RESUMO
FUNDAMENTO: A ocorrência de sangramento aumenta a mortalidade intra-hospitalar em pacientes com síndromes coronarianas agudas (SCAs), e há uma boa correlação entre os escores de risco de sangramento e a incidência de eventos hemorrágicos. No entanto, o papel dos escores de risco de sangramento como fatores preditivos de mortalidade é pouco estudado. OBJETIVO: Analisar o papel do escore de risco de sangramento como fator preditivo de mortalidade intra-hospitalar numa coorte de pacientes com SCA tratados num centro terciário de cardiologia. MÉTODOS: Dos 1.655 pacientes com SCA (547 com SCA com supra de ST e 1.118 com SCA sem supra de ST), calculou-se o escore de risco de sangramento ACUITY/HORIZONS prospectivamente em 249 pacientes e retrospectivamente nos demais 1.416. Informações sobre mortalidade e complicações hemorrágicas também foram obtidas. RESULTADOS: A idade média da população estudada foi 64,3 ± 12,6 anos e o escore de risco de sangramento médio foi 18 ± 7,7. A correlação entre sangramento e mortalidade foi altamente significativa (p < 0,001; OR = 5,29), assim como a correlação entre escore de sangramento e hemorragia intra-hospitalar (p < 0,001; OR = 1,058), e entre escore de sangramento e mortalidade intra-hospitalar (OR ajustado = 1,121, p < 0,001, área sob a curva ROC 0,753; p < 0,001). O OR ajustado e a área sob a curva ROC para a população com SCA com supra de ST foram 1,046 (p = 0,046) e 0,686 ± 0,040 (p < 0,001), respectivamente, e para SCA sem supra de ST foram 1,150 (p < 0,001) e 0,769 ± 0,036 (p < 0,001), respectivamente. CONCLUSÃO: O escore de risco de sangramento é um fator preditivo muito útil e altamente confiável para mortalidade intra-hospitalar em uma grande variedade de pacientes com SCAs, especialmente aqueles com angina instável ou infarto agudo do miocárdio sem supra de ST.
BACKGROUND: It is well known that the occurrence of bleeding increases in-hospital mortality in patients with acute coronary syndromes (ACS), and there is a good correlation between bleeding risk scores and bleeding incidence. However, the role of bleeding risk score as mortality predictor is poorly studied. OBJECTIVE: The main purpose of this paper was to analyze the role of bleeding risk score as in-hospital mortality predictor in a cohort of patients with ACS treated in a single cardiology tertiary center. METHODS: Out of 1655 patients with ACS (547 with ST-elevation ACS and 1118 with non-ST-elevation ACS), we calculated the ACUITY/HORIZONS bleeding score prospectively in 249 patients and retrospectively in the remaining 1416. Mortality information and hemorrhagic complications were also obtained. RESULTS: Among the mean age of 64.3 ± 12.6 years, the mean bleeding score was 18 ± 7.7. The correlation between bleeding and mortality was highly significant (p < 0.001, OR = 5.296), as well as the correlation between bleeding score and in-hospital bleeding (p < 0.001, OR = 1.058), and between bleeding score and in-hospital mortality (adjusted OR = 1.121, p < 0.001, area under the ROC curve 0.753, p < 0.001). The adjusted OR and area under the ROC curve for the population with ST-elevation ACS were, respectively, 1.046 (p = 0.046) and 0.686 ± 0.040 (p < 0.001); for non-ST-elevation ACS the figures were, respectively, 1.150 (p < 0.001) and 0.769 ± 0.036 (p < 0.001). CONCLUSIONS: Bleeding risk score is a very useful and highly reliable predictor of in-hospital mortality in a wide range of patients with acute coronary syndromes, especially in those with unstable angina or non-ST-elevation acute myocardial infarction.
Assuntos
Adulto , Idoso , Feminino , Humanos , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Síndrome Coronariana Aguda/mortalidade , Mortalidade Hospitalar , Hemorragia/mortalidade , Infarto do Miocárdio/mortalidade , Angioplastia , Síndrome Coronariana Aguda/complicações , Brasil/epidemiologia , Fibrinolíticos/administração & dosagem , Hemorragia/complicações , Infarto do Miocárdio/tratamento farmacológico , Estudos Retrospectivos , Medição de Risco , Curva ROCRESUMO
O lupus eritematoso sistêmico (LES) é a mais comum das doenças auto-imunes sistêmicas. Embora os rins classicamente sejam os órgãos mais acometidos no LES, o coração também pode ser afetado de forma significativa. Entretanto, a ocorrência de edema agudo de pulmão associado à miocardite lúpica é rara e de tratamento imunossupressor específico ainda incerto. O presente relato de caso revisa a literatura quanto a manifestações lúpicas do sistema cardiopulmonar, seu diagnóstico e tratamento, e descreve uma paciente lúpica jovem que evoluiu com edema agudo de pulmão decorrente de uma miopericardite lúpica aguda. O rápido diagnóstico pôde permitir o emprego da terapêutica imunossupressora adequada com reversão completa da disfunção miocárdica. Em pacientes jovens com quadro sugestivo de edema agudo de pulmão, o diagnóstico de LES deve ser considerado. O uso de pulsoterapia com corticóide endovenoso mostrou-se eficaz e seguro para o tratamento da manifestação cardíaca extrema.
Systemic lupus erythematosus is the most common systemic autoimmune disease. Although kidneys are the mainorgans affected, heart may suffer injury too. However, acute pulmonary edema associated to lupic myocarditis is rare and its specific immunosuppressive treatment is still undefined. The present case report reviews literature about lupic manifestations in heart and lungs, their diagnosis and treatment, and describes an young lupic patient that had pulmonary edema due toacute lupic myopericarditis. Prompt diagnosis enabled correct immunosuppressive therapy that resulted in a complete reversion of myocardial disfunction. Lupus is a possible diagnosis in young patients with pulmonary edema. The use of intravenous pulse therapy with corticosteroids was safe and efficient to healing of this severe myocardial manifestation.
Assuntos
Humanos , Feminino , Adulto Jovem , Edema Pulmonar , Imunossupressores/uso terapêutico , Lúpus Eritematoso Sistêmico/diagnóstico , Lúpus Eritematoso Sistêmico/terapia , Miocardite/diagnóstico , Doenças AutoimunesRESUMO
O lupus eritematoso sistêmico (LES) é a mais comum das doenças auto-imunes sistêmicas, ocorrendo com maior freqüência no sexo feminino, usualmente na faixa etária entre 16 e 55 anos1,2. Embora os rins classicamente sejam os órgãos mais acometidos no LES, o coração e a circulação cardiopulmonar também podem ser afetados de forma significativa3. Nesse contexto, a ocorrência de edema agudo de pulmão associado à miocardite lúpica é rara e de tratamento imunossupressor específico ainda incerto.
Systemic Lupus Erythematosus (SLE) is the most common systemic autoimmune disease, occurring more frequently in women, usually aged between 16 and 55 years1,2. Although classically the kidneys are the organs most affected in SLE, cardiopulmonary circulation and the heart may also be affected significantly3. In this context, the occurrence of acute pulmonary edema associated with lupus myocarditis is rare and specific immunosuppressive therapy remains unclear.
Assuntos
Feminino , Humanos , Adulto Jovem , Lúpus Eritematoso Sistêmico/complicações , Miocardite/etiologia , Edema Pulmonar/etiologia , Lúpus Eritematoso Sistêmico/diagnóstico , Miocardite , Edema PulmonarRESUMO
Tromboembolismo venoso é um evento potencialmente fatal, que complica a evolução de 20 por cento dos pacientes com neoplasia, causando impacto significativo na qualidade de vida e nos desfechos clínicos desses pacientes. A fisiopatologia da associação entre trombose e câncer é complexa. As neoplasias estão associadas a estado de hipercoagulabilidade secundário à liberação de citocinas inflamatórias, ativação do sistema de coagulação, expressão de proteínas hemostáticas nas células tumorais, inibição de anticoagulantes naturais e alteração no processo fibrinolítico. Os fatores de risco associados ao tromboembolismo venoso podem ser relacionados ao paciente, à doença ou às intervenções terapêuticas. O uso profilático de heparinas e fondaparinux está indicado em pacientes selecionados de acordo com o tipo de neoplasia e da terapia utilizada. O tratamento dos pacientes oncológicos com tromboembolismo venoso é desafiador: as complicações associadas ao uso de anticoagulantes são significativamente maiores, podem interferir com o tratamento antineoplásico e têm impacto negativo na qualidade de vida.
Venous thromboembolism is a serious and potentially fatal disorder, which complicates the course of 20% of cancer patients, and has a significant impact on the quality of life and clinical outcomes of these patients. The pathophysiology of the association between thrombosis and cancer is complex. Malignancy is associated with a baseline hypercoagulable state secondary to the release of inflammatory cytokines, activation of the clotting system, expression of hemostatic proteins on tumor cells, inhibition of natural anticoagulants and impaired fibrinolysis. Several risk factors have been identified as contributing to venous thromboembolism and may be related to the patient characteristics, to the disease, and to the therapeutic interventions. The use of heparins and fondaparinux is indicated for selected cancer patients according to the types of malignancies and treatments. The treatment of venous thromboembolism in patients with cancer is challenging: the complications associated with the use of anticoagulants are significantly higher, may interfere with anticancer therapy and have a negative impact on quality of life.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Idoso , Coagulação Sanguínea , Neoplasias/complicações , Tromboembolia Venosa/complicações , Tromboembolia Venosa/fisiopatologia , Fatores de Risco , Qualidade de VidaRESUMO
FUNDAMENTO: Pouco se sabe, principalmente em nosso meio, sobre a influência dos planos de saúde na evolução a longo prazo pós-infarto agudo do miocárdio (IAM). OBJETIVO: Avaliar a evolução de pacientes com IAM usuários do SUS ou de outros convênios. MÉTODOS: Foram analisados 1588 pacientes com IAM (idade média de 63,3 ± 12,9 anos, 71,7 por cento homens), incluídos de forma prospectiva em banco de dados específico, e seguidos por até 7,55 anos. Deste total, 1003 foram alocados no "grupo SUS" e 585 no "outros convênios". Qui-quadrado, log-rank e Cox ("stepwise") foram aplicados nas diferentes análises estatísticas. O modelo multivariado a longo prazo, com mortalidade como variável dependente, incluiu 18 variáveis independentes. RESULTADOS: As mortalidades hospitalares nos grupos "outros convênios" e "SUS" foram de 11,4 por cento e 10,3 por cento, respectivamente (P=0,5); a longo prazo, as chances de sobrevivência nos grupos foram, respectivamente, de 70,4 por cento ± 2,9 e 56,4 por cento ± 4,0 (P=0,001, "hazard-ratio"=1,43, ou 43 por cento a mais de chance de óbito no grupo "SUS"). No modelo ajustado, o grupo "SUS" permaneceu com probabilidade significativamente maior de óbito (36 por cento a mais de chance, P=0,005), demonstrando-se ainda que cirurgia de revascularização miocárdica e angioplastia melhoraram o prognóstico dos pacientes, ao passo que idade e história de infarto prévio, diabete ou insuficiência cardíaca, pioraram o prognóstico dos mesmos. CONCLUSÃO: Em relação a usuários de outros convênios, o usuário SUS apresenta mortalidade similar durante a fase hospitalar, porém tem pior prognóstico a longo prazo, reforçando a necessidade de esforços adicionais no sentido de melhorar o nível de atendimento destes pacientes após a alta hospitalar.
BACKGROUND: Little is known, especially in our country, about the influence of health insurance plans on the long term outcome of patients after acute myocardial infarction (AMI). OBJECTIVE: To assess the outcome of patients with AMI who are covered by the National Health System (SUS) or other health insurance plans. METHODS: We analyzed 1,588 patients with AMI (mean age of 63.3 + 12.9 years, 71.7 percent male) who were included prospectively into a specific database and followed up for up to 7.55 years. Of this total, 1,003 were placed in the "SUS" group and 585 in the "other insurance plans" group. We applied chi-square, log-rank and Cox (stepwise) to the different statistical analyses. The long term multivariate model with mortality as a dependent variable included 18 independent variables. RESULTS: In-hospital mortality rates in the "other insurance plans" and "SUS" groups were 11.4 percent and 10.3 percent, respectively (p = 0.5); in the long term, survival chances in the groups were respectively, 70.4 percent + 2.9 and 56.4 percent + 4.0 (p = 0.001, hazard-ratio = 1.43, or a 43 percent higher chance of death in the "SUS" group). In the adjusted model, the "SUS" group had a significantly higher chance of death (a 36 percent higher chance, p = 0.005). Surgical revascularization and angioplasty improved the prognosis of these patients, whereas age and previous history of infarction, diabetes or heart failure worsened the prognosis. CONCLUSIONS: Relative to patients with other insurance plans, SUS users present similar mortality rates during hospital stay, but their prognosis is worse in the long term, thus reinforcing the need for additional efforts to improve the care provided to these patients after hospital discharge.
Assuntos
Feminino , Humanos , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Seguro Saúde , Infarto do Miocárdio/mortalidade , Programas Nacionais de Saúde , Brasil/epidemiologia , Métodos Epidemiológicos , Mortalidade Hospitalar , Infarto do Miocárdio/diagnóstico , Infarto do Miocárdio/terapia , Alta do Paciente , Prognóstico , Resultado do TratamentoRESUMO
Foram avaliados níveis de fator natriurético tipo B (BNP) e marcadores inflamatórios em 62 pacientes com e sem cardiomiopatia isquêmica submetidos à revascularização miocárdica com circulação extracorpórea. No pré-operatório, verificou-se diferença entre o grupo com e sem disfunção para níveis de BNP e molécula de adesão intercelular 1 (ICAM-1). Na amostra geral, BNP pré-operatório apresentou correlação com tempo de terapia intensiva (UTI), ventilação mecânica e uso de dobutamina. BNP pré-operatório foi preditor de internação em UTI > 5 dias e uso de dobutamina / Preoperative levels were different between the group with cardiac dysfunction and the group without for BNP (207,5 201,5 pg/ml vs.30,2 67,1 pg/ml; p<0,001) and sICAM (146,6 62,1 ng/ml vs. 119,2 48,8 ng/ml; p<0,04). In the whole sample, preoperative BNP levels correlate with longer intensive care unit stay (p=0,029), longer ventilator use (p=0,018) and duration of dobutamine use (p=<0,001). Receiver operating characteristic curve demonstrated BNP levels as predictor of intensive care unit stay > 5 days and dobutamine use, with areas under the curve of 0,832 e 0,842, respectively. Preoperative levels of sICAM were associated with inhospital mortality (p=0,042). In the postoperative period, was found association between PCR (p=0,013), IL-6 (p=0,006) e P-selectin (p=0,001) with ventilation duration and P-selectin (p=0,009) intensive care unit stay...