RÉSUMÉ
RACIONAL: Disfagia no pós-operatório é comum após a operação anti-refluxo. No entanto, uma parte dos pacientes relatam disfagia persistente, e técnica cirúrgica inadequada é uma causa bem documentada deste resultado. OBJETIVO: Este estudo retrospectivo avaliou os fatores de risco no pré-operatório para a disfagia persistente após operação anti-refluxo por via laparoscópica. MÉTODOS: Pacientes submetidos à operação anti-refluxo por via laparoscópica pela técnica de Nissen modificada foram avaliados no pré-operatório de forma retrospectiva. A severidade da disfagia pós-operatória foi avaliada prospectivamente usando uma escala estabelecida. A disfagia após seis semanas foi definida como persistente. Os testes estatísticos de associação e regressão logística foram utilizados para identificar os fatores de risco associados à disfagia persistente. RESULTADOS: Um total de 55 pacientes foram submetidos ao procedimento por via laparoscópica por uma única equipe de cirurgiões. Destes, 25 doentes referiam disfagia pré-operatório (45,45%). A disfagia pós-operatória persistente foi relatada por 20 (36,36%) pacientes. Dez (18,18%) necessitaram de dilatações por endoscopia digestiva. Houve associação estatística entre a satisfação com a operação e disfagia no pós-operatório e exigindo o uso de medicação anti-refluxo após o procedimento, e entre disfagia no pré-operatório e disfagia no pós-operatório. A regressão logística identificou a disfagia no pré-operatório, como fator de risco para a disfagia pós-operatória persistente. Não foram observadas correlações com manometria pré-operatória. CONCLUSÕES: Os pacientes com disfagia no pré-operatório foram mais propensos a relatar disfagia pós-operatória persistente. Os critérios manométricos atuais utilizados para definir dismotilidade esofágica não identificaram pacientes com risco de disfagia persistente pós-fundoplicatura. Análise minuciosa da história clínica sobre a presença e intensidade da disfagia no pré-operatório é muito importante na seleção de candidatos à operação anti-refluxo.
BACKGROUND: Postoperative dysphagia is common after antireflux surgery and generally runs a self-limiting course. Nevertheless, part of these patients report long-term dysphagia. Inadequate surgical technique is a well documented cause of this result. AIM: This retrospective study evaluated the preoperative risk factors not surgery-related for persistent dysphagia after primary laparoscopic antireflux surgery. METHODS: Patients who underwent laparoscopic antireflux surgery by the modified technique of Nissen were evaluated in the preoperative period retrospectively. Postoperative severity of dysphagia was evaluated prospectively using a stantardized scale. Dysphagia after six weeks were defined as persistent. Statistical tests of association and logistic regression were used to identify risk factors associated with persistent dysphagia. RESULTS: A total of 55 patients underwent primary antireflux surgery by a single surgeon team. Of these, 25 patients had preoperative dysphagia (45,45%). Persistent postoperaive dysphagia was reported by 20 (36,36%). Ten patients (18,18%) required postoperative endoscopic dilatation for dysphagia. There was statistical association between satisfaction with surgery and postoperative dysphagia and requiring the use of antireflux medication after the procedure; and between preoperative dysphagia and postoperative dysphagia. Logistic regression identified significant preopertive dysphagia as risk factor for persistent postoperative dysphagia. No correlations were found with preoperative manometry. CONCLUSIONS: Patients with significant preoperative dysphagia were more likely to report persistent postoperative dysphagia. This study confirms that the current manometric criteria used to define esophageal dysmotility are not reliable to identify patients at risk for post-fundoplication dysphagia. Minucious review of the clinical history about the presence and intensity of preoperative dysphagia is important in the selection of candidates for antireflux surgery.
Sujet(s)
Adulte , Sujet âgé , Femelle , Humains , Mâle , Adulte d'âge moyen , Troubles de la déglutition/épidémiologie , Reflux gastro-oesophagien/chirurgie , Laparoscopie , Complications postopératoires/épidémiologie , Période préopératoire , Études rétrospectives , Appréciation des risques , Facteurs de risqueRÉSUMÉ
RACIONAL: A sonda nasogástrica é frequentemente empregada por clínicos e cirurgiões para diversos fins. No entanto, são descritas complicações de seu uso, sendo a estenose esofágica a mais grave, com grande morbidade, passível de prevenção e tratamento eficazes. OBJETIVO: Analisar o perfil clínico-epidemiológico, o tratamento e seus resultados, nos pacientes com esta complicação. MÉTODOS: Análise retrospectiva de 26 pacientes que apresentavam registros completos de idade, sexo, etiologia e duração da sondagem gástrica, co-morbidades e operações prévias, bem como do tratamento empregado e evolução, precoce e tardia, e classificados de acordo com a escala de resultados de Karnofsky, após seguimento médio de 28 meses. RESULTADOS: A maioria eram homens (76,9 por cento), com idade média de 47 anos e tempo médio de sondagem nasogástrica de 19 dias, sendo que 69,2 por cento eram pacientes cirúrgicos e apenas 26,9 por cento apresentavam doença do refluxo gastroesofágico. Todos foram tratados com dilatações esofágicas auxiliado por endoscopia digestiva e 61,5 por cento foram submetidos a tratamento cirúrgico. Os resultados precoces foram excelentes em 46,2 por cento, bons em 34,6 por cento e regulares em 19,2 por cento. Os resultados tardios foram excelentes em 42,4 por cento, bons em 30,7 por cento e regulares em 26,9 por cento. CONCLUSÕES: O uso da sonda nasogástrica deve ser criterioso e restrito a casos selecionados, o que previne a ocorrência de estenose esofágica, que, quando presente, pode ser tratada de maneira eficaz através de dilatações do esôfago, com ou sem operação associada, a depender de cada caso.
BACKGROUND: The nasogastric tube is often used by clinicians and surgeons for various purposes. However, complications are described with its use, and more severe esophageal stenosis with high morbidity rates, have effective prevention and treatment. AIM: To analyze the clinical, epidemiology, treatment and outcomes of patients with this complication. METHODS: Retrospective analysis of 26 patients who had complete records of age, gender, etiology and duration of gastric nasogastric tube, co-morbidities and previous surgery as well as the treatment evolution, early and late, and classified according to the scale of Karnofsky after mean follow-up of 28 months. RESULTS: The majority were men (76.9 percent), mean age 47 years and mean duration of nasogastric tube of 19 days; 69.2 percent were surgical patients and only 26.9 percent had gastro-esophageal reflux disease. All were treated with esophageal dilatation aided by endoscopy and 61.5 percent underwent surgical treatment. The early results were excellent in 46.2 percent, good in 34.6 percent and 19.2 percent regular. Late results were excellent in 42.4 percent, good in 30.7 percent and 26.9 percent regular. CONCLUSIONS: The use of nasogastric tube should be restricted to selected cases, preventing the occurrence of esophageal stricture; when present, it can be effectively treated using esophageal dilation, with or without associated operation.