RÉSUMÉ
Introdução: O sistema renina-angiotensina (SRA) é a maior rede regulatória da pressão arterial, do balanço hidroeletrolítico e da homeostase do organismo. Desde que o papel do SRA na regulação da função cardiovascular foi descrito, os componentes do eixo endócrino do sistema, em especial a angiotensina II - na regulação e fisiologia cardiovascular e renal, têm sido foco de pesquisa. Os achados das últimas décadas, no entanto, mostraram que o sistema é muito mais complexo e intricado do que se imaginava. Objetivo: Apresentar, através de uma revisão da literatura, alguns dos novos elementos que compõem o SRA e suas implicações fisiológicas, atualizando o leitor sobre o estado da arte. Material de Métodos:Revisão bibliográfica abordando as principais publicações, indexadas pelo PubMed, relacionadas aos novos peptídeos do SRA. Resultados: Dentre os novos componentes do SRA, encontram-se a angiotensina(1-9), um nonapeptídeo que promove vasodilatação, ação anti-hipertrófica em cardiomiócitos e ação anti-hipertensiva. A Angiotensina-(1-7), por sua vez, apesar de se diferenciar da Ang II apenas pela ausência de um único aminoácido, é responsável por efeitos fisiológicos opostos aos observados com a Ang II. A Angiotensina A, outro peptídeo biologicamente ativo, é formado a partir da descarboxilação do aspartato, desempenhando efeitos semelhantes à Ang II. A Alamandina, também derivada de uma descarboxilação, é um heptapeptídeo vasodilatador, anti-hipertensivo e cardioprotetor. Conclusão: Os achados envolvendo as novas angiotensinas permitem o entendimento do sistema como uma extensa rede composta de vias e eixos alternativos, muitos dos quais, ainda sem esclarecimento científico. O enfoque em novas vias de formação de produtos com funções biológicas poderá ser útil para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas e, descobertas no campo da fisiologia e fisiopatologia de uma série de condições.
Introdution: The renin-angiotensin system (RAS) is the major regulatory system of arterial blood pressure, hydroelectrolytic balance, and body homeostasis. Since the role of the RAS in the cardiovascular function has been described, much of the research in this area has focused on the role of its endocrine axis components, mainly angiotensin II (Ang II), in the cardiovascular and renal physiology. Over the last decades, the findings have shown that the system is much more intricate than thought. Objective:To present, upon a literature review, some of the new elements about the RAS and its physiological implications, updating the reader about the state of the art. Methods Material: Bibliographic review addressing the main PubMed publications related of the novels angiotensin-peptides. Results: Among the novel RAS components, angiotensin(1-9) is a nonapeptide that exerts antihypertrophy effects in cardiomyocytes, and vasodilatory and anti-hypertensive actions. Angiotensin-(1-7), which differs from Ang II due to the absence of only one aminoacid, is responsible for physiological effects opposite to those of Ang II. Angiotensin A, another biologically active peptide, is synthesized through aspartate decarboxylation, and exerts effects similar to those of Ang II. Alamandine, also formed through decarboxylation, is a heptapeptide showing vasodilatory, antihypertensive, and cardioprotective effects. Conclusion: The discovery of novel angiotensins sheds more light on the view that the RAS is an extensive regulatory system with pathways and alternative axis, much of which without scientific knowledge. Scientific efforts envisioning novel formation pathways of biologically active products may be useful for development of innovative therapeutic strategies and discoveries in the field of several physiological and pathological conditions.