RESUMO
O presente estudo descreve os aspectos eco-epidemiológicos sobre arbovírus nos Municípios de Novo Progresso e Trairão, Estado do Pará, Brasil, na área de influência da BR 163. Anticorpos IH foram detectados para diferentes arbovírus, com reações monotípicas para os VMAY e VORO, dois importantes arbovírus associados a epidemias na Amazônia. Anticorpos IgM para o VORO e VMAY foram detectados em soros humanos, sugerindo infecção recente por esses arbovírus. Duas cepas do VDEN-3 foram isoladas de pacientes febris residentes em Novo Progresso e identificadas como genótipo III. Em termos gerais, os dados obtidos sugerem uma área propícia para a circulação e manutenção de arbovírus e uma população pouco imunizada. Portanto, é importante um monitoramento dinâmico das populações locais e de imigrantes e de animais silvestres quanto à presença de anticorpos e isolamentos de arbovírus, o que permitirá um efetivo controle das infecções por esses agentes virais em residentes da área da rodovia dentro do território paraense.
The current study describes the eco-epidemiological aspects of arbovirus diseases in the municipalities (counties) of Novo Progresso and Trairão, Para State, Brazil, in the area affected by highway BR-163. Hemagglutination inhibition (HI) antibodies to different arboviruses were detected, with monotypic reactions to MAYV and OROV, two important arboviruses associated with epidemics in the Amazon. IgM antibodies to OROV and MAYV were found in human sera, suggesting recent infections by these viruses. Two DENV-3 strains were isolated from febrile patients in Novo Progresso and identified as genotype III strains. In general, the data suggest that the area displays ideal conditions for maintenance and circulation of arboviruses, plus a population with low immunization levels. Dynamic surveillance of local immigrants and wild animals is thus important, focusing on antibody prevalence and isolation of arboviruses, thereby allowing effective control of infections by these viral agents in the resident population along highway BR-163 in Pará State.
Assuntos
Adulto , Animais , Feminino , Humanos , Masculino , Anticorpos Antivirais/sangue , Infecções por Arbovirus/epidemiologia , Infecções por Arbovirus/veterinária , Arbovírus/imunologia , Surtos de Doenças , Monitoramento Ambiental/estatística & dados numéricos , Infecções por Arbovirus/virologia , Vetores Artrópodes/virologia , Brasil/epidemiologia , Vetores de Doenças , Ecossistema , Imunoglobulina M/sangue , Especificidade da Espécie , UrbanizaçãoRESUMO
A ocorrência recente de surtos de raiva humana transmitida por morcegos hematófagos Desmodus rotundus vem sendo registrada no Estado do Pará desde 2004. Neste artigo, é realizado um estudo retrospectivo de caracterização genética de 37 cepas do vírus rábico de diferentes mamíferos, incluindo o homem, isoladas de 2000 a 2005, de diferentes regiões paraenses. Foi obtido o sequenciamento nucleotídico parcial do gene N e construída árvore filogenética baseada no método Neighbor-joining. A análise filogenética determinou a formação de cinco clades principais e agrupou as cepas isoladas no Estado do Pará em três distintas clades: clade I, cepas da variante antigênica 3 (VAg3), comumente encontrada nos morcegos D. rotundus; clade II, cepa relacionada à VAg3, porém com topologia diferenciada isolada de morcego frugívoro Uroderma bilobatum; e clade IV, cepas da variante antigênica 2 (VAg2), comumente isoladas de cães domésticos. No Pará, no período estudado, circularam as variantes VAg2 e VAg3. A VAg3 da clade I se encontra subdividida em três linhagens virais (I-a, I-b, e I-c) associadas à distribuição geográfica: duas delas (I-a e I-b) circulam no continente nas regiões paraenses do Sudeste, Nordeste e Baixo Amazonas, enquanto a linhagem I-c restringe-se à ilha do Marajó. A associação dos dados genéticos com os ecológicos fornece uma melhor compreensão da epidemiologia molecular da raiva no Estado do Pará e sugere que duas distintas variantes antigênicas isoladas do vírus da raiva foram associadas com a transmissão da doença por morcegos hematófagos entre 2000 e 2005. Finalmente, foi demonstrado neste estudo a presença de pelo menos três distintas linhagens genéticas de VAg3 no estado, e a emergência de uma possível nova variante, que foi isolada de um morcego frugívoro U. bilobatum capturado na localidade de Ajará, município de Portel, durante o surto ocorrido em 2004.