC6. No entanto, o TD6 também se caracteriza como um teste submáximo para a avaliação da tolerância ao esforço em indivíduos com AOS tratados com CPAP.
Sujet(s)
Humains , Tolérance à l'effort/physiologie , Syndrome d'apnées obstructives du sommeil/thérapie , Ventilation en pression positive continue/méthodes , Épreuve d'effort/normes , Reproductibilité des résultats , Syndrome d'apnées obstructives du sommeil/physiopathologie , Épreuve d'effort/méthodesRÉSUMÉ
ABSTRACT Purpose: to compare nasal geometry between two groups of patients with different degrees of obstructive sleep apnea and to correlate apnea-hypopnea index, apnea severity and degree of daytime sleepiness with nasal areas and volume. Methods: a total of 20 adults (15 women and 5 men, mean age of 52.0±11.4 years old) without nasal obstruction were submitted to polysomnography. The subjects were divided into two groups: a) 10 individuals without apnea or with mild-grade apnea; b) 10 with moderate or severe apnea. Nasal geometry was evaluated by acoustic rhinometry. The volume, comprising the distance from the nasal valve to the posterior part of the middle nasal turbinate, and the three sectional areas corresponding to nasal valve, anterior part of the inferior nasal turbinate and posterior part of the inferior nasal turbinate, were considered. The Shapiro-Wilk, Mann-Whitney, Student's t tests for independent samples and Spearman's correlation coefficient were used for the analysis, with a significance level lower than 5%. Results: group 2 presented lower values in the area corresponding to the nasal valve (on the right), and higher values in the nasal turbinate areas. There was no correlation between the drowsiness scale and nasal areas and volumes. Conclusion: the area of the nasal valve was unilaterally smaller in the group with moderate and severe apnea. There was no correlation between volumes and nasal areas and excessive daytime sleepiness.
RESUMO Objetivo: comparar a geometria nasal entre dois grupos de pacientes com diferentes graus de apneia obstrutiva do sono e correlacionar índice e gravidade da apneia e grau de sonolência diurna com áreas e volume nasais. Métodos: 20 adultos (15 mulheres e 5 homens - idade média de 52,0±11,4 anos) sem obstrução nasal, submetidos à polissonografia e divididos em dois grupos: a) dez indivíduos sem ou com apneia em grau leve; b) dez com apneia moderada ou grave. A geometria nasal foi avaliada por rinometria acústica. Foram considerados o volume (distância da válvula nasal até a parte posterior da concha nasal média) e as três áreas seccionais: válvula nasal, parte anterior e parte posterior da concha nasal inferior. Foram aplicados os testes de Mann-Whitney e t de Student para amostras independentes e coeficiente de correlação de Spearman, com nível de significância de 5%. Resultados: o grupo 2 apresentou valores menores na área da válvula nasal, à direita, e maiores valores nas áreas das conchas nasais. Não houve correlação entre escala de sonolência e geometria nasal. Conclusão: a área da válvula nasal foi menor, unilateralmente, no grupo com apneia moderada e grave. Não houve correlação entre volumes e áreas nasais e sonolência diurna excessiva.
RÉSUMÉ
ABSTRACT Objective: To evaluate lung function and inspiratory muscle strength, correlating them with exercise tolerance, in obese individuals with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS). Methods: The sample comprised 31 adult subjects with moderate-to-severe OSAS diagnosed by polysomnography. We used spirometry to measure FVC, FEV1, and FVC/FEV1 ratio, using pressure manometry to measure MIP and MEP. The incremental shuttle walk test (ISWT) and the six-minute walk test (6MWT) were used in order to determine functional exercise capacity. Results: In this sample, the mean values for FVC (% of predicted), FEV1 (% of predicted): MIP, and MEP were 76.4 ± 12.3%, 80.1 ± 6.3%, 60.0 ± 21.9 cmH2O, and 81.3 ± 22.2 cmH2O, respectively. The mean distances covered on the ISWT and 6MWT were 221 ± 97 m and 480.8 ± 67.3 m, respectively. The ISWT distance showed moderate positive correlations with FVC (r = 0.658; p = 0.001) and FEV1 (r = 0.522; p = 0.003). Conclusions: In this sample of obese subjects with untreated OSAS, lung function, inspiratory muscle strength, and exercise tolerance were all below normal. In addition, we found that a decline in lung function, but not in respiratory muscle strength, was associated with exercise tolerance in these patients.
RESUMO Objetivo: Avaliar e correlacionar a função pulmonar e a força muscular inspiratória com a tolerância ao esforço em indivíduos obesos com síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS). Métodos: Foram recrutados 31 adultos com diagnóstico de SAOS de moderada a grave através do exame de polissonografia. Os participantes foram submetidos à espirometria para a medida de CVF, VEF1 e relação CVF/VEF1, assim como à manovacuometria para a medida de PImáx e PEmáx. Para a determinação da capacidade funcional de exercício foram realizados o teste shuttle (TS) e o teste de caminhada de seis minutos (TC6). Resultados: Na amostra, as médias de CVF (% do previsto), VEF1 (% do previsto), PImáx e PEmáx foram de 76,4 ± 12,3%, 80,1 ± 6,3%, 60,0 ± 21,9 cmH2O e 81,3 ± 22,2 cmH2O, respectivamente. As médias das distâncias percorridas no TS e no TC6 foram de 221 ± 97 m e 480,8 ± 67,3 m, respectivamente. Houve correlações moderadas positivas entre a distância percorrida no TS e CVF (r = 0,658; p = 0,001) e entre a distância no TS e VEF1 (r = 0,522; p = 0,003). Conclusões: Nesta amostra de indivíduos obesos com SAOS não tratada, houve reduções na função pulmonar, força muscular inspiratória e capacidade física. Além disso, observou-se que o declínio da função pulmonar, mas não da força muscular respiratória, estava associado à tolerância ao esforço físico nestes pacientes.
Sujet(s)
Humains , Mâle , Femelle , Adulte d'âge moyen , Sujet âgé , Muscles respiratoires/physiopathologie , Capacité inspiratoire/physiologie , Syndrome d'apnées obstructives du sommeil/physiopathologie , Force musculaire/physiologie , Obésité/physiopathologie , Spirométrie , Indice de masse corporelle , Études transversales , Tolérance à l'effort , Exercices d'étirement musculaireRÉSUMÉ
OBJETIVO: Determinar a eficácia do uso do volume expiratório forçado nos primeiros seis segundos (VEF6) como substituto da capacidade vital forçada (CVF) na triagem diagnóstica da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) através da comparação entre as medidas da relação VEF1/CVF e as medidas da relação VEF1/VEF6. MÉTODOS: No ano de 2003, durante o Dia Mundial da DPOC, realizamos uma campanha de triagem diagnóstica da DPOC. Os participantes da campanha respondiam ao questionário clínico do projeto Global Initiative for -Obstructive Lung Disease e aqueles que apresentavam pelo menos três respostas positivas submetiam-se a espirometria. RESULTADOS: Um total de 134 indivíduos respondeu positivamente a três questões e realizou espirometria. Destes, 59 foram excluídos: 45 por serem não fumantes e 14 pelo fato de seus exames não obedecerem aos critérios da American Thoracic Society para espirometria de qualidade. O número de resultados abaixo de 70 por cento foi similar para VEF1/CVF e para VEF1/VEF6. A sensibilidade de VEF1/VEF6 para o diagnóstico de obstrução de vias aéreas definida por VEF1/CVF abaixo de 70 por cento foi de 92 por cento e a especificidade foi de 99 por cento. O valor preditivo positivo foi de 100 por cento e o valor preditivo negativo foi de 98 por cento. O teste de correlação de Kendall mostrou r = 0,99 (p < 0,0001). O teste t para amostras pareadas mostrou correlação negativa: t = -5,93 (p < 0,0001). CONCLUSÃO: A relação VEF1/VEF6 se mostrou eficaz para uso na triagem diagnóstica da DPOC. Existe uma forte relação entre VEF1/CVF e VEF1/VEF6.
OBJECTIVE: To determine the efficacy of using forced expiratory volume in six seconds (FEV6) as a surrogate for forced vital capacity (FVC) in the diagnostic screening for chronic obstructive pulmonary disease (COPD) by comparing FEV1/FVC ratios with FEV1/FEV6 ratios. METHODS: In November of 2003, on World COPD Day, we conducted a campaign of diagnostic screening for COPD. The participants completed the clinical questionnaire of the Global Initiative for Obstructive Lung Disease, and those who responded affirmatively to at least three questions underwent spirometry. RESULTS: A total of 134 individuals responded to three questions affirmatively and underwent spirometry. Of those, 59 were excluded: 45 for being non-smokers and 14 due to the fact that their tests did not meet the American Thoracic Society criteria for satisfactory spirometry. The number of tests in which the FEV1/FEV6 ratio was below 70 percent was similar to that found for the FEV1/FVC ratio. The sensitivity of FEV1/FEV6 in diagnosing airway obstruction (defined as FEV1/FVC below 70 percent) was 92 percent, and its specificity was 99 percent. The positive predictive value was 100 percent, and the negative predictive value was 98 percent. The Kendall correlation test revealed r = 0.99 (p < 0.0001). The t-test for paired samples revealed a negative correlation: t = -5.93 (p < 0.0001). CONCLUSION: The FEV1/FEV6 proved efficient for use in the diagnostic screening for COPD. There is a strong correlation between FEV1/FVC and FEV1/FEV6.