RESUMO
O adoecimento e a necessidade de internação hospitalar podem implicar em prejuízo psicológico ao paciente. Neste sentido, o trabalho em equipes multiprofissionais configura-se como uma importante ferramenta para oferecer atenção integral à saúde. A interconsulta psicológica se caracteriza por um atendimento breve e focado, solicitado pela equipe responsável pelo cuidado do paciente, no qual o psicólogo propõe condutas em conjunto com a equipe de saúde. O objetivo deste estudo foi comparar as demandas psicológicas identificadas pelo médico no pedido de interconsulta, com as demandas avaliadas pelo psicólogo no primeiro atendimento a pacientes hospitalizados em um hospital universitário de nível terciário. Os dados foram obtidos no prontuário médico, categorizados pelos pesquisadores segundo o método quantitativo-interpretativo e analisados em termos de frequência e porcentagem pelo teste de McNemar e grau de concordância entre os avaliadores pelo Coeficiente de Concordância de Kappa. Cento e quatro pedidos de interconsulta realizados entre março de 2017 e março de 2018 foram avaliados, com predominância de pacientes do sexo feminino (59,8), com mais de 50 anos (63%) e profissionalmente inativos (61,9%). A maioria das solicitações teve origem na clínica médica (80,8%) e em paciente com quadro crônico (52,9%). Os resultados encontrados foram descritos em 11 categorias. Notou-se que houve maior concordância entre os cuidadores no reconhecimento de sintomas emocionais como justificativa de intervenção psicológica, o que encontrou correspondência com a literatura científica disponível. Observaram-se discordâncias na percepção de demandas entre os profissionais, especialmente sobre sofrimento emocional relacionado a dificuldades na compreensão do diagnóstico e/ou tratamento, pouco suporte familiar/social, problemas de adaptação à internação hospitalar e problemas emocionais não relacionados à doença. Conclui-se que a perspectiva multiprofissional é uma estratégia importante para promover atenção integral ao paciente, tendo a interconsulta como possibilidade efetiva, e que a abordagem do paciente apresenta diferentes perspectivas, vinculadas aos saberes de cada componente da equipe. Destaca-se a necessidade de investir na formação para a identificação e manejo de problemas de ordem emocional, comunicação e bom relacionamento médico-paciente, e observação de aspectos da história individual que possam contribuir para o bom desfecho do tratamento. Também, mostra-se importante que a for-mação acadêmica instrumentalize os profissionais para o trabalho em equipe multiprofissional, o que requer habilidades de comunicação, sensibilidade e compreensão sobre a complementaridade dos sabere (AU).
Falling ill and the need for hospitalization may imply psychological damage to the patient. In this sense, the work in multi-professional teams is configured as an important tool to offer integrated health care. The psychological in-ter-consultation is characterized by a brief and focused service requested by the team responsible for the patients' care, in which the psychologist proposes practices together with the health team. This study aimed to compare the psychological demands identified by the physician in the inter-consultation request, with the demands evaluated by the psychologist in the first assistance to patients hospitalized in a tertiary-level university hospital. The data were obtained from the medical records, categorized by the researchers according to the quantitative-interpretative method, and analyzed in terms of frequency and percentage by McNemar's test and degree of agreement between the evaluators by the Kappa Coefficient of Agreement. 104 inter-consultation requests made between March 2017 and March 2018 were evaluated, with a predominance of female patients (59.8), over 50 years of age (63%), and professionally inactive (61.9%). Most requests originated from the medical clinic (80.8%) and a patient with a chronic condition (52.9%). The results found were described in 11 categories. It was noted that there was greater agreement among caregivers in recognition of emotional symptoms as a justification for psychological intervention, which found correspondence with the available scientific literature. Disagreements were noted in the perception of demands among professionals, especially regarding emotional suffering related to difficulties in understanding the diagnosis and/or treatment, little family/social support, problems of adaptation to hospitalization, and emotional problems unrelated to the disease. We conclude that the multi-professional perspective is an important strategy to promote integral attention to the patient, with inter-consultation as an effective possibility, and that the approach to the patient presents different perspectives linked to each team component's knowledge. The need to invest in training for emotional problem identification and management, communication and a good doctor-patient relation-ship, and aspects of the individual history that can contribute to a good treatment outcome is emphasized. Also, it is important that academic training equips professionals to work in a multi-professional team, which requires communication skills, sensitivity, and an understanding of the complementarity of knowledge (AU).
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Equipe de Assistência ao Paciente , Encaminhamento e Consulta , HospitalizaçãoRESUMO
RESUMODiminuir fatores de risco para cardiopatias pode melhorar a qualidade de vida e reduzir a mortalidade e morbidade relacionadas a elas.O presente estudo avaliou a eficácia de uma intervenção cognitivo-comportamental em grupo sobre ansiedade, depressão, estresse e saúde cardiovascular em cardiopatas. Foram avaliados 91 pacientes antes e após participação nos grupos, com entrevistas semiestruturadas, Inventários Beck (Ansiedade e Depressão) e Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp. Coletaram-se medidas fisiológicas para cálculo do escore de Framingham. A participação no grupo resultou em redução dos sintomas de ansiedade, depressão, estresse e melhora do enfrentamento ao estresse. Não houve diferença no escore de Framingham. A intervenção se mostrou eficaz para a redução dos fatores de risco psicológicos nessa amostra.
ABSTRACTReducing risk factors for cardiovascular diseases may increase quality of life and decrease mortality and morbidity secondary to these disorders.The present study evaluated the efficacy of a cognitive-behavioral group intervention on anxiety, depression, stress and cardiovascular health of cardiac patients. Ninety-one patients were assessed before and after the group intervention by means of semi-structured interviews, the Beck Anxiety and Depression Inventories and the Lipp's Stress Symptoms Inventory for Adults. Cardiovascular status was estimated using the Framingham Score. The intervention decreased anxiety, depression, and stress, and improved coping with stress. No significant differences were seen for the Framingham Scores. The intervention was effective in improving psychological risk factors for the investigated sample.
RESUMO
Fundamentos: O cardioversor desfibrilador implantável (CDI) é a alternativa mais eficaz na profilaxia de mortes súbitas, entretanto pode gerar dificuldades aos pacientes. Objetivos: Avaliar ansiedade, depressão e qualidade de vida de pacientes com CDI e investigar associações entre essas variáveis e choques. Métodos: Pesquisa descritiva realizada no ambulatório de CDI de hospital público universitário. Participaram 42 pacientes, >18 anos, de ambos os sexos. Utilizou-se roteiro de entrevista semiestruturado, questionário de avaliação de qualidade de vida (SF-36) e escala de ansiedade e depressão para hospital geral. Resultados: Amostra composta por 80,95 % homens; 35,71 % entre 61-70 anos; 64,29 % com escolaridade até ensino fundamental; 66,67 % com renda mensal familiar até quatro salários mínimos . Experimentaram choques 64,29 %; destes, 21,43 % referiram choques-fantasma, com mal-estar físico, dor, medo e sensação de morte. Receberam orientações sobre o CDI, 73,81 % dos pacientes; mas 45,24 % demonstraram conhecimento parcial e 26,19 %, nenhum conhecimento. A maioria (90,48 %) afirmou que houve mudanças relacionadas a aspectos físicos, psicológicos e cognitivos após o implante. Da amostra, 33,33 % apresentaram sintomas de ansiedade e 19,05 % de depressão. As médias do SF-36 foram maiores em aspectos sociais e saúde mental, menores em aspectos físicos e dor. Não foi verificada associação entre a ocorrência de choques e variáveis sociodemográficas e psicológicas.